quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Primeiro vem uma guerra civil

Pepe Escobar [*]

A enorme operação psicológica está em andamento. Todos os familiarizados com o Projecto Integridade de Transição (Transition Integrity Project, TIP) sabiam como isso terminaria imperativamente. Optei por enquadrá-la como um exercício de jogo de reflexão no meu artigo Banana Follies. Este é um exercício ao vivo. Mas ninguém sabe exactamente como vai terminar.

A inteligência dos EUA está bem consciente de casos bem documentados de fraude eleitoral. Entre eles: software da NSA que se infiltra em qualquer rede, conforme detalhado anteriormente por Edward Snowden, e capaz de alterar a contagem de votos; o supercomputador Hammer e seu aplicativo Scorecard , que hackeia computadores nos pontos de transferência dos sistemas de computação das eleições estaduais e fora dos cofres de dados eleitorais de terceiros; o sistema de software Dominion , conhecido desde 2000 por ter sérios problemas de segurança, mas ainda usado em 30 estados, incluindo todos os estados decisivos (swing states); aqueles agora famosos saltos verticais para Biden tanto no Michigan como em Wisconsin às 4h da manhã do dia 4 de novembro (a Agência France Presse não convincentemente tentou desmascarar Wisconsin e nem mesmo fez a tentativa com Michigan); vários exemplos de Homens Mortos que Votam.

O actor chave é o Deep State, o qual decide o que acontece a seguir. Eles pesaram os prós e os contras de colocar como candidato um homem senil, demência em estágio 2, belicista neoconservador e possível extorsionista (juntamente com o filho) como "líder do mundo livre", fazendo campanha a partir de um porão, incapaz de encher um parque de estacionamento nos seus comícios e secundado por alguém com tão pouco apoio nas primárias do Partido Democrata que foi a primeira a desistir.

A óptica, especialmente vista das vastas faixas do Sul Global com interferência imperial, pode ser um tanto terrível. Eleições duvidosas são uma prerrogativa da Bolívia e da Bielorússia. Mas só o Império é capaz de legitimar uma eleição duvidosa – especialmente no seu próprio quintal.

Portugal | Clareza ou águas turvas?

Conservadores de direita, em abaixo-assinado no Público, dizem defender «a clareza». Claramente, a direita já navega em águas muito turvas.

Raquel Ribeiro | AbrilAbril | opinião

Saiu ontem no Público um texto intitulado «A clareza que defendemos», assinado por 54 homens e mulheres conservadores, afectos ao PSD, CDS e independentes, de diferentes sectores da sociedade portuguesa, incluindo academia, jornalismo e cultura.

Não venho criticar o PSD pelo acordo nos Açores com o Chega. A ideia é demonstrar que os 54 pela clareza subscrevem visivelmente um texto pouco claro, cheio de caminhos enviesados, não-ditos e silêncios tácticos ou tácitos, entre aquilo que dizem defender e a amálgama que criticam, chamando-lhe, em linguagem moderna, «iliberalismo».

Dizem os 54 que os últimos anos têm sido caracterizados por «uma inquietante deriva» e «uma insustentável amálgama» na Europa e nos EUA. Essa deriva é nacionalista, revanchista, incendiária, dizem; a amálgama é ideológica, «faz o seu caminho entre forças da direita autoritária e partidos conservadores, liberais, moderados e reformistas». Em todos os quadrantes da direita há quem se dobre ideologicamente perante o jogo mais brando ou mais duro do autoritarismo. O Público, na expressão «direita autoritária», liga a um artigo de Abril sobre «partidos com ADN autoritário» baseado num estudo do Instituto de Ciências Sociais (Lisboa).

Os 54 exigem «uma tomada de posição», como o abaixo-assinado o diz ser. «A deriva deve ser enfrentada. E a amálgama tem de terminar quanto antes, sem cumplicidades nem tibiezas».

Portugal acelera | 78 mortes 5839 novas infeções de covid-19

Segundo dia com mais mortes e casos de covid-19, Norte supera os 3500

Portugal regista mais 78 óbitos e 5839 novas infeções de covid-19, neste que é o segundo pior dia em número de mortes e casos no balanço geral do país. Norte também tem o segundo pior registo de infetados. Centro volta a bater recorde.

