quarta-feira, 19 de maio de 2021

Forças Armadas investigam vídeos de teor sexual e maus tratos a soldados

As Forças Armadas de Cabo Verde anunciaram, ontem, uma investigação a vídeos nas redes sociais com maus tratos e alusão a atos sexuais praticados por soldados. Prometem punição exemplar aos mandantes.

O gabinete do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas informou, em comunicado, nesta terça-feira (18.05) que tomou conhecimento de um "vídeo hediondo", onde soldados abusam de "forma vergonhosa" dos seus colegas mais novos, ordenando-lhes para fazerem atos contra a sua vontade. 

"De imediato foi ordenada a averiguação sobre tais situações, para se determinar a data dos factos, os seus autores, o local e os factos indiciadores de responsabilidades disciplinares, criminais, e demais responsabilidades inerentes", garantiu. 

As Forças Armadas cabo-verdianas sublinham que os regulamentos militares proíbem de forma explícita e veemente todos os comportamentos constantes dos vídeos, sendo puníveis nos termos do Código de Justiça Militar e do Regulamento de Disciplina Militar em vigor. 

Além disso, lembra que o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Anildo Morais, proibiu qualquer tipo de sevícias, sanções corporais, ofensas à integridade física ou moral, a prisão arbitrária e castigos físicos excessivos nas Forças Armadas.

"Importa ressalvar que os factos constantes do referido vídeo não ocorreram a mando de qualquer superior hierárquico, ou no âmbito de instrução, sendo factos condenáveis, vergonhosos e violam todos os princípios que enformam a instituição militar", salientou a mesma fonte.

Indignação

As Forças Armadas condenaram "veementemente" os maus tratos e prometeram que os prevaricadores serão "exemplarmente punidos" nos termos das leis e regulamentos militares.

"Medidas serão tomadas para que situações do tipo não voltem a ocorrer nas fileiras das Forças Armadas de Cabo Verde", garantiu. 

No vídeo posto a circular nas redes sociais, e que está a causar muita indignação em Cabo Verde, vê-se três soldados, devidamente fardados, a serem obrigados a fingir praticar atos sexuais contra uma parede, ao mesmo tempo que os mandantes gravam e riem-se da situação. 

Pelas imagens pode-se depreender que os vídeos foram gravados recentemente, porque dois dos soldados usam uma máscara de proteção contra a Covid-19. 

Não é a primeira vez

As Forças Armadas recordaram que este é o segundo vídeo do tipo de que toma conhecimento, depois de um de 3 de março passado, "onde alguns militares agarravam um seu colega, infligindo-lhe maus tratos de forma cruel, desumana e vergonhosa, colocando em causa todos os princípios castrenses e violando todos os regulamentos militares". 

Nesse caso, os prevaricadores foram identificados, foi aberto uma instrução criminal, investigado por um promotor de Justiça junto do Tribunal Militar de Instância, que concluiu o processo em 09 de abril. 

"No mesmo sentido foi ordenada a instauração de um processo disciplinar contra todos os envolvidos, tendo sido os participantes punidos disciplinarmente de forma exemplar, ficando a aguardar as subsequentes démarches judiciais", deram conta as Forças Armadas. 

A mesma fonte referiu ainda que alguns dos participantes do vídeo se encontravam já em situação de disponibilidade, tendo sido chamados a prestar depoimento e a responder pelos atos cometidos.

Também foi ordenada uma campanha de esclarecimentos a todos os militares no intuito de prevenir futuras situações do tipo.

Deutsche Welle | Lusa

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