segunda-feira, 27 de setembro de 2021

O AUKUS prepara uma guerra nuclear para apoiar Taiwan

Thierry Meyssan*

As reacções oficiais ao anuncio do Pacto australo-britano-EUA (AUKUS) apenas se referem à rescisão do contrato de armamento australo-francês. Por mais terrível que isso seja para os estaleiros navais, não é mais do que uma consequência colateral da reviravolta de alianças visando preparar uma guerra contra a China.

O anúncio do Pacto australo-britano-EUA (A-UK-US) [1] teve o efeito de um tremor de terra na região do Indo-Pacífico.

Sem qualquer dúvida, Washington prepara a longo prazo um confronto militar contra a China.

Até agora, o dispositivo ocidental visando conter política e militarmente a China envolvia os Estados Unidos e o Reino Unido, bem como a França e a Alemanha. Agora, os Europeus foram postos de lado. E amanhã a área será controlada pelos Quad + (EUA e Reino Unido, assim como a Austrália, a Índia e o Japão). Washington prepara uma guerra numa ou duas décadas.

Enquanto a França e a Alemanha não foram consultadas sobre esta estratégia, nem sequer prevenidas do seu anúncio público (mas outros países como a Indonésia tinham sido avisados), o novo dispositivo deverá publicitado durante a próxima semana em Washington.

Se é lógico que Londres e Washington se apoiem em Camberra mais do que em Paris, já que a Austrália é membro dos « Cinco Olhos», dos quais a França é apenas associada, a entrada em jogo do Japão e sobretudo da Índia põe fim a um longo período de incerteza. Mais preocupante é o papel atribuído à Alemanha, que poderia juntar-se aos « Cinco Olhos » [2], mas não aos Quad, quer dizer à espionagem das telecomunicações, mas não à acção militar.

Reino Unido em crise também por um Brexit rígido e estúpido

A crise da gasolina no Reino Unido é apenas uma amostra de um futuro mais tenso e incerto

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Gaby Hinsliff* | The Guardian | opinião

A escassez de motoristas de petroleiros provocou uma corrida nas bombas - e a única questão agora é o que vamos ficar sem a próxima

No sábado, uma amiga que passa a maior parte dos fins de semana viajando pela metade do país para verificar seus pais cada vez mais frágeis passou uma manhã ansiosa vasculhando garagens vazias em busca de gasolina. Ela não pode ter estado sozinha.

As tensões do estoque de um fim de semana estão começando a aparecer: alguns professores não conseguem encher para ir à escola, as enfermeiras são reduzidas a caronas para o hospital e os prestadores de cuidados que dependem de seus carros para chegar às pessoas vulneráveis ​​em áreas isoladas estão lutando. E então existem os dilemas puramente humanos. Imagine estar grávida, bolsa toda embalada para a enfermaria de parto e a luz do combustível está piscando.

Quanto mais isso durar - e medidas de emergência como convocar reservistas do exército não podem produzir resultados da noite para o dia - mais lacunas podem surgir em coisas que antes eram tidas como certas. Compromissos serão cancelados, entregas atrasadas, serviços indisponíveis repentinamente. Começamos a mudar de uma sociedade “just in time”, rodando livremente pela vida alegremente, supondo que as coisas sempre estarão lá, para uma “apenas no caso”, imaginando nervosamente o que poderíamos nos esgotar a seguir. (Provavelmente será algo que a maioria de nós nunca percebeu que importava, semelhante à escassez de dióxido de carbono que abalou os ministros neste mês.)

Verdes crescem e se tornam terceira maior força política

# Publicado em português do Brasil

ELEIÇÕES - ALEMANHA

Com proteção do clima no topo das preocupações dos alemães, legenda ambientalista obtém maior resultado de sua história, segundo resultado preliminar, e dificilmente não fará parte do futuro governo em Berlim.

Enquanto outros partidos encolheram ou apenas mantiveram seus resultados de 2017, o Partido Verde alemão ampliou significativamente sua votação em relação ao último pleito. De 8,9% há quatro anos, o partido deve saltou para 14,8% neste domingo (26/09), segundo o resultado oficial preliminar.

Com as mudanças climáticas aparecendo no topo das principais preocupações dos eleitores alemães e uma campanha que foi marcada pelas enchentes devastadoras no oeste do país, os verdes receberam um aumento expressivo de votos.

Tal ganho ocorreu mesmo com os problemas registrados pela candidata do partido a chanceler federal, Annalena Baerbock, que chegou a aparecer brevemente no topo das pesquisas em maio, mas logo perdeu pontos por causa de controvérsias envolvendo acusações de plágio e imprecisões no seu currículo. 