Os novos 5839 novos infetados contabilizados no boletim epidemiológico desta quinta-feira - e que elevam para 198.011 o número total de casos no país - ficam só atrás dos 6640 registados no último sábado, o dia com mais contágios desde o início da pandemia.

Olhando para as regiões isoladamente, o Norte, agora com mais 3567 infeções (61% do total de hoje), também tem o segundo pior registo, só atrás dos 3900 casos de dia 7 deste mês, elevando para 97.624 o número total de casos. E o Centro volta a bater o recorde diário, com mais 749 contágios (num total de 18.508). A região de Lisboa e Vale do Tejo tem mais 1345 casos (em 73.281), o Alentejo mais 56 (3741) e o Algarve mais 77 (3715). No arquipélago dos Açores, há mais 29 infetados (total de 542) e a Madeira conta mais 16 (600).

Rita Salcedas | Jornal de Notícias

- em atualização

Ana Gomes estranha silêncio de Marcelo sobre acordo entre Chega e PSD


PORTUGAL

Ana Gomes vê com "satisfação" haver "muita gente" a demarcar-se do acordo entre os sociais-democratas e o Chega.

A candidata presidencial Ana Gomes afirmou esta quinta-feira estranhar o silêncio do Presidente da República sobre o acordo parlamentar entre o Chega e o PSD nos Açores, defendendo que deveria ser divulgado o acordo entre os dois partidos.

"Estranho que ainda não tenhamos ouvido [Marcelo Rebelo de Sousa sobre o acordo parlamentar que viabiliza o governo nos Açores], mas não perco a esperança de que o possamos ouvir nos próximos dias sobre esta matéria, que é de tamanha importância para a saúde da democracia em Portugal", disse Ana Gomes, que respondia a perguntas dos jornalistas após uma visita ao Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

Questionada pela agência Lusa, a candidata presidencial considerou que o Presidente da República deveria instruir o Representante da República para os Açores, nomeado por Marcelo Rebelo de Sousa, para "fazer aquilo que é indispensável - tornar público o acordo escrito que deu origem a toda esta situação que é grave para os Açores e grave para a República".

Amnistia Internacional: Angola está a viver "retrocesso" de direitos fundamentais

Em entrevista à DW, o diretor-executivo da Amnistia Internacional em Portugal pediu a responsabilização das autoridades pela violência em Angola. Lembrou que para além de Luanda, há outro epicentro de repressão: Cabinda.

Angola está a viver um "retrocesso" dos direitos humanos com a crescente repressão das autoridades contra as manifestações pacificas da população. É a avaliação que a Amnistia Internacional faz depois do país assistir a mais um episódio de violência policial contra cidadãos na quarta-feira (11.11), dia em que o país celebrou 45 anos de independência. 

Pelo menos uma pessoa morreu, dizem os organizadores da marcha. Uma informação refutada pela polícia. A Amnistia pede a responsabilização das autoridades responsáveis pela violência.

Em entrevista à DW África, o diretor-executivo da Amnistia Internacional em Portugal, Pedro Neto, lembrou que, para além do foco de repressão policial que se vive em Luanda, é importante não esquecer também a repressão que se vive em Cabinda.

Em relação à situação preocupante dos crescentes ataques em Cabo Delgado, norte de Moçambique, Pedro Neto alertou que o Governo tem de mudar de narrativa.

Polícia angolana nega existência de morto em confrontos em Luanda

Segundo a polícia angolana, o jovem ativista anunciado como morto está a receber tratamento numa unidade sanitária de Luanda. Comandante provincial diz que não usou balas reais nos confrontos com os ativistas.

A polícia angolana negou nesta quarta-feira (11), que uma pessoa tenha morrido durante os confrontos em Luanda com jovens que se queriam manifestar, garantindo ter usado apenas meios não letais para obrigar ao cumprimento da lei.

Em declarações aos jornalistas, o comandante provincial de Luanda, Eduardo Cerqueira, disse que o cidadão que foi dado como morto está internado no hospital Américo Boavida e recebeu tratamento hospitalar e esclarece.

