A Reforma das Forças Armadas anda muito nas bocas dos cidadãos do mundo luso e ainda mais nas parangonas da comunicação social. Escrevem e falam sobre o tema os que são objetivos e também aqueles que gostam das quadrilhices políticas ou para somente alimentarem seus egos. Certo é que andamos à nora para entender o “problema” que faz movimentar gentes daqui e dali, das esquerdas e das direitas, uns militares e outros mais para brigadas do reumatismo de que corpos sãos em mentes sãs.
Lembremo-nos de que é assim esta espécie de democracia instalada: curta e a engordar os que já são grossos ou gordos. Acrescente-se que no Curto do Expresso o jornalista do burgo Balsemão/Impresa, Vítor Matos, toca no assunto, em modo apanhem no ar o que se está a passar. Visto que só assim o faz porque melhor era impossível. Os segredos da tropa são todos secretos. Até as encomendas de papel higiénico. Daí a dificuldade em trazer da cifra para o consumo normal, por todos entendido e legivel.
Outro assunto da Lusitânia anda no ar, sem chocar com a Reforma das Forças Armadas, são os Santos Populares – os três da vidairada ‘cocó, ranheta e facada’ – Santo António, São João e São Pedro. O busílis acontece, por enquanto, mais em Lisboa e no Porto. A populaça quer farra de três em pipa mas o governo, as autarquias, não acham nada que devam abrir as portas aos contágios em massa por covid-19. Os sábios da DGS também está nessa postura. E bem, achamos nós.
Aqui del-rei que o governo não
presta e os presidentes das autarquias idem. “Deixem abrir as portas e os
arraiais ao covid-
Parece que custa entender que se agora forem dadas baldas, misturas e festanças de tudo ao molho e fé nos santinhos vamos voltar a ter o crescimento exponencial de contágios, novos casos e mortes… Custa mesmo entender? Ah, então são estúpidos e batem palmas por depois adoecerem e morrerem os de mais idade e os mesmo velhos… Pois, bem dito, o raio que os parta. Sentido!
E pronto, estamos de saída.
Aborde e leia o Curto a seguir. Lembre-se que apesar de os cães ladrarem a
caravana continua
Bom dia, bom resto de semana e boa preparação das festas natalícias. Pois. Sentido!
MM | PG
Bom dia este é o seu Expresso Curto
Tropa zangada e um arraial de bola
Vítor Matos | Expresso
Bom dia!
Tirando a eficácia comprovada do vice-almirante Gouveia e Melo, com o seu
camuflado, à frente da task-force da vacinação, os portugueses
não têm uma ideia muito clara do que faz a tropa - e a responsabilidade
por esta ignorância é sobretudo dos próprios militares. Por isso, esta
discussão bizantina em torno da “reforma do comando superior das Forças
Armadas” parece não passar de um debate corporativo entre generais reformados e
um Governo reformador, mas às vezes as coisas são mais complexas do que
parecem. Se o ministro João Gomes Cravinho tem boas intenções para agilizar a
Defesa de um pequeno país, concentrando poderes no chefe do Estado-Maior
General das Forças Armadas (CEMGFA), os ex-chefes militares com Ramalho Eanes à
cabeça resistem e chamam a atenção para falhas no processo e problemas no
conteúdo na nova arquitetura. Até ontem, ainda não sabíamos o que pensavam
da matéria os atuais chefes dos ramos. Mas agora
já sabemos. E hoje vamos saber mais.
Ontem de manhã, foram ouvidos, no Parlamento, à porta fechada - porquê, se o
tema não comporta segredos de Estado? - os generais Nunes da Fonseca, chefe do
Estado-Maior do Exército e o general Joaquim Borrego, chefe do Estado-Maior da
Força Aérea. Mas o Expresso teve acesso às intervenções escritas que os
militares leram aos deputados e pode concluir-se que as
críticas que fazem ao conteúdo e ao processo da reforma está na linha daquilo
que o “Grupo dos 28” ex-chefes já tinha apontado. E o que quer dizer isto?
Que o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, tem vindo a escudar-se nas
limitações de liberdade de expressão dos chefes militares no ativo, mas agora
fica claro que afinal estes não aceitam a sua reforma tão pacificamente como
tem feito crer em público.
