sábado, 7 de novembro de 2020

56 mortos e 6640 infetados por coronavírus nas últimas 24 horas em Portugal

Há mais 26 pessoas internadas em cuidados intensivos.

Foram registadas 56 mortes e 6640 infetados por coronavírus nas últimas 24 horas. Há menos 5 pessoas internadas mas há mais 26 pessoas em cuidados intensivos.

Os 6640 novos infetados por Covid-19 são um novo máximo diário no País. O maior número de infetados foi registado na região Norte (3900).

O maior número de mortes também foi registado na região Norte, mais 31 óbitos nas últimas 24 horas.

O número de doentes infetados com Covid-19 em Cuidados Intensivos subiu este sábado para 366, é também um novo máximo.

Desde o início da pandemia, Portugal já registou 2.848 mortes e 173.540 casos de infeção pelo novo coronavírus, estando ativos 72.945 casos, mais 2.591 do que na sexta-feira.

A DGS indica que das 56 mortes registadas nas últimas 24 horas, o segundo pior dia desde o início da pandemia, 31 ocorreram na região Norte, 19 na região de Lisboa e Vale do Tejo, três na região Centro e outras três no Alentejo.

Em atualização

Memorial da escravatura em Lisboa será concluído no 1.º trimestre de 2021

O projeto 'Plantação -- Prosperidade e Pesadelo', do artista angolano Kiluanji Kia Henda, para criação de um memorial da escravatura em Lisboa, vai estar concluído no final do primeiro trimestre de 2021, revelou o autor à agência Lusa.

Acriação de um memorial da escravatura foi um dos projetos vencedores do Orçamento Participativo de Lisboa de 2017/2018, na sequência do qual foi lançado um concurso pela Câmara, saindo vencedora, em março deste ano, a proposta de Kiluanji Kia Henda.

"Há algum atraso devido à situação de pandemia de covid-19, mas o trabalho continua. Já temos o protótipo de uma cana de açúcar que está a ser realizado no Porto, por uma empresa portuguesa. Depois será a fase de produção, e segue-se a de engenharia. A expectativa é que o memorial esteja concluído no final do primeiro trimestre de 2021", disse o artista sobre o andamento do projeto, em entrevista à agência Lusa.

Kiluanji Kia Henda idealizou uma plantação com 540 canas de açúcar, cada uma com quatro metros de altura, em alumínio lacado a preto, colocadas numa área pintada na mesma cor - no Campo das Cebolas -, ladeada por bancos de betão em círculo, onde os visitantes poderão sentar-se "para contemplar e refletir, ou para apresentar eventos culturais".

"O memorial representa simbolicamente uma plantação de luto pelas vítimas da escravatura. Será uma plantação metálica, estéril, com uma leitura vertical, que nos remete para um passado trágico, mas também para um futuro próspero", descreveu o artista, nascido em Luanda, em 1979, e que em 2017 venceu o Prémio Frieze da feira londrina de arte.

Hospital de Braga despede enfermeiros em plena pandemia

Apesar do aumento do número de infectados com Covid-19 e da pressão existente sobre as instituições de saúde do Norte, a administração do Hospital de Braga anunciou o despedimento de enfermeiros.

Em carta enviada aos enfermeiros, a administração do Hospital de Braga comunica que os contratos irão caducar caso não obtenham «autorização expressa para alteração do vínculo para sem termo», denuncia o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP/CGTP-IN).

Os enfermeiros notificados assinaram contratos em Março e perfazem agora, em Novembro, oito meses de trabalho, chegando ao fim de dois contratos de quatro meses renovados automaticamente.

Kalidás Barreto, sindicalista

Carvalho da Silva | Jornal de Notícias | opinião

No princípio do século XX, os sindicalistas e ativistas operários tinham por prática homenagear os seus mais destacados antecessores. Através dessas homenagens assumiam-se herdeiros do seu exemplo pessoal, mas também dos significados mais relevantes das lutas e da ação coletiva em que aqueles haviam participado.

No passado dia 30 morreu Luís Kalidás Barreto, um lúcido e prestigiado sindicalista, de uma geração que protagonizou profundos processos transformadores da sociedade portuguesa, desde o final da década de sessenta.

Em primeiro lugar, essa geração embrenhou-se, generosamente, na luta contra o sindicalismo corporativo integrando grupos de democratas que conquistaram dezenas de direções sindicais entre 1966 e Abril de 1974. Dessa ação resultou uma extraordinária agenda sindical e os objetivos e programa que deram origem, em outubro de 1970, à criação da Intersindical, ao seu crescimento orgânico e a uma influência crescente até ao 25 de Abril, fator determinante para o rumo que a Revolução tomou.

