Octávio Serrano* | opinião
No ultimo fim de semana de Setembro, realizaram-se as eleições para o Bundestag alemão; de resultado muito empatado; pelo que o futuro chanceler alemão, não ficou de imediato definido; mas o que ficou definitivamente concretizado, foi a saída da Dª Merkel! Uma verdadeira imperatriz europeia durante dezasseis anos...que nos deixou uma marca negativa profunda...
O que para os seus não será criticável! Ela simplesmente serviu os interesses das oligarquias que a apoiavam, ao mesmo tempo que erguia a Alemanha e beneficiava os eleitores que nela votavam! Quem deve ser criticado, serão todos os outros que se submeteram de algum modo ao suave, mas impositivo diktat alemão, a começar pela Comissão Europeia, e a acabar em todos os governos europeus que baixaram a garupa à primazia da satisfação dos interesses alemães...pois a Europa, que daqui resultou, não é de modo nenhum satisfatória! E como sempre acontece, o problema é económico...e reflectiu-se directamente na vida das pessoas comuns!
Hoje, a Europa é um grupo de países estreitamente subordinado aos interesses de Berlim, coadjuvado em Paris; não em Bruxelas; figura cada vez mais simbólica de um eurocentrismo teórico; pois quando se torna necessário resolver assuntos verdadeiramente importantes, não é em Bruxelas que isso acontece; é em encontros entre o chanceler alemão e o presidente francês! Pois os interesses económicos deles, têm primazia...sobre os dos restantes países!
Todo o desenvolvimento económico da Europa, nestes últimos vinte anos, foi subordinado aos interesses das oligarquias económicas que dominam o continente; com o mercado europeu controlado; a miragem que orienta esta gente passou a ser a conquista de novos mercados; dominar mercados, é para eles sinónimo de lucros extraordinários; e o mercado chinês era a grande promessa; o objectivo era senão dominá-lo, pelo menos estar dentro dele; mas para isso, foi necessário haver uma troca; abrir fronteiras económicas aos produtos chineses e desindustrializar a Europa; em troca de se instalarem e venderem produtos de alta gama, em grandes quantidades, ao mesmo tempo que transferiam tecnologias e capitais.
Ora abertas as fronteiras económicas, os países do extremo oriente, utilizaram o dumping social e económico para embaratecer os seus produtos; e assim a maior parte da industria europeia, com excepção de nichos locais especializados, não sobreviveu; ora acontecia, que a diversidade de industrias que existiam, estava muito dispersa geograficamente; elas, eram a base de sobrevivência económica de muitas regiões, que sem elas, se deprimiram economicamente, forçando que uma parte das suas populações emigrasse; e que as que ficaram, vivessem em zonas economicamente deprimidas; ao mesmo tempo, que o custo de vida aumentava e o Estado se tornava cada vez menos solidário, em relação ao apoio às famílias; a chamada austeridade, foi imposta aos povos da Europa, através da carestia económica...
E os jovens passaram a ter dificuldades em arranjarem empregos estáveis e bem remunerados; em criarem condições económicas mínimas que estabilizassem os casamentos; e principalmente em criarem os filhos que desejassem; por tudo isto, o continente europeu tornou-se num espaço em que a demografia se tornou negativa; ao mesmo tempo que hipócritamente, os poderes da Europa, que percebiam bem o que estava a acontecer, importavam sob a capa de falsos argumentos humanistas, muitos milhões de refugiados económicos; boa parte dos quais com culturas completamente antagónicas em relação às culturas europeias.
A degenerescência económica europeia, não provocou apenas atraso económico e tecnológico; provocou atraso cientifico, militar e estrutural; não será pois de admirar, a quebra do contrato, por parte da Austrália de doze submarinos à França, em beneficio dos EUA; perante a oportunidade de escolha, não hesitaram, escolheram o mais evoluído; apenas mais um sintoma, de que a Europa sob a batuta de Merkel e Companhia, se tornou numa região de segunda...
Mas mesmo assim, por certo não lhe irão regatear comendas...afinal abraços e beijinhos, e agora após pandemia, murrinhos carinhosos, nunca se regateiam...
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