O índice de preços no consumidor
ficou abaixo dos 9% inicialmente previstos e recuou face a Julho. Abrandamento
do aumento dos preços dos produtos energéticos foi o principal responsável pelo
recuo da taxa de inflação global.
A taxa de inflação recuou para 8,9% em Agosto, ficando abaixo
dos 9% inicialmente estimados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE)
e do valor registado em Julho, quando a variação homóloga dos preços chegou aos
9,1%.
Os dados divulgados nesta segunda-feira pelo INE mostram que “a variação
homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) foi 8,9% em Agosto de
2022, taxa inferior em 0,2 pontos percentuais à observada no mês anterior”.
Esta revisão em baixa ficou a dever-se, sobretudo, ao abrandamento da subida dos preços da energia. Os preços dos produtos energéticos apresentaram uma diferença anual de 24%, inferior aos 31,2% verificados em Julho, sendo este agregado o principal responsável pelo recuo da taxa de inflação global, como destaca o INE.
Nos transportes e na habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis também se assistiu a abrandamento da taxa de variação homóloga para 10,4% e 14,9% (no mês anterior tinha sido de 12,8% e 16,6%, respectivamente).
O INE destaca a variação homóloga dos preços dos produtos alimentares não transformados, que foi a mais elevada desde Outubro de 1990, fixando-se em 15,4% (em Julho foi de 13,2%), assim como os aumentos verificados nos restaurantes e hotéis e nos bens alimentares e bebidas não alcoólicas, com variações de 16,3% e 15,3% (no mês anterior a variação tinha sido de 14,8% e 13,9%).
O indicador relativo à inflação subjacente, que exclui produtos alimentares não transformados e energéticos, manteve a tendência de subida dos meses anteriores, registando uma variação de 6,5% em Agosto, mais 0,3 pontos percentuais do que o registado no mês anterior.
Segundo o INE, “este é o valor
mais elevado registado desde Março de
Apesar do recuo verificado em Agosto, a inflação continua a estar em níveis historicamente elevados, o que levou o Governo a apresentar um pacote de medidas de apoio às famílias.
Guerra fez disparar preços dos alimentos
O INE fez ainda uma análise dos preços entre Fevereiro - quando a Rússia invadiu a Ucrânia - e Agosto, concluindo que o aumento dos preços dos produtos alimentares contribuiu de forma significativa para a variação da inflação neste período.
Em Agosto, o IPC foi 6,3% superior ao registado em Fevereiro, o que ficou a dever-se, sobretudo, aos produtos alimentares, que contribuíram em cerca de 40% para o valor apurado.
Olhando mais em pormenor para este agregado, o INE destaca o aumento dos preços da carne (16,7%); do pão e cereais (10,7%); do peixe (8,7%); das frutas (13,7%); do leite, queijo e ovos (10,3%); e dos óleos e gorduras (22,9%), nomeadamente os óleos alimentares (36,2%).
Da análise do INE à evolução dos índices destes subgrupos resulta que “os óleos e gorduras registaram aumentos relevantes de preços a partir de Março, sendo o impacto mais tardio e menos intenso nos restantes subgrupos em análise”. Contudo, o ponderador relativamente reduzido desta categoria (0,9%) no total do cabaz considerado, limita o impacto da sua variação no total do IPC.
É ainda visível, sublinha o INE, “uma redução do nível do índice dos produtos energéticos em Agosto, devido à redução de preços verificada na componente dos combustíveis”.
Neste agregado, os maiores contributos para a variação do IPC provêm da electricidade (variação de 28% face a Fevereiro) e dos combustíveis e lubrificantes para equipamento para transporte pessoal (5,4%).
Segundo detalha o INE, as componentes mais relevantes deste subgrupo são o gasóleo (que teve um aumento de 8,2%) e a gasolina (1,2%), que apresentaram reduções nos últimos dois meses face ao máximo atingido em Junho.
Já o comportamento dos preços do gás natural “reflecte o impacto significativo da guerra na Ucrânia”, registando uma variação de 35,5% entre Fevereiro e Agosto, com máximos de 39,2% em Maio e Junho. Contudo, refere o INE, “o contributo deste item para a variação do IPC tem menor relevância do que os restantes produtos energéticos, dado o seu ponderador (0,5%) ser bastante inferior ao das restantes componentes deste agregado (7,7%)”.
Raquel Martins | Público
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