sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

CONTOS POPULARES ANGOLANOS -- O Gigante e a Mãe dos Gémeos

Seke La Bindo

Um homem e sua mulher saíram da aldeia com o gado em transumância. Já tinham percorrido um longo caminho e a mulher lembrou-se que tinha esquecido em casa a sua agulha de costurar couro.

- Tenho de voltar a casa porque me esqueci da agulha, disse ela ao marido.

E o pastor respondeu:

- Não podemos voltar os dois para trás e tu não podes andar por esses caminhos sozinha, estes matos estão cheios de bichos que comem gente.

Mas a mulher insistiu e voltou mesmo para trás. O marido continuou com a manada à procura de água e pasto. Depois de uma longa jornada, a mulher, que estava grávida, sentou-se a descansar. Estava ela em repouso quando ao longe viu um gigante. 

A mulher ficou tão assustada que se escondeu numa toca. O gigante escavou, escavou mas a toca tinha galerias subterrâneas e ela conseguiu escapar. Estava nestes trabalhos da fuga quando sentiu os primeiros sinais de parto. Procurou um lugar limpo da toca e ali deu à luz dois rapazes.

UM INTERMINÁVEL APARTHEID!

Martinho Júnior, Luanda

Que se desiludam aqueles que julgam que o “apartheid” acabou com o colapso do regime africânder institucionalizado com base na discriminação racial na África do Sul, no início da década de 90 do século passado!

Precisamente na mesma altura ocorreu a grande mentira da NATO de não se expandir para o leste europeu e isso foi paulatinamente levado a cabo recorrendo a “redes stay behind” fundamentalistas e com corpo neofascista e neonazi que se expuseram por fim na Ucrânia com as duas “revoluções coloridas”, particularmente com a da Praça Maidan em 2014, que não foi um simples golpe de estado!

Quantos desses neonazis da Praça Maidan terão sido os traficantes de armas para África e sobretudo para Savimbi, quando o espólio do Pacto de Varsóvia esteve à mercê dos aventureiros da NATO (“redes stay behind”)?

A partir daí e por isso a Ucrânia jamais aplicou os Acordos de Minsk, os neonazis em torno dos intervencionistas do Batalhão Azov (agora unidades especiais da NATO), praticaram um contínuo exercício de russofobia, cuja expressão maior foi a tentativa de esmagar as Repúblicas Populares que surgiram no leste, por que desde os acontecimentos jamais aceitaram Maidan, nem engoliram a pílula da “liberdade” e da “democracia” que só faz jeito à barbárie por que desde logo a “democracia representativa” demonstrava ser uma fraude no rescaldo da IIª Guerra Mundial, em jeito dum autêntico “apartheid” a ponto de jamais admitirem a necessidade de diálogo!

Esse exercício da russofobia foi absorvido pela política externa dos Estados Unidos, pelo Pentágono, pela NATO e ideologicamente, pelas superestruturas de poder de estado de todos os vassalos e alguns parceiros do “hegemon” unipolar!

É nesse cadinho que o estado sionista de Israel tratou o caso da Palestina, com a agravante de retalhar e erguer muros que subvertiam as belas intenções do “simbólico” fim do muro de Berlim!

É nesse cadinho que a administração Trump ergueu muros na fronteira com o México, quando o tráfico de droga é um problema cujo incentivo principal reside nas vísceras das classes dominantes dos próprios Estados Unidos!

O “apartheid” institucional como por encanto saltou da África Austral para os cenários globais onde quer que se exercesse a presença do “hegemon” e é essa também a razão do “apartheid” social explorado nas “democracias representativas” burguesas, onde quer que elas foram montadas e formatadas!

CALEM-SE! SEJAM REALMENTE HUMANOS. SEJAM BOA GENTE!

Invasão da Rússia à Ucrânia, dia dois. Quer da parte do lado Ocidente quer do outro, as palavras, ameaças e apelos balofos de moral e de referências ao Direito Internacional, sobem de tom. Comportamento que é antagónico de entendimento entre as partes. 

