Ataques de ódio contra asiáticos disparam nos EUA
A comunidade ásio-americana revela que os ataques de ódio aumentaram em 39% desde o início da pandemia
“Volta para Wuhan, puta, e leva o vírus contigo”. Este é um dos vários testemunhos que consta no relatório da organização “Stop Asian Americans and Pacific Islanders Hate”, elaborado entre 19 de março de 2020 e 28 de fevereiro deste ano, que dá conta de 3795 denúncias de crimes e incidentes de ódio contra a comunidade ásio-americana nos Estados Unidos. “Tu e o teu povo são a razão de termos corona”, lê-se num outro relato.
Os autores do estudo acreditam que estes casos de racismo e xenofobia registados desde o início da pandemia representam “apenas uma fração do número que realmente ocorre”, mas “mostram o quão vulneráveis à discriminação estão os ásio-americanos” atualmente nos EUA.
O assédio verbal corresponde a 68,1% das denúncias e 11,1% são referentes a agressões físicas. Além disso, atos de vandalismo (2,8%), perseguição online (6,8%), discriminação no local de trabalho (4,5%), interdição do acesso a determinados espaços (3,1%) ou afastamento (20,5%) são outras das queixas das vítimas ásio-americanas.
Entre as 3795 pessoas que denunciaram comportamentos abusivos e ofensivos, 42,2% têm ascendência chinesa, 14,8% são provenientes de famílias coreanas, 8,5% são de origem vietnamita, enquanto 7,9% são filipinos e 6,9% japoneses. As práticas discriminatórias são mais frequentes entre as mulheres (68%), comparativamente com as que são dirigidas a homens (29%).
Pessoas entre os 26 e os 35 anos representam 31% dos casos e 20% foram denunciados por cidadãos ásio-americanos entre os 36 e os 45 anos. Jovens entre os 12 e os 17 anos perfazem 12% das denúncias de discriminação anti-asiática, enquanto 16% das queixas atingem o grupo etário dos 18 aos 25 anos. Os mais velhos, entre os 61 e os 75 anos, são os que menos sentem o preconceito, ou pelo menos os que menos denunciam, pois só 6% admitiram ser alvo de ataques de ódio nos EUA.
A Califórnia é o estado com maior prevalência de atos abusivos (44,56%), seguido por Nova Iorque (13,62%).
Desde o início da pandemia, de acordo com dados da “Pew Research Center”, 39% da comunidade asiática aponta que ataques racistas são agora mais comuns, valor superior aos 30% de afro-americanos e aos 14% de hispânicos que também referem um crescimento da discriminação.
André Manuel Correia | Expresso
Sem comentários:
Enviar um comentário