Com estados de emergências do tipo meias-tintas e de faz-de-conta, com populações ignorantes, alienadas e paupérrimas de espírito e nas bolsas, bem podemos esperar por uma nova vaga covid-19 que aligeirará os encargos no SNP (Serviço Nacional de Pensões) e ademais encargos com idosos e outros(as) cidadãos de menos idade mas fragilizados na saúde… Salvo erro, vamos, em Portugal, a caminho dos 20 mil mortos por covid-19. Dizem que é um dos melhores países da Europa nesses números. Que conforto. Regulamo-nos pelos piores e daí sermos os melhores. Ignora-se que se porfiássemos, se fossemos mesmo bons, mesmo cuidadosos, mesmo competentes, mesmo exigentes, nem teríamos em Portugal um milhar de mortos, assim vamos a caminho dos 20 mil… e ficamos todos satisfeitos, felizes, a acharmo-nos os “maiores”. Que pequenez de mentalidades e de uso do conhecimento e da vivência.
Bom dia. O Curto vem aí. A lavra é de João Pedro Barros. Com interesse. Pois claro que com interesse. Sempre. Até mesmo quando temos de saber ler nas entrelinhas. Os de mais idade ainda devem saber fazer isso – ler nas entrelinhas. Ler o que lá está mas não está… de caras. Enfim.
Siga para a prosa e perceba como vai este país e como vão os mundos vãos, da política, da cultura e os outros-tantos que nos fazem perceber que por mais conhecimentos que adquiramos seremos sempre uma gota de água nos conhecimentos - por que julgamos erradamente sermos dignos sabichões. O ser humano carrega uma imensa carga de besta. Ainda mais se não se vir ao espelho e perceber que é uns grãos de pó nesta engrenagem a que chamamos humanidade terráquea… Haverá outra?!
Boa leitura. Bom dia. Boas chuvadas, que limpem o ar e todas as conspurcações que nos prejudicam… Ou que só beneficiam uns quantos. O costume.
SC | PG
Bom dia este é o seu Expresso Curto
E depois do estado de emergência? Em Portugal, o mapa já não é cor de rosa
João Pedro Barros | Expresso
Bom dia,
Será falta de memória ou sinal da notável capacidade de adaptação do ser
humano? Os mapas de Portugal coloridos de acordo com o risco de infeção por
covid-19 nos 308 municípios já parecem coisa do século passado. Mas não:
ainda no início do ano, antes do confinamento que entrou em vigor a 15 de
janeiro, eram estes índices que ditavam o que podíamos ou não fazer.
A boa resposta ao confinamento que se seguiu colocou Portugal no melhor cenário
pandémico da União Europeia – e o mapa por concelhos, já sem o poder de impor
distinções nas restrições, chegou a parecer cor de rosa.
Nas últimas semanas tem vindo a ganhar tons mais carregados – se bem que ainda
invejáveis no contexto europeu – e acentua-se a possibilidade do regresso aos
mapas, ainda que numa versão menos complexa. Da reunião de ontem no Infarmed,
entre especialistas e responsáveis políticos, fica a ideia de que o plano
de desconfinamento poderá avançar a partir de segunda-feira, apesar do aumento
do índice de transmissibilidade, que na quinta-feira já era de 1,09. Nos piores
cálculos, o
limite de incidência de 120 novos casos por 100 mil habitantes pode ser
atingido ainda este mês. Para contrabalançar estes perigos terá de haver
restrições a nível local: os últimos dados apontam para 22 concelhos acima
desse nível.
O próprio Marcelo Rebelo de Sousa concorda que os dados atuais "justificam
a continuação do desconfinamento", revelou ontem o deputado Cotrim de
Figueiredo, da Iniciativa Liberal, após audiência
com o Presidente da República sobre a renovação do estado de emergência.
Rui Rio detalhou o plano: "A ideia é não continuar o desconfinamento
global no país todo, ou seja, não o fazer nos concelhos que estão com o
indicador de risco mais elevado, assim como nos concelhos limítrofes. Se
não travarmos aí vamos ter de travar o país todo outra vez dentro de um mês ou
dois".
Regressa o aforismo de que é bem mais fácil confinar do que desconfinar? António
Costa parece estar particularmente preocupado com este formato de
abertura a duas velocidades (local e nacional): é justo confinar todo um
município (e os limítrofes, como está previsto no plano) devido a surtos que
podem nem chegar à dezena de casos (o suficiente para se atingir o limite nos
concelhos menos populosos) ou resultantes de obras em curso, apanhas agrícolas
ou população flutuante?
De qualquer forma, os eventuais avanços só vão ganhar contornos
definitivos amanhã, depois do Conselho de Ministros. A ministra da Saúde, Marta
Temido, disse ontem que está tudo em aberto e que os dados relativos aos
últimos dias são "decisivos para que se consolidem tendências num sentido
ou noutro”: “A
nossa estratégia gradual poderá ter paragens ou avanços", admitiu.
