domingo, 14 de agosto de 2022

Angola | DESTRUIR É FÁCIL CONSTRUIR CUSTA MAIS – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Falar não é saber. Prometer não é fazer. Estamos na parte final da campanha eleitoral e muito se tem falado. Alguns candidatos quanto mais falam, mais se percebe que nada sabem. Quem ambiciona o poder precisa de mostrar ao eleitorado que tem sabedoria. O ideal era elegermos sábios no dia 24 de Agosto. Os mais sabedores das nossas comunidades. Mas isso é impossível. Temos de contentar-nos em eleger os melhores candidatos, os que, pelo seu trabalho, pela sua intervenção cívica, pelo seu percurso de vida nos dão garantias de continuidade na senda da soberania nacional, da integridade territorial, do compromisso com a democracia.

Nunca a escolha dos candidatos à Presidência da República e à Assembleia Nacional foi tão fácil. Porque nunca, desde 1992, a Oposição se apresentou a votos tão desacreditada, tão mal servida de políticos honestos e credíveis. Os mentores do chefe da UNITA convenceram-no de que fala bem. Tem um discurso político estruturado. É um grande tribuno. E ele acreditou. 

O problema é que agora tem de falar cara a cara com os eleitores. Nem os mesmos figurantes que aparecem em todas as acções de campanha da UNITA acreditam nele. Até os jovens sem idade para votar já perceberam que ele só fala de fraude. E quando se explica, fica claro que nem disso sabe. Adalberto é uma nulidade. Um júnior que jamais chegará a integrar a primeira equipa. Porque só os seniores sabedores e talentosos lá chegam. A UNITA está condenada à mediocridade, à irrelevância, à gritaria da fraude. Sim, as listas de eleitores estão cheias de mortos. São os políticos da UNITA reforçados pelos accionistas da Sociedade Civil e os zeros do Bloco Democrático. Politicamente moribundos ou mortos!

Adalberto foi à Lunda Norte. Arranjou três sobas e sentou-se com eles num trono de quatro. Começou a falar e ninguém acreditou. Prometeu fazer o que está feito, dar o que não pode, garantir o impossível. Depois lembrou-se dos jovens e garantiu aos Mais Velhos Sobas que nas listas da UJITA “há três jovens daqui”. E olhando para a plateia perguntava ansioso: “Onde está o Hitler? Onde está o Hitler?” Os Mais Velhos nem queriam acreditar. Perceberam que falar não é saber. Sabem, a partir de agora, que Adalberto nem serve para administrador da comuna do Luachimo. 

O chefe da UNITA foi a Saurimo. Repetiu o vazio. Falou e demonstrou que nada sabe. Foi falar com as mamãs. Cuidado! Mulher para a UNITA só serve para as fogueiras. Não acreditem no palavreado dos sicários do Galo Negro. E muito menos deem ouvidos a um político que a troco de um punhado de votos foi dizer na capital da Lunda Sul que “Angola não é um só povo uma só nação, tem muitos povos e muitas nações”. O tribalismo acéfalo, a mentira dos “diferentes povos” a ignorância criminosa, o assassinato da Cultura Nacional porque o ignorante chefe da UNITA ainda não percebeu que Angola tem um extraordinário mosaico cultural. Um mosaico multifacetado, único no mundo. É a nossa maior riqueza.

Mais grave ainda, Adalberto da Costa Júnior em Saurimo, exigiu a libertação dos “membros do Protectorado Lunda Tchokwe presos.” Mais uma vez a UNITA vende a integridade territorial e a soberania nacional a troco de um punhado de votos. E da kamanga. Viciaram-se no sangue dos diamantes roubados e pensam que vai ser assim perpetuamente. Falar não é saber.

E prometer é fazer? A UNITA prometeu em 1974 que ia ser o movimento dos brancos e Savimbi o muata da paz. Nos discursos em português, o chefe do Galo Negro repetia esta mensagem sem descanso. Mas depois falava em umbundo e dizia que brancos e mulatos iam ser todos mortos e os seus bens confiscados: “Até vamos receber os carros, as casas e as mulheres deles!” E os  seguidores, ululantes, aplaudiam o chefe.

A UNITA assinou o Acordo de Bicesse. Prometeu desarmar e desmilitarizar. Três dias depois da assinatura, milhares de soldados do Galo Negro e as melhores armas foram escondidos em bases secretas criadas pelos serviços secretos de Pretória no Cuando Cubango.

A UNITA prometeu aceitar os resultados eleitorais e defender a democracia. Quando os resultados das primeiras eleições multipartidárias foram divulgados, Savimbi, Chivukuvuku e outros criminosos de guerra tentaram tomar o poder pela força e destruíram Angola. Os seus parceiros sul-africanos bombardearam populações, cidades, complexos mineiros e industriais. Ainda hoje o cabeça de lista do MPLA, João Lourenço, denunciou no Lubango essas destruições. Mas também anunciou que agora estão reunidas as condições para pôr a funcionar a Jamba Mineira, um dos maiores complexos mineiros de África!

A UNITA prometeu a democracia e tentou matar o regime democrático ainda no ovo. A UNITA prometeu ajudar a reconstruir Angola depois das destruições que fez com os seus aliados sul-africanos e ainda partiu mais, ainda matou mais, ainda destruiu mais. Prometeu aos angolanos o paraíso e atirou com milhões de nós para o inferno da guerra sem quartel. 

Em vez da paz, a UNITA impôs aos angolanos o princípio fundamental da sua política: “Vamos tornar a vida impossível nas aldeias e fogem todos para as vilas. Tornamos a vida impossível nas vilas e fogem todos para as cidades. Tornamos a vida impossível nas cidades e fogem todos para Luanda. Depois fazemos explodir na capital a bomba atómica social e tomamos o poder”. Cuidado! Prometer não é fazer! E a UNITA promete mas depois faz o contrário. Em 1992, prometeu “calças novas” se ganhasse as eleições. Como perdeu, matou os alfaiates. No fim do trajecto, a UNITA mata sempre. Só a morte sacia a frustração e o ódio dos seus dirigentes.

A UNITA hoje divulgou uma lista de acusações gravíssimas à Comissão Nacional Eleitoral. Dizem que é um órgão às ordens do Presidente da República. O Poder Judicial é vilipendiado pelos sicários do Galo Negro. As instituições democráticas são caluniadas. Os titulares dos órgãos de soberania insultados e ameaçados. Leiam a entrevista de Adalberto da Costa Júnior ao Novo Jornal publicada hoje. O chefe da UNITA ameaça o Tribunal Constitucional com um sonante “depois não se queixem”. Faz de vítima mas depois mostra as garras, toca o apito e chama os Chivukuvuku, os Nelito Ekuikui, os Hitler, para matarem e destruírem.

Se a conversa de Adalberto é a sério, se ele pensa assim, a questão que se coloca é esta: Porque concorre às eleições? E concorrendo, porque dizem que vão ganhar? Se acreditam mesmo que a Comissão Nacional Eleitoral está às ordens de um candidato, ir a votos é mesmo só para confirmar a derrota anunciada. 

Falar não é saber e prometer não é fazer. Adalberto é ignorante e um inimigo jurado da democracia.

*Jornalista

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