domingo, 6 de fevereiro de 2022

OPÇÃO PELA LEGITIMIDADE DA RUPTURA!… -- Martinho Júnior

“CÍRCULO 4F” – APONTAMENTO DOIS SOBRE A PEDAGOGIA, O HUMANISMO E A HISTÓRIA QUE URGE SABER BALANCEAR!

Martinho Júnior, Luanda

Não há lógica com sentido de vida sem a perenidade de ruptura protagonizada desde a vanguarda do povo angolano que um dia foi o MPLA! O desvirtuamento da “democracia representativa” multipartidária é meio caminho andado para a fluência etno-nacionalista em pleno século XXI!

01- Ao longo dos séculos são os povos do Sul Global os maiores perdedores em relação à vida, desde logo quando em função da irracionalidade da barbárie eles se tornam incapazes da assumir a perenidade de ruptura face ao peso das cinzentas heranças em que por ausência de capacidade de vanguarda, em desespero se continua a vegetar!

Há indicadores da anomalia da não perenidade da ruptura que se prolongam até nossos dias, expondo severamente a cada ano que passa o peso do caudal e da devassa neocolonial e entre eles destaco as leituras que fazem os que produziram sucessivos Relatórios sobre os Índices de Desenvolvimento Humano, que atiram os países africanos (e apenas um asiático, o Afeganistão e um americano, o Haiti) para a cauda, onde são pasto neocolonial do directo domínio (por exemplo os que compõem o espectro da FrançAfrique), ou os que são atingidos pelo espectro de caos, de terrorismo, de desespero e ainda de desagregação, conforme à “inspiração” da doutrina Rumsfeld/Cebrowski de que se nutre até nossos dias a eminência parda e difusa do conjugado binómio Africom/NATO!

Aconselhamos a não ter desses Relatórios uma visão estritamente estruturalista, antes estudá-los em função dos factores dialéticos que atingem e caracterizam África, tornando todo o continente numa ultraperiferia económica da barbárie do ”hegemon” unipolar e dos seus instrumentos de ingerência e manipulação!

O Relatório evidencia nesse aspecto que todas as potências coloniais estão no rol de países do topo da lista, os que compõem o “Desenvolvimento Humano Muito Elevado”!

Para citar alguns que de algum modo estiveram presentes na Conferência de Berlim: Alemanha (6º), Países Baixos (8º), Reino Unido (13º), Bélgica (14º), Espanha (25º), França (26º), Itália (29º) e Portugal (38º)!

Na cauda dos sucessivos Relatórios sobre os Índices de Desenvolvimento Humano (“Desenvolvimento Humano Baixo”) estão os seguintes países (do mais elevado para o mais enfraquecido, entre o 157º posto e o 189º): Mauritânia, Benim, Uganda, Ruanda, Nigéria, Costa do Marfim, Tanzânia, Madagáscar, Lesoto, Djibouti, Togo, Senegal, Afeganistão, Haiti, Sudão, Gâmbia, Etiópia, Malawi, RDC, Guiné (Bissau), Libéria, Guiné (Conacry), Eritreia, Moçambique, Burkina Faso, Serra Leoa, Mali, Burundi, Sudão do Sul, Chade, República Centro Africana e Níger.

Em todos eles, ainda que em alguns tivessem ocorrido rupturas históricas, não houve a capacidade de tornar essas rupturas perenes e por isso o seu Não Alinhamento foi severamente descaracterizado, pois sofrem de pesadas evidências neocoloniais mergulhadas em subdesenvolvimento e a sua identidade nacional, em todas as transversalidades antropológicas e sociopolíticas, está enfraquecida ou mesmo neutralizada!

O Não-Alinhamento proactivo em função dessa não perenidade das rupturas, enfraqueceu-se na medida em que as vanguardas se foram diluindo por via de práticas pragmático-neoliberais que desembocam no neocolonialismo e obrigam os vegetais a preencher a cauda dos Índices de Desenvolvimento Humano!...