"Caiu quando fugia da ação policial no sentido de dispersar as pessoas. Nós estávamos a dispersar em dois sentidos, porque não deviam fazer ajuntamentos e porque estavam a fazer desacatos contra as autoridades públicas, arremessando objetos e cometendo uma série de atos que constituem prevaricação à lei", justificou.

polícia impediu, no dia em que se celebravam os 45 anos de independência em Angola, uma manifestação proibida pelo Governo Provincial de Luanda, alegando incumprimento de horários, falta de moradas de alguns organizadores e incumprimento das medidas vigentes no decreto presidencial sobre situação de calamidade pública, que impedem ajuntamentos de mais de cinco pessoas na via pública.

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ATUALIZAÇÃO

Morreu jovem ferido na cabeça durante manifestação em Luanda

Um jovem manifestante angolano que inicialmente tinha sido dado como morto, mas que a polícia afirmou estar ferido, acabou por morrer, confirmou a equipa médica de atendimento do hospital onde deu entrada.

Ler completo em Jornal de Notícias

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VÁRIOS DETIDOS

Sem indicar quantos manifestantes foram detidos, Eduardo Cerqueira adiantou que "foram recolhidos vários cidadãos com intuito de afastá-los das áreas onde se estavam a registar os factos", incluindo dois jornalistas que foram levados para a esquadra.

"Foram interpelados, foram conduzidos à esquadra e depois de identificados encaminhados para suas casas", afirmou o responsável, declarando que foi dada ordem "imediatamente" para devolução dos meios (câmaras, máquinas fotográficas e telemóveis), embora seja possível que "algumas formalidades ainda não tenham sido cumpridas".

Cerqueira sublinhou ainda que "queremos cumprir a determinação do Presidente da República que diz que os jornalistas devem exercer a sua atividade, no âmbito da sua liberdade de ação".

O comandante revelou que se registaram também "algumas detenções pontuais": um indivíduo que ateou fogo num posto de abastecimento de combustível, dois que pretendiam pegar fogo a pneus junto de outra bomba, um manifestante com mandado de captura por roubo qualificado, outro por posse ilegal de estupefaciente e outro que danificou o vidro de uma viatura.

Segundo a polícia, os restantes foram libertados e "aconselhados a não voltar a aparecer em manifestações que não reúnam os requisitos, em termos da lei, que se realizarem".

Moçambique | Cidadãos iranianos acusados de apoiar terroristas em Cabo Delgado

O Ministério Público moçambicano acusa 12 cidadãos iranianos de terem transportado armas para alegado grupo jihadista na província de Cabo Delgado. Analistas alertam para a necessidade de reforçar o setor de segurança.

Segundo o Ministério Público, os 12 iranianos pertencem a uma organização terrorista. O grupo foi detido em dezembro de 2019 quando se fazia transportar numa embarcação na baía de Pemba com metralhadoras AK47, caçadeiras, pistolas e munições, binóculos, uma motorizada e um cartão de crédito, afirma o Ministério Público em comunicado.

Os cidadãos são acusados dos crimes de terrorismo, associação para delinquir, porte de armas proibidas e crime de organização contra o Estado, ordem e tranquilidade públicas.

O Ministério Público considera que os arguidos devem continuar detidos, dada a natureza das infrações de que são indiciados e por receio de fuga.

Ataques em Moçambique: Zimbabué, ONU e UE disponibilizam apoio

As Nações Unidas ofereceram ajuda a Moçambique na investigação de suspeitas de massacres no norte. A União Europeia vai "redobrar esforços" para combater terrorismo. E o Zimbabué está pronto para ajudar como puder.

A Organização das Nações Unidas (ONU) está disponível para ajudar Moçambique na investigação de suspeitas de alegados massacres no norte do país, perpetrados por grupos jihadistas. Mas a iniciativa de investigação e pedido de ajuda tem de partir do Governo de Moçambique, disse Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres.

"É responsabilidade das autoridades nacionais investigar o incidente. Elas têm as principais responsabilidades, tal como a responsabilidade de proteger os seus cidadãos, como qualquer Estado-membro", declarou Dujarric durante uma conferência de imprensa em Nova Iorque.

