sábado, 25 de junho de 2022

MARTE PLANETA CANDIDATO À UNIÃO EUROPEIA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Os EUA são uma potência fiável. A União Europeia está no bom caminho. A Rússia é o inferno. Este é o resultado de uma “sondagem” entre os cidadãos dos países do cartel falido de Bruxelas. Uma peça da propaganda acéfala dos senhores da guerra na Ucrânia. Os cidadãos dos países ocidentais são submetidos a um bombardeamento informativo permanente (propaganda em nome da informação), 24 horas sobre 24. 

A Ucrânia vai ganhar a guerra. A Ucrânia é uma democracia de partido único, com pide, prisões arbitrárias, torturas, assassinatos de adversários políticos. A Ucrânia defende os valores da civilização ocidental. Morre por nós, como proclamou Úrsula von der Leyen. Este “nós” quer dizer nazismo.

A Federação Russa, diz o bombardeamento informativo, está a provocar a fome no mundo. A inflação galopante é provocada pelos russos. O aumento dos preços de bens essenciais deve-se ao senhor Putin. Esta é a ladainha diária, segundo a segundo, nas televisões de todos os países ocidentais, nas rádios, nos jornais que já são pouco mais do que papel sujo com tintas caras. Depois do bombardeamento de propaganda fazem uma sondagem. 

Os resultados são inesperados. Os EUA são muito fiáveis. A União Europeia, ao despejar milhares de milhões na Ucrânia vai lindamente. Ainda ontem os burocratas de Bruxelas tentaram matar à fome os reformados e pensionistas de Portugal e Grécia, porque os governos destes países eram “despesistas” e gastavam o dinheiro todo em mulheres e em copos. Roubaram os subsídios de férias e de Natal aos trabalhadores em nome das dívidas soberanas. Confiscaram a independência a Lisboa e Atenas. Agora Bruxelas despeja milhares de milhões na Ucrânia onde não há nem fumos de democracia. Não existem contas certas. A dívida pública é astronómica e a corrupção generalizada.

A sondagem do bombardeamento informativo concluiu que a Federação Russa só é aprovada por dez por cento dos cidadãos da União Europeia. Em Portugal, só dois por cento aprovam. Estão a atirar os eleitores para os braços da extrema-direita. Em Portuga subiu de um deputado para a terceira força parlamentar. Em França de oito deputados, trepou para 89. O Reino Unido debandou da União Europeia pela trela da extrema-direita, personificada em Boris Johnson. A globalização, que havia de implantar a democracia no mundo, deu lugar aos muros nos EUA, em Israel ou na Polónia. Estão todos a imitar o nacionalismo puro e duro. Mas não querem que se saiba!

Ao mesmo tempo soltaram os demónios do belicismo. Fazem a guerra à Federação Russa por procuração passada à Ucrânia. A União Europeia entregou a sua soberania aos EUA. A Comissão de Úrsula e o Conselho de Charles Michel são secções do Departamento de Estado. A OTAN (ou NATO) é o quartel-general do Pentágono na Europa. Aprovação total dos europeus! Até porque lhes garantem que a Federação Russa já perdeu a guerra. A Lituânia, um pequeno país falido onde mais de metade da população é russa, espezinha os derrotados russos.

Os EUA mantêm tropas de ocupação no Iraque e na Síria. Ninguém fala disso. Eu vi os efeitos da guerra na cidade de Bagdade, quando a capital do Iraque foi bombardeada com armas de destruição maciça. Destruíram bairros inteiros, museus, fábricas ou escolas. Ninguém falou de crimes de guerra. Agora os senhores da guerra na Ucrânia fazem excursões a Irpin e Bucha para verem crimes de guerra. Depois montam o espectáculo televisivo.

Convido todas e todas a visitarem Lisichansk, na República Popular de Kugansk. Os nazis de Kiev fizeram quartel numa fábrica de leite, a Artyomovskoye. Instalaram um depósito de munições e esconderam veículos blindados (fornecidos pelas potências ocidentais). Nos terrenos adjacentes montaram canhões de longo alcance.

Na região de Odessa, em Dachnoye, existe uma Casa da Cultura com um pavilhão desportivo. Os nazis de Kiev instalaram lá lançadores de foguetes e esconderam veículos de guerra blindados. Lançavam os seus ataques a partir daquelas instalações.

Em Kramatorsk, República Popular de Donetsk, os nazis de Kiev ocuparam um prédio na Rua Parkovaya número 95. Instalaram lá um depósito de munições. Os moradores serviram de escudos humanos. Nas escolas número quatro (Rua Piymachenko) e número 25 (Rua Khmelnitskogo) criaram posições de fogo. Os moradores das casas à volta foram obrigados a ficar, como escudos humanos.

Em Bucha e Irpin fizeram exactamente o mesmo. E continuam a usar prédios de habitação, hospitais, escolas, centros comerciais e outros espaços civis, como trincheiras e pontos de fogo da artilharia. Os nazis de Kiev fizeram de Odessa um imenso campo de concentração. Cada cidadão é um escudo humano. Ninguém pode ir às praias porque enxamearam toda a orla marítima de minas. Uma cidade que vive do turismo, das suas praias, está transformada num quartel de nazis. Úrsula, Charles Michel, Borrell, Jens Stoltenberg, Biden, Guterres não querem ir pôr os lombos ao sol nas praias daquela estância de veraneio? Não querem ir ver os crimes de guerra dos nazis? Claro que não. São eles que armam, municiam e financiam os criminosos.

O chefe do Exército da Finlândia diz que está pronto para a guerra com a Federação Russa. O chefe da NATO (ou OTAN) diz que a guerra vai durar anos. A Lituânia provoca o vizinho. O presidente da Polónia deseja ardentemente entrar na guerra. Os líderes ocidentais garantem que apoiam a Ucrânia até à derrota dos russos. Droga? Loucura? Irresponsabilidade? Seja o que for, são os cidadãos eleitores que escolhem este lixo humano para liderar os seus destinos. Isto vai acabar mal. Mesmo muito mal. Porque o problema só se resolve quando os povos correrem com esta gente. Pelos vistos, estão de acordo com eles. Quando sentirem, a sério, os efeitos da guerra, vai ser demasiado tarde para emendarem os erros.

Hoje a propaganda está virada para a “decisão histórica” do Conselho Europeu considerar a Ucrânia “candidata” à União Europeia. O estatuto de país candidato vale tanto como nada. Se Úrsula e a sua quadrilha considerarem Marte planeta candidato à União Europeia, os marcianos vão continuar a ser enfeitados com antenas e a ser vistos por alucinados. Mas da Bulgária vem uma lufada de responsabilidade. O governo que apoiava a guerra, a União Europeia e a OTAN (ou NATO) foi derrubado com uma moção de censura. Pode ser o fim da alienação.

*Jornalista

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