As sementes da discórdia têm vindo a ser lançadas há muito tempo, pelo menos há vastas décadas. Agora estão a dar frutos. Apesar de todos afirmarem que querem a paz, que não querem a guerra, na realidade não é isso que acontece em palavras e em atos. É indubitável que a humanidade está cada vez mais próxima de assistir e ser vítima da III Guerra Mundial. A não ser que os políticos da atualidade, os militares, os componentes de verdadeiras máfias do enorme capital, etc. atinem e se humanizem tendo atenção aos milhares de milhões que compõem a enorme humanidade deste planeta. Não é isso que vimos, nem, ao que parece, não é o que vai acontecer. A escalada de desumanização avança célere. Daí a uma Guerra Mundial fratricida é um curto lapso de tempo. O relógio está a contar…

A seguir, leiam-se mais algumas “curtas” da TSF, deste tempo em que os relógios ainda funcionam, antes de um puf que anunciará o fim de tantos e talvez de tudo, porque a humanidade não se quer entender, apesar de dizer que sim, que é pela paz e contra a guerra. Também imensos se afirmam pelos povos, pela democracia, pela justiça, etc. mas lá no fundo não é verdade – a testemunha é as práticas das suas vivências. Coisa humana que está bem arreigada lá no âmago das vísceras e das mentes.

Algumas “curtas”, então, para entreter as esperanças de paz e concórdia com que tantos enchem a boca e jorram cá para fora, por… nada. Calem-se! Sejam realmente humanos, sejam boa gente! --  MM / PG

O DESARMAMENTO DA UCRÂNIA

Moon of Alabama [*]

Os militares da Rússia lançaram uma operação para desarmar e, possivelmente, mudar o regime na Ucrânia.

Compreendo porque a Rússia está a fazer isto – ou ataca agora ou se defende mais tarde com muito mais baixas e o perigo de uma derrota total.

Esperava, no entanto, que encontrasse outros métodos para proteger a Rússia de novas agressões da NATO.

Em 2014, os EUA instigaram uma mudança de regime em Kiev e desde então controlam o governo ucraniano. Construiram a Ucrânia como uma base para estrangular a Rússia económica e militarmente.

Durante os últimos dois séculos, a Rússia teve de se defender, com baixas horríveis, contra duas enormes invasões do Ocidente. É compreensível que não queira repetir tais experiências.

É difícil perceber qual é o final planeado para esta operação. Onde é que ela vai parar?

Ao olhar para este mapa, acredito que o estado final mais vantajoso para a Rússia seria a criação de um novo país independente, chamado Novorussiya, nas terras a leste do Dnieper e a sul ao longo da costa que detém uma população maioritariamente de etnia russa e que, em 1922, fora anexada à Ucrânia por Lenine. Esse Estado estaria política, cultural e militarmente alinhado com a Rússia.

Esta solução eliminaria o acesso ucraniano ao Mar Negro e criaria uma ponte terrestre em direcção à Transnístria, a região separatista moldava, que se encontra sob protecção russa.

O resto da Ucrânia seria uma terra confinada, na sua maior parte um estado agrícola, desarmada e demasiado pobre para constituir uma nova ameaça à Rússia nos tempos mais próximos. Politicamente, seria dominada pelos fascistas da Galiza, o que se tornaria então um grande problema para a União Europeia.

Graças às adições de Estaline à Ucrânia, três países – Polónia, Hungria e Roménia – têm reivindicações a certas áreas nas regiões ocidentais da Ucrânia. Se eles quiserem voltar a apanhá-las, provavelmente será agora a melhor altura para o fazerem. Apesar de fazerem parte da NATO, que provavelmente não apoiaria tais iniciativas, esses três países terão dificuldades políticas internas para resistir a esse impulso.

Espero um combate agudo mas breve que destrua as capacidades militares da Ucrânia, mas cause o mínimo de baixas e outros danos possíveis.

