Lá longe, na Oceania, as minúsculas Ilhas Salomão, uma nação com centenas de ilhas situadas no Pacífico Sul, com apenas 28 450 km2 de área total, tiveram o descaramento de assinar, no passado dia 19 de Abril, um acordo de segurança com a China.
Pequim diz que é para promover a paz e a estabilidade e que é paralelo e complementar aos acordos de cooperação existentes com as Ilhas. Manasseh Sogavare, primeiro-ministro das Ilhas Salomão confirmou a assinatura de um novo acordo de segurança com a China, mas disse que isso não prejudicaria a paz e a harmonia da região.
A resposta dos EUA não se fez esperar e enviaram de imediato uma delegação de altos funcionários para convencer o governo das Ilhas a cancelarem o acordo.
Da mesma forma, os restantes países da AUKUS - aliança político-militar formada pelos EUA, Grã-Bretanha e Austrália que, para além de ter sido negociado em segredo, permitirá, por exemplo, à Austrália, pela primeira vez, a construção de submarinos de propulsão nuclear, a partir de tecnologia estado-unidense, - reagiram também, claro está.
Ao contrário da expansão militar da NATO na Europa, e concretamente nas antigas repúblicas socialistas que não indigna nem atemoriza os órgãos de comunicação social dominante, já este acordo foi apelidado perigoso, controverso, blá blá blá… ai o comunismo…
O Japão, outro vendido, perdão, aliado dos EUA, correu para os microfones globais e diz que “a segurança da região da Ásia-Pacífico pode estar ameaçada”. A Austrália, pela voz do seu primeiro-ministro, diz que a incerta construção de uma base militar pela China nas Ilhas Salomão seria uma linha vermelha. O Tio Sam, por sua vez, não teve papas na língua e no seu jeito pacífico, dialogante e cordato ameaçou com retaliações, caso se torne realidade a presença militar nas Ilhas.
Ora que porra! Então os maléficos russos esperneiam, dizem ter a NATO à porta de casa, a poucos metros da sua fronteira, que estão a ser cercados pela aliança “pacificadora”, e isto há um porradão de anos, e toda a gente malha em Moscovo, que é propaganda e mais não sei o quê e o camandro e que têm é mais que admitir porque as nações são soberanas, etecetera e tal. Os States dão-se ao luxo de ameaçar um pequeníssimo país que dista quase 12 mil quilómetros da sua fronteira e não se passa nada, não há soberania pra ninguém, nem pão para malucos.
Na melhor hipocrisia cai a nódoa.
Colaboração de João Ventura
Fontes:
https://www.avante.pt/pt/2526/opiniao/167555/Linha-vermelha.htm;
https://www.dw.com/en/china-signs-security-agreement-with-solomon-islands/a-61510592
https://pt.wikipedia.org/wiki/AUKUS
https://time.com/6168173/solomon-islands-china-security-pact/
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