Em muitos destes parâmetros, nomeadamente no célebre Rt (o índice de
transmissibilidade), os especialistas admitem que estamos sempre a olhar pelo
retrovisor e que há o risco de tomar decisões com base em dados já
ultrapassados. No entanto, o tempo político parece ser exatamente o inverso: aprovam-se
as medidas hoje já preparando terreno para o que há de vir, mesmo que estejamos
num dos tempos mais incertos da história da Humanidade.
É o caso precisamente da renovação do estado de emergência. O Presidente da
República publicou ontem à noite a sua proposta
de decreto para o período entre 16 e 30 de abril, já com o propósito
claro de que seja a última vez que o faz. Como nos conta a Ângela Silva,
Marcelo – que retirou do preâmbulo a menção à evolução favorável da pandemia –
espera que o Governo trabalhe em alternativas legais para os confinamentos
locais. "A partir de 3 de maio, se for necessário manter
confinamentos locais, pode-se fazer como aconteceu na cerca sanitária de Ovar
ou na Grande Lisboa", precisou ao Expresso fonte de Belém.
Segue-se o cerimonial a que já nos habituamos: hoje, a partir das 15h, há
debate no Parlamento, estando a aprovação garantida com os votos de PS, PSD,
CDS e PAN. Marcelo fala
ao país às 20h. Só após o Conselho de ministros de amanhã, como já
escrevemos, teremos mais detalhes sobre as medidas
O plano de reabertura prevê para segunda-feira o regresso às aulas dos
alunos do secundário e do ensino superior – algo que parece ter saído como
ponto assente da reunião na Infarmed –, a reabertura de salas de
espetáculo, lojas e centros comerciais e o convívio de seis pessoas em torno de
uma mesa, numa esplanada. Testagem em grande escala e aumento do ritmo do plano
de vacinação serão fulcrais para as próximas semanas, sendo que neste último
item temos novo drama: desta vez com a Janssen, a vacina de toma única que
ainda nem tinha sido administrada na Europa. Dois especialistas portugueses explicam
ao Expresso porque é que não hesitariam em receber o imunizante (e
pode ler mais sobre o tema em baixo).
OUTRAS NOTÍCIAS
– Em Portugal, o objetivo
é chegar
a junho com todas as pessoas com mais de 60 anos vacinadas contra a
covid-19 – e o atraso com a vacina da Janssen não
altera as metas, garantiu ao “DN” a task-force. Há
mais portugueses a não querer ser vacinados (e 10% hesitam). Na última
semana têm sido administradas mais
de 50 mil doses por dia – um recorde. Já agora, sabe se a frase “Sou
maior e vacinado/a” é um
provérbio, declaração política ou poesia?
– Os internamentos em
Portugal devido à covid-19 atingiram o valor
mais baixo dos últimos sete meses (459). Ontem registaram-se mais
408 infetados, menos de metade do valor diário médio para se atingir o
limite de incidência previsto no plano de desconfinamento.
– Cansados de esperar pelo
reconhecimento dos seus diplomas em Portugal, dezenas de médicos
lusovenezuelanos estão
a agarrar oportunidades em Itália e Espanha.
– António Gameiro,
deputado do PS, está alegadamente envolvido no negócio de compra e venda de um
terreno municipal, em Monte Gordo, que ontem levou à detenção da autarca de
Vila Real de Santo António. No âmbito da chamada Operação Triângulo, a Polícia
Judiciária fez ontem “cerca de duas dezenas de buscas” e deteve quatro pessoas.
O pedido de levantamento da imunidade parlamentar de Gameiro - que foi este fim
de semana anunciado como candidato do PS à Câmara de Ourém - deu ontem entrada
na Assembleia da República.
– José Sócrates dá esta
noite uma entrevista à TVI, a primeira após ser conhecida a decisão instrutória
da Operação Marquês. Já está marcada pelo menos uma manifestação de protesto à
porta da estação televisiva. Sobre o julgamento do ex-primeiro-ministro ouça o último
episódio da Comissão Política e a conversa
de ontem na redação do Expresso e da SIC, com Daniel Oliveira e Poiares
Maduro. As quase 7000 páginas da decisão de Ivo Rosa continuam a dar notícias:
o juiz conclui que a maioria dos processos do 'Ticão' foram distribuídos sem sorteio e considera que o porteiro do prédio de Sócrates em Paris devia
ter sido interrogado, como escreve o "Público".
– O presidente da Altice
Portugal diz em entrevista ao "DN" que a empresa não teve "qualquer tipo de contacto por parte do SIRESP" sobre
a continuidade do contrato, pelo lhe parece que a rede de emergência
"vai acabar no dia 30 de junho".
– Os primeiros reembolsos
de IRS devem começar
a chegar hoje às contas dos contribuintes.