António Guterres mostrou-se "chocado" com os "recentes relatos de massacres perpetrados por grupos armados não estatais em várias aldeias na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, incluindo a decapitação e rapto de mulheres e crianças".

Segundo Stephane Dujarric, a ONU tem "informações de fontes no terreno" e acrescentou que a equipa em Moçambique está "muito atenta à situação" de múltiplos ataques na província de Cabo Delgado, apesar de não ter ainda dados concretos sobre vítimas.

DIABO A TRÊS


HenriCartoon, por Henrique Monteiro

Portugal | As soluções necessárias no SNS

Paula Santos | Expresso | opinião

O ataque ao Serviço Nacional de Saúde continua. As forças e setores reacionários nunca se conformaram com a criação do SNS, nem se conformam, aproveitando oportunisticamente as dificuldades existentes para o procurar destruir, com o objetivo de conseguirem mais recursos públicos para aumentar o lucro privado, à custa da saúde dos utentes.

Da proposta de Orçamento de Estado para 2021 está prevista uma verba de 6.412 milhões de euros (em compras de inventários e fornecimentos e serviços externos) que vai direta para os privados. Isto é 55% do orçamento do SNS vai para o privado, mas os grupos económicos querem mais.

A solução para enfrentar a pandemia e assegurar os cuidados de saúde aos doentes não passa pela transferência de dinheiros públicos para os grupos privados, mas sim pela canalização desses recursos no investimento e reforço da capacidade do SNS. Temos visto bem como tem sido a atuação dos grupos privados, primeiro fecham as portas e reduzem a atividade e em segundo não recebem grávidas e doentes com covid 19.

PSD, CDS e os seus sucedâneos, tal como o PS têm muitas responsabilidades na situação em que se encontra o SNS. Ao longo dos anos têm optado por políticas de subfinanciamento do SNS, de desvalorização dos profissionais de saúde e de desinvestimento generalizado nas infraestruturas e equipamentos.

Novidades? Não há. Nem no continente nem nos Açores

Expresso Curto para curtir. Curte ao sol? Não. Curte quando o consumimos. Se muitos o consumirem fica duro que nem cornos – dito popularmente.

É perguntado no Curto, por João Pedro Barros, jornalista (coordenador online?) assalariado do tio Balsemão Impresa de Bilderberg, acerca do Recolher Obrigatório imposto pelo governo, se “Teremos novidades hoje?”… Oh… oh… Novidades, novidades, não há. Nem no continente, nem nos Açores… A aliança nazi-fascista em embrião entre o Chega, o PSD e o Iniciativa Liberal já é do conhecimento público por todo o lado. Nada feito, sobre novidades. Lamentemos a desilusão dos que acham que precisam de novidades como de bebidas energéticas para se mexerem e defenderem a democracia de facto, não esta de faz de conta que é vigente. Em que os fascistas e pseudo democratas não se cansam de encher a boca, usam-na para implantarem o mais possível um regime anti-democrático de facto. Os tipos esgatanham-se para atingirem seus objetivos. Poder, vendem-se pelo poder, sem escrúpulos. Pé ante pé vão conseguindo. Imaginem, até Rui Rio perdeu a vergonha de ter sido um afectuoso salazarista e agora mostra a sua raça… de tendências e prováveis objetivos nazi-fascistas, racistas e xenófobos, populistas e de pretensões a líder de saco de gatos da direita política cujos extremos já se vislumbram. O homem foi mesmo descarado. Finalmente ganhou coragem e mostra sem dúvidas quem é, o que é, e para onde quer ir. Debalde. Debalde. A resistência cresce. E o Rio mostrou a sua torrente ideológica numa penada asquerosa. Boa. Não é novidade.

Chega. Por hoje basta de introdução ao famigerado e jeitoso Expresso Curto, que curtimos e convidamos a que façam o mesmo. Ficamos a saber umas ‘coisitas’ e por lá e por aqui seguimos o lema expressivo “Liberdade para Pensar”. Omessa! Assim sim. É tão bom.

Saúde. Bom dia e um abatanado à maneira de despertador. Forte. Porque dos fracos não reza a história… Não? Olhem que sim. Reza de muitos fracos querendo lavar-lhes as trombas e as atitudes porcas. Pois.

