Paulo Baldaia* | TSF | opinião
Há por aí um debate sobre se os 230 deputados eleitos no último domingo devem ou não aceitar ter como vice-presidente o deputado que o partido racista e xenófobo propõe. Dizem que é a Democracia, que o povo os elegeu e que, se o regimento prevê que o terceiro maior grupo parlamentar pode indicar um vice-presidente, então que se aceite. O problema para os deputados do partido que tem um líder xenófobo é que não há nomeações para a mesa da Assembleia onde estão os representantes do povo, há candidaturas que devem sujeitar-se a votos. É a Democracia!
Também alegam, os defensores da tolerância com os intolerantes que não ceder e votar contra os racistas os favorece e os faz crescer. Estava capaz de garantir que eles chegaram onde chegaram porque, mais do que os tolerar, algumas forças partidárias e a comunicação social os levou ao colo, em nome da Democracia que eles querem subverter.
Não percam muito tempo com o assunto porque ele se resolve com o voto secreto que impediu Fernando Nobre de ser Presidente da Assembleia e haverá de impedir que Diogo Pacheco de Amorim seja eleito vice-presidente. Na verdade, o que seria de esperar é que o candidato do Chega tivesse apenas uma dúzia de votos, tantos quantos são os deputados que André Ventura catapultou para o Parlamento. Os restantes 218, representantes de partidos democráticos, deveriam ser votos contra, mas a vida tem-nos dado muitas surpresas.
O Chega vai berrar, insultar, criar espetáculo e o único receio que tenho é que, em nome da Democracia, a comunicação social lhes volte a dar mais palco do que eles merecem
* Jornalista
Sem comentários:
Enviar um comentário