A Guiné-Bissau declarou o estado
de alerta por causa da Covid-19, e foram proibidas atividades
político-partidárias durante um mês. O PAIGC tem o seu congresso marcado para
O estado de alerta decretado
pelas autoridades da Guiné-Bissau, no âmbito do combate à Covid-19, deverá
impedir a realização do X
Congresso ordinário do Partido Africano da Independência da
Guiné e Cabo Verde (PAIGC), marcado para
"Obviamente que irá comprometer seriamente a realização do congresso", comenta o jurista guineense Luís Vaz Martins.
O PAIGC remeteu para mais tarde uma declaração sobre o assunto. Mas o artigo 16.o do decreto em que se declara o estado de alerta é claro. Durante 30 dias, "é proibida a realização de atividades político-partidárias, nomeadamente comícios, reuniões de base".
No documento, interdita-se ainda o "funcionamento de discotecas, salas de festa, bares e outros locais de diversão, incluindo em hotéis." E reforça-se o controlo dos certificados de vacinação para aceder e permanecer em instituições públicas e privadas, incluindo estabelecimentos de ensino.
Já reuniões e manifestações em recinto fechado são permitidas, desde que não se ultrapasse metade da lotação da sala e sejam cumpridas medidas de segurança; os participantes devem também apresentar um comprovativo das duas doses da vacina. As atividades religiosas continuam igualmente a ser autorizadas mediante o uso de máscara, a higienização das mãos e o distanciamento físico.
O decreto, datado de 3 de fevereiro, foi assinado pelo primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam, pelo vice-primeiro-ministro, Soares Sambu, e pelo Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló.
"Já se esperava esta decisão"
Desde o início da pandemia, a Guiné-Bissau já registou mais de 7.700 casos de Covid-19 e 156 vítimas mortais. O Executivo guineense justifica o estado de alerta com o facto de o país estar em plena quarta vaga da pandemia, apesar do número de novas infeções ter reduzido nas últimas semanas.
Para o jurista Luís Vaz Martins, a pandemia é uma mera desculpa: "Já se esperava esta decisão. Há muito que se tem utilizado o expediente Covid-19 para restringir as liberdades e a realização de eventos políticos das forças políticas na oposição. É o que aconteceu", comenta em breves declarações à DW África.
Ainda recentemente, o chefe de Estado esteve em presidência aberta na região de Biombo, em 22 de janeiro. O Partido dos Trabalhadores da Guiné (PTG) e o Partido de Renovação Social (PRS), todos aliados do Presidente guineense, puderam realizar os seus congressos.
"Este estado de alerta não tem nada a ver com a Covid-19, serve para impedir a realização do congresso do PAIGC", conclui o jurista Vaz Martins.
Em preparação para o congresso, o PAIGC, maior partido da Guiné-Bissau, na oposição, tinha agendado a realização de reuniões de assembleias e conferências de base a partir deste sábado, 5 de fevereiro. Mas, devido às novas medidas, os eventos poderão ser cancelados.
O congresso do PAIGC foi marcado
para
Deutsche Welle | Braima Darame, Lusa | Imagem: O jurista Luís Vaz Martins
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