02- O Círculo 4F é legítimo assim não só pela sua indexação ao poder de inspiração do 4 de Fevereiro de 1961 em Angola e do 4 de Fevereiro de 1982 na Venezuela, mas por que ao identificar-se legitimamente com os fenómenos de vanguarda intrínsecos à libertação dos povos, à libertação popular e à necessidade de sua segurança vital, identifica-se com a construção patriótica de identidades nacionais quando só elas podem caracterizar o Não-Alinhamento proactivo, com os fenómenos inerentes à emergência e à multilateralidade que se abriga nas próprias convicções da Organização das Nações Unidas ao respeitarem os relacionamentos internacionais nos termos de sua Carta e de todas as iniciativas decorrentes dela, assim como com a necessidade de dar continuidade à luta contra o subdesenvolvimento, por que só assim poderá alguma vez haver desenvolvimento sustentável e resgate dum colonialismo de mais de cinco séculos!

Assim a ruptura patriótica que em Angola foram os fenómenos dos patriotas presos no que tem sido conhecido como “Processo 50” e do 4 de Fevereiro de 1961, foram rupturas contra o colonialismo, que inspiraram a afirmação do Movimento Popular de Libertação de Angola, MPLA, como vanguarda do povo angolano num quadro de Não-Alinhamento proactivo, que nada tem a ver com a suposta natureza de “equidistância” entre os blocos, conforme ao conceito hegemónico de “Guerra Fria”!

O Não-Alinhamento proactivo não faz favor algum à hegemonia por que é a base e ponto de partida para a emergência, a multilateralidade e a continuação da necessidade de luta contra o subdesenvolvimento a fim de resgatar os povos do Sul Global do subdesenvolvimento crónico a que tem sido votados durante mais de cinco séculos!

O Círculo 4F transatlântico confirma a perenidade da ruptura que por sua vez legitima a luta pela identidade nacional e a sua expressão continental em prol do sentido Não-Alinhado proactivo da unidade e coesão africana (de facto uma enfraquecida transversalidade da União Africana), tal como em prol do cada vez mais pujante sentido vital e histórico Bolivariano na América do Sul!

03- Para que a vanguarda não seja mais um conceito vão e em vão, há que muito balancear em relação ao passado antropológico, histórico, sociológico e psicológico em todo o continente africano, assim como nas antigas potências coloniais, algo sugerido pela acutilante exposição que nos alvores da Revolução Argelina fez Frantz Fanon!

No que diz respeito a Angola é por exemplo muito sensível balancear até onde foram as expressões do movimento popular de libertação, (não só em Angola, como também em África), como uma obrigação ética e moral própria da visão dialética indispensável à lógica com sentido de vida no “berço da humanidade”, de forma a avaliar quanto esse movimento se distancia da natureza colonial e neocolonial inerente ao oportunismo intrínseco à forja dos “etno-nacionalismos”!

A inspiração legítima que advém do “Processo 50” e dos acontecimentos do 4 de Fevereiro de 1961, de forma alguma se pode conformar à subversão interpretativa do etno-nacionalismo, mas as correntes mais colonialmente retrógradas do pensamento e da acção, integram os actos do 4 de Fevereiro numa esteira etno-nacionalista de seu interesse e conveniência até nossos dias, o que comprova que a descolonização mental tem ainda muita pedra a partir simultaneamente na Europa e em África!

Muitos autores dão corpo à manutenção dos postulados da não descolonização mental, por que às oligarquias e às elites avassaladas da hegemonia unipolar interessa não fazer esse balanço entre movimento popular de libertação e etno-nacionalismo, conforme a si próprio se impôs, em função dos fundamentos que pesquisou, o historiador René Pélissier!

Que interesses alimentam essa tão retrógrada opção desses autores e que plasmas as têm possibilitado fermentar até nossos dias?

O conhecimento fundamentado desses interesses e dos plasmas de feição dos processos dominantes da hegemonia unipolar respondem à questão que alimenta a natureza das correntes etno-nacionalistas em África nos nossos dias (servem-se dela) e isso serve a um enorme manancial de recurso que vai desde a formação de campanhas do âmbito da guerra psicológica de baixa intensidade, intensidade “soft power”, (como por exemplo a campanha do fraccionsimo do 27 de Maio alimentada a partir de Portugal contra Angola) até à manobra mobilizadora do jihadismo radical!

Quando por insuficiência de capacidades humanas militares o estado colonial-fascista português se viu obrigado, ainda que componente do Exercício da Aliança Contra os Rebeldes Africanos (AlCoRA), a “africanizar a guerra”, passou para os filtros do seu sistema de inteligência as responsabilidades que abarcavam a manobra político-administrativa e militar, implicada também na formatação dos etno-nacionalismos em Angola.

Foi por essa razão que o colonial-fascismo entendeu ser necessário que por via do Instituto de Ciências Sociais e Políticas Ultramarinas, ICSPU, tão exaustivamente fossem estudadas as etnias dos territórios colonizados, uma forja inspiradora que se tornou seu recurso e doutrina, bem como nele fossem “formados” os quadros superiores do sistema de inteligência, incluindo dentro das Forças Armadas Portuguesas!

O ICSPU “formou” a nata dos serviços político-administrativos e de inteligência colonial-fascista (neste caso tanto os quadros superiores dos Serviços Centralizados de Coordenação da Informação em Angola, SCCIA, como da Polícia Internacional de Defesa do Estado, Direcção Geral de Segurança, PIDE/DGS)!...

… São tão importantes que a oligarquia portuguesa decorrente do golpe da NATO a 25 de Novembro de 1975 em Lisboa, o mantém sem a designação “Ultramarina” (ICSP)!...

Em função disso a “africanização da guerra” levou à gestação duma alargada “mancha cinzenta” onde se fizeram medrar e proliferar as disputas inteligentes de intervenção por parte do colonial-fascismo, que por tabela foi também a malha que possibilitou a subversão etno-nacionalista contra o movimento popular de libertação em África (contra o MPLA em Angola, o PAIGC na Guiné e a FRELIMO em Moçambique)!

Em Angola os exemplos mais evidentes de etno-nacionalismo a sul foram conseguidos com os bosquímanos (que deram corpo aos Flechas e depois ao Batalhão 31 das Souh Africa Defence Forces, as forças militares do “apartheid”) e a UNITA, que por via de Savimbi assumiu os encargos da “Operação Madeira”, mais tarde reproduzidos pelo seu alinhamento sucessivo como força-tarefa do “apartheid” e da irmandade afrikander, tal como posteriormente se tornou força-tarefa accionada no âmbito da amplitude regional do quadro neocolonial do regime de Mobutu no Zaíre e desde ele!

A UNITA foi um etno-nacionalismo que com Savimbi se tornou de tal maneira versátil e aferida aos expedientes mais retrógrados, que foi sucessivamente filtrada pelo colonialismo, pelo “apartheid”, pelo exercício neocolonial do regime de Mobutu, a ponto de por via dessa bárbara trajectória ser hoje, num quadro duma “democracia representativa à angolana”, um tentáculo dos processos de inteligência das antigas potências coloniais filtradas pelas alas mais retrógradas do Vaticano, as que em nada se identificam com o Vaticano IIº e tanto têm a ver com a indústria europeia de armamento, na Alemanha, no Reino Unidos, na França e em Itália (“Le Cercle”)!

Não é de admirar que tenham agora ido buscar o ADI Timor a Israel, a fim de assessorar o seu Presidente português, Adalberto da Costa Júnior, durante o pleito eleitoral que ocorrerá este ano em Angola!

O fraccionismo protagonizado por Daniel Chipenda dentro do MPLA e os termos da mobilização humana que praticou, tem também que ver com essa forja, sofisticada em função das condições sociopolíticas existentes por outro lado na Zâmbia, em tornmo do seu poder de estado em meados da década de 70 do século passado!

A norte outros dois exemplos “frutificaram”: o da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda, FLEC, o rótulo escolhido para o fermento e a trajectória dos grupos sob supervisão de Alexandre Tati, que os serviços de inteligência coloniais consideravam muito a propósito de “pseudo-terroristas” e a FNLA, na medida que se foi distanciando da UPA e em função desde logo dum Governo Revolucionário de Angola no Exílio, GRAE, que foi cada vez mais filtrado quer pela inteligência do regime de Mobutu, quer pela inteligência colonial (em Kinshasa a PIDE/DGS teve uma malha de penetração sofisticadamente eficaz por via da comunidade portuguesa residente, em especial no sector dos comerciantes).

A “africanização da guerra” levou também o colonial-fascismo português envolvido no Exercício AlCoRA a criar unidades de contraguerrilha componentes das Forças Armadas Portuguesas, a partir de centros como a Escola de Aplicação Militar de Angola (EAMA), os três Regimentos de Infantaria, os Centros de Formação de Comandos, Grupos de Artilharia de Campanha e outros, assim como à criação de milícias como os Grupos Especiais, as Tropas Especiais, as unidades da Organização Provincial de Vigilância e Defesa Civil de Angola (OPVDCA), as unidades de Guarda Rural, os Fieis (a partir dos refugiados que antes haviam sido os “gendarmes katangueses” ao serviço de Moisés Tshombe) e os Leais, refugiados zambianos originários sobretudo da região barotse!

Incentivar os etno-nacionalismos fomentando a divisão étnica-tribal foi uma constante colonial-fascista do campo de manobra da “africanização da guerra” em Angola (dividir e dividir para melhor reinar) e por isso foi feito um enorme esforço para fazer gerar um etno-nacionalismo quimbundo tentando filtrar as células em luta clandestina do MPLA e a Iª Região Político Militar, à ilharga norte e leste do cinturão de defesa do colonialismo em Luanda!

Na Iª Região Política Militar do MPLA (Nambuangongo e Dembos), houve um quadro que exemplarmente percebeu essa manobra subversiva: o Comandante César Augusto Kiluange, que dessa maneira conseguiu identificar linhas de penetração colonial-fascistas, algumas delas por ele criteriosamente já expostas por via de suas próprias intervenções!

Esse expediente incluiu a manobra conjugada da PIDE/DGS nas centrais que criou no Caxito, em Kibaxe, em NDalatando (então Salazar) e em Catete, integrando o esforço na manobra geral da Acção Psicológica e das “sanzalas da paz” (muitas delas com pequenos fortins, que foram simultaneamente construídos com outros fortins nas fazendas de café e em muitas pequenas localidades rurais no norte de Angola)!

Incluiu por isso também a manobra dentro das prisões, procurando dividir os nacionalistas longe do contacto com a vanguarda do MPLA e sob alçada directa do seu poder, de forma a projectar o futuro do contencioso que se foi radicalizando entre os “do interior” face aos que com a vitória viriam a chegar “do exterior” (algo que foi por exemplo detectado pelo camarada Hermínio Escórcio a ponto de identificar o mentor ideológico dessa manobra dentro das prisões do Tarrafal e São Nicolau, na forja do fraccionismo que desembocou no 27 de Maio de 1977: Eduardo Artur Santana Valentim, Juca Valentim)!...

A continuidade da campanha fraccionista do 27 de Maio de 1977, tem que ver não só com a não descolonização mental de sectores importantes da oligarquia portuguesa (uma parte a ponto de influenciar a sensibilidade sociopolítica dentro dum Partido como o Socialista Português, particularmente intoxicado desde o exercício de Mário Soares por outro lado mentor de Savimbi), como também em Angola por via dos que se acobertam oportunisticamente em correntes de orientação etno-nacionalista quimbundo que subsistem sem descolonização mental até nossos dias e continuam a qualificar os “do interior” contra os “do exterior” num quadro que no MPLA tem tudo a ver com a subversão da vanguarda e da inspiração patriótica semeada desde o Processo 50 e o 4 de Fevereiro de 1961!

04- A utilização dos acontecimentos do 4 de Fevereiro servem também à tentação etno-nacionalista filtrada por alguns dos esforços colonial-fascistas em Luanda e na Iª RPM do MPLA, algo que tem a ver com a “autenticidade” que se lhe quer atribuir, uma “condição” que foi indispensável para o fermento do embrião etno-nacionalista quimbundo que desembocou na tentativa do golpe de estado do 27 de Maio de 1977, mas não se limitou à mobilização humana dos que o protagonizaram!

Esse embrião de etno-nacionalismo procurou mergulhar no complexo familiar e a partir dele fomentar as correntes oportunistas que tentam subverter a qualidade de vanguarda do MPLA!

Por exemplo: procuravam infiltrar os comités do MPLA em luta clandestina dentro do espaço angolano e particularmente nas cidades e em algumas zonas rurais, células essas que tanto tinham a ver com as famílias de patriotas que alimentavam a chama da legitimidade da libertação popular!

