quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Novidades? Não há. Nem no continente nem nos Açores

Expresso Curto para curtir. Curte ao sol? Não. Curte quando o consumimos. Se muitos o consumirem fica duro que nem cornos – dito popularmente.

É perguntado no Curto, por João Pedro Barros, jornalista (coordenador online?) assalariado do tio Balsemão Impresa de Bilderberg, acerca do Recolher Obrigatório imposto pelo governo, se “Teremos novidades hoje?”… Oh… oh… Novidades, novidades, não há. Nem no continente, nem nos Açores… A aliança nazi-fascista em embrião entre o Chega, o PSD e o Iniciativa Liberal já é do conhecimento público por todo o lado. Nada feito, sobre novidades. Lamentemos a desilusão dos que acham que precisam de novidades como de bebidas energéticas para se mexerem e defenderem a democracia de facto, não esta de faz de conta que é vigente. Em que os fascistas e pseudo democratas não se cansam de encher a boca, usam-na para implantarem o mais possível um regime anti-democrático de facto. Os tipos esgatanham-se para atingirem seus objetivos. Poder, vendem-se pelo poder, sem escrúpulos. Pé ante pé vão conseguindo. Imaginem, até Rui Rio perdeu a vergonha de ter sido um afectuoso salazarista e agora mostra a sua raça… de tendências e prováveis objetivos nazi-fascistas, racistas e xenófobos, populistas e de pretensões a líder de saco de gatos da direita política cujos extremos já se vislumbram. O homem foi mesmo descarado. Finalmente ganhou coragem e mostra sem dúvidas quem é, o que é, e para onde quer ir. Debalde. Debalde. A resistência cresce. E o Rio mostrou a sua torrente ideológica numa penada asquerosa. Boa. Não é novidade.

Chega. Por hoje basta de introdução ao famigerado e jeitoso Expresso Curto, que curtimos e convidamos a que façam o mesmo. Ficamos a saber umas ‘coisitas’ e por lá e por aqui seguimos o lema expressivo “Liberdade para Pensar”. Omessa! Assim sim. É tão bom.

Saúde. Bom dia e um abatanado à maneira de despertador. Forte. Porque dos fracos não reza a história… Não? Olhem que sim. Reza de muitos fracos querendo lavar-lhes as trombas e as atitudes porcas. Pois.

Adiante. Eis o Curto sem tirar nem pôr. Vale. A seguir.

MM | PG


Bom dia este é o seu Expresso Curto

O fim de semana do recolher obrigatório está aí e sobram as dúvidas. Teremos novidades hoje?

João Pedro Barros | Expresso

Bom dia,

Estamos à porta do primeiro fim de semana com as mais duras restrições à liberdade dos portugueses desde o confinamento de março e abril (eis as medidas em resumo e respostas às dúvidas que pode ter). É o tema que preenche grande parte das conversas: o novo Estado de Emergência trouxe consigo um recolher obrigatório que se estende entre as 13h de sábado e de domingo e as 5h do dia seguinte. Claro que há exceções – e é aí que a porca torce o rabo.

Por exemplo, já deve saber que pode circular na rua para ir ou regressar do trabalho, para se deslocar a um estabelecimento de saúde ou farmácia, para passear o cão e também para ir a mercearias ou supermercados e adquirir produtos de primeira necessidade. E se for para ir buscar comida a um restaurante com take-away? Já não.

Os restaurantes protestam e consideram que podem servir refeições a quem tiver autorização para circular nos fins de semana. É uma das muitas dúvidas: a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal pediu ontem uma “resposta clara e urgente” por parte do Governo para as muitas questões que continuam por esclarecer em relação aos estabelecimentos comerciais. São medidas “pouco claras, avulsas e discriminatórias”, acusam. Mais: "excetuando os sectores de alimentação e higiene”, os comerciantes ainda não perceberam se são obrigados a fechar sábado e domingo, depois das 13h, nem se podem antecipar o horário de abertura.

As perspetivas económicas a curto e médio prazo são complicadas (ouça sobre isto o Expresso da Manhã), mas nesta situação já há marcas a reagir. A maioria das lojas Pingo Doce vai abrir às 6h30 e encerrar às 22h, os grupos Sonae e Auchan ainda estão a analisar a questão, enquanto o Lidl não prevê mudanças. Também os ginásios se preparam para abrir mais cedo, a partir das 7h ou 8h.