Scholz salva social-democratas, mas pode não suceder Merkel


# Publicado em português do Brasil

Olaf Scholz salvou o SPD, levando o partido de volta ao topo com tenacidade e persistência, apesar de enfrentar desdém da própria legenda. Após sucesso nas urnas, ele ainda terá que lutar pelo cargo de chanceler federal.

O clima na central do Partido Social-Democrata (SPD) da Alemanha, em Berlim, na noite deste domingo (26/09), era de grande festa. Seu candidato ao cargo de chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, conseguiu nas eleições federais algo que ninguém considerava possível há apenas alguns meses: resgatar a legenda de seus anos de baixa performance nas pesquisas e ainda melhorar o desempenho dela significativamente em relação ao último pleito, de 2017. No início deste ano, os social-democratas ainda apareciam com 15% das intenções de voto, mais de dez pontos atrás dos 25,7% conquistados nas urnas neste domingo, segundo o resultado oficial preliminar.

No entanto, a porta para a sucessão de Angela Merkel no cargo de chanceler federal ainda não está aberta. Só ficará claro quem assumirá a chefia de governo após as negociações para a formação de uma coalizão, que devem se desenrolar nas próximas semanas ou meses. Não apenas o SPD, mas também os conservadores das uniões Democrata Cristã e Social Cristã (CDU/CSU) poderiam formar uma aliança com o Partido Verde e o Partido Liberal Democrático (FDP). Mas os social-democratas vão para as conversações de cabeça erguida, impulsionados pelo sentimento de que alcançaram muito neste domingo.

Portugal | O DEVER CÍVICO

Henrique Monteiro, em HenriCartoon (26.05.19)

Que democracia?

Nas eleições autárquicas 2021, realizadas ontem, 26.09.21, pelo menos metade dos portugueses não votaram, se contabilizarmos em percentagem de número de eleitores inscritos: a abstenção (46.3), os votos em branco (2.5) e os votos nulos (1,6). -- PG

Portugal | A liberdade de muletas

Joana Amaral Dias* | Diário de Notícias | opinião

O Estado partiu-lhe uma perna, de seguida ofereceu-lhe uma muleta e ainda espera a sua gratidão? O governo devolveu aos cidadãos uma parte dos seus direitos, liberdades e garantias, restituiu uma fatia daquilo que nos subtraiu (fora danos e mortes irreversíveis) e ainda é suposto sentirmo-nos abençoados? A gestão da Covid em Portugal foi sempre política, deixou 18 mil mortos, uma epidemia de patologias psicológicas, uma economia arruinada, enfim, um caos na saúde pública e o presente momento não é excepção. Desde logo, a palermia prossegue: se antes tínhamos um vírus de pontualidade britânica que atacava só após as 13 horas ou apenas aos fins de semana, agora o vírus tem calendário e abranda em Outubro. Se a máscara na rua nunca foi obrigatória e em Setembro terminámos com essa obrigação que nunca foi obrigatória, agora no décimo mês acabamos com o terminus da obrigação do que jamais foi obrigatório. Obrigada, executivo. Cristalino. Agora para entrar num estádio ao ar livre preciso de certificado ou teste mas num restaurante nada será necessário.

Teria graça se não fosse trágico. Para trás ficaram três prioridades. Em primeiro, os lares - ainda nem sequer há relatórios que permitam compreender o que sucedeu nestes anos e acautelar o futuro. Ou seja, no que concerne o principal grupo de risco persiste a nebulosa. Em segundo, as crianças. Estas já tiveram dois anos escolares destruídos (menos aulas e apoios do que a média da OCDE) mas continuam sujeitas a máscaras - com quase todo o pessoal vacinado - e a quarentenas cegas. Por fim, aquela que devia ser outra prioridade, a análise rigorosa aos números, persiste pantanosa. Não se muda aquilo que não se pode medir e as bases de dados mostram enormes contradições, não levam ao cruzamento e não revelam os brutos. Portanto, desconhece-se a situação epidemiológica - mau prognóstico para futuras decisões.

De resto, este momento é de liberdade falsete (há libertação quando temos que revelar os nossos dados pessoais de saúde para entrar numa discoteca?). E, por fim, talvez seja também uma cantiga da cigarra ou até uma canção do cisne. Afinal, mesmo com 80% da população vacinada, por exemplo Israel (população semelhante à nossa) assistiu a surtos com um número de casos quase tão elevado como o de Janeiro, quando não tinham vacinas e eram (empatados com Portugal) o país do Mundo com maior incidência. De resto, por cá em agosto e setembro, a percentagem de cuidados intensivos (0,4%) ou mortes (0,04%) é igual ou pior do que em período homólogo. No verão de 2020 sem vacinas, tínhamos em UCI 0,3% dos casos activos e 0,008% de mortos. Portanto, neste inverno, ainda por cima com o sazonal aumento das infecções respiratórias, que ditará o primeiro-ministro? Mais doses? Mais confinamentos? Vacinação de recém -nascidos? Guetização dos não vacinados? Tudo isto quando se sabe que a imunização maciça pode originar variantes resistentes e fenómenos imunológicos que comprometam a resposta a futuras epidemias por coronavírus?

