SEM QUE ISSO SEJA AINDA RELEVANTE PARA O ALVO QUE É O SUL GLOBAL
Martinho Júnior, Luanda
O “hegemon” está a afundar-se irremediavelmente no próprio labirinto caótico que criou, com uma cabeça num psicadélico frenesim pejado de ilusões, alienações e dum hollyhodesco show, sem pudor nem limites, habitando um corpo embrutecido de mastodonte enfurecido e carregado de arrogância, ódio e desprezo pelos outros, mas com raquíticos pés de barro apenas capazes de titubeantes passos, sem nexo, nem rigor face a outros poderes que irremediavelmente se levantam!...
Foi assim desde o último dia da IIª Guerra Mundial!...
No final da IIª Guerra Mundial foi buscar aos vencidos uma parte dos cérebros estratégicos, em função dos quais ganhou preponderância dominante, em proveito do unilateralismo genético de sua opção capitalista fundada na exclusão, que pretendia unilateralmente não ter fim e por isso se armou até aos dentes…
Depois foi procurando sempre captar cérebros de todos os recantos do mundo, ficando inebriados com esse poder de atracção, enquanto levava, por via duma incomensurável cobiça e nas direcções mais atractivas ao lucro, seu enorme poder industrial que assim foi sendo esvaído e por si próprio desperdiçado, de tão inebriantes eram suas ilusões e alienações!
Agora que as emergências se erguem desde as seculares cinzas originais misto de colonialismo e arrogância imperial, até 2050 assistir-se-á ao ocaso do unilateralismo no imenso continente euroasiático e, até ao final do século o universo multipolar invadirá inexoravelmente os mais recônditos rincões do globo!
A “evacuação” do Afeganistão, é a retirada não só da Ásia Central: é acima de tudo a impraticabilidade do unilateralismo militarista face a uma emergência multipolar que arrola as culturas milenares duma pujante Nova Rota da Seda, cujo maior desafio não será o desenvolvimento em si, mas a sustentabilidade em função do imenso respeito que urge pela Mãe Terra!
São as organizações estimuladas pela República Popular da China e Federação Russa, assim como suas iniciativas abrangentes, articuladas, mas integradoras, com papeis bem definidos pelos componentes da Ásia Central, pelo Paquistão e pelo Irão, que já estão a levar o Afeganistão para a paz, a reconciliação e a reconstrução nacional, com o início da recuperação do tecido humano.
Nesse cadinho não haverá espaço disponível nem para “terceiras bandeiras”, nem para as mercenárias “private militar compannies”, nem sequer para o “coligado” jihadismo, ainda que tenha apoios como a Turquia sob a égide do “irmão muçulmano” Erdogan, que vai movimentando seus expedientes a partir da Síria, onde os fundamentalistas estão já sem horizontes e sem recursos, à espera do “apito final”!
Sintomaticamente o “hegemon” unilateralista e excludente, o “hegemon” promotor de ódio, de caos, de terrorismo e de desagregação, o “hegemon” que forjou a IIIª Guerra Mu8ndial não declarada contra o Sul Global, já não dispõe dum músculo militar à altura de tantas empreitadas e as 800 bases ultramarinas são uma asfixia para a sua economia em crise, vulnerável e cada vez mais vulgar, uma economia minada por sucessivos esgotamentos e conjunturas internas com contraditórios de há muito por resolver.
O seu músculo militar sofre de irremediável arteriosclerose tornando-se mais que inútil face aos avanços tecnológicos da Rússia e da China, que equacionam as suas forças apenas em função de suas necessidades de defesa e segurança e jamais como obcecada prioridade absoluta.
Na Eurásia hoje, para o “hegemon” unilateralista, seus vassalos da NATO e o sionismo, já é tarde demais e esse “anátema” próprio de pés de barro, está já a contaminar o seu poder noutros continentes, onde seus recursos são expostos e desfilam nus em todas as praças globais!
Cada vez mais fora da Ásia onde se acentua a perda geoestratégica, o “hegemon” vai concentrar mais dos recursos que ainda dispõe nos oceanos e mares (em torno da Rússia e da China particularmente) e na direcção de África e América Latina.
África na sua envolvência “euro-africana”, já está a cargo da 6ª Frota da US Navy sedeada no Mediterrâneo, com iniciativas de circunavegação e aliciamento dos seus estados para os “projectos” AfriCom.
Os povos ávidos de independência e soberania, cuja trajectória de resistência já levam décadas, são e serão ainda seus alvos principais, alvos da geometria variável do seu poderio neoliberal e neocolonial, que de global está a minguar para regional e nesse sentido Cuba Revolucionária, Venezuela Bolivariana e Nicarágua Sandinista, estão debaixo de sua mais atiçada brutalidade indício de seu desespero!
África está à sua mercê graças ao “transversal” recurso ao jihadismo sunita/wahabita, recrutado com o financiamento de estados coligados como as monarquias arábicas, abertas às “transversalidades” sionistas!
A “semente” foi lançada em 2011, no alvo que constituiu e constitui a Líbia, uma “semente” que continua a ser espalhada pelo continente africano adentro em direcção ao sul, a fim de justificar os “bons-ofícios” da NATO e do AfriCom coligndo “parceiros” vulneráveis e aflitos e de forma a impedir a extensão da Nova Rota da Seda a África…
Quanto mais tarde contudo o “estado profundo” acabar de vez com a arrogância do “hegemon” unilateralista e seu músculo militar de modo a participar e integrar a emergência multipolar, mais acelerada será a sua decadência imperial!...
Martinho Júnior, 23 de Julho de 2021
Imagens:
01- OS EUA deixaram o aeroporto afegão à noite e nada disseram ao novo comandante – Um soldado do exército afegão ficou de guarda dentro da prisão depois que os militares americanos deixaram a base aérea de Bagram, na província de Parwan ao norte de Cabul, Afeganistão, segunda-feira, 5 de julho de 2021. Os EUA deixaram o aeroporto de Bagram, no Afeganistão, após quase 20 anos, encerrando sua "guerra eterna", durante a noite, sem notificar o novo comandante afegão até mais de duas horas depois que eles fugiram. (Foto AP/Rahmat Gul) – US left Afghan airfield at night, didn't tell new commander (apnews.com);
02- OS EUA deixaram o aeroporto afegão à noite e nada disseram ao novo comandante – As forças de segurança afegãs vigiam depois que os militares americanos deixaram a base aérea de Bagram, na província de Parwan, ao norte de Cabul, Afeganistão, segunda-feira, 5 de julho de 2021. Os EUA deixaram o aeroporto de Bagram, no Afeganistão, após quase 20 anos, encerrando sua "guerra eterna", durante a noite, sem notificar o novo comandante afegão até mais de duas horas depois que eles fugiram. (Foto AP/Rahmat Gul) – US left Afghan airfield at night, didn't tell new commander (apnews.com);
03- OS EUA deixaram o aeroporto afegão à noite e nada disseram ao novo comandante – Parte da extensa base aérea de Bagram é vista depois que os militares americanos partiram, na província de Parwan, ao norte de Cabul, Afeganistão, segunda-feira, 5 de julho de 2021. Os EUA deixaram o aeroporto de Bagram, no Afeganistão, após quase 20 anos, encerrando sua "guerra eterna", durante a noite, sem notificar o novo comandante afegão até mais de duas horas depois que eles fugiram. (Foto AP/Rahmat Gul) – US left Afghan airfield at night, didn't tell new commander (apnews.com).
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