A lógica obriga a fazer algumas perguntas óbvias: um restaurante não pode ter take-away mas os supermercados sim? Uma loja de roupa tem de fechar mas um hipermercado pode ter esses produtos à venda? O Expresso tem procurado esclarecer e conhecer os princípios que levaram a estas decisões, mas tem sido repetidamente remetido para futuros esclarecimentos e medidas do Governo. E hoje há Conselho de Ministros, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, a partir das 11h.

Não será descabido pensar que o próprio primeiro-ministro clarifique alguns destes pontos, depois de ter apresentado as medidas decorrentes da declaração do Estado de Emergência numa conferência de imprensa em plena hora do lobo, no domingo. Sabemos com segurança que hoje será feita a primeira revisão dos 121 concelhos considerados de alto risco, onde estão impostas estas medidas mais severas. E na segunda-feira, em entrevista à TVI, António Costa anunciou um "apoio específico" para os restaurantes, que estaria a ser desenhado pelos ministros da Economia e das Finanças – os pormenores, ficou prometido, seriam conhecidos, o mais tardar, no dia de hoje.

Foi precisamente para as declarações à TVI que o gabinete do primeiro-ministro remeteu o Expresso, depois de ter sido inquirido sobre a manifestação que empresários da restauração de Lisboa estão a agendar para este sábado, no Rossio, às 12h30. Esperam mil pessoas. “Já nos tinham dado um tiro em cada pé, agora deram-nos um tiro na cabeça”, afirma Paulo Silva, um dos organizadores. Uma outra manifestação, dita apartidária e também de protesto contra as medidas do Governo, tem o mote “Marcha pela Liberdade” e está marcada para as 12h, para ali bem perto, na Avenida da Liberdade. “É provável que, no final, as duas manifestações se juntem”, garante Paulo Silva. Entretanto, a câmara da capital, anunciou apoios a fundo perdido entre quatro e oito mil euros para o comércio e restauração.

Acrescente-se outra acha na fogueira: a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição alerta que os horários reduzidos no comércio, como os deste fim de semana, podem gerar ajuntamentos às portas das lojas. Os associados pedem que se aumente o rácio de pessoas permitido em Portugal nos estabelecimentos, que dizem ser o “mais baixo da Europa”. Por último, avisam que, com tantas limitações, será impossível manter o atual nível de operação: ou seja, falamos de despedimentos.

As notícias de ontem sobre a situação pandémica em Portugal não foram famosas: há a lamentar mais 82 mortos (um novo recorde em 24 horas) e 4935 novos casos: foi o quarto pior dia da pandemia neste capítulo e o pior de sempre na região Centro. Há mais 43 internados, são agora 2785 no total. E nos EUA registaram-se ontem mais 142.000 casos, um novo máximo.

[Devido às limitações derivadas do Estado de Emergência, a edição desta semana do Expresso sai para as bancas já amanhã, continuando naturalmente disponível, nos locais habituais, nos dias seguintes.]

OUTRAS NOTÍCIAS

In memoriam – A Câmara de Lisboa quer que o parque que está a ser construído na Praça de Espanha tenha o nome do arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, que faleceu ontem, aos 98 anos. O percurso do antigo líder do Partido Popular Monárquico – cujo pensamento pode conhecer melhor nesta grande entrevista ao Expresso, realizada em abril de 2013, e nesta, de 2005 – foi recordado em vários quadrantes. Hoje é dia de luto nacional.

Em investigação – O Ministério Público abriu um inquérito às causas do surto de legionela no distrito do Porto. Já há sete mortes e 67 casos a registar.

Em discussão – O PCP apresentou mais 32 propostas de alteração ao Orçamento do Estado (OE) para 2021, centradas em questões fiscais, e espera discutir ainda esta semana com o Governo as mais de 150 já entregues. Por sua vez, o Bloco de Esquerda apresentou 12 propostas de alteração indispensáveis para viabilizar o documento e inverter o voto contra na generalidade. João Leão vai estar esta tarde no Parlamento, na Comissão de Orçamento e Finanças, no âmbito da discussão na especialidade do OE.

