terça-feira, 24 de novembro de 2020

Rumos geopolíticos entre Rússia e EUA, após as eleições norte-americanas

#Publicado em português do Brasil

Edson José de Araújo | Ceiri News

Em uma corrida eleitoral marcada por extrema polarização político-ideológica, Joseph Robinette Biden Jr. se tornou o 46º Presidente dos EUA, segundo pronunciamento da agência de notícias Associated Press, realizado em 7 de novembro (2020) e, em meio à situação atual do país, vai herdar de seu antecessor, Donald Trump, uma nação afetada por uma crise econômica e social comparável à Grande Depressão (1929) e a maior taxa de desemprego desde o início da Segunda Guerra Mundial. Em meio à pandemia da Covid-19, o país se tornou a primeira nação do mundo em número de infectados e mortos pelo vírus, podendo alcançar, segundo projeções, a marca de 300 mil mortos até o final de 2020, à medida que embarca em uma “segunda onda” de infecções e possíveis novos bloqueios.

De certo, Joe Biden, ao assumir a Presidência, irá despender grande parte do seu mandato em apaziguamento das crises internas, mas, também, deverá colocar em pauta políticas desenvolvimentistas para a América, abordando as relações exteriores que, de acordo com analistas, nos últimos quatro anos apresentou-se como uma nação protecionista avessa aos preceitos do multilateralismo.

Muito antes do resultado das eleições, discussões ao redor do mundo começaram a ser estruturadas sobre a política externa que Biden deveria assumir se fosse eleito, concluindo que, talvez, mais flexibilidade possa ser esperada de sua administração no Oriente Médio, em particular em relação ao Irã. O curso para conter a Rússia e a China, segundo analistas, continuará, mas os instrumentos de contenção serão ligeiramente ajustados e a retórica mudará. 

O tema “Rússia” sempre esteve entre os componentes cruciais de ataques à Donald Trump por parte dos Democratas (partido de Biden), por seu esforço insuficiente para conter o chamado regime autoritário e agressivo de Vladimir Putin. Biden, por sua vez, poderá usar a Rússia para avançar em uma agenda consolidada de retaliações, pois, opor-se a Moscou é uma das poucas questões que gozam de consenso no Congresso norte-americano.

Acordo militar Austrália-Japão

A Austrália e o Japão assinaram um Acordo de Acesso Recíproco (RAA) dos seus respectivos exércitos [1].

Ele foi negociado num quadro da futura OTAN global [2], na altura em que este projecto é posto em causa pela Administração Trump e o Pentágono relançou o Quad (acordo militar entre o Japão, a Austrália, a Índia e os Estados Unidos).

Voltainenet.org | Tradução Alva

Portugal | Não há polígrafo que resista!

O Conselho Nacional do Chega foi desmarcado depois de nunca ter sido marcado, num exercício de «acrobacia» que embebeceu a comunicação social dominante.

AbrilAbril | editorial

Se dúvidas houvessem sobre este malabarismo político, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Sintra, face ao anúncio que o evento do Chega se realizaria nas suas instalações, veio esclarecer que nunca foi contactada nesse sentido.

Na verdade, trata-se de mais uma manobra desta ampla aliança de direita, que a partir dos Açores tende a alastrar ao todo nacional, e que, tendo como pano de fundo a realização do Congresso do PCP e a coberto do surto epidémico, visa a limitação do exercício de direitos fundamentais, nomeadamente políticos. A mesma direita que no início da pandemia chegou a ter a pretensão de suspender e limitar o funcionamento da Assembleia da República.

No caso do PSD, volta à tona a tese da suspensão da democracia, desta vez pela voz de Rui Rio, que pretendia impedir a realização do Congresso dos comunistas, ao arrepio da Constituição e das leis, com a ameaça de que, se fosse governo, não o permitiria.

Quem não se lembra dos tiques autoritários de Rui Rio enquanto presidente do Município do Porto, nomeadamente procurando limitar e impedir os comunistas (e não só) de afixar propaganda política na cidade, numa clara violação da lei, que a Comissão Nacional de Eleições condenou dando razão ao PCP?