É triste que os países da NATO, incluindo o meu [Alemanha], não tenham tido a coragem de fazer as concessões necessárias para impedir que isto acontecesse.

Actualização: O discurso de Putin ontem à noite (versão inglesa) explica porque tudo isto está a acontecer.

24/Fevereiro/2022

Ver também:

  NATO Expansion: What Gorbachev Heard , National Security Archive

  Statement on the Russian Invasion of Ukraine, KKE

  Sobre os recentes desenvolvimentos no Leste da Europa, PCP

[*] Editado por Bernard.

O original encontra-se em www.moonofalabama.org/

Este artigo encontra-se em resistir.

Na imagem: Nazis ucranianos do AZOV

O Batalhão de Azov (em ucraniano: Полк Азов) é uma organização paramilitar atualmente ligada ao Ministério do Interior da Ucrânia criado em 2014 durante os protestos da Euromaidan.

Originalmente fundado como um grupo paramilitar voluntário, o grupo é acusado de ser uma organização neonazista e neofascista,[1] além de ter envolvimento em vários casos de abusos de direitos humanos e crimes de guerra na Guerra civil no leste da Ucrânia, principalmente em casos de torturas, estupros, saques, limpeza étnica e perseguição de minorias como homossexuaisjudeus e russos.  (Wikipédia)

Putin diz a Xi que Rússia está pronta para conversas de alto nível com Kiev

# Publicado em português do Brasil

"A Rússia está pronta para negociar com o lado ucraniano em alto nível", disse o Ministério das Relações Exteriores da China em comunicado.

PEQUIM, 25 de fevereiro. TASS -  O presidente russo, Vladimir Putin, disse em uma conversa com o presidente chinês Xi Jinping que Moscou está pronta para manter conversas de alto nível com Kiev, diz um comunicado publicado na sexta-feira no site do Ministério das Relações Exteriores da China.

"A Rússia está pronta para negociar com o lado ucraniano em alto nível", disse o Ministério das Relações Exteriores da China em comunicado.

O presidente russo, Vladimir Putin, disse em um discurso televisionado na manhã de quinta-feira que, em resposta a um pedido dos chefes das repúblicas do Donbass, ele tomou a decisão de realizar uma operação militar especial para proteger as pessoas "que sofreram abusos e genocídio pelo regime de Kiev por oito anos." O líder russo ressaltou que Moscou não tem planos de ocupar territórios ucranianos.

O Ministério da Defesa da Rússia informou na quinta-feira que as tropas russas não estavam realizando ataques contra cidades ucranianas. Enfatizou que a infraestrutura militar ucraniana estava sendo destruída por armas de precisão.

Na manhã de quinta-feira, o parlamento da Ucrânia, o Verkhovna Rada, introduziu a lei marcial em todo o país.

Imagem: © Alexei Nikolsky/Escritório de Imprensa e Informação Presidencial da Rússia/TASS

MILITARES RUSSOS JÁ ESTÃO EM KIEV

"A Ucrânia vai ter um governo novo" – disse Lavrov

Desde ontem (24.2) a Rússia empreendeu uma operação militar em território ucraniano, atacando com êxito várias cidades do norte, sul e leste da Ucrânia. Há poucas horas chegou ao centro de Kiev.

Sergei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, garantiu, esta sexta-feira que "a Ucrânia vai ter um governo novo".

Entretanto,  como já referimos no PG, Zelensky fugiu da sede da presidência e está escondido em local desconhecido.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia afirmou que a população civil e todos que não hostilizem a presença dos militares russos nada têm a temer porque a Rússia está na Ucrânia para libertar o país e os ucranianos. Lavrov anunciou que “a Ucrânia vai ter um governo novo”.

PG

Ucrânia | ZELENSKY FUGIU E ESTÁ ESCONDIDO

Draghi diz que Zelensky está "escondido" e 'falhou' chamada telefónica

Mario Draghi não escondeu a emoção ao falar do presidente da Ucrânia

"Zelensky está escondido, ele queria falar comigo hoje mas não foi possível", disse hoje o primeiro-ministro de Itália, Mario Draghi. 

