As Nações Unidas ofereceram ajuda a Moçambique na investigação de suspeitas de massacres no norte. A União Europeia vai "redobrar esforços" para combater terrorismo. E o Zimbabué está pronto para ajudar como puder.
A Organização das Nações Unidas (ONU) está disponível para ajudar Moçambique na investigação de suspeitas de alegados massacres no norte do país, perpetrados por grupos jihadistas. Mas a iniciativa de investigação e pedido de ajuda tem de partir do Governo de Moçambique, disse Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres.
"É responsabilidade das
autoridades nacionais investigar o incidente. Elas têm as principais
responsabilidades, tal como a responsabilidade de proteger os seus cidadãos,
como qualquer Estado-membro", declarou Dujarric durante uma
conferência de imprensa
António Guterres mostrou-se "chocado" com os "recentes relatos de massacres perpetrados por grupos armados não estatais em várias aldeias na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, incluindo a decapitação e rapto de mulheres e crianças".
Segundo Stephane Dujarric, a ONU tem "informações de fontes no terreno" e acrescentou que a equipa em Moçambique está "muito atenta à situação" de múltiplos ataques na província de Cabo Delgado, apesar de não ter ainda dados concretos sobre vítimas.
Zimbabué pronto para ajudar
Também o Presidente do Zimbabué disse que o país está pronto para ajudar Moçambique a combater os ataques terroristas no norte do país vizinho, defendendo que a segurança deve ser prioritária para a região.
"O Zimbabué está pronto para ajudar de qualquer maneira que consigamos, a segurança da nossa região é a principal prioridade na proteção do nosso povo", escreveu Emmerson Mnangagwa na rede social Twitter, acrescentando que "os atos de barbaridade têm de ser eliminados onde quer que sejam encontrados".
O comentário do Presidente do Zimbabué, que faz fronteira com Moçambique, surge depois de várias notícias sobre atos de violência cometidos nos últimos dias e no mesmo dia em que o ministro da Defesa disse que Moçambique estava a pedir ajuda a vários países, após a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) ter falhado na formulação de uma proposta sobre como combater a insurgência.
"É do nosso interesse que a SADC aja rapidamente para lidar com a situação", disse o ministro Oppah Muchinguri-Kashiri, em declarações ao jornal estatal Herald.
Apoio da UE e da Commonwealth
O Alto Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros anunciou esta quarta-feira (11.11) que Bruxelas vai "redobrar os esforços" para apoiar a segurança em Moçambique, em regiões importantes de segurança e de estabilidade", escreveu Josep Borrell no Twitter.
A Commonwealth também condenou os
massacres reportados nos últimos dias
"Condeno esses ataques horríveis e brutais a civis inocentes e exorto a que uma investigação seja realizada e os seus autores responsabilizados", disse a secretária-geral da organização, Patricia Scotland.
"Os ataques e relatos de sequestros de mulheres, jovens e crianças são uma afronta aos princípios fundamentais dos direitos humanos. A Commonwealth e todos os Estados-membros solidarizam-se com as pessoas afetadas e suas famílias", lê-se ainda no documento.
Parlamento vota resolução sobre Cabo Delgado
Até ao momento,
as autoridades moçambicanas ainda não se pronunciaram sobre os alegados
massacres. O conflito armado
Será também votada uma resolução sobre o tema, numa altura em que o conflito tem sido motivo de atenção a nível internacional devido a relatos de massacres cometidos por rebeldes, parte das quais alegadamente por decapitação.
O relatório que os deputados vão debater foi produzido por uma comissão parlamentar que ouviu as Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas descrevem a situação como "grave", assinalando que o porto e o aeroporto da vila de Mocímboa da Praia continuam nas mãos dos grupos armados.
A província de Cabo
Delgado é palco há três anos de ataques armados desencadeados por forças
classificadas como terroristas e que se intensificaram este ano. Há diferentes
estimativas para o número de mortos, que vão de
Deutsche Welle | Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário