UE/Cimeira: Líderes instam Comissão a avaliar "medidas regulamentares adicionais" na energia
Os líderes da União Europeia (UE), reunidos esta quinta-feira em cimeira em Bruxelas, exortaram a Comissão Europeia a considerar "medidas regulamentares adicionais" nos mercados do gás e da eletricidade, devendo avaliar "certos comportamentos comerciais" em altura de crise energética.
"O Conselho Europeu convida
a Comissão a estudar o funcionamento dos mercados do gás e da eletricidade, bem
como do Regime Comunitário de Licenças de Emissão da União Europeia, com a
ajuda da Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados [ESMA]",
refere o documento de conclusões adotado esta noite pelos chefes de Governo e
de Estado da UE.
"Com base nisso, a Comissão avaliará se certos comportamentos comerciais
requerem medidas regulamentares adicionais", acrescenta-se.
Este primeiro dia do Conselho
Europeu, dedicado à escalada dos preços da eletricidade na UE em consequência
das subidas no mercado do gás e da maior procura, termina porém sem consenso
entre os líderes sobre ações imediatas a adotar e marcado pelas posições mais
incisivas de países como Espanha, que defende ações como aquisição conjunta de
reservas de gás, indicaram fontes diplomáticas.
De acordo com as mesmas fontes, a discussão foi também marcada pela insistência
da República Checa e da Polónia em ter uma referência ao Regime Comunitário de
Licenças de Emissão da União Europeia nas conclusões, numa alusão ao mercado do
carbono da UE, através do qual as empresas compram ou recebem licenças de
emissão que autorizam as empresas a produzir uma quantidade equivalente de
emissões de gases com efeito de estufa dentro de determinados limites
estabelecidos que diminuirão progressivamente ao longo do tempo.
Nas conclusões divulgadas esta noite, o Conselho Europeu exorta ainda "os Estados-membros e a Comissão a utilizar urgentemente a 'caixa de ferramentas' [apresentada pelo executivo comunitário] da melhor forma possível para proporcionar alívio a curto prazo aos consumidores mais vulneráveis e para apoiar as empresas europeias".
À redação original foi acrescentada a ressalva sobre as "situações específicas e diversas dos Estados-membros".
Na semana passada, o executivo comunitário apresentou uma "caixa de ferramentas" para orientar os países da UE na adoção de medidas ao nível nacional, numa altura em que a escalada dos preços da luz e do gás ameaça exacerbar a pobreza energética e causar dificuldades no pagamento das contas de aquecimento neste outono e neste inverno.
No âmbito dessa comunicação, Comissão Europeia propôs aos Estados-membros que avancem com 'vouchers' ou moratórias para aliviar as contas da luz aos consumidores mais frágeis, sugerindo ainda uma investigação a "possíveis comportamentos anticoncorrenciais".
Portugal é um dos seis Estados-membros da União Europeia que já avançou com medidas de apoio para enfrentar a crise energética após orientações da Comissão Europeia para travar a escalada de preços, disse à Lusa fonte comunitária.
Nessa "caixa de ferramentas", o executivo comunitário sugeriu ainda aos países que avaliassem "potenciais benefícios" de uma aquisição conjunta voluntária de reservas de gás.
Além da questão energética, este primeiro dia (de dois) do Conselho Europeu foi marcado por um debate "sereno" e "construtivo" sobre o Estado de direito na Polónia, em altura de tensão entre Bruxelas e Varsóvia, adiantaram fontes diplomáticas.
Jornal de Negócios | Lusa
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