Manlio Dinucci*
Para Manlio Dinucci, o perigo do aquecimento climático não diz muito comparação com a ameaça muito mais devastadora do Inverno nuclear que alguns participantes na COP26 estão a preparar precipitadamente.
No início de Outubro, a Itália
acolheu a reunião preparatória para a Conferência das Nações Unidas sobre
Alterações Climáticas, actualmente a decorrer
Uma semana após ter participado
no exercício de guerra nuclear, a Itália participou na Conferência das Nações
Unidas sobre Alterações Climáticas, presidida pelo Reino Unido em parceria com
a Itália. O Primeiro Ministro britânico, Boris Johnson, avisou que "falta
um minuto para a meia-noite e precisamos de agir agora" contra o
aquecimento global que está a destruir o planeta. Desta forma, usa
instrumentalmente o simbólico Relógio do Apocalipse que, na realidade, mostra a
quantos minutos estamos da meia-noite nuclear. Há alguns meses, em Março, o
próprio Boris Johnson anunciou a modernização dos submarinos de ataque nuclear
britânicos: o Astute (com um custo de 2,2 biliões de dólares cada), armado com
mísseis nucleares americanos de cruzeiro, Tomahawk IV, com um alcance de
Neste contexto, o vídeo promocional da Conferência é enganador: o Dinossauro, símbolo de uma espécie extinta, no pódio da ONU, avisa os seres humanos para salvarem a sua espécie do aquecimento global. Na realidade, estudos científicos confirmam que os dinossauros se extinguiram, não por causa do aquecimento, mas pelo arrefecimento da Terra após o impacto de um enorme meteorito que levantou nuvens de poeira e obscureceu o Sol. Isto é exactamente o que aconteceria no rescaldo de uma guerra nuclear: para além da destruição catastrófica e da precipitação radioactiva em todo o planeta, provocaria incêndios enormes em áreas urbanas e florestais, que libertariam uma manta de fumo fuliginoso para a atmosfera e obscureceriam o Sol. Isto conduziria a um arrefecimento climático que poderia durar anos: o Inverno nuclear. Como resultado, extinguir-se-iam a maioria das espécies vegetais e animais, também com efeitos devastadores na agricultura. O frio e a desnutrição reduziriam a capacidade de sobrevivência dos poucos sobreviventes, levando a espécie humana à extinção.
Manlio Dinucci* | Tradução Maria Luísa de Vasconcellos | Fonte Il Manifesto (Itália)
*Geógrafo e geopolítico. Últimas publicações : Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016; Guerra nucleare. Il giorno prima. Da Hiroshima a oggi: chi e come ci porta alla catastrofe, Zambon 2017; Diario di guerra. Escalation verso la catastrofe (2016 - 2018), Asterios Editores 2018.
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