Em metade – É assim que deverá ficar a lotação do congresso do PCP, para garantir que as regras de higiene e segurança face à pandemia são cumpridas. Isso deve significar a presença de cerca de 600 delegados no Pavilhão Paz e Amizade, em Loures, entre 27 e 29 de novembro.

Em queda – Assim está o consumo de tabaco entre os jovens em Portugal, mas o de álcool aumenta. Os padrões de consumo de canábis estão entre os mais problemáticos da Europa.

Em entrevista – Eduardo Carqueja, diretor do Serviço de Psicologia do Hospital de São João, no Porto, tem dado apoio psicológico a doentes infetados com covid-19 e faz uma grave denúncia: “Há empresas que obrigam as pessoas a ir trabalhar mesmo estando infetadas e isso gera ansiedade e desespero”.

Em rede – Os primeiros computadores com ligação à internet prometidos a alunos e professores no âmbito do programa do Governo Escola Digital vão começar a chegar às escolas ainda esta semana.

Em 2:59 – Com o país de volta ao teletrabalho, como vai ser o futuro dos escritórios?

Em ritmo de treino – A seleção portuguesa bateu a frágil Andorra por 7-0, em jogo particular que serviu para estrear Paulinho (dois golos), Pedro Neto (um golo) e Domingos Duarte.

Em Espanha – Para entrar no país oriundo de um território de risco (rol no qual se encontra Portugal) passa a ser necessário um teste PCR (ou seja, os que são efetuados com uma zaragatoa), com resultado negativo. No entanto, tal será apenas necessário por via aérea ou marítima, estando dispensado nas entradas por via terrestre.

Em Angola – O ativista Luaty Beirão recebeu ontem ordem de detenção pela polícia angolana, quando transmitia em direto a caminhada para uma das manifestações em Luanda, no âmbito das comemorações dos 45 anos da independência do país. Faltam informações credíveis sobre o seu atual paradeiro e sobre um eventual morto (em resultado de confrontos entre manifestantes e polícia), que vários meios de comunicação do país relataram mas que as autoridades não confirmam.

Em teste – Foram retomados os testes da vacina anticovid chinesa Coronavac, no Instituto Butantan, em São Paulo, no Brasil. Os ensaios tinham sido interrompidos após a morte de um voluntário, alegadamente por suicídio, o que gerou o regozijo do Presidente Jair Bolsonaro, para quem a eventual vacina é sinónimo de “morte, invalidez, anomalia”.

Em perda – Parecem estar assim as esperanças de vários conselheiros próximos de Trump na inversão dos resultados das eleições presidenciais da passada semana, que apontam claramente para uma vitória de Biden, sem indícios da alegada fraude generalizada. Em Portugal, o ministro dos Negócios Estrangeiros dá uma no cravo e outra na ferradura: espera “mudanças muito evidentes” com Biden, mas com Trump “a cooperação bilateral também melhorou”.

Em bloco – 15 representantes da oposição pró-democracia no Conselho Legislativo de Hong Kong demitiram-se ontem, após o Governo chinês ter afastado os outro quatro deputados deste bloco, utilizando uma lei que permite a demissão imediata de todos os legisladores que apoiem a independência de Hong Kong ou recusem a soberania de Pequim.

FRASES

“Não adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem que deixar de ser um país de maricas (...) Temos que enfrentar de peito aberto, lutar. Que geração é essa, nossa?”
Jair Bolsonaro, Presidente do Brasil, em discurso num evento para promover a retoma do turismo no país

“Eu não sou nada fofinho com tiranos nem com amigos de tiranos nem com primos de amigos de tiranos nem com vizinhos circunstanciais que se encostam a primos de amigos de tiranos”
Augusto Santos Silva, após mostrar a sua “gravata açoriana” a João Cotrim de Figueiredo, deputado do Iniciativa Liberal, que acusou o Governo de ser “fofinho” com regimes como os da Hungria e Polónia e conivente com abusos na Bielorrússia e na China. O ministro dos Negócios Estrangeiros respondeu aludindo ao acordo para uma governação à direita nos Açores, viabilizado pelo Iniciativa Liberal e, entre outros, pelo Chega

“Não vamos conseguir o que queremos dizendo à população que não se pode sentir cansada”
Francisco Miranda Rodrigues, bastonário da Ordem dos Psicólogos, em entrevista ao Expresso, sobre a fadiga pandémica, a necessidade de direcionar mensagens e a desinformação

"Não devia funcionar, mas funciona. Não há nada igual. Ninguém soa como eles. Criaram a sua própria sonoridade”
Damon Albarn, líder dos Blur, a expressar a sua admiração pela música dos Joy Division

O QUE ANDO A LER

A leitura dos últimos dias não está à venda em lado algum, nem disponível na internet e dificilmente algum alfarrabista terá um exemplar. Não é particularmente rica literariamente, mas é um pequeno pedaço de nostalgia para quem gosta de Fórmula 1, como é meu caso, e para quem começou a acompanhar o desporto no início da década de 1990.