Mais alarmante ainda do que a tensão gerada pela reforma em causa - e
conhecidas as limitações da Marinha que só tem uma fragata a navegar - foi a
declaração do chefe da Força Aérea, que assumiu, perante os deputados, ser “preocupante
a prontidão dos meios aéreos” por falta de pessoal e de recursos. E isto é
inquietante porquê? Porque embora o Exército também tenha missões de interesse
público, são uma Marinha e uma Força Aérea depauperadas que garantem o
policiamento e salvamentos marítimo e aéreo, assim como a fiscalização das
pescas, da poluição num território marítimo imenso.
Mas esta manhã haverá um novo capítulo desta saga, com as audiências
parlamentares, também à porta fechada, do almirante Mendes Calado, chefe do
Estado-Maior da Armada e do CEMGFA, o almirante Silva Ribeiro - este último um
dos defensores da ‘reforma Cravinho’.
Se ainda não entrou bem neste tema, perca apenas 2:59 segundos para
ver este explicador
em vídeo que procura dar-lhe uma ideia do que está em causa.
OUTRAS NOTÍCIAS
Mas se acha este assunto maçador, nada como a bola para animar: ainda não
arrefeceu a discussão sobre o arraial de ingleses da final da Champions no
Porto, mais a magna questão dos Santos Populares, e já os nossos governantes se
preparam para apoiar a candidatura a um mega evento que vale mega milhões na
coluna de receitas mas também na das despesas. Na próxima sexta-feira,
assistiremos a uma união ibérica (“estamos unidos por um balón”,
lembram-se da canção?), quando
as mais altas figuras do Estado se reunirem para decidir aspetos fundamentais
da nossa vida peninsular: Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa,
Felipe VI e Pedro Sánchez vão juntar-se em Madrid para apoiarem as candidaturas
das respetivas Federações de Futebol ao Mundial de 2030, noticiou a Ângela
Silva ontem à noite.
Entretanto, há coisas urgentes a tratar do lado de cá da fronteira. E uma delas
são as festas, de que o povo está sedento, sobretudo desde que viu a glória dos
britânicos em êxtase nas ruas. Mas perante a proibição dos arraiais no
Porto e em Lisboa - Fernando
Medina anunciou ontem a decisão -,a drª. Graça Freitas, diretora-geral
da Saúde,
muito ponderadamente lá explicou que há festejos e festejos, e por
isso até se pode festejar, mas pouco: “O que peço às pessoas é que se
divirtam, que convivam, que façam a sua vida de relação, mas que continuem a
ter precauções, a ter regras e, sobretudo, não correr riscos desnecessários”.
Ou seja, não
queiram imitar os ingleses...
Teremos, assim, “um
Santo António sem arraiais, um São João sem fogo-de-artifício nem concertos”,
descreve-nos o André Manuel Correia. E cita o imunologista Luís Delgado, a
lamentar que “um São João tenha sido permitido aos ingleses que vieram
para o Porto beber e partir tudo” e que agora não se possa “permitir uma festa
aos portugueses”. Marcelo Rebelo de Sousa dirá o que pensa sobre o assunto
quando regressar da Bulgária (e de Madrid), mas para já deu um sinal: adiou
a Feira do Livro que costuma organizar nos jardins do Palácio de Belém.
Em Lisboa, no entanto, os
organizadores das marchas dizem perceber a decisão das autoridades.
Mas haverá
falências e resignação: “Para o ano festejamos tudo. Vai haver uma
concentração de santos", diz uma moradora da Vila Berta ao João Diogo
Correia.
Mais a norte, Rui
Rio juntou-se às vozes críticas da sua cidade e defendeu que não se
pode comprometer o esforço para controlar a pandemia com festejos, apontando
mais uma vez o tiro a Rui Moreira, que no Porto criou três zonas de diversão. E
ainda falou das
regras para as praias.
Quanto a uma das questões mais polémicas do momento, a Carta dos Direitos
Humanos da era Digital, aprovada no Parlamento - e que dá poderes ao
Estado para definir o que é verdade ou desinformação - o
líder do PSD concordou com a medida: defendeu que devem ser combatidos a
desinformação e os insultos nas redes sociais, e considerou que as dúvidas
levantadas pela Iniciativa Liberal visam a busca de "protagonismo".
