A Igreja Católica Apostólica Romana tem historicamente muita dificuldade em assumir a posição justa face às devidas equações éticas, morais e cívicas de equilíbrio que deveria emitir em benefício e em prol de toda a humanidade e isso porque o Vaticano, que mantém uma carga conservadora próxima dum atávico fundamentalismo “cristão”, tende a ser mais uma caixa-de-ressonância do convencionalismo “ocidental”, incapaz até de se livrar de seus símbolos, de seus rituais e de suas “solenes” datas, sintomáticas repetições de largos séculos usadas para marcar o compasso dos tempos, das ingerências e das manipulações dos poderosos que dela se servem até à exaustão!
Mesmo com um Papa que veio das pampas, o Vaticano emite mensagens e sinais condicionados às convenções “ocidentais” como se sua Guarda Suíça fizesse também parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte!
A mensagem Urbi et Orbi deste ano, está conforme aos costumes!...
O Papa evocou que está em curso a IIIª Guerra Mundial sem explicar quem se decidiu pelo seu desencadear, quando ela começou, como ela começou, como ela se foi desenrolando, quem beneficiou dela, quais os alvos desse longo processo e suas vítimas diletas…
Tudo roda em torno do “centro” mental em que se encontra o “ocidente”, ou seja as crises e as ameaças só existem, grosso modo, quando elas recaem sobre “nós”, não quando elas recaem sobre os outros, um padrão de séculos de que se serve a “civilização cristã ocidental”, que além do mais se auto distingue dos “infiéis”!
Assim não há crise, nem ameaça, porque além do mais “é lá longe” e/ou quando a crise é reconhecida, é porque já não se pode mais alhear dela.
Na Urbi et Orbi deste ano em primeiro lugar fica-se por generalidades, confirmando um preceito convencionado à “ocidental”, porque o fundamentalismo “cristão” tem tendência para pensar e actuar como Pilatos: desenvencilha-se de capacidade crítica e autocrítica, sobretudo da autocrítica e contribui quantas vezes para se lançar mais confusão sobre a confusão ideológica e conspirativa deliberada dos expedientes de domínio, (confundindo quase sempre as árvores com as florestas), para afinal se continuar a “pregar” nos desertos de sempre.
UCRÂNIA, QUE UCRÂNIA?
Em segundo lugar as ameaças são escalonadas: em evidência está a Ucrânia, depois as outras – Síria, Terra Santa, israelitas e palestinos, depois o Oriente Médio, de seguida o Sahel, o Iémen, Mianmar e o Irão (tinha de ser, como se por lá não houvesse ponta de “revolução colorida”), por fim o continente americano.
A Igreja Católica Apostólica Romana também contribui para apagar, como se estivesse ao serviço de Francis Fukuyama (“O fim da história e o último homem”)… na Ucrânia não houve golpe de estado, nem “revolução colorida” soprada pelos “straussianos”, nem repescadas ideologias neonazis conforme aos apaniguados de Stepan Bandera, nem genocídio no Donbass desde a tomada do poder em Kiev pelos assaltantes do poder de então em 2014…
Só passou a haver crise, ameaça e guerra quando as Repúblicas Populares do Donbass, desobedientes do golpe de Kiev, foram socorridas por uma Federação Russa que percebeu quanto se estava na ponta final dum processo para a desintegrar, que foi engenhosamente montado desde os primeiros anos da década de 90 do século passado, aproveitando o colapso da União Soviética!
A Federação Russa percebeu ainda quanto esse programado escalonamento “straussiano” apontava também contra a República Popular da China e contra todo o Sul Global, algo efectivamente desprezível para o convencionalismo à “ocidental”, Vaticano incluído!
A Ucrânia para o Vaticano, é a que responde às ordens do fantoche Zelenski, “abençoado” pelo “deus” Biden, confundindo uma vez mais quem foi o primeiro agressor, com o último agredido!
AFINAL O QUE É A IIIª GUERRA MUNDIAL?
A IIIª Guerra Mundial foi desencadeada pelos Estados Unidos, respondendo aos interesses e conveniências da aristocracia financeira mundial eminentemente anglo-saxónica cujas “casas bancárias”, ao determinarem o lucro segundo parâmetros capitalistas que passaram da escola Keynesiana para o neoliberalismo orientado por Milton Friedman (os “rapazes de Chicago”), dominam de forma hegemónica e unipolar o mundo, impondo as regras que exclusivamente lhe convém e atirando para as urtigas a própria Carta da ONU!
Esse processo começou com o lançamento das bombas atómicas sobre Hiroshima e Nagasaki no Japão, a 6 e 9 de Agosto de 1945, quando era impossível a recuperação do Japão, potência do Eixo já derrotada na IIª Guerra Mundial!
Alguns fazem constar que o objectivo seria intimidar a União Soviética já na perspectiva da “Guerra Fria” (o slogan escolhido para o “the day after”), mas de facto esse foi o expediente para dar início à construção de regras cada vez mais determinantes para viabilizar o império anglo-saxónico contra todo o Sul Global, que passou a sofrer os impactos itinerantes, a bel-prazer dos interesses da opressora aristocracia financeira mundial!
É claro que quando o Papa escolhe árvores, esbatendo a floresta, responde a convenções capitalistas do “ocidente” (estratificando o discurso e argumentando em escalão as crises, os riscos e as ameaças) pelo que, conforme à última Urbi et Orbi, Francisco, ao contribuir para a confusão, não se coloca “do lado dos pobres”, muito menos belisca sequer o argumento “hard power” e “soft power” do império da hegemonia unipolar que continua a sair “absolvido” de tudo o mais (“uma mão lava a outra”, assim fez Pilatos)!
Francisco é pelo “NIM”!...
Francisco nem sequer é original na dose das convenções explorando contraditórios; recordo:
No preciso momento (1 de Julho de 1970) em que o Papa Paulo VI recebia, numa audiência de sete minutos, os dirigentes Amílcar Cabral (PAIGC), Agostinho Neto (MPLA) e Marcelino dos Santos (FRELIMO), os grupos ultrarreacionários cristãos que formavam o Le Cercle, dinamizavam o Exercício Alcora na África Austral em defesa do bastião branco e levavam as indústrias de armamento alemãs, francesas e italianas por si financiadas com a contribuição do Banco do Vaticano, a fornecer capacidade militar àqueles que se situavam do lado errado da história!...
… Nessa altura as bombas da NATO caíam nos três territórios africanos sobre aqueles que se viram obrigados a lutar de armas na mão pela autodeterminação e independência dos seus povos!...
O “NIM” é de facto uma prática conspirativa muito antiga no Vaticano, ou seja, tão antiga quanto o cinismo e a hipocrisia dos europeus, que ao “civilizar cristãmente”, praticavam genocídio e escravatura transatlântica!...
… Um colector dos acontecimentos desses impactos itinerantes a que acima refiro, foi William Blum!
Será que o Vaticano o conhece e à sua obra que inventaria uma grande parte dos conflitos, tensões e guerras de agressão conforme às práticas de conspiração dos Estados Unidos e de seus aliados-vassalos… o “ocidente cristão”!?
De facto o Vaticano redutoramente continua a convencionar na sintonia “ocidental”!
Círculo
Imagem:
AS BOMBAS ATÓMICAS DEFLAGRADAS
A consultar:
. Urbi et Orbi, o Papa: não nos esqueçamos de quem bate à nossa porta – https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2022-12/papa-francisco-bencao-urbi-et-orbi-natal-2022.html;
. Segredos de uma audiência. Quando o Papa recebeu as guerrilhas das antigas colónias portuguesas – https://expresso.pt/arquivos-expresso/2020-07-01-Segredos-de-uma-audiencia.-Quando-o-Papa-recebeu-as-guerrilhas-das-antigas-colonias-portuguesas;
. William Blum – https://en.wikipedia.org/wiki/William_Blum.
De Martinho Júnior:
. África dilecto alvo neocolonial – https://paginaglobal.blogspot.com/2019/01/africa-dileto-alvo-neocolonial-martinho.html; https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/01/07/africa-dilecto-alvo-neocolonial/;
. Está aí a IIIª Guerra Mundial – https://paginaglobal.blogspot.com/2020/01/esta-ai-iii-guerra-mundial.html; https://frenteantiimperialista.org/blog/2020/01/11/ahi-esta-la-iii-guerra-mundial/;
. PARA QUE SERVE UMA EUROPA OCUPADA, CONFINADA, INSTRUMENTALIZADA E NEOCOLONIZADA. – https://paginaglobal.blogspot.com/2022/12/para-que-serve-uma-europa-ocupada.html; https://frenteantiimperialista.org/para-que-sirve-una-europa-ocupada-confinada-instrumentalizada-y-neocolonizada-martinho-junior/.
Nota:
Muitos dos meus textos estão censurados pelos instrumentos de poder da hegemonia unipolar e considero isso apenas como uma pálida amostra de sua prática de conspiração.
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