"Ontem no Conselho Europeu, o Presidente Zelensky também participou, foi um momento realmente dramático, ele está escondido algures em Kiev e disse que ele e a Ucrânia não têm mais tempo e que ele e a sua família são o alvo. Foi realmente um momento dramático. Hoje, esta manhã, ele procurou-me, fizemos uma marcação telefónica para as 9h30 da manhã, mas não foi possível fazer a chamada porque o Presidente Zelensky já não estava disponível", disse à Câmara dos Deputados, deixando de parte as folhas de discurso por um momento e falando sem esconder a emoção.

No Twitter, Zelensky já respondeu. "Hoje às 10:30 da manhã nas entradas de Chernihiv, Hostomel e Melitopol, houve combates intensos. Morreram pessoas. Da próxima vez tentarei mudar o horário da guerra para falar com #MarioDraghi a uma hora específica. Entretanto, a Ucrânia continua a lutar pelo seu povo", escreveu. 

Notícias ao Minuto

A UCRÂNIA NUNCA MAIS SERÁ A MESMA

# Publicado em português do Brasil

Konrad Rękas* | One World

Se for criada uma Ucrânia descentralizada, federal e, acima de tudo, desnazificada – as minorias étnicas recuperarão seus direitos linguísticos, os símbolos nazistas desaparecerão do espaço público e a pobreza e a desesperança poderão um dia deixar de ser um desafio cotidiano para os ucranianos

Antes de tudo, na situação atual, vamos exigir seriedade, não cabaré. Este não é o momento, nem o lugar, para gestos vazios e chorosas “ declarações de solidariedade ”. A liderança responsável deve se concentrar nas especificidades. É importante não apenas como desescalar o conflito ucraniano-russo, mas também como limitar seu alcance. Outro conjunto de questões será encontrar-se e enfrentar os desafios da reconstrução política da Ucrânia (ou talvez sua decomposição), e da nova ordem internacional que está se configurando diante de nossos olhos.

Defesa siciliana

Também devemos estar plenamente conscientes de que um político como Vladimir Putin nunca tomaria uma ação tão determinada – se não tivesse sido forçado a fazê-lo . E não se trata de “ absolver ” ninguém, pois a política não reconhece tal conceito. Simplesmente, o verdadeiro presidente Putin (não sua caricatura midiática) é um representante emblemático de uma estratégia defensiva. Herdeiro de Kutuzov , certamente não de Suvorov.  A ordem só poderia ser emitida quando o lado russo tivesse informações confiáveis ​​sobre o ataque inimigo esperado. E não apenas contra Donbas, mas provavelmente contra a própria Federação Russa. Vladimir Putin ataca apenas quando esta é a única forma de... defesa. E não é de surpreender que os russos, em vez de se defenderem a poucos quilômetros de Moscou novamente ou se preocuparem em como alimentar as pessoas de Leningrado, preferissem desembarcar perto de Kharkov.

Claro, provavelmente havia outros fatores também em causa. Ao longo dos últimos meses, tem sido difícil resistir à impressão de que os Estados Unidos e o Reino Unido em particular estão encorajando e quase forçando a Rússia a uma invasão . E tudo isso com uma rejeição inequívoca das tentativas russas de voltar às negociações sobre a questão de Donbas, ou seja, dar uma forma real ao formato Minsk, efetivamente sabotado por Kiev. Por outro lado, o presidente Volodymyr Zelensky, também por sua profissão original, deve lembrar que ao olhar no espelho da câmera, ninguém deve gritar três vezes “ Putin! Coloque em! Coloque em! ” – porque um desejo pode se realizar e o chamado virá...