De volta à pandemia, com o verão à porta, "o Governo vai ponderar o
ajustamento dos critérios de risco para os concelhos de baixa densidade populacional
na reunião do Conselho de Ministros desta quarta-feira", noticia hoje o
"Público
Entretanto, as
pessoas entre os 20 e os 30 anos começam a ser vacinadas em agosto, avançou
ontem o vice-almirante Gouveia e Melo.
Tenham que idade tiverem, haja covid ou não, eles têm de prestar cuidados, e
com a pandemia tudo se agravou: mais
de metade dos cuidadores informais desconhecem a existência do
respetivo estatuto ou outras medidas de apoio, conclui um estudo
realizado pela Federação das Associações das Famílias de Pessoas com
Experiência de Doença Mental, em colaboração com a Universidade do Minho,
conta-nos a Helena Bento.
Ontem, o
Governo apresentou o Plano de Recuperação de Aprendizagens, que prevê, a
partir do próximo ano letivo, que as escolas contem com mais 3300
professores para dar apoio aos alunos e promover a recuperação de aprendizagens
que ficaram para trás com o ensino à distância, sobretudo a nível do
primeiro ciclo. No podcast Expresso da Manhã de hoje, o Paulo
Baldaia conversa sobre o assunto com Filinto Lima, presidente da
Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Pública e com Jorge
Ascenção, da CONFAP.
No podcast Comissão Política desta semana, a Cristina Figueiredo, o
Hélder Gomes e o David Dinis debateram a
convenção das direitas e o congresso do Chega: mas chamo a atenção para a
parte final do episódio, quando o nosso camarada Hélder Gomes conta como ele e
a Rita Dinis, ambos jornalistas do Expresso, foram ameaçados e insultados
por um delegado no congresso de André Ventura, sem que ninguém fizesse nada.
Já esta manhã ficámos a saber que os inspetores
avançam com providência cautelar para travar a extinção do SEF pelo
Governo.
No plano económico, mais complicações no processo do 5G: A Altice Portugal
criticou a proposta da Anacom de alteração ao regulamento do leilão 5G,
que disse ser "completamente
unilateral" e "abusiva". A Nos acusa a reguladora de
"negligência grosseira."
Na OPA da família Queiroz Pereira à Semapa, já está assegurada a
participação de 82% da Semapa, mas não
é suficiente para cumprir o seu objetivo de atingir os 90% e poder avançar para
a retirada da empresa de bolsa. Por isso mesmo, a família renunciou à
condição de atingir os 90%.
Lá fora, nos Estados Unidos, continuam as discussões sobre a democracia, até
porque as medidas que muitos estados tomaram em relação às regras eleitorais,
para restringir o voto, deixam muito a desejar: "Mudanças nas leis
eleitorais: a
democracia americana está em perigo?", questiona o Luís M. Faria. Pelo
menos em risco, está tudo o que possa estar ao alcance de piratas
informáticos e desta vez foi uma das maiores empresas de processamento de
carnes no Canadá e nos EUA. Vem
da Rússia, apontou a Casa Branca.
Na Bielorrússia, não se sabe muito mais sobre o jornalista retirado do
avião desviado pelo regime, mas soube-se que um
militante da oposição cravou uma caneta no seu próprio pescoço durante
uma audiência em tribunal, como protesto contra a repressão política e as
ameaças das autoridades de processarem os seus familiares, indicou uma ONG.
Na Finlândia, uma polémica está a afetar a credibilidade da
primeira-ministra Sanna Martin, por ter recebido reembolsos
de €850 euros mensais por pequenos almoços com a família, isto apesar de
viver na residência oficial. Dá uma média de €28 por dia, o que permite
perceber o tipo de escrutínio que se faz nos países nórdicos.
No Brasil, as
mortes baixaram 95% após quase toda a população adulta da cidade de
Serrana, a
Presidência portuguesa da União Europeia
A Comissão Europeia anunciou, esta terça-feira, as suas primeiras estimativas relativas à emissão de obrigações de longo prazo para angariar recursos para financiar a recuperação da Europa ao abrigo do instrumento NextGenerationEU.
Trata-se de um valor aproximado de 80 mil milhões de euros em 2021, que será complementado por dezenas de milhares de milhões de obrigações de curto prazo para cobrir as restantes necessidades de financiamento deste novo instrumento europeu que financiará, por exemplo, os Planos de Recuperação e Resiliência nacionais. A Comissão pretende rever no outono a avaliação.
