domingo, 18 de abril de 2021

Rússia diz que acusações da República Checa são hostis. E promete represálias

Praga alega que os russos estão por detrás de um ataque bombista que matou duas pessoas em 2014. Já a Rússia acusa os checos de estarem a tentar agradar aos Estados Unidos

A Rússia declarou este domingo que as acusações da República Checa de que os russos estariam por detrás de um ataque bombista que matou duas pessoas em 2014 são “um movimento hostil” ao qual o país vai responder. A República Checa acusa ainda os diplomatas russos de espionagem.

“Vamos adotar represálias que vão forçar os autores desta provocação a compreenderem perfeitamente a sua responsabilidade na destruição dos fundamentos dos laços entre os nossos países”, garantiu este domingo em comunicado, citado pela Reuters, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do país.

“Este movimento hostil é a continuação de uma série de ações anti-Rússia levadas a cabo pela República Checa nos últimos anos”, continua. “É difícil não vermos aqui vestígios americanos”, acrescenta, acusando a República Checa – que, juntamente com os norte-americanos, integra a NATO – de tentar agradar aos Estados Unidos, tendo como pano de fundo as recentes sanções norte-americanas contra os russos.

O clima de tensão entre os dois países surge no meio de uma crise entre Washington – que acusa os russos de realizarem ciberataques e de interferirem nos seus assuntos internos – e Moscovo, marcada por expulsões de diplomatas e sanções.

Este sábado, Praga anunciou a expulsão de 18 diplomatas russos, acusados de serem espiões militares e de estarem envolvidos numa explosão de um depósito de munições que matou duas pessoas em 2014. Além disso, a polícia checa declarou estar à procura de dois homens de nacionalidade russa que, além de serem suspeitos de estarem envolvidos na explosão, têm os mesmos passaportes que Alexander Petrov e Ruslan Boshirov, ambos acusados de envenenar o espião Sergei Skripal e a sua filha Yulia em 2018, em Londres.

O primeiro-ministro checo, Andrej Babis, disse este sábado ter “provas claras” sobre “o envolvimento de agentes militares russos na explosão gigantesca que matou duas pessoas”, noticia a agência norte-americana Associated Press. Também o ministro do Interior e das Relações Exteriores, Jan Hamacek, disse que os 18 funcionários da embaixada russa foram “claramente” identificados como espiões militares russos, razão pela qual receberam ordem para deixar o país em 48 horas.

As acusações espoletaram a maior disputa entre a República Checa e a Rússia desde 1989, altura em que Praga deixou de ser dominada pela União Soviética (URSS). E incendiaram o clima mais tenso entre a Rússia e o Ocidente desde a Guerra Fria, impulsionado – entre outros fatores – pela anexação russa da Crimeia, na Ucrânia, em 2014.

Também a Polónia anunciou na sexta-feira a expulsão de três diplomatas russos, acusando-os de “ações hostis”. Moscovo retaliou, anunciando a expulsão de cinco diplomatas polacos do país.

Maria João Bourbon | Expresso | Imagem: Alexei Druzhinin/Getty Images

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