sábado, 19 de fevereiro de 2022

Portugal | Estudantes assinalam com luta os 60 anos da crise académica

No próximo dia 24 de Março, Dia Nacional do Estudante, os alunos do Superior evocam os 60 anos da crise académica com reivindicações do presente, como a gratuitidade e o reforço da acção social. 

A Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa enviou esta quinta-feira a todas as associações académicas e de estudantes do País um apelo para que o próximo dia 24 de Março seja assinalado na rua, tal como há 60 anos. 

Sob o lema «Lutaram no passado, Lutamos no presente – Avançar é urgente: Gratuitidade, Acção Social, Alojamento», os estudantes do Superior celebram o aniversário da «crise académica de 62», momento galvanizador da luta do movimento estudantil português contra o fascismo, aprofundando contradições e acelerando a crise do regime, que, no fim desse dia 24 de Março, fez recair sobre milhares de estudantes na cidade universitária, em Lisboa, uma violenta repressão.

Sessenta anos volvidos da luta pela liberdade e pela democratização do Ensino Superior, continua a haver reivindicações por cumprir. «Todos os anos, os estudantes afirmam o Dia Nacional do Estudante, sentem na pele os problemas e reconhecem que o projecto de um Ensino Superior público, gratuito, democrático e de qualidade permanece por cumprir na sua plenitude», lê-se no apelo divulgado ontem.


Os estudantes afirmam que a existência de propinas, taxas e emolumentos, «que tanto custam nas carteiras dos estudantes e famílias», é uma ameaça ao carácter público, gratuito e universal do Ensino Superior, e causa de milhares de situações de abandono escolar, ano após ano. Por outro lado, o financiamento público «mantém-se extremamente insuficiente» para atender à realidade das instituições, que, em consequência da pandemia, viram as suas dificuldades expostas e agravadas.

«Encerraram-se cantinas públicas, degradou-se a qualidade do ensino, diminui-se a participação democrática dos estudantes nas instituições de Ensino Superior, agravaram-se as desigualdades – tudo mudou, mas o valor das propinas e os problemas crónicos do Ensino Superior ficaram na mesma», denunciam no texto.

Também a Acção Social Escolar exige um reforço para responder às necessidades colocadas, com destaque para o valor recorde de pedidos de bolsa, havendo «mais de 100 mil» alunos que acreditam não ter condições para assegurar os custos associados à frequência do Ensino Superior, o que leva à sua elitização. Por outro lado, os estudantes denunciam que continua por cumprir o Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior. 

AbrilAbril

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