terça-feira, 11 de janeiro de 2022

DIREÇÃO DA UNITA E GUERRA TOTAL

Artur Queiroz*, Luanda

O meu amigo Marcolino Moco deu uma entrevista ao Novo Jornal onde opina sobre temas de actualidade que eu não vou contestar nem sequer comentar. Mas tenho que lhe recordar alguns factos que acabam por tornar inútil o seu discurso. Caro Marcolino, não é um mestiço que está na direcção da UNITA e tu sabes isso melhor do que ninguém. O partido foi sempre dirigido de fora para dentro, desde Jonas Malheiro, que escolheu ser Savimbi que, como sabes, tem conotações com morte. Esta parte foste tu que me ensinaste.

A direcção da UNITA em 1977 era o coronel Passos Ramos, chefe da inteligência militar portuguesa na Zona Militar Leste. 

Este por sua vez recebia ordens do general Bettencourt Rodrigues, comandante supremo das tropas. Um oficial superior também dirigia a UNITA a partir do quartel-general da Região Militar de Angola (RMA) em Luanda. Chefiava uma repartição que tinha um serviço chamado CHERET (não sei o que é) e recebia ordens directas do general Luz Cunha, comandante em chefe das forças armadas portuguesas em Angola.

Militantes do MPLA arriscaram a liberdade e a vida para desviar da tal repartição do quartel general da RMA cartas de Savimbi aos generais Luz Cunha e Bettencourt Rodrigues, ordens de operações conjuntas e transferência de militares da UNITA para os Flechas da PIDE em Cangamba e Gago Coutinho (Lumbala Nguimbo). 

Por razões que desconheço só as cartas foram publicadas. Mas existia uma ordem secreta para que uma companhia de artilharia, a pretexto de proteger os madeireiros entre Cangumbe e Munhango, apoiasse Jonas Savimbi até todas as suas tropas serem integradas no Exército Português.

A companhia do exército português que protegia Savimbi em Cangumbe era comandada pelo capitão Benjamim de Almeida que anos mais tarde escreveu um livro intitulado “O Conflito na Frente Leste”. 

Em Outubro de 1973, o grande guerrilheiro e presidente da UNITA enviou-lhe uma carta com este pedido: 

“Não gostaria de ser incómodo, mas é a necessidade que me obriga a solicitar a sua boa vontade, caso possa fazê-lo, para me arranjar: Uma boa capa de chuva, um par de botas altas militares número 42, cinco frascos de aero-om e algumas bisnagas de bálsamo de mentol, pomada tópica. Caso lhe seja possível adquiri-los, gostaria que me indicasse quanto é”. (Páginas 199 e 200 do livro Angola- O Conflito na Frente Leste).

A NATO PRETENDE ESTILHAÇAR A FEDERAÇÃO RUSSA

Martinho Júnior, Luanda

Toda a manobra da NATO, desde o alargamento a leste da União Europeia, às incursões no Ártico, à saída do Afeganistão, à tomada de África com a tácita contribuição do artifício jihadista e aos acontecimentos no Cazaquistão, indiciam de forma conjugada e claramente, que o objectivo é, por via de processos de “guerra híbrida” sustentados pela rede de bases subordinadas ao Pentágono e movimentos navais de toda a ordem entrosados com a US Navy, em última analise fragmentar de forma irreversível a Federação Russa, seus aliados de maior extensão e cristalizar a RPC “acantonando-a” na sua região, desagregando definitivamente a capacidade de integração emergente em particular na imensidão da EurÁsia!

É isso que está agora exposto sob os nossos olhos no início de 2022 e nessa geoestratégia, a Federação Russa só está (ainda) completamente à vontade no despovoado Ártico, onde aliás concentra o seu poder naval mais decisivo!

A tentativa de estilhaçar a Rússia implica contenção a ocidente (Atlântico), contenção a oriente (Pacífico) e agressão por via dum corte mais agressivo a partir do sul em função do Médio Oriente Alargado e Ásia Central, tendo em conta de operar a partir do norte (Ártico).

Esse é o tipo de capacidades que estão em cima da mesa por parte do “hegemon” unipolar, reconvertido pela doutrina Biden contra a Federação Russa e a República Popular da China, apanhando por tabela suas iniciativas integradoras numa perspectiva de trocas comerciais e de paz, ou seja num concerto alargado de nações estimuladas nos princípios de relacionamento internacional em vigor na Organização das Nações Unidas!...

