Manlio Dinucci*
O Presidente Joe Biden, o Secretário de Estado, Antony Blinken e a futura Subsecretária de Estado, Victoria Nuland, estão a reacender a guerra que desencadearam na Ucrânia em 2013-14. O quarto ladrão, Geoffrey R. Pyatt, é actualmente, o Embaixador dos EUA na Grécia. Desta vez estão a enviar navios de guerra para o Mar Negro e a preparar, de facto, aviões bombardeiros nucleares.
Os caças americanos F-16, enviados
da base de Aviano, estão envolvidos em "operações aéreas complexas"
na Grécia, onde ontem começou o exercício Iniochos 21. Pertencem ao 510º
Esquadrão de Caças estacionado em Aviano, cuja atribuição está indicada no seu
emblema: o símbolo do átomo, com três relâmpagos a atingir a terra, flanqueado
pela águia imperial. São aviões de ataque nuclear e que pertencem à Força Aérea
Americana na Grécia, que concedeu aos Estados Unidos, em
Estas e outras manobras
militares, que fazem da Europa um importante centro de armamento, criam uma
tensão crescente com a Rússia, centrada na Ucrânia. A NATO, depois de ter
desagregado a Federação Jugoslava, ao inserir a cunha da guerra nas suas
fracturas internas, surge agora como a paladina da integridade territorial da
Ucrânia. O Presidente da Comissão Militar da NATO, o Chefe da Força Aérea Real
Britânica, Stuart Perch, reunido em Kiev com o Presidente Zelensky e o Chefe do
Estado-Maior, Khomchak, declarou que "os aliados da NATO estão unidos na
condenação da anexação ilegal da Crimeia pela Rússia e das suas acções
agressivas na Ucrânia Oriental". Repetiu assim a versão de que foi a
Rússia que anexou à força a Crimeia, ignorando o facto de que foram os russos
da Crimeia que decidiram, num referendo, separar-se da Ucrânia e voltar a
juntar-se à Rússia para evitar serem atacados, como os russos no Donbass, por
batalhões neonazis
O conflito no Donbass, cujas populações se auto-organizaram nas Repúblicas de Donetsk e Lugansk com a criação das suas próprias milícias populares, passou por um período de relativo descanso com a abertura das conversações de Minsk para uma solução pacífica. Agora, porém, o governo ucraniano retirou-se das conversações, com o pretexto de que se recusa a ir a Minsk porque a Bielorrússia não é um país democrático. Ao mesmo tempo, as forças de Kiev retomaram os ataques armados ao Donbass. O Chefe do Estado-Maior, Khomchak, que Stuart Perch elogiou em nome da NATO pelo seu "empenho na procura de uma solução pacífica para o conflito", disse que o exército de Kiev "está a preparar-se para a ofensiva na Ucrânia Oriental" e que nessa operação "está planeada a participação de aliados da NATO".
Não surpreende que o conflito no Donbass se tenha reacendido quando, sob a administração Biden, Antony Blinken assumiu o cargo de Secretário de Estado. De ascendência ucraniana, foi o principal orientador do Putch da Praça Maidan, na qualidade de Vice-Conselheiro da Segurança Nacional na Administração Obama-Biden. Como Subsecretária de Estado, Biden nomeou Victoria Nuland, em 2014, directora assistente da operação americana, com um custo superior a 5 biliões de dólares, para estabelecer na Ucrânia, a "boa governação" (como ela própria declarou [1]). Não está excluído que nesta altura tenham um plano: promover uma ofensiva das forças de Kiev no Donbass, apoiadas de facto, pela NATO. Isto colocaria Moscovo perante uma escolha que, de qualquer modo, seria vantajosa para Washington: deixar que as populações russas do Donbass fossem massacradas, ou intervir militarmente em seu apoio. Brinca-se com o fogo, não em sentido figurado, acendendo a mecha de uma bomba no coração da Europa.
Manlio Dinucci* | Voltairenet.org | Tradução Maria Luísa de Vasconcellos | Fonte Il Manifesto (Itália)
Na imagem: Victoria Nuland e Antony Blinken
* Geógrafo e geopolítico. Últimas publicações : Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016; Guerra nucleare. Il giorno prima. Da Hiroshima a oggi: chi e come ci porta alla catastrofe, Zambon 2017; Diario di guerra. Escalation verso la catastrofe (2016 - 2018), Asterios Editores 2018.
Nota:
1] “Remarks by Victoria Nuland at the U.S.-Ukraine Foundation Conference”, by Victoria Nuland, Voltaire Network, 13 December 2013.
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