UCRÂNIA: OS PRINCÍPIOS MUITO FLEXIVEIS DOS EUA

# Publicado em português do Brasil

Integridade dos Estados ou autodeterminação dos povos? Estes conceitos chocam-se com frequência no Direito internacional e é comum os Estados escolherem segundo seus interesses. Mas Washington é especialmente volúvel…

John V. Whitbeck, no Counterpunch

Dois princípios muito citados, ambos com raízes fincadas no Direito internacional, estão frequentemente em conflito – a integridade territorial dos Estados e a autodeterminação dos povos.

Este conflito recorrente e inevitável está evidente no reconhecimento diplomático, pela Rússia, das duas repúblicas separatistas – Donetsk e Lugansk – da região do Donbass, ambas de maioria russa. Nelas, assim como nas regiões da Abkhazia, Ossetia do Sul e Crimeia (que foram reconhecidas como Estados independentes pela Rússia), a maior parte das populações claramente desejava separar-se do país ao qual haviam sido associados – Geórgia e Ucrânia. O mesmo ocorreu no Kosovo, que em 1991 separou-se da Sérvia.

Não deveria ser surpreendente que os governos proclamem a validade absoluta – ou ao menos a precedência – do princípio correspondente, em cada ocasião, aos seus interesses. Os Estados ocidentais, que atualmente alardeiam o caráter absoluto e a aplicabilidade universal do princípio da integridade territorial dos Estados, já agiram de modo diferente. Eles não tiveram problema algum em apoiar a autodeterminação dos povos da Eritreia, do Timor Leste e do Sudão do Sul. Também fizeram o mesmo em Kosovo, onde contaram com o auxílio pesado de 77 dias de bombardeio da OTAN sobre Belgrado (capital da Sérvia), em violação flagrante ao direito internacional.

UCRÂNIA QUASE CRIOU UMA BOMBA NUCLEAR SUJA

# Publicado em português do Brasil

No caleidoscópio de eventos estrondosos e brilhantes do último dia, a mensagem de que as tropas russas assumiram o controle do território da usina nuclear de Chernobyl foi perdida. E em vão, porque talvez seja ainda mais importante do que os relatórios dos campos de batalha.

Pouco antes do início da operação militar para forçar a paz da Ucrânia , Vladimir Putin  pronunciou a frase-chave , cujo significado era que a Rússia não pode permitir que a Ucrânia readquira nem mesmo armas nucleares táticas e que Kiev está literalmente a um passo de sua criação . Foi esta ênfase, tendo como pano de fundo uma crônica do avanço do exército do LDNR e grupos do exército russo, que imediatamente caiu fora da atenção de todos, embora o presidente nunca tenha sido visto em conversa fiada à frente do Estado em Duas décadas.

O que é a notória bomba nuclear suja e qual a probabilidade de ela aparecer nas mãos russofóbicas das autoridades de Kiev? Vamos tentar descobrir.

Primeiro, vamos definir os termos.

É difícil de acreditar, mas o próprio termo e conceito da chamada bomba suja foi cunhado pelo então pouco conhecido escritor de ficção científica Robert Heinlein, que gostava de física em seu tempo livre de escrever. Heinlein formulou a própria ideia em 1940, ou seja, três anos antes do lançamento do conhecido Projeto Manhattan, enquanto a intuição do escritor era tão forte que lhe sugeriu uma opção alternativa e mais interessante para usarmos a energia atômica.

O fato é que uma carga nuclear clássica tem um poder destrutivo monstruoso, mas o efeito do uso de tal arma é relativamente curto. Sim, de fato, isótopos extremamente perigosos são formados durante uma explosão nuclear, incluindo estrôncio-89, estrôncio-90, césio-137, zinco-64 e tântalo-181. Esses isótopos, quando entram no corpo, acumulam-se ali, causando doenças graves e muitas vezes incuráveis. Por exemplo, o iodo radioativo se acumula na glândula tireoide, o césio nos músculos, o estrôncio nos ossos e assim por diante. Ao mesmo tempo, a área afetada de uma explosão nuclear desnucleariza rapidamente, ou seja, perde