Adiante. Eis o Curto sem tirar nem pôr. Vale. A seguir.

MM | PG

Portugal | O PSD e o Chega não são partidos irmãos?

Pedro Tadeu | Diário de Notícias | opinião

O acordo do PSD com o Chega é absolutamente natural e só pode espantar quem pensou que o partido que quer castrar pedófilos e apertar com os ciganos não é uma emanação e uma tentativa de revitalização da direita tradicional e sistémica portuguesa.

O acordo do PSD com o Chega para governar os Açores só surpreende quem acha que o partido de André Ventura, ex-PSD, não pertence à mesma família política do partido de Rui Rio, bem como do CDS, do PPM e da Iniciativa Liberal.

Há diferenças entre esses partidos, que vão do centro até à extrema-direita, e até parecem inconciliáveis, mas há algo bem mais forte de que essas divergências que é capaz de os levar facilmente à união na ação política: a direita é uma irmandade que se une sempre na hora decisiva.

O jornalista de direita, autointitulado liberal, João Miguel Tavares explicou, de forma clara, as razões de PSD, CDS, PPM e Iniciativa Liberal terem decidido incluir o Chega num acordo de viabilização para um novo governo açoriano e porque é que isso se pode e deve repetir na formação de um governo nacional: "se a direita estabelecer uma cerca sanitária à volta do Chega, ela jamais regressará ao poder sem ser à boleia do PS", escreveu ele no jornal Público.

A questão para a direita, portanto, não está em discutir se o Chega é ou não é fascista, se é ou não é neofascista, se é ou não é populista.

A questão para a direita não está em saber se o Chega é autoritário, racista, xenófobo, desumano ou perigosamente estúpido.

A questão para a direita não está em discutir se o Chega é boa ou má companhia para fazer política, se é mais ou menos radical.

A questão para a direita está, apenas, em saber se os deputados do Chega são relevantes em contas que levem os partidos da direita ao poder.

Brasil reporta 544 mortos e mais de 48 mil novos casos de covid-19

O Brasil reportou esta quarta-feira 544 mortes e 48.331 novos casos de covid-19, num momento em que o Ministério da Saúde ainda não conseguiu reparar totalmente um erro técnico que afeta a monitorização dos dados da doença.

"Os casos e óbitos da publicação de hoje podem não refletir o acumulado de eventos pendentes desde a paralisação dos sistemas de informação oficiais na quinta-feira. Devido a problemas técnicos, os dados foram inviabilizados de serem atualizados ou podem sofrer alterações futuras", informou a tutela da Saúde, após vários estados terem permanecido vários dias sem conseguir comunicar os seus números, como é o caso de São Paulo, foco da pandemia no país.

Assim, e tendo em conta que os números são parciais, o Brasil totaliza 163 373 vítimas mortais e 5 748 375 casos de infeção desde o início da pandemia, registada oficialmente no país em 26 de fevereiro.

Diário de Notícias | Lusa

Brasil é arrastado ao ridículo após Bolsonaro ameaçar os EUA ‘com pólvora’

No emaranhado de bravatas, o presidente Bolsonaro deixou claro que se sente ameaçado por um “grande candidato à chefia de Estado”, que prometeu “levantar barreiras comerciais” se o fogo da Amazônia não for apagado.

Se havia algum resquício de seriedade no governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), foi incinerada ao longo das últimas horas nas declarações do mandatário neofascista e, nesta quarta-feira, a imagem do país é arrastada ao ridículo, nas redes sociais. O termo ‘Exército Brasileiro’ aparecia, nesta manhã, em tom jocoso entre os mais citados na rede norte-americana de mensagens Twitter.

— Quando acabar a saliva, tem que ter pólvora — arrebatou Bolsonaro em referência a “um grande candidato à chefia de Estado” sobre a Amazônia, citando o presidente eleito dos EUA, Joe Biden.

No emaranhado de bravatas disparado, na véspera, o presidente deixou claro que se sente ameaçado por um “grande candidato à chefia de Estado”, que prometeu “levantar barreiras comerciais contra Brasil” se o fogo da Amazônia não for apagado.

