João Melo* | Diário de Notícias | opinião
Assim mesmo, sem aspas: racismo
sanitário. Se dúvidas houvera, a decisão do alegado "mundo
desenvolvido" perante a descoberta, na África do Sul, de uma nova variante
do vírus da covid-19 - a omicron - confirma de uma vez por todas que a Europa e
os EUA mantêm a sua atitude colonial em relação aos povos africanos e às nações
pobres
Comecemos pelos políticos ocidentais. A "arrogância geopolítica" e o egoísmo com que, desde o primeiro momento, os mesmos têm lidado com a crise do novo coronavírus tentam apenas esconder - e mal - a sua incompetência para a enfrentar dentro dos seus próprios países. Os números não mentem: nesta altura do campeonato, 40% da população europeia e norte-americana recusa-se a ser vacinada contra a covid-19, perante a miopia e a cobardia das autoridades, que, em nome das liberdades, dão a milhões de indivíduos o direito de se tornarem, consciente ou inconscientemente, assassinos potenciais (a covid, insista-se, é transmissível e mata).
Mas a responsabilidade dos políticos ocidentais pelo prolongamento da atual crise sanitária vai além disso: são eles - e mais ninguém - os principais responsáveis por esse prolongamento e pelo surgimento crescente de novas variantes, pois a sua política arrogante e egoísta tem impedido a vacinação universal contra a covid-19.