Nesta relação entre Rio e Ventura, mais cedo do que tarde se perceberá se é o Chega que influencia o PSD ou se, pelo contrário, é o PSD que, a coberto desta aliança com a extrema-direita, vai expor as verdadeiras entranhas de um PPD/PSD que, guinando ainda mais para a direita, ultrapassará uma linha que até agora não tinha ousado pisar.

A realidade, para quem anda mais distraído, é que os sectores do grande capital e quem politicamente os representa, dos mais polidos aos mais reaccionários, desde o início da pandemia nunca tiveram nenhuma percepção negativa a propósito de qualquer evento, fosse qual fosse, com excepção das comemorações do 25 de Abril e do 1.° de Maio, da Festa do Avante! e, agora, a propósito da realização do Congresso do PCP.

Imagem: António Cotrim // Lusa

Portugal | Pelos mínimos não vamos lá

Mariana Mortágua* | Jornal de Notícias | opinião

As administrações do Hospital Beatriz Ângelo (PPP) e da Linha Saúde 24 estão a oferecer vales de compras do Pingo Doce para aliciar os seus trabalhadores a fazerem horas extra. Vales de compras!

Em outubro, o concurso para 435 médicos de família deixou 148 vagas por preencher. Uma vez que estes internos passaram para especialistas, o saldo no SNS voltou a agravar-se: tem agora menos 1029 médicos que em janeiro, antes da pandemia. O concurso para a contratação de especialistas hospitalares ainda não está concluído, mas a situação deverá piorar: a manter-se a tendência atual, dos 1000 internos, o SNS vai reter 700.

A falta de profissionais é de tal forma grave que o decreto presidencial que enquadrou a última declaração de estado de emergência permite proibir os profissionais de se despedirem do SNS. Mas, em contramão, o Hospital de Braga e outras instituições entregaram cartas de não renovação de contrato a dezenas de temporários que esgotaram as duas renovações de quatro meses permitidas pelo Governo.

Covid-19 | 85 mortes, 3919 novos infetados, 500 internados em UCI

Portugal passa as quatro mil mortes por covid-19 e 500 internados em UCI

No dia em que ultrapassa a barreira dos quatro mil mortos por covid-19, Portugal regista mais 3919 infetados, mantendo a tendência decrescente dos últimos dias. Há, pela primeira vez, mais de 500 internados em UCI.

Já são 4056 as vítimas mortais causadas pelo novo vírus desde o início da pandemia, em março. O boletim epidemiológico desta terça-feira da Direção-Geral da Saúde (DGS) mostra que, até à meia-noite, morreram mais 85 pessoas. Quase 60% das vítimas (50) foram registadas na região Norte, seguindo-se Lisboa e Vale do Tejo, onde 20 pessoas morreram, o Centro, com 12 óbitos, e o Alentejo com três. Cinquenta pessoas - 20 homens e 30 mulheres - tinham 80 anos ou mais - e doze - oito homens e quatro mulheres - tinham entre 70 e 79 anos. Morreram ainda 10 sexagenários (oito homens e duas mulheres) e ainda um homem na faixa dos 50-59.

O número de internados continua a registar máximos sucessivos: depois de ontem o relatório da DGS ter dado conta de 491 doentes em unidades de cuidados intensivos (UCI), o número subiu hoje para 506 (mais oito), sendo a primeira vez desde o início da pandemia que o valor ultrapassa o meio milhar. Em enfermaria, também ainda não tinha havido tantas pessoas internadas com covid-19 (3275, mais 34 do que ontem). Por outro lado, há agora 184.233 recuperados, mais 7406 face a segunda-feira. Contas feitas, subtraindo ao número total de infetados o número de óbitos e recuperados, há agora 80.432 doentes ativos, menos 3572 que ontem.

