Os antigos guerrilheiros de
distintos movimentos de libertação nacional e ex militares das Forças Armadas
Populares de Libertação de Angola (fAPLA), que participaram activamente na Luta
Armada de libertação nacional, em Cabinda, destacaram o dia 4 de Fevereiro como
sendo uma data muito importante na vida dos angolanos, por ter sido a partir da
qual puderam ser os donos dos seus próprios destinos.
A província de Cabinda
"forjou” muitos guerrilheiros, sobretudo do Movimento Popular de
Libertação de Angola MPLA, que, a partir da densa floresta do Maiombe,
desencadeavam inúmeras acções militares, que sempre culminavam com baixas
consideráveis ao exército colonial português.
O Coronel do Exército na reforma António Luís Fuca, de 67 anos, é um dos
intervenientes que o Jornal de Angola entrevistou, precisamente, para obter
dele algumas impressões à volta do dia 4 de Fevereiro, data que marca o início
da Luta Armada.
Começou por dizer que, face aos maus tratos que o colonialista português
impunha aos angolanos, consubstanciados na falta de liberdade, opressão,
trabalho forçado, entre outras sevícias, impôs-se a necessidade de, a partir do
processo de "nacionalismo”, unir forças e, com o apoio de várias
organizações de libertação nacional que emergiram nos anos 50, para derrubar o
colonialismo português.
Segundo António Luís Fuca, a luta desencadeada pelos nacionalistas angolanos
contra o colonialismo português, congregando no seu seio "vários
militares, comandantes e movimentos de libertação,” foi determinante para que
hoje os angolanos pudessem ser os donos dos destinos no seu país.
Para António Luís Fuca, a data reveste-se de um significado histórico, para
todo o angolano, porque "o angolano tem hoje identidade própria,” disse,
acrescentando que, no tempo colonial, o cidadão angolano não tinha o Bilhete de
Identidade sequer, mas apenas documento de identificação, "uma simples
cédula pessoal, estampada com um desenho com a cauda de
macaco”.
Referiu que todo o desenvolvimento em Angola é fruto do esforço de
nacionalistas, que se empenharam, com armas e catanas na mão, para ir à luta,
dando inclusive a sua vida, em troca da liberdade.
António Luís Fuca considera bastante louvável e merecida a homenagem que o
Estado Angolano atribuí a todos ex- guerrilheiros, antigos combatentes e,
fundamentalmente, aos heróis de 4 de Fevereiro, que, na madrugada desse mesmo
dia e no longínquo ano de 1961, empunhados com catanas, barras de ferro, entre
outros objectos contundentes, atacaram a casa de reclusão no São Paulo.
"Foi um processo que teve a participação de muitos actores, daí a
importância de o Governo angolano reconhecer o mérito, sacrifício e todo o empenho
deste patriotas envolvidos não só nos actos de 4 de Fevereiro, mas também em
todo o processo da luta de libertação, que veio dar a independência do país,”
ressaltou.
Afonso Kongo Lelo, 73 anos, general na reserva, é também uma testemunha que
fala sobre a epopeia da Luta de Libertação Nacional, destacando que "os
três movimentos nacionalistas, nomeadamente MPLA, FNLA e a UNITA, destacaram-se
na luta contra o colonialismo português”.
"Os três movimentos de libertação de Angola, todos se engajaram na luta
contra o colonialismo português,” reiterou.
Antigo guerrilheiro do Exército de Libertação Nacional de Angola (ELNA) da
FNLA, Afonso Kongo Lelo, vulgarmente conhecido por "Fogo no Inferno”,
alcunha trazida da guerrilha, onde esteve desde 1961, disse que o ataque à
cadeia de São, Paulo em Luanda, foi um acto bem planificado e corajoso e teve
como objectivo libertar todos os presos políticos que aí se encontravam,
privados de liberdade, por contestarem o regime colonial português.