JULIAN ASSANGE, O MENSAGEIRO ASSASSINADO

#Publicado em português do Brasil

Yimel Díaz | Rebelión

Em 10 de dezembro, os juízes do Tribunal Superior de Londres reverteram a decisão da magistrada de primeira instância, juíza Vanessa Baraitser, que em janeiro de 2020  bloqueou a extradição  de Julian Assange para os Estados Unidos, considerando que sua vida estaria em perigo.

O juiz Timothy Holroyde defendeu a mudança de posição e argumentou que para ele é suficiente a promessa feita pelos promotores americanos de que o fundador do WikiLeaks não seria preso em uma prisão de segurança máxima ou submetido a medidas extremas de isolamento, punições que a defesa argumentou como prováveis causas do suicídio.

A decisão de Holroyde foi apelada por sua vez pela equipe de Assange e eles estão atualmente aguardando uma resposta que não se sabe quando pode chegar: "Nunca antes da terceira semana de janeiro", dizem fontes locais.

Stella Morris, advogada de profissão e parceira sentimental do jornalista australiano, explicou que só os mesmos juízes que aprovaram a extradição podem reverter a decisão. Não é impossível, mas é improvável.

KAZAKH MAIDAN: CERCANDO A CHINA?

# Publicado em português do Brasil

Konrad Rekas* | One World

É impossível salvar o Cazaquistão sem restaurar a integração profunda da Eurásia. Sem ela, tais crises em toda a Ásia Central só serão mais frequentes e mais difíceis de lidar.

Os cazaques eram os líderes do eurasianismo. Mas é difícil fazer o eurasianismo sem a Rússia, e Moscou, como sempre, se deixou arrastar para longe da integração do continente com alguma porcaria europeia. Astana (Nur-Sultan) começou a jogar com multi-vetoridade, e isso sempre acaba mal para os países do Oriente. E Yanukovych , e até Lukashenko poderia contar muito sobre isso para o Elbasy.

Rússia - Hora de voltar para a Eurásia

É claro que os que estão nas ruas não precisam ser anti-russos. Como no Euromaidan - eles só querem que as máquinas de lavar sejam mais baratas (o gás custa menos) e os vors roubam menos. Mas pode sair normalmente. Mukhtar Ablyazov , o oligarca cazaque conhecido por seu envolvimento profissional nas Maidans subsequentes – já está tentando garantir isso. É por isso que se os russos não ajudarem, mesmo aqueles que não querem e não pedem – eles não terão outro Bolotnaya, mas também a Praça Vermelha. Cheio de pessoas. Ou, pior – Dvortsovaya Ploshchad. Você sabe - esta praça em frente ao Palácio de Inverno ...

E por uma questão de clareza: todo o Cazaquistão precisa ser salvo. O envio de forças antiterroristas é, obviamente, um passo na direção certa – mas ainda não é suficiente. Provavelmente será possível trazer ordem ao Cazaquistão. E O QUE? Os meninos de Zhas Otan serão capazes de voltar a intimidar as pessoas por falarem russo e Dungan? Tokayev ainda estará entre o Oriente e o Ocidente? A Operação Limitada de Combate ao Terrorismo é apenas um método. A Rússia não pode simplesmente invadir aqui e em algum lugar no interesse da oligarquia local.  É impossível salvar o Cazaquistão sem restaurar a integração profunda da Eurásia . Sem ela, tais crises em toda a Ásia Central só serão mais frequentes e mais difíceis de lidar.

Seria também um grave erro limitar a operação apenas a áreas habitadas pela minoria russa.  Lugansk-bis não fará nada geopoliticamente . A lição armênia aqui é provavelmente ainda mais instrutiva do que a ucraniana (embora esta seja a mais explícita). Aparentemente, a Armênia não foi completamente para o outro lado – mas quantos problemas poderia causar! Todo o problema é que a Federação Russa, mesmo em sua forma atual, será como Navalny. Ele se limita. Não quer entender qual é a verdadeira CASA dos russos. Não quer pensar em termos de toda a antiga Soyuz. “ Não podemos mais decidir pelos outros ”. “ Temos nossos próprios problemas a serem resolvidos”. sim. Você tem. Porque uma vez você saiu do Bloco Oriental. Porque você desmoronou seu próprio estado, grande e poderoso. Também tendo seus próprios problemas, é claro. Mas agora o enigma: você quer MENOS ou MAIS deles no futuro? A escolha é sua. E parte dessa escolha – também está no Cazaquistão.

