quinta-feira, 19 de maio de 2022

Ramos-Horta toma posse como PR e garante o seu empenho no combate pela paz

TIMOR-LESTE

José Ramos-Horta tomou esta quinta-feira posse como Presidente da República de Timor-Leste. No dia em que se assinalam 20 anos da restauração da independência do país, Ramos-Horta reafirmou o seu empenho “no combate pela paz, pela fraternidade humana a nível nacional, regional e internacional”. O presidente eleito diz que “Timor-Leste é hoje um oásis da paz” e que vivem numa “democracia imperfeita mas pacífica”.

Dez anos depois, José Ramos-Horta volta a assumir a chefia de Estado de Timor-Leste. Às 00h00 horas locais, perante as delegações de mais de 30 países e as principais individualidades do Estado timorense, Ramos-Horta prestou juramento numa sessão solene de investidura do Parlamento Nacional, mas que decorreu num recinto aberto em Tasi Tolu.

"Juro
, por Deus, pelo povo e por minha honra, cumprir com lealdade as funções em que sou investido, cumprir e fazer cumprir a Constituição e as leis e dedicar todas as minhas energias e capacidades à defesa e consolidação da independência e da unidade nacionais", disse José Ramos-Horta no recinto de Tasi Tolu.

O juramento marcou o fim do mandato de Francisco Guterres Lú-Olo que, simbolicamente, cedeu a sua cadeira de honra a Ramos-Horta, eleito para um mandato de cinco anos. No dia em que se assinalam 20 anos da restauração da independência do país, Ramos-Horta reafirmou o seu empenho “no combate pela paz, pela fraternidade humana a nível nacional, regional e internacional”.

"Tenho a honra de tomar posse num aniversário pleno de significado para a nossa história nacional. Passados vinte anos, é importante relembrar o extraordinário exemplo de unidade e comunhão do povo timorense e dos seus líderes durante o período da Luta pela Independência", afirmou.

No seu discurso de tomada de posse, em português, inglês e tétum, o presidente eleito afirmou que “Timor-Leste é hoje um oásis da paz”. “Vivemos numa democracia imperfeita mas pacífica, sem registo de qualquer violência política, étnica ou religiosa”, acrescentou.

“A partir deste oásis e tranquilidade reafirmo o meu empenho no combate pela paz, pela fraternidade humana a nível nacional, regional e internacional, independentemente de ideologias, religião ou organização social”, garantiu Ramos-Horta. O chefe de Estado de Timor-Leste agradeceu a presença de Marcelo Rebelo de Sousa, destacando que “Portugal tem sido um verdadeiro amigo solidário, generoso, persistente em todos os momentos difíceis” do país.

“É no quadro do multilateralismo e da promoção do respeito e da amizade entre países soberanos que eu proponho o desenvolvimento da política externa de Timor-Leste”, afirmou.

Erradicar a pobreza e a fome

O novo presidente do país estabeleceu a erradicação da pobreza e da fome como prioridades para os próximos cinco anos.

No discurso desta quinta-feira, José Ramos-Horta pediu um esforço conjunto "nos próximos cinco a dez anos" nas "prioridades nacionais incontornáveis", como educação e saúde.

Ramos-Horta destacou ainda a necessidade de medidas em áreas-chave como agricultura, segurança alimentar, nutrição e água potável, considerando que as sucessivas crises alimentares "deviam ter já provocado uma reflexão profunda e decisões céleres sobre a extrema importância de maior investimento neste setor", para garantir a "soberania total", defendeu.

Entre outros aspetos, destacou a criação de um Fundo do Café, culturas e criação de pequenos animais e aquacultura "que garantam a segurança alimentar" e com a paralela promoção do turismo comunitário nessas regiões, bem como a captação de água para evitar secas prolongadas.

José Ramos-Horta foi primeiro-ministro de Timor-Leste entre 2006 e 2007 e, depois, chefe de Estado entre 2007 e 2012. A 19 de abril deste ano, foi então eleito Presidente da República pela segunda vez, com 62,09% dos votos, derrotando o atual chefe de Estado, Francisco Guterres Lú-Olo, numa repetição do que ocorreu em 2007.

Em 1996, Ramos-Horta foi laureado com o Nobel da Paz, juntamente com o então administrador apostólico de Díli, Ximenes Belo, pelos seus contributos no esforço para terminar com a opressão vigente em Timor-Leste. Ramos-Horta foi o rosto da diplomacia timorense junto das instituições internacionais na autodeterminação do povo de Timor-Leste. 

RTP | Lusa | Imagem: António Cotrim/Lusa

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