Fundamental é finalmente admitir que a maioria das medidas adoptadas até agora foi inútil ou até prejudicial, que estamos perante uma inescapável doença respiratória viral, que nunca alcançaremos covid zero e que urge atender às tais prioridades, reforçar o sns e os seus profissionais. Quando?!

*Psicóloga clínica. Escreve de acordo com a anterior ortografia

Autárquicas 2021 | Sem nevoeiro: Regresso à Figueira da Foz

Portugal | Santana: "Cair e reerguer, é a vida"

Foi regressar e vencer. "Uma proeza sem igual", diz Santana. Candidato do PSD não fica como vereador e o mesmo deve fazer o atual presidente socialista da autarquia.

O que CDS, CDU e BE diziam aconteceu: Santana Lopes ia "roubar" votos a todos os partidos. Socialistas e sociais-democratas saem derrotados. O "pacto PS/PSD", as "solidariedades e fraternidades" denunciados pelo antigo primeiro-ministro, não foram suficientes para evitar a "vitória extraordinária" - palavras de Santana Lopes - na Figueira da Foz.

Os indicadores socialistas de "uma apreciação muito positiva do trabalho desenvolvido pelo Carlos Monteiro [candidato do PS] e pela sua equipa, que tiveram de fazer face a uma dívida gigante que aqui ficou", como vaticinava José Luís Carneiro, secretário-geral adjunto do PS, esbarraram nos votos que deram a maioria pretendida por Santana Lopes.

"Ganhar nestas circunstâncias é uma proeza sem igual, porque é contra todas as tropelias, todas as armadilhas, todas as impugnações e contra os partidos grandes, médios e pequenos", afirmou o ex-primeiro-ministro.

"Estas eleições provaram para muita gente a razão pela qual tomei essa opção de sair da força política em que militei durante décadas", afirmou ainda. A frase serve na perfeição para responder a Pedro Machado, presidente da Entidade Regional do Turismo do Centro de Portugal e candidato PSD que garantiu só ser "candidato a presidente de câmara" e que acusou Santana de "traidor".

"É uma emoção especial, 24 anos depois, voltar a ter a confiança dos figueirenses (...) estamos a fazer história e a contribuir para a democracia", diz o novo presidente da Câmara da Figueira da Foz.

Só falta agora perceber se o ainda presidente e candidato socialista, Carlos Monteiro, assumirá um lugar de vereador. Tudo depende de um fator: se a derrota é demasiado pesada ou não, mas a saída é praticamente certa.

Artur Cassiano | Diário de Notícias

CUIDADO COM OS PRECIPÍCIOS

Dia seguinte de eleições. Autárquicas em Portugal… Resultados que não foram surpresa, afinal tudo na mesma como a lesma. Andamos devagar, devagarinho e parados. Os mesmos de sempre continuam com aval dos eleitores para continuarem na mesma ‘desbunda’, com base nas promessas que não cumprem. Os portugueses parecem continuar a ser masoquistas, vai daí optam pelo mesmo de sempre: mudam as moscas (as que mudam) mas os fedores e as trampas continuam a ser os mesmos. Disso nos dá conta Martim Silva no Curto que se segue. Vá ler, apesar de a prosa não parecer que tenha a mesma opinião acima inscrita. Essa é a diferença entre nós e eles. Ainda bem. É que ter os olhos bem abertos e pensar nada custa… Olhar para trás e olhar ao longe faz doer o pescoço? Pois. Mas é assim que devemos de ver… bem.

Na Alemanha senhora Merkel sai de cena. Nem por isso a fossa naquele país e na UE vai perder os odores costumeiros. Se há os que julgam que algo vai mudar substancialmente, que a miséria escondida existente nos países da UE (Portugal incluído) vai desaparecer ou ao menos diminuir desenganem-se. Adeus UE, cada vez pior. A subserviência ao neocolonialismo, ao neoliberalismo com vista ao neofascismo “democrático” prossegue. Saliente-se que tem gente que não quer ver, nem ouvir, nem ler ou pensar e prefere recorrer ao optimismo com que a política e as ações vigentes se mascaram e garantem a continuidade do mar que quando bate nas rochas lixa sobremaneira o mexilhão… Deixem-se andar e aprendam a nadar.

De outras matérias trata o Curto de hoje. Inteirem-se, se acaso tiverem interesse. Ler é sempre bom, útil. Aprender, aprender, sempre!

Boa semana… Se conseguirem. Saúde e força nos pedais da BTT, que é a vida de esforço de todos os povos. Cuidado com precipícios.

SC | PG

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