Leão fintou o Parlamento e meteu 317 milhões de euros no Novo Banco
No final de 2020, o Parlamento barrou o ministro das Finanças, mas os milhões apareceram.
No final de 2020, o Orçamento de Estado para 2021 (OE2021) ficou preso por um fio devido ao Novo Banco (NB). Uma maioria parlamentar (BE, PSD, PCP e PAN) bloqueou a pretensão do governo e do ministro das Finanças de reservar uma dotação de despesa no OE para poder injetar mais dinheiro no NB.
Mas, na altura, o ministro avisou logo: o Estado é uma "pessoa de bem" e vai cumprir o contrato que assinou. E assim foi. Mesmo chumbado pelo Parlamento, em junho, o NB recebeu a primeira parte da ajuda (317 milhões) e, na semana passada, o resto que estava em dúvida, mais 112 milhões. No total os 429 milhões previamente acordados.
O dinheiro foi angariado com recurso a um sindicato bancário, mas depois foi vertido no Fundo de Resolução (uma entidade pública que conta para a despesa) que depois passou os milhões para o NB.
Mas, como é que o Parlamento chumba a transferência para o NB, com políticos a vociferarem "nem mais um tostão", e o dinheiro acaba por ir na mesma?
A Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), coordenada por Rui Nuno Baleiras, explica o esquema contabilístico "alternativo" encontrado para contornar o bloqueio do Parlamento.
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No entanto, "para consumar a capitalização, registou-se a despesa como transferência de capital, sendo a dotação total do Fundo em despesa efetiva reforçada no montante necessário para a acomodar, através da realização de alterações orçamentais da competência do governo (compensando a elevação desse teto reduzindo o de outras entidades colocadas no mesmo programa das Finanças)", explica a UTAO. "Desta forma, o Governo encontrou um processo contabilístico alternativo ao reprovado pelo Parlamento para efetuar a capitalização pública do banco", que já custou aos contribuintes portugueses 7,9 mil milhões de euros até 2020.
Luís Reis Ribeiro | Jornal de Notícias / Dinheiro Vivo
* Título PG
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