Ou volte mais longe. Até que a pista de gelo perto do GUM quer democratizar e separar.  Todo o problema com a Rússia se resume ao fato de que não é a União Soviética, não é imperial ou expansionista, e não tenta chegar nem perto do exterior.  Mesmo agora, os representantes da atual elite cazaque, especialmente os da família Nazarbayev , que já estão em Moscou, são tratados com bastante relutância. E não (apenas) porque eles têm sido condescendentes e arrogantes em relação à Rússia. Que é o atual governo que se comprometeu a empurrar a bizarra ocidentalização do alfabeto e da cultura cazaques. Não, os russos jogam inacessíveis não por desprezo por choramingar – mas por preguiça inata dos eslavos.

Sindicatos das magistraturas pró “Lei da Rolha” custam ao Estado 50 mil euros

O título acima, da lavra de Página Global, sintetiza procedimentos inconstitucionais que são práticas erradas dos que sobretudo e sempre deveriam respeitar as leis e consequentemente a liberdade de expressão e de informação no exemplo que se segue. Mas não, há quem na Justiça prefira a “Lei da Rolha”. O não revelar e não opinar sobre aquilo que possa macular com verdade alguns (esperamos que poucos) que a coberto de pertencerem à máquina da Justiça se julgam acima das leis que deveriam respeitar ainda mais que os cidadãos iletrados e/ou comuns.

Eis um exemplo, no título abaixo, do que é notícia aqui reportada com a lavra do Diário de Notícias/Lusa. 

Supostamente, em defesa da corporação Justiça existiu (existe ainda?) quem se  achou acima da lei e pretendeu punir quem disse verdades puras e duras, no caso pronunciadas pelo malogrado e saudoso Emílio Rangel – acima de tudo jornalista e cidadão.

É evidente que com uma Justiça assim não há país nem povo que aguente. Nem a democracia. Sendo elementar que sem Justiça não há democracia, sendo correto que o contrário também corresponde à verdade. Afinal em que ficamos ilustres e demonstrados senhores adeptos da “Lei da Rolha”? Quanto da vossa presunção e o que eventualmente mais desconhecemos está por revelar?

Os portugueses o que querem é ter uma boa máquina de Justiça e com a qualidade e consonância dos Direitos Humanos e da Democracia De Facto, nada mais, nem menos.

MM | Redação PG

Estado condenado a indemnizar Emídio Rangel 7 anos após a sua morte

O Estado português vai ter de pagar 50 mil euros às herdeiras do jornalista por danos materiais e custas e despesas.

Tribunal Europeu dos Direitos do Homem condenou esta terça-feira o Estado português a pagar mais de 50 mil euros às herdeiras do ex-diretor da SIC Emídio Rangel após este ter sido obrigado judicialmente a indemnizar sindicatos das magistraturas.

O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH) condenou o Estado português a pagar 31.500 euros às herdeiras do jornalista e fundador da TSF a título de danos materiais e 19.874,23 euros a título de custas e despesas, num caso relacionado com liberdade de imprensa.

Segundo o Tribunal de Estrasburgo, o caso reporta-se à condenação de Emídio Rangel por declarações proferidas sobre os sindicatos dos juízes e dos magistrados do Ministério Público durante uma audição numa comissão parlamentar sobre o tema da liberdade de expressão e os meios de comunicação social.

Na sua então intervenção, Rangel criticou a alegada interferência política daqueles sindicatos e responsabilizou procuradores e juízes pelas constantes violações do segredo de justiça em processos sensíveis e de natureza política.

Portugal | CHEGA / IL: GATO ESCONDIDO COM O RABO DE FORA*

Sol na eira e chuva no nabal liberal

Fernanda Câncio | Diário de Notícias | opinião

Hiding in plain sight. A expressão inglesa sobre esconder algo colocando-o à vista de todos aplica-se aos programas atuais de Chega e IL. Um tem 9 páginas, outro 600, mas o essencial é o mesmo: poupar milhares de milhões de euros a quem mais ganha e tem e estralhaçar o Estado Social. O resto é conversa.

Em 2019, o Chega apresentou um programa que propunha acabar com o IRS, e vários outros impostos, e com o Estado social. Era honesto, ao menos: cortando impostos e contribuições sociais, instituía o princípio do utilizador-pagador, em que se paga o que se usa. Queres educação? Pagas. Queres saúde? Pagas. Não tens como pagar? Azar.