— Pessoal, vocês sabem disso, né? Todo mundo que tem riqueza não pode dizer que é feliz, não. Tem que tomar cuidado com a riqueza, porque está cheio de malandro de olho nela. E o Brasil é um país riquíssimo. Assistimos há pouco a um grande candidato à chefia de Estado dizer que, se eu não apagar o fogo da Amazônia, vai levantar barreiras comerciais contra o Brasil. E como podemos fazer frente a tudo isso? Apenas diplomacia não dá, né, Ernesto [Araújo]? E quando acaba a saliva, tem que ter pólvora, senão não funciona. Não precisa nem usar a pólvora, mas tem que saber que tem — ameaçou.

Guerra aos EUA

O presidente eleito Biden já citou, por duas vezes, o governo de Bolsonaro, referindo-se à Amazônia durante campanha eleitoral, com severas críticas à forma como o país lida com a devastação em marcha no bioma amazônico e pantaneiro. Assim, as palavras do presidente continuavam se propagando ao longo do dia e aumentava, no Congresso, a aceitação de um eventual pedido de impeachment de Bolsonaro, para que uma guerra contra Estados Unidos não seja desencadeada.

Diante da situação absurda, colocada pela Presidência da República, os memes passaram a surgir no Twitter com o tom de gozação cada vez mais acentuado.

Assista a um deles no Twitter

Correio do Brasil

As eleições nos EUA e os impactos no Brasil

Edmilson Costa [*]

As eleições nos Estados Unidos ocorreram numa conjuntura em que o império enfrenta um processo acelerado de decadência, combinado com uma tripla crise: uma crise econômica, uma crise sanitária e uma crise de hegemonia. Mesmo antes da emergência dramática desses fenômenos, o sistema já tinha sido abalado pela crise de 2008, da qual até agora o País ainda não se recuperou, e cuja crise expôs com rudeza explícita os graves problemas sociais longamente omitidos pela mídia corporativa. A eleição de Donald Trump e seus quatro anos de governo representaram uma espécie de tentativa desesperada das classes dominantes de reverter a crise, retomar a hegemonia do império e colocar o ônus na conta dos trabalhadores. Mas o governo Trump, com sua agressividade e extravagância patológica, em vez de resolver os problemas, acirrou todas as contradições, tanto do ponto de vista interno quanto externo. Os impérios em decadência são assim mesmo: naturalizam as bizarrices e nem percebem que essas bizarrices representam seu esgotamento.

Durante os quatro anos de governo nos Estados Unidos, Trump colocou o sistema de cabeça para baixo. Apoiou supremacistas brancos, barbarizou os imigrantes, reprimiu os pretos e a juventude e renegou a ciência na crise sanitária. Do ponto de vista internacional, rompeu todas as regras constituídas pelo próprio sistema desde o pós-guerra, brigou com velhos aliados da Europa, desencadeou uma ofensiva contra a China, principal financiador de seu déficit, estimulou golpes de Estado, impôs sanções selvagens contra nações que não se curvaram aos seus pés, além de uma agenda política abertamente agressiva e extravagante que incluía o apoio a bandos fascistas em várias partes do mundo – tudo isso na vã perspectiva de que essas bravatas seriam suficientes para resolver a crise. Quando a pandemia chegou, a economia norte-americana já estava a caminho de uma nova onda da crise sistêmica global e a doença apenas acelerou e potencializou os problemas que já estavam inscritos num sistema fragilizado.

Portanto, para se compreender a confusão em torno da eleição de Biden à presidência e a resistência de Trump em reconhecer a derrota, além da crise institucional em curso, é preciso atentar para o fato de que todo esse imbróglio imperial não é nada mais nada menos do que a expressão política da decadência imperialista. Como escrevi em trabalho anterior, por mais que os escribas a serviço de Wall Street propaguem que tudo que está acontecendo é resultado da pandemia, a crise na verdade é do próprio sistema capitalista. Trump e seus arroubos patológicos significam apenas os rugidos de um bufão em final de espetáculo, um arranjo das classes dominantes que não deu certo e que agora o sistema procura corrigir apostando todas as fichas em Biden. Como se pode imaginar, as classes dominantes também cometem erros e, em muitos casos, esses erros abrem janelas de oportunidades para a construção de alternativas populares.

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