quarta-feira, 19 de maio de 2021

Cimeira França-África: 100 mil milhões de dólares para África?

A Cimeira França-África, que decorreu esta terça-feira (18.05), terminou com um plano para ajudar o continente africano a ultrapassar os efeitos económicos deixados pela pandemia da Covid-19. 

A Cimeira França-África reuniu em Paris, esta terça-feira (18.05), mais de 20 líderes africanos, chefes de Estado europeus, o Fundo Monetário Internacional e a União Africana.

O objetivo, explicou, no final do evento, o Presidente francês Emmanuel Macron passa por conseguir que as nações ricas aloquem aos países africanos 100 mil milhões de dólares - 81 mil milhões de euros - em Direitos Especiais de Saque do FMI até outubro.

"A França está pronta para fazer isso", garante Macron e assegura ainda que "Portugal e vários outros países que aqui estiveram presentes também estão (...) Assim, o nosso trabalho nas próximas semanas será o de convencer outros países a fazerem o mesmo esforço que a França, começando, naturalmente, pelos Estados Unidos da América".

Na mesma ocasião, o Fundo Monetário Internacional (FMI) confirmou que vai emitir este ano 33 mil milhões de dólares para o continente africano em Direitos Especiais de Saque, um instrumento de divisas utilizado para ajudar a financiar importações. 

África quer produzir as suas próprias vacinas

Outro dos temas que reuniu consenso entre os países participantes e que foi

frisado pelo presidente da União Africana, Felix Tshisekedi, é que é imperativo que África seja capaz de produzir em massa as suas próprias vacinas.

"Como africano e como Presidente da RDCongo, admito que não há mobilização suficiente por parte da nossa população no que toca à vacinação contra a Covid-19 por haver receios da vacina vir do exterior", diz.  

Felix Tshisekedi, tem uma mabição: "É por isso que temos de fabricar as vacinas em África. Isso terá um impacto significativo na atitude das populações".

Até ao momento, apenas 2% da população do continente africano está já vacinada contra a Covid-19. Já a Europa, por exemplo, vacinou 36% da sua população. Uma realidade que, notou o Presidente francês, "não é sustentável, e que é simultaneamente injusta e ineficiente".

Neste âmbito, o Presidente Macron estabeleceu o objetivo de vacinar 40% das pessoas em África até ao final de 2021.

Alerta para consequências de desigualdades

Também o Chefe de Estado senegalês Macky Sall frisou na ocasião que a vacinação é uma responsabilidade de todos: "É evidente que se continuarmos ao mesmo ritmo com apenas 2-3% dos africanos a terem recebido uma vacina, surgirão variantes extremamente resistentes no continente que vão comprometer completamente a eficácia das vacinas dentro de alguns meses ou anos".

"Enquanto o vírus continuar a circular no planeta, o planeta não é seguro", lembra Sall.

A Cimeira sobre o Financiamento das Economias Africanas, promovida por Emmanuel Macron, aconteceu um dia depois de França ter anunciado o perdão da dívida de mais de 4 mil milhões de euros ao Sudão e contou com a participação dos Presidentes de Angola e Moçambique.

À margem da cimeira, e quando questionados pela imprensa, o Presidente francês fez saber que vai visitar o Ruanda "no final deste mês" para, em colaboração com o Presidente Paul Kagame, "escrever uma nova página da relação" entre os dois países.

Deutsche Welle | EFE, AFP, Agência Lusa

Sem comentários:

Mais lidas da semana