Muito trabalho operativo colonial-fascista era feito prendendo, torturando, desterrando ou mesmo fazendo desaparecer membros das famílias angolanas para melhor as pressionar, as coagir, as penetrar e as manipular de forma inteligente!...

Muitos dos comités do MPLA em luta clandestina responderam com mais clandestinidade e comunicação na direcção da vanguarda, conforme foi provado pelo Angola Combatente emitido pela Rádio Brazzaville!

A vanguarda do MPLA sabia da manobra colonial-fascista de forma difusa, caso a caso e constatava as suas implicações, mas o inquebrantável Presidente António Agostinho Neto, assim como os que estavam em seu entorno (inclusive alguns quadros originários de sua própria terra-natal, Catete), por via da ideologia proactiva Não-Alinhada atraía esse imenso plasma humano colocado na zona cinzenta da inteligente impulsão colonial-fascista em Angola, por que em sua energia havia a firme convicção que o colonial-fascismo estava em dias terminais e, com ele, seus recursos doutrinários, ideológicos e práticos, que animavam aliás suas superestrutura de pensamento e acção, recursos que iriam de algum modo passar à história!

Se essa corrente estava sob o jugo colonial-fascista em dias terminais, o fermento de sua sequela alongou-se para além do seu fim, não só na radicalização que levou à tentativa de golpe a 27 de maio de 1977, mas também à oportunidade de fermentação de correntes que actuaram na subversão interna do MPLA Partido de Trabalho, identificáveis nas tensões entre os “do interior” e os “do exterior” (os que haviam feito a guerrilha do MPLA e fundaram as FAPLA), algo que a linha pragmático-liberal do Presidente José Eduardo dos Santos em síntese explorou para consolidar seu poder cada vez mais sob os impactos neoliberais, embora continuasse até ao fim o programa da luta contra o “apartheid” numa base de luta popular generalizada, ou seja numa base cívico-militar que foi deliberadamente desgastada até 31 de Maio de 1991, data da assinatura do Acordo de Bicesse!...

O colonial-fascismo tentou que o embrião etno-nacionalista quimbundo algum dia se posicionasse ao nível do etno-nacionalismo da UNITA, podendo ou não juntar-se ao fraccionismo etno-nacionalista protagonizado por Daniel Chipenda contra a vanguarda do MPLA em torno do Presidente António Agostinho Neto! 

Em tempo colonial-fascista isso não haveria de ocorrer, mas a perversidade dessa semente redundaria em alguns frutos!

O seu prolongamento sustentou-se do facto da linha pragmática-neoliberal ter absorvido na via da “democracia representativa” multipartidária alguns dos outros etno-nacionalismos, particularmente a UNITA, ou inspirado novos actores, como o caso do Partido da Renovação Social, PRS!

Foi a tal ponto esse procedimento, que entre 2002 e 2017 até guerra psicológica foi fazendo à comunidade de inteligência e segurança do que havia sido a República Popular de Angola, comunidade essa que foi deliberadamente mantida em congelamento por via da marginalidade e do ostracismo a que foi condenada pelo novo poder que foi gerado até ele chegar ao apodrecido clímax da corrupção!

Martinho Júnior, Luanda, 6 de Fevereiro de 2022

Imagem do “Mural do Maculusso”, da autoria do pintor angolano António Ole – Luanda, Los Angeles, Lisboa – Sigam-se os passos de António Ole, a partir do princípio: Luanda, finais dos anos 1960, início dos anos 1970. “Comecei a pintar nesse período, queria ser um artista e acabei por ser actor de um movimento de mudança”, recordahttps://www.flickr.com/photos/pedrosimoes7/29856082810

Anteriores a consultar:

- O Sahel contra as cordas – https://paginaglobal.blogspot.com/2022/01/o-sahel-contra-as-cordas.html;

- O poder do silêncio na luta pela liberdade –  https://paginaglobal.blogspot.com/2022/01/o-poder-do-silencio-na-luta-pela.html;

- o mais que legítimo passado para além da memória –  https://paginaglobal.blogspot.com/2022/02/o-mais-que-legitimo-passado-para-alem.html

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