Norte com 58% dos novos infetados

Os novos casos continuam a diminuir. Depois de, no domingo, o número de contágios ter descido para 4788 e, na segunda-feira, para 4044, o boletim de hoje apresenta 3919 novas infeções, elevando para 268.721 o número total de casos. Recorde-se que é comum os números de novos contágios serem mais baixos nos primeiros dias de cada semana, uma vez que, ao fim de semana, se realizam menos testes de diagnóstico, por haver menos laboratórios abertos. De qualquer forma, o número de novos infetados de hoje é o mais baixo em 13 dias, desde 10 de novembro, quando se contabilizaram 3817 contágios.

Olhando para as regiões isoladamente, o Norte tem agora mais 2284 infeções (representando 58% do total de hoje), elevando para 139.905 o número total de casos na região. Lisboa e Vale do Tejo soma mais 1018 casos (em 91.053), o Centro mais 446 (em 25.949), o Alentejo mais 83 (5320) e o Algarve mais 65 (4870). No arquipélago dos Açores, há mais 18 infetados (total de 828) e a Madeira conta mais cinco (796).

Rita Salcedas |Jornal de Notícias

O negacionista

Henrique Monteiro | HenriCartoon

AGUENTA, QUE É SERVIÇO!

Bom dia este é o seu Expresso Curto

"Ai aguenta, aguenta"

Filipe Garcia | Expresso

Bom dia e seja bem-vindo a mais um estado de emergência,

Não lhe trago boas notícias. Ontem foram 74 as vítimas da pandemia, nunca foram tantos os casos ativos (84.004), de internados (3241) ou de pacientes em cuidados intensivos (498). Ou trago? Esta segunda-feira, também foi o dia com menos novos casos (4044) em sete dias. Entre os que preferem a ver metade cheia do copo, a interpretação será que é sinal do abrandar do crescimento da segunda vaga. Uma boa notícia, portanto. A metade focada na metade vazia dirá que ao fim-de-semana são menos os testes realizados e que daqui por umas horas seremos confrontados com mais más notícias, afinal o pico ainda não chegou. E se os dois se sentassem à conversa?

Na internet, seguramente, acabariam a trocar injúrias. Ao vivo, quero acreditar, poderiam selar a conversa com um simpático toque de cotovelo quebrando, momentaneamente, as regras de distanciamento social. Afinal, a razão até pode estar algures a meio. Afinal, a conversar até pode ser possível chegar a consensos. Estou a ver a metade cheia do copo? Os que olham para a vazia dir-me-iam que não, nem pensar, que ao fim de tantos meses de más notícias e restrições já ninguém percebe os que olham para o copo de forma diferente.

E eu, que ando de olho na linha da água, o que responderia? Que a luta ainda não vai a meio, que desistir não é opção e que mais discussões acaloradas se avizinham. Esta semana, andamos entretidos com o congresso do PCP, dentro em breve a conversa será em torno da vacinação e a polémica não será menor. Será obrigatória? E qual das vacinas vai recomendar o estado? E o tempo recorde em que foram desenvolvidas não levanta dúvidas quanto a potenciais efeitos secundários?

A discussão promete e as fações que a perspetiva do copo divide vão voltar a afastar-se. Se nem sobre o congresso do PCP os constitucionalistas oferecem uma resposta clara, pior será a discussão entre o desenvolvimento de uma vacina, ou de várias, a precisar de uma ou duas doses, mais ou menos refrigerada, americana, russa, chinesa ou britânica.

Não aguenta mais discussão ou medidas? Por estes dias, lembro-me muitas vezes da frase de Fernando Ulrich quando, em 2013, respondia à pergunta se o país aguentava mais austeridade. “Ai, aguenta, aguenta”, respondeu o então presidente do BPI. Nessa altura também a linha de água dividiu os portugueses. Também nessa altura o país aguentou.

Angola | Activistas marcam novo protesto no Cunene contra a governadora

No sábado, 21, apesar do forte aparato policial marcharam por sete quilómetros em protesto

Os jovens activistas que se manifestaram na cidade de Ondjiva, na província angolana do Cunene no passado sábado, 21, revelam a sua satisfação por terem atingido o seu objectivo, apesar do aparato policial chefiado pelo próprio comandante provincial, comissário Leitão Ribeiro.

