TODO O CONTINENTE AFRICANO, SALVO EXCEPÇÕES RARAS, ESTÁ TOMADO PELOS JOGOS DE SOMBRAS NEOCOLONIAIS!
Martinho Júnior, Luanda
Perante a extrema vulnerabilização de África, o “hegemon” reforça o Africom, no implícito jogo de sombras inteligentes que alimentam os caudais de seus dispositivos de ingerência, de manipulação e com vocação de caos, de terrorismo e de desagregação, dispositivos fluidos aptos ao fortalecimento tónico das vias neocoloniais!
Neste momento absorve e avassala as experiências coloniais, como tacitamente as experiências jihadistas e com o reaproveitamento dessa perfídia que nada tem a ver nem com democracia, nem com direitos humanos, nem com a ânsia de liberdade de povos ávidos de justiça social, nem com o respeito devido à Mãe Terra, alimenta a mentira avassaladora de sua própria saga, colectando tudo o que de mais retrógrado pode digerir e implicar!...
O “hegemon” não tem concerto (jamais o capitalismo terá concerto) e aplica refinadamente em África o que cultivou de há mais de 20 anos no Médio Oriente Alargado!
Neste momento: pobre Moçambique, mais uma nação adiada impunemente pela cobiça capitalista neoliberal!
01- A Argélia destaca-se hoje por que a luta contra as sequelas do colonialismo nunca foi abandonada, é ainda sua trincheira e por isso, seu governo é dos poucos que em África é capaz de decifrar o estendal colonial e neocolonial que se abate sobre o continente tornado cada vez mais vulnerável e ultraperiférico:
. A Argélia filtra os conluios entre as casas reais de Espanha e de Marrocos, que se refletem no contencioso da colonização do Sahara, apesar da ONU e da União Africana;
. A Argélia filtra o sulfuroso jihadismo sunita/wahabita financiado desde as casas monárquicas arábicas por forças coligadas do “hegemon” que impactaram sobretudo sobre a Síria e se expandiram tacitamente por África a ponto de justificarem o argumento essencial do Africom/NATO, a partir da destruição da Jamairia Líbia e do assassinato de Kadafi há 10 anos;
. A Argélia filtra a sinuosa viscosidade otomana nos seus esforços concorrentes para disseminar em África uma outra inteligente versão jihadista ao jeito dos Irmãos Muçulmanos;
. A Argélia filtra a FrançAfrique em todas as suas versões, mas particularmente no seu “tradicional” papel na África Ocidental e no Sahel, com incidência maior no Mali, dez anos depois da destruição da Jamairia Líbia e do assassinato de Kadafi;
. A Argélia sabe que desde o Mali que há a acusação à FrançAfrique de estar a treinar jihadistas em Kidao, uma área tuaregue em que antes foi proclamada a independência da Azawad; o actual governo do Mali (resultante do último golpe de estado militar deMaio de 2021) acusa mesmo a França de “estar a treinar os jihadistas que o Mali combate” (uma opção que.a ser verdade, expande para dentro de África iniciativas similares detectadas antes no Médio Oriente Alargado) em Kidal, um enclave onde as forças malianas estão proibidas de acesso;
. A Argélia conseguiu garantir seus interesses sobre o petróleo e o gás explorados e refinados no país, impedindo que a França submetesse esses sectores aos seus próprios desígnios, pelo que tem vindo a acompanhar desde sua independência, os acontecimentos do âmbito FrançAfrique, em especial os que de algum modo se referem às matérias-primas e indústrias energéticas.