– Se os grandes golos valessem por
dois, a eliminatória entre FC Porto e Chelsea iria seguramente para
prolongamento. O momento de génio de Taremi (que pode ver aqui)
foi porém insuficiente e os dragões caem nos quartos de final da Liga dos
Campeões. Venha o prémio
Puskas.
– Rúben Amorim foi
castigado e vai perder três jogos do Sporting na Liga. Portugal falhou
o apuramento para o Europeu de futebol feminino.
– Os Iron Maiden adiaram
o concerto em Portugal para 2022, enquanto os Moonspell
anunciam uma digressão para fevereiro, ao lado dos Paradise Lost.
FRASES
O perfil que se requer para candidato à Câmara do Porto, não é exatamente igual
ao que se possa requerer à Câmara de Lousada, Baião ou Matosinhos. O perfil
para um autarca ou para a Assembleia da República é diferente.
Rui Rio, presidente do PSD, reforça
o que disse o coordenador autárquico do partido, José Silvano, sobre Suzana
Garcia: poderia não passar no "crivo de análise" se fosse candidata
ao Parlamento, mas para uma câmara, no caso a da Amadora, serve.
Alguém que exerce funções de primeiro-ministro, como outro eleito, tem uma
suprema responsabilidade, a responsabilidade dos milhões das pessoas que
votaram e dos milhares que o apoiaram diretamente. [A confiança] é colocada em
causa quando se vê uma decisão do tribunal desta natureza.
Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, quebrou
assim, com estrondo, o silêncio entre os responsáveis do PS em relação à
decisão instrutória da Operação Marquês, que tem o ex-primeiro-ministro José
Sócrates como principal arguido
Por isso Ivo Rosa matou politicamente José Sócrates – goste-se ou não que assim
seja – muito mais claramente do que se fosse Carlos Alexandre (“justiceiro” e
colaborador do MP) a pronunciá-lo e a todos os arguidos mesmo que por todos os
crimes de que vinham acusados, como seria mais do que provável.
José Miguel Júdice, advogado, comentador da SIC e colunista
do Expresso
EUROPA E A PRESIDÊNCIA PORTUGUESA
Vacina da J&J. Regulador europeu investiga casos de coágulos –
Questionada sobre a recomendação das autoridades norte-americanas de suspender
a vacina da Johnson & Johnson nos Estados Unidos, a Agência
Europeia de Medicamentos não avança, para já, novas recomendações e remete para
a análise dos casos de coágulos sanguíneos iniciada na semana passada. Só
quando a investigação estiver concluída deverá haver uma decisão. Por enquanto
é válida a recomendação para que a vacina seja administrada na UE. No entanto,
a farmacêutica decidiu
adiar a sua disponibilização no velho continente.
Certificado covid-19. Viajar com o documento não exclui possíveis quarentenas –
As negociações estão
a decorrer de forma mais rápida do que é habitual e a presidência portuguesa da
UE vai tentar aprovar uma posição comum já hoje de manhã, durante a habitual
reunião dos embaixadores
O QUE EU ANDO A LER
A rapariga não soube o que dizer, disse: não chore. Mas arrependeu-se logo
porque o homem tinha todo o direito de chorar.
Em agosto escrevi
neste mesmo espaço sobre “Livro”, de José Luís Peixoto – o romance viajou
comigo de férias, em agosto, mas nem chegou a ver as vistas e foi ficando
esquecido, até que o resgatei há uns dias.
E desta vez li o que faltava – cerca de metade – de supetão, talvez porque
me ter deixado ir com a narrativa e com os devaneios das personagens. E talvez
porque o andamento da história vá crescendo, especialmente quando as
personagens principais – Adelaide, Ilídio e Cosme – rumam a França.
Apetece-me dizer que a personagem principal de “Livro” é Portugal, o Portugal
dos anos 60 que parte para França com uma mala de cartão e que sua as
estopinhas para construir presente e futuro. Mas não há aqui clichés nem
choradinhos: há personagens vívidas e sólidas (imagino a obra a funcionar
lindamente no grande e no pequeno ecrã), diversas e contraditórias, algumas
delas nem sequer exploradas na totalidade (o exemplo maior é o de Constantino,
o intelectual de esquerda exilado em Paris à custa do dinheiro dos pais).
Depois, Peixoto enfeita a narrativa com um jogo de matrioskas em que o título
“Livro” é fulcral, jogando com referências literárias e com os conceitos de
autor, leitor e narrador – que se altera na segunda parte do romance.
Para muitos tratar-se-á de demasiada reflexão metaliterária, de literatura em
cima de literatura, alguns dirão presunção. Este leitor que vos escreve sentiu-se
confortável, apreciou a imensa criatividade de José Luís Peixoto e acha que o
algodão não engana: este universo de personagens vai resistir à passagem
do tempo e é umas mais subtis e bem conseguidas homenagens à emigração
portuguesa dos anos 50, 60 e 70. Até pelo final feliz.
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