Sucede que o eleitorado potencial do Chega não é exclusivamente constituído pelos empresários ricos que ajudam a financiar o partido, pelo que, percebendo que as propostas não eram populares, a liderança resolveu alterar o programa, naquilo que André Ventura qualificou perante o DN como "uma clarificação inversa".

Agora o Chega não só defende com denodo o Estado Social (excepto, claro, para os pobres que recebem RSI) como quer que cada português tenha um médico de família e não haja uma única pensão abaixo do salário mínimo. O seu líder chegou até ao desplante de confrontar o homólogo da Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo, com o facto de a IL defender no programa de 2019 um sistema de pagamento do ensino superior público em que os estudantes teriam de, para o frequentar, contrair um empréstimo que pagariam ao Estado após a entrada no mercado de trabalho.

"Concordas com isso", perguntou a Cotrim, afetando escândalo, o presidente do Chega, como se o seu próprio programa do mesmo ano não quisesse oferecer as escolas públicas a quem lhes pegasse, acabar com o ministério da Educação, e impor, no ensino superior, propinas diferenciadas consoante os cursos fossem considerados "úteis" ou "inúteis" ("As propinas terão em conta as necessidades de Portugal nas áreas e técnicas a que essas propinas digam respeito. As propinas a pagar por um curso de engenharia civil ou informática terão necessariamente de tender para zero, enquanto que as propinas a pagar por um curso de Sociologia terão de tender para o custo real do curso").

Comissão pede a vítimas de abuso sexual na Igreja que denunciem crimes

PORTUGAL

Criadas linhas abertas através de um contacto telefónico e e-mail para pessoas que tenham sido vítimas de abusos entre os 0 e os 18 anos no período de 1950 a 2022.

AComissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica em Portugal apela a que todas as vítimas ou testemunhas de abuso sexual no seio da Igreja Católica Portuguesa enquanto menor, no período de 1950 até ao presente ano, denunciem os atos. 

Para isso, foram criadas linhas abertas através de um contacto telefónico (917 110 000) e e-mail (geral@darvozaosilencio.org), de forma a facilitar estas denúncias. 

“Foi vítima de abusos sexuais durante a sua infância e adolescência (até aos 18 anos), praticados por membros da Igreja católica portuguesa ou pessoas que para ela trabalham? Dê o seu testemunho. Faça-o com total garantia do nosso sigilo profissional e do seu anonimato”, refere o organismo.

Portugal | Jerónimo de Sousa operado de urgência falha campanha por 10 dias

Dirigente comunista vai ser submetido a "uma intervenção cirúrgica urgente da estenose carotídea (à carótida interna esquerda), que não pode ser adiada para depois das eleições".

O secretário geral do PCP Jerónimo de Sousa vai ser operado de urgência já amanhã, quarta-feira, avançou inicialmente a SIC Notícias

De acordo com um comunicado divulgado pelo partido, o dirigente comunista vai ser submetido a "uma intervenção cirúrgica urgente da estenose carotídea (à carótida interna esquerda), que não pode ser adiada para depois das eleições".

O PCP indica que o seu líder vai ser internado na quarta-feira e prevê que "retome no final da próxima semana a sua intervenção política, nomeadamente na campanha eleitoral em curso para a Assembleia da República".

LERE ANAN QUER CANDIDATAR-SE A PRESIDENTE DE TIMOR-LESTE

Comandante das Forças Armadas timorenses anuncia candidatura a PR

O comandante das Forças Armadas timorenses anunciou hoje que vai ser candidato às eleições presidenciais previstas para março, mas referiu que, para isso, precisa da boa vontade do atual chefe de Estado para poder passar à reforma.

"Vou avançar. O senhor Presidente da República ainda não anunciou a data das eleições. Mas quando decretar, sem dúvida que me vou pronunciar", afirmou Lere Anan Timur, em entrevista à agência Lusa.

"Já tenho 70 anos e este é o último passo na carreira. Vou tentar chegar até lá", disse.

Para que isso ocorra, depois de o chefe de Estado marcar as eleições, é necessário concluir a sucessão na liderança das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL).

"É um processo que não é complicado, mas que depende da boa vontade do senhor Presidente da República, para não complicar a minha situação", explicou.

"Eu estou na idade da reforma, já cumpri até mais do meu mandato. Já estou no terceiro mandato, que é uma coisa nova. É tempo de pedir a minha reforma", acrescentou.

"Dívidas Ocultas": Juiz do caso recusa acesso ao processo requerido em Londres

Juiz Efigénio Baptista considera que "seria uma violação da Constituição [moçambicana] permitir que documentos obtidos para o processo criminal fossem utilizados para efeitos colaterais".

O juiz Efigénio Baptista, que preside ao julgamento do caso das chamadas dívidas ocultas no tribunal de Maputo, recusou acesso aos documentos oficiais às partes envolvidas no processo do mesmo caso no Reino Unido, foi esta segunda-feira (10.01) revelado pelo Tribunal Comercial de Londres,

De acordo com o advogado que representa a República de Moçambique nos procedimentos em Londres, Jonathan Adkin, o juiz moçambicano respondeu que "seria uma violação da Constituição permitir que documentos obtidos para o processo criminal fossem utilizados para efeitos colaterais".

O magistrado moçambicano invocou a Constituição moçambicana para argumentar que os arguidos têm direito à "integridade moral sobre o bom nome, reputação, direitos defensivos de imagem pública, vida privada e a inviolabilidade da correspondência", alegando que constam no processo documentos como correios eletrónicos e extratos bancários com informação pessoal.

Moçambique | Juízes expulsos por envolvimento em esquemas de corrupção

Em Moçambique, há juízes envolvidos em esquemas de corrupção. Analistas dizem que o sistema judicial está capturado pelo crime organizado, uma situação "no mínimo preocupante e grave" e receam um caos.

Em Moçambique, dois juízes foram expulsos por envolvimento em esquemas de corrupção. O Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC) confirmou a expulsão do juiz Acácio Mitilage, no distrito de Matutuíne, mais a sul da província de Maputo, por se ter apoderado de forma indevida de cerca de 50 mil euros.

Também o Conselho Superior de Magistratura Judicial confirmou, em finais de dezembro, a reforma compulsiva do juiz Rui Dauane por "falta de seriedade, honestidade e incapacidade de se adaptar às exigências de ordem ética e deontológica da função de magistrado."

O diretor de programas do Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD), Dércio Alfazema, lamenta o envolvimento de juízes em esquemas de corrupção.

"Ficamos preocupados quando percebemos que o setor judicial, que representa um dos poderes do Estado e que deveria por inerência ser mais resiliente, até porque julga casos relacionados com a corrupção, é no mínimo grave", diz.

OS PRIMEIROS ANOS DO COMBOIO EM ANGOLA*

Artur Queiroz*, Luanda

O primeiro “esboço” de caminho-de-ferro em Angola é de Pompílio Pompeu de Carpo, que em 1848 decidiu ligar Luanda a Calumbo por comboio, um meio de transporte revolucionário e que na época dava os primeiros passos. O autor, natural da ilha da Madeira, era homem dado a revoluções. Foi preso por atentar contra a coroa portuguesa e veio cumprir pena na Fortaleza de São Miguel.

O madeirense era homem culto e teve um papel importantíssimo na Imprensa Angolana. Era proprietário da tipografia que imprimiu o Boletim Oficial, o primeiro jornal angolano. Para recuperar a liberdade, ele ofereceu-a ao governador Pedro Alexandrino da Cunha. Dinamizou o Teatro Providência, foi panfletário e polemista. Falava fluentemente o inglês e tornou-se agente comercial com ligações privilegiadas à praça de Londres, que na época era o primeiro mercado de matérias-primas. Por isso fez fortuna fácil e rápida.

Em 1848, apresentou o projecto do caminho-de-ferro aos comerciantes de “Loanda” Silvano Francisco Luís Pereira e Eduardo Germak Possolo. Pompílio de Carpo ainda conseguiu incluir na sociedade “herr” Shut que era o cônsul honorário de Portugal em Hamburgo e facilitava a aquisição de locomotivas “Henchel” e as carruagens. As famosas locomotivas ficavam por conta do autor do projecto. Quem fizesse melhores condições, fornecia o material circulante.

Pompílio Pompeu de Carpo era mais dado ao teatro e ao jornalismo, por isso o projecto do caminho-de-ferro entre Luanda e Calumbo ficou para segundo plano. Os sócios também se desinteressaram, porque os custos das locomotivas e vagões eram elevadíssimos.

O governador-geral José Baptista de Andrade retomou o projecto, em 1862. Mas pouco adiantou, porque não conseguiu atrair capitais privados e os cofres públicos estavam depauperados. Mas em 5 de Agosto de 1873, o então ministro do Ultramar e da Marinha, Andrade Corvo, ordenou ao governador-geral de Angola que iniciasse de imediato a execução de projectos que dotassem Angola de “viação pública”. 

Em Luanda nada aconteceu. O ministro insistiu em 5 de Fevereiro de 1874. O governador ignorou as ordens. Pressionado por Lisboa, em Dezembro assinou um decreto que aprovava o contrato para construção do caminho-de-ferro de Calumbo, entre o Governo-Geral de Angola e um consórcio formado por poderosos comerciantes e industriais de Luanda: Augusto Garrido, Alberto da Fonseca Abreu e Costa, José Jacinto Ferreira da Cruz, proprietário da Fábrica de Tabacos Ultramarina, Ângelo Prado, Matoso da Câmara e Isaac Zagury.

Angola | GREVE DOS TAXISTAS MARCADA POR ARRUAÇAS NA VIA PÚBLICA

Tal como prometido na última semana, os taxistas de Luanda paralisaram as actividades, criando vários constrangimentos aos cidadãos, que foram obrigados a regressar a casa devido à falta de transporte.

Logo pela manhã, muitos taxistas decidiram encostar as viaturas em forma de protesto. Outros, em número reduzido, optaram por trabalhar, mas foram impedidos por lotadores, que obrigavam os passageiros a descer, criando enormes transtornos para chegar ao destino. Tal situação foi constatada na rota Calemba II/Vila de Viana, onde os meliantes aproveitaram o momento para assaltar os bens dos passageiros.

Na Avenida Deolinda Rodrigues, no troço entre Vila de Viana e Grafanil, muitos cidadãos foram obrigados a caminhar a pé nos dois sentidos. O mesmo cenário foi reportado em outros pontos da cidade de Luanda, como Cacuaco, Golfe, Benfica, onde foram registados actos de vandalismo. 

Um autocarro do Centro de Hemodiálise Sol foi completamente queimado pelos manifestantes, em Benfica. Num vídeo que circula nas redes sociais é possível ver os ocupantes do autocarro a serem apedrejados, o que os obrigou a descer imediatamente, antes de queimado.

A GRANDE MISTIFICAÇÃO

João Melo* | Diário de Notícias | opinião

A 33.ª edição do Campeonato Africano de Futebol (CAN) começou no domingo em Yaoundé, capital dos Camarões, com uma vitória da seleção da casa por 2 a 1 contra o Burkina Faso. Participam no torneio 24 seleções, entre as quais duas de países de língua portuguesa: Cabo Verde e Guiné-Bissau. O CAN é disputado de dois em dois anos.

O ativista egípcio de origem palestiniana Ramy Shaat, detido em sua casa no Cairo no dia 5 de julho de 2019, foi libertado pelas autoridades egípcias e chegou a Paris no passado sábado, 8, com uma condição: teve de renunciar à sua nacionalidade egípcia. Shaat foi uma das figuras de destaque na fracassada "primavera árabe" no Egito e é igualmente conhecido pela sua militância a favor de uma Palestina "independente e estável".

Os presidentes da Comunidade de Desenvolvimento da África Ocidental (CEDEAO) fecharam as fronteiras dos seus países com o Mali e suspenderam todas as transações comerciais com este último, até que as autoridades malianas aprovem e divulguem um calendário eleitoral confiável. O Mali é governado desde maio de 2021 por uma junta militar chefiada pelo coronel Assimi Goita, que pretende realizar eleições apenas dentro de cinco anos (depois de ter prometido fazê-las no presente ano).

Na Etiópia, o primeiro-ministro, Abiy Ahmed, anunciou no dia 7 deste mês, data do Natal etíope, uma amnistia para 37 figuras da oposição, surpreendendo a maioria dos políticos locais. O país, recorde-se, vive há 14 meses uma guerra civil. A intenção de Ahmed, depois que as autoridades conseguiram, em novembro do ano findo, rechaçar uma ofensiva das forças rebeldes, é reaver a iniciativa política, jogando a cartada do "equilíbrio". Para isso, propôs um "diálogo nacional", no qual deverão participar algumas das figuras amnistiadas.

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