Tinha 12 anos quando comprei esta maravilha que reencontrei há dias em casa: chama-se “Fórmula 1 93/94” e é um almanaque editado em Portugal pela Talento. Trata-se de uma versão adaptada da brasileira, apesar de manter deliciosos brasileirismos como “câmbio” (caixa de velocidades) ou “biscoito” (pneu de chuva). São umas boas 300 páginas, quase todas dedicadas à época 1993, com análises técnicas, biografias e várias páginas por cada grande prémio da temporada.

Num tempo em que a internet ainda era uma miragem, lembro-me de ter lido tudo de fio a pavio e quase tudo era novidade. Reler agora esta revista revela ainda anacronismos tecnológicos maravilhosos. Por exemplo, eis a grande novidade de meados da temporada: “Desde o GP de San Marino que se testa um novo sistema que permite oferecer informações detalhadas de tudo o que se passa nos boxes de forma mais prática e rápida. (...) Pelo simples pulsar nos walky-talkies dos informadores das boxes do número do carro e de um código específico, é transmitido ao computador de informação o dado que aparece na sala de imprensa”.

Em 1993, Alain Prost (Williams Renault) sagrou-se campeão, mas o meu ídolo Ayrton Senna (McLaren Ford) fez uma das melhores temporadas de sempre. Com um monolugar claramente inferior, ganhou cinco corridas e foi vice-campeão. É impossível não aproveitar para convidar o leitor a ver (ou rever) isto: poucos contestam que é a melhor volta de sempre de um piloto na F1 (para quem gosta de futebol, é o equivalente ao golo de Maradona à Inglaterra em 1986.) Eis como é relatado na revista: “Por toda a tecnologia moderna da F1, a maestria da pilotagem de Senna é insubstituível. Ayrton ofereceu à F1 uma das mais belas performances de sempre”.

O brasileiro terminaria a prova com uns incríveis 1 minuto e 23 segundos de vantagem sobre Damon Hill, o único que ficou na mesma volta. Sobre as queixas do rival Prost a propósito do rendimento do seu dominante Williams, Senna – que perdeu a vida na curva Tamburello, em Imola, Itália, pouco mais de um ano depois – comentou: “Um puta de um carro desses e o cara fica chorando. Pinta o carro dele de vermelho e branco [então as cores da McLaren] e dá para mim”. No tempo das redes sociais, isto era capaz de ser boca para o barulho.

O QUE ANDO A OUVIR

Apetece-me falar dos Boogarins, uma banda rock brasileira que podemos encaixar na prateleira psicadélica/indie (apesar de terem tido algum sucesso comercial com esta radiofónica “Doce”).

São uma das melhores bandas que já vi ao vivo e nunca passo muito tempo sem os ouvir, especialmente o álbum “Manual” (2015). No final de agosto lançaram “Manchaca Vol.1”, uma compilação de demos (versões preliminares) e esqueletos de canções criadas em Austin, no Texas. Porém, prefiro recomendar, por exemplo, esta “Corredor Polonês” ou a viciante “6000 dias”.

Apercebo-me agora: sem querer, os Boogarins encaixam perfeitamente com o texto em cima. Não é que costumam utilizar nos concertos aquela música com que a TV Globo costumava celebrar as vitórias dos pilotos brasileiros na Fórmula 1?

Este Expresso Curto fica por aqui. Tenha uma excelente quinta-feira e siga-nos também na Tribuna, na Blitz e no Boa Cama Boa Mesa. Espreite a nossa página de Exclusivos e se gosta do que lê e vê assine o Expresso. Nós vamos continuar deste lado a acompanhar a atualidade em permanência.

Sugira o Expresso Curto a um/a amigo/a

Sem comentários:

Mais lidas da semana