Eles agora marcaram um novo protesto para o dia 10 de dezembro.

Como prometido, eles marcharam por sete quilómetros em protesto contra o Governo da província.

“A polícia em princípio veio com uma acção contundente, mas nós acabamos por ter uma acção psicológica muito grande. Só para se ter uma ideia, o comandante provincial Leitão Ribeiro, os seus adjuntos e o comandante municipal estiveram presentes a comandar os seus agentes contra a nossa manifestação, mas conseguimos”, afirmou à VOA, Tchilalo João Muhalo, um dos promotores destacando que, desde 1975, nunca houver qualquer contestação popular no Cunene.

A VOA procurou ouvir Leitão Ribeiro, mas sem sucesso.

Os jovens reafirmam a sua pretensão de sair novamente às ruas da cidade de Ondjiva, no próximo dia 10 de dezembro caso a governadora Gerdina Didalelwa continuar em silêncio.

VOA – Voz da América

Angola | Os direitos, os cidadãos e os servidores públicos

Angola é um Estado democrático de Direito. Trata-se de um princípio fundamental plasmado na Constituição do nosso país (artigo 2º, número 1).

Jornal de Angola | opinião 

O número 2 do mesmo artigo dispõe que "a República de Angola promove e defende os direitos e liberdades fundamentais do homem, quer como indivíduos, quer como membros de grupos sociais organizados (...)".

Temos uma Constituição, considerada muito avançada em termos de direitos, liberdades e garantias, mas é necessário que tenhamos poderes públicos que assegurem a concretização do que está estabelecido na lei fundamental.

Os cidadãos angolanos estão tomar cada vez mais consciência dos seus direitos e faz sentido que se preste atenção às suas pretensões, porque as pessoas têm a expectativa das promessas dos governantes feitas aos governados serem concretizadas no exercício dos seus mandatos.

Ataque terrorista à missão de Nangololo: "Só ficaram mesmo as paredes" - diz padre

Em entrevista à DW África, o padre Edegard da Silva, que trabalhava na missão de Nangololo, norte de Moçambique, relata que a aldeia de Muambula tornou-se quase um lugar fantasma após ataques terroristas neste mês.

A missão de Nangololo em Muidumbe, no norte de Moçambique, foi pela segunda vez atacada e destruída pelos terroristas. O padre Edegard da Silva que lá trabalhava conta que praticamente a aldeia de Muambula é um lugar fantasma, os habitantes fugiram das atrocidades, incluindo os missionários.

Sobre a reconquista da sede do distrito de Muidumbe, anunciada pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS), na última semana, o missionário diz nada saber e citando testemunhas, diz que ainda se ouve tiroteio em alguns lugares de Muidumbe.

Conversámos com o padre Edegard Silva Júnior sobre a situação na província de Cabo Degado, ele começa por nos contar as circunstâncias dos ataques que aconteceram este mês.

Moçambique | Membros da RENAMO saem às ruas contra Ossufo Momade

Um grupo de membros da RENAMO saiu hoje (23.11) às ruas da cidade de Tete, centro de Moçambique, para exigir o afastamento de Ossufo Momade da liderança do maior partido da oposição. A manifestação acabou em confrontos.

Ossufo Momade é acusado pelos manifestantes, entre outros aspetos, de má gestão e clientelismo dentro do partido Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), a maior força política da oposição em Moçambique. 

Entretanto, o delegado político provincial da RENAMO na província de Tete, Evaristo Tatamo, chamou os mentores destas contestações públicas contra Ossufo Momade de "palhaços”.

Em conferência de imprensa, que marcou o início da manifestação nesta segunda-feira (23), Hernani da Silva, porta-voz do grupo e membro da assembleia municipal de Tete pela RENAMO, acusou o líder do maior partido da oposição de "divisionismo, clientelismo e exclusão ao nível do partido".

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