Kalidás Barreto foi eleito dirigente do Sindicato dos Lanifícios de Castanheira de Pera em 1971. Nessa condição participou em importantes reuniões dos sindicatos do amplo setor têxtil (inclui têxteis, lanifícios, vestuário, etc.) onde ativistas católicos, comunistas e outros tinham, por essa altura, conquistado direções, nomeadamente, no Minho, na Covilhã, na Guarda, em Setúbal e em Lisboa. Participou depois em reuniões intersindicais.

O Luís era filho de um brilhante jovem intelectual português de origem goesa, Adeodato Barreto, dirigente estudantil em Coimbra, impedido de exercer a sua profissão pelo fascismo, amado pelos mineiros de Aljustrel, que morreu aos 34 anos. Esta origem marcou-o. Uma vez disse-me, "quando estou com dúvidas fortes vou ao encontro do meu pai e sei para que lado tenho de cair". A vida nunca é feita em linha reta. E o Luís, saiu dos apertos sempre para o lado certo: o dos compromissos com os trabalhadores, com os mais desprotegidos, com o povo, com as liberdades e a democracia.

Logo em 71/72 a União Nacional montou-lhe uma armadilha que o deixou no desemprego, sem meios para sustentar a família. A PIDE acusava-o de ser "sindicalista defensor do sindicalismo ativo". Sobre esta acusação ria-se e interrogava: "mas há sindicalismo não ativo?" Enquanto militante do Partido Socialista e seu deputado constituinte, eleito pelo círculo de Leiria, esteve ao lado de Mário Soares e Salgado Zenha, em julho de 1975, na manifestação na Fonte Luminosa contra o rumo da revolução e, em particular, de ataque ao Partido Comunista Português. Sendo contra a unicidade foi defensor acérrimo da unidade sindical, do diálogo aberto e franco e do trabalho conjunto, desde logo com os comunistas.

Kalidás Barreto foi um elemento influente na reorganização sindical do setor têxtil, ajudando à criação, em 1976, da Federação Sindical do Setor (atual FESETE) - exemplo de estrutura unitária - que veio a desenvolver uma atividade da maior influência na vida da CGTP-IN na contratação coletiva, nas lutas pela igualdade, pelas 40 horas semanais, no combate ao trabalho infantil, ou na negociação de planos de desenvolvimento em várias regiões do país, com destaque para o Vale do Ave.

Kalidás Barreto deu um contributo parcelar determinante, juntamente com Manuel Lopes, para o êxito do importantíssimo II Congresso da Intersindical - o Congresso de Todos os Sindicatos. Depois, foi membro da Comissão Executiva da CGTP-IN durante quase 20 anos, um construtor e executor do sindicalismo reivindicativo, de diálogo construtivo e proponente que a Central Sindical havia de assumir.

A atividade sindical que desenvolveu torna-o um dos grandes obreiros da CGTP-IN, nos planos concetual, orgânico e programático. Querido e estimado Luís, o teu exemplo não será esquecido.

*Investigador e professor universitário

Pico de 6500 casos por dia de covid-19 esperado para o fim de novembro

PORTUGAL

Na última semana de outubro tínhamos 420,6 novos casos por 100 mil habitantes. Letalidade aumentou 50%. Projeções colocam máximo de internamentos no início de dezembro e de óbitos na segunda semana.

Com Portugal a bater máximos diários, quer em número de novos casos quer em internados em unidades de cuidados intensivos (UCI), os dados mostram que continuamos a meio da tabela europeia no que à incidência concerne. E permitem traçar projeções: o pico da segunda vaga está apontado para a última semana de novembro. Seguindo-se um efeito cascata: UCI em máximos no início de dezembro e óbitos a chegarem aos 80/dia na segunda semana daquele mês. Com uma certeza, as UCI vão estar com mais de 300 internados nos próximos três meses (ontem já eram 340).

Indo por partes. Numa análise europeia, os números ontem libertados pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) - e que reportam à última semana de outubro - mostram que a incidência, medida pela soma de novos casos nos últimos 14 dias por 100 mil habitantes, aumentou 42% face à semana anterior, para os 420,6. Numa média europeia, a incidência fixou-se nos 496,0.

Já a letalidade, em igual período, subiu 50%, para os 33,6 óbitos por covid por 100 mil habitantes. Também aqui abaixo de uma média europeia de 40,2. Refira-se que o valor mais alto foi atingido no final de abril, quando chegamos aos 42,1 óbitos/100 mil habitantes.

Quer isto dizer que estamos bem? Não. Apenas que há quem esteja bem pior do que nós, como a Bélgica, com uma incidência de 1785,6. Números que comprovam que "os países europeus - a Europa respondia, anteontem, por metade dos novos casos em todo o Mundo - levaram tempo a assumir que havia uma segunda vaga", observa o matemático Carlos Antunes.

A Democracia dá muito trabalho

Paulo Baldaia | TSF | opinião

Democracia, sendo o regime em que o povo é soberano, exige que se respeitem as decisões do povo. Mas em democracia não pode haver racismo, nem pessoas que fazem propostas racistas em nome das pessoas que lhe deram o voto. Mas, se tirarmos a essas pessoas o direito de representar as pessoas que votaram nelas, estaremos nós próprios a agir como elas.

A maneira que as democracias encontraram de resolver estes problemas é ir tolerando o que não deve ser tolerado, até a um ponto em que passe a ser intolerável.

Para muita gente é intolerável, em Democracia, ter num governo um partido que seja manifestamente racista e xenófobo. Não é preciso que esse partido faça aprovar propostas racistas e xenófobas ou outras que vão contra tudo o que faz de nós pessoas civilizadas, como não permitir a pena de morte ou a castração química. Basta que contaminem o espaço público de debate com idiotices destas para não ser desejável tê-los em lugares de poder.

Vem isto a propósito da grande vontade social-democrata açoriana em formar governo com o apoio parlamentar do Chega. Ainda não é para os levar para o poleiro, mas é para os deixar meter o pé na porta e deixar que entre uma corrente de ar que pode bem contaminar os que lhes dão a mão com vírus antidemocráticos. Parece pouco, mas não é. Estes avisos ao PSD, nos Açores e no país todo, devem ser feitos com tempo. Bem sabemos que é a matemática que forma as maiorias e que elas começam em 50% mais um, mas há uma ideia de democracia que deve estar sempre presente, nenhum autoritarismo ou injustiça são aceitáveis, mesmo quando nos são apresentados como única forma de defender a Democracia. Aqui, na América ou em qualquer parte do mundo.

Biden adiou declaração de vitória. Prometeu "não ficar parado"

E pediu: "Sejamos civilizados"

O candidato democrata teve a expectativa de ter a corrida resolvida, mas os progressos não foram suficientes. Acabou por falar aos apoiantes, prometendo trabalhar já no processo de transição, sugerindo a Trump que baixe a tensão. Sem o referir. "Espero falar convosco amanhã" (sábado), anunciou

oe Biden apareceu ao lado de Kamala Harris, perante mais de 1000 apoiantes estacionados no parque automóvel à frente da sua sede de campanha. Mas ainda não podia fazer a declaração de vitória, como chegou a prever ao início da tarde - os últimos números foram bons para ele, mas não lhe entregaram a vitória. E teve de manter quentes os apoiantes sem fazer o mesmo que acusa Trump de fazer, anunciar-se vencedor sem haver dados fechados da eleição.

"Não temos uma declaração final de vitória ainda, mas os números dizem-nos que é claro: vamos ganhar esta corrida", disse, discorrendo sobre os dois estados em que recuperou a liderança em 24 horas: Georgia e Pensilvânia. Lembrando que está "a ganhar Arizona e Nevada", valorizou a vitória como nacional: "Olhem para os números nacionais, vamos ganhar com uma maioria clara. 74 milhões. É mais do que algum presidente conseguiu na história da América, mais 4 milhões que Presidente Trump! E reconstruímos o blue wall: Pensilvania, Michigan, Wisconsin", três estados que Trump ganhou aos Democratas em 2016.

Biden repetiu o apelo à tranquilidade do dia anterior (e do anterior a esse): a de que cada voto "não são só números, são pessoas que querem fazer ouvir a sua voz".

EUA | Haverá sangue

Pedro Santos Guerreiro | Expresso | opinião

Pior do que a vitória de Donald Trump está a ser a sua derrota. Mais do que mentiroso, ele revela-se antidemocrata. E tenta atear a combustão que aniquile o sistema institucional, não pela força da lei mas pela força de um exército popular que ele tenta fanatizar. Esta “revolução” institucional provavelmente falhará, mas deixará a ferida. Para nós, europeus, isto não é um filme de Hollywood para ver a comer pipocas. É uma possível viagem ao futuro, uma viagem no tempo — que pode ser uma viagem a tempo.

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Infelizmente este artigo do Expresso pode deixar-nos com água na boca, mas de fonte que não nos permite bebê-la porque é Artigo Exclusivo para assinantes. Poderá ler, se se fizer assinante ou comprar o Expresso e usar o código de acesso presente na Revista. 

Lamentamos, mas o facto recorda-nos com brutalidade que já não há almoços grátis, nem artigos. Que até nem são grátis porque não é por acaso que pagamos a rede de internet e todas as alcavalas imaginárias que com sucesso nos cobram. Nem é também por acaso que somos agredidos com publicidade abusiva que tantas vezes surge inopinadamente e nos dificulta a leitura, conseguindo até impossibilitá-la. Perguntemos se há um regulador para a profícua e selvagem publicidade que na internet nos assola… Não se dá por isso. Há? Não parece. Não regula, pela certa. Está à vista. Não nos referimos exatamente a este texto de Pedro Santos Guerreiro mas a muitos outros que atacam os utilizadores de internet selvaticamente e aos magotes, sem controlo. São os animais perniciosos da selva que cada vez mais atacam e buscam lucro em troca de nada. Parasitas. (PG)

À frente da Casa Branca há uma festa contínua até Trump sair

Esta sexta-feira ao final do dia havia centenas de pessoas ao pé da cerca que Trump mandou reforçar à frente da Casa Branca. Há milhares de cartazes, muita música, com alguns a prometer que só saem depois de Trump abandonar o edifício. Mesmo que ninguém saiba quando é

“Jesus vai salvar-nos", grita um pregador, que trouxe dois enormes crucifixos para a porta da Casa Branca. Ao lado dele, um outro tipo de pregador disputa o som dos alfifalantes com ele: "O que nos salva é a verdade". Atrás deste último está um caixão negro com um cartaz de lado: "Impeach Donald Trump again!". E mais: "Escolhe, somos o mal (Trump) ou somos o bem (a verdade)?".

O povo americano parece já ter escolhido, mas o inquilino da Casa Branca continua lá, sem reconhecer a derrota. É já sexta-feira na América, os quatro estados que estão em aberto inclinam-se todos para Biden, enquanto Trump dispara todos os dias tweets a alegar uma fraude eleitoral. Os tiros não atingem quem ali foi para se juntar à festa.

"Vou passar a minha última música, mas a música nunca vai parar! Vou passar aqui ao Lowry, vamos ter música sempre, 24 horas, nunca nos vão silenciar. Estão todos prontos?" Clarence é uma das animadoras, está lá há um mês, mesmo junto à cerca que Trump mandou reforçar com blocos de cimento para que ninguém tivesse a tentação de saltar nestes dias. Clarence é provocadora e pôs-se em cima dessas placas com a cabeça por cima da rede a insultar o Presidente, que estará lá ao fundo, no edifício. Mesmo com a polícia do outro lado.

O novo 11 de Setembro do Imperador

Os 11/Set invisíveis:   Só a CIA pode ver os EUA atacados pelos países que ela mira

Caitlin Johnstone [*]

Gostava de lhe contar uma fábula. Chama-se "O novo 11/Set do imperador".

Era uma vez um Imperador que gostava da guerra e do expansionismo militar. Ele estava sempre à procura de novos meios para instigar conflitos militares sem perder o apoio da comunidade internacional ou despertar o populacho para o facto de que eram apenas dentes na engrenagem de propaganda de um Império de âmbito global que utiliza infindável violência militar e económica para manter sua hegemonia unipolar.

Um dia dois homens que se consideravam Peritos em Inteligência chegaram à cidade e afirmaram que haviam inventado um assombroso novo tipo de ameaça inimiga que é invisível para as pessoas comuns.

"Será tão bom quanto o 11/Set?", perguntou o Imperador entusiasmado. "Oh, como adorei que aquilo me permitisse iniciar uma nova era de expansionismo militar sob o pretexto do combate ao terrorismo global!"

"É ainda melhor!" explicaram os Peritos em Inteligência. "Esta mágica ameaça inimiga é composta por ataques cibernéticos que são completamente invisíveis ao escrutínio público e vossa majestade tem controlo total sobre onde e quando acontecem. Basta nomear um governo estrangeiro de que não goste e nós dizemos que eles atacaram a democracia do Império!"

"Refere-se à pretensa democracia que lhes menti ao dizer que têm?" perguntou o Imperador.

"Claro que sim", disseram os Peritos em Inteligência. "Portanto, basta nomear o governo desobediente com que quer combater e nós lhe damos o seu novo 11 de Setembro".

"Hmm, bem eu não gosto muito dos russos", disse o Imperador. "Eles têm actuado descaradamente contra os nossos interesses na cena mundial e continuam a ficar cada vez mais amigos da China. Vamos começar a trabalhar neles em primeiro lugar".

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