FRASES
“A alteração radical das funções de regulação e supervisão trazida por esta
lei, que transforma a ERC num ‘tribunal da verdade’, impõe, obviamente, a
necessidade de repensar a sua composição e designação política dos membros.
Ninguém quer verdades oficiais ditadas por maiorias partidárias no Parlamento”.
Manuel Soares, presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, no
“Público”
“A dita ‘Carta Portuguesa de Direitos Humanos na Era Digital’ só pode
contribuir para degradar ainda mais a nossa democracia, expor ainda mais a sua
fragilidade num tempo em que o Governo se dá ao luxo de classificar como
anti-patriotas os que o criticam, em que começa a existir medo de criticar e em
que todo o aparelho do Estado começa a ser dominado pelo Governo.”
Helena Garrido, jornalista, no “Observador”
“Desde 2015 que a direita tem entre 35% a 38% das escolhas dos eleitores. Estes
valores espantam-me. Não por a direita não descolar, mas por ainda haver 35% a
38% dos eleitores a escolher este quatro partidos. Isto sim, é milagre.”
Maria João Marques, colunista do “Público”
O QUE ANDO A LER
O mito de Fausto começou por ser uma parábola da soberba científica
perante a criação, em que os homens em vez de se bastarem com a fé em Deus,
eram capazes de vender a alma ao Diabo em troca de dons ou do conhecimento que
não estava acessível aos humanos, como são os Faustos de Marlowe ou o mais
célebre de Goethe (também aconselho um artigo
de Carlos Fiolhais publicado a 21 de abril no “Jornal de Letras” sobre
o assunto). Já “O
Doutor Fausto”, de Thomas Mann - a biografia do compositor Adrian
Leverkühn, narrada por um amigo - debruça-se sobre a tentação de alcançar da
obra artística sublime e perfeita. Teriam Mozart, Bach ou Beethoven vendido
também as suas almas a um Mefistófeles para realizarem as suas obras sublimes e
perfeitas?
A nova tradução para a Relógio D’ Água de António Sousa Ribeiro, que também
escreve um prefácio interessante e contextualizador, chegou aos escaparates em
março, e comecei a ler o livro, imagine-se, por causa de um artigo que
escrevi sobre André Ventura, onde o líder do Chega confessava que este era o
livro da sua vida lido na juventude (noutra edição, claro). Não foi por acaso
que o título desse texto ficou “Entre
Deus e o Diabo”, embora não tenha ficado explícito porquê.
Para já, quase a meio do livro, e prestes a chegar ao capítulo do Diabo
propriamente dito, surpreende-me a capacidade de Mann para escrever de maneira
tão concreta sobre um domínio tão abstrato como é a música. Não deixa de ser
extraordinário, apesar do esforço a que por vezes a leitura obriga. Para além
do romance propriamente dito, o mito de Fausto - recriado pelo autor que
desenvolveu a escrita deste romance/ensaio em plena guerra mundial, com a sua
Alemanha dominada pelos nazis, o que se percebe pelos comentários do narrador -
faz-nos pensar naquilo por que trocamos as nossas “almas” setenta anos depois.
Hoje, na vida urbana e ocidental, somos todos uns certos Faustos, não porque
vendemos a alma ao Diabo (talvez haja ainda quem o faça, quem sabe?), mas
porque cedemos a nossa energia vital a uma ideia de sucesso, mascarada
pelo prazer de trabalhar a fazer aquilo de que gostamos. E educamos também
os nossos filhos assim, como tem descrito o filósofo sul-coreano
Byung-Chul Han, radicado na Alemanha, e que tem alertado para estas novas
formas de auto-escravidão em pequenos ensaios como “A Sociedade do Cansaço”
(Relógio D’Água), onde descreve uma “sociedade coerciva”, em que “cada
homem transporta às costas o seu próprio campo de trabalho forçado”. Castigo
pelo sucesso? Os burnouts, as psicopatias, ou a impossibilidade da
contemplação. Bom, já estou a divagar e é melhor acabar, isto para dizer cada
época tem os seus Faustos.
Por hoje fico por aqui, desejo-lhe um bom resto de semana e se puder aproveitar o feriado, não se esqueça de que convém continuarmos a ter cuidados que o bicho ainda anda por aí. Continue a seguir-nos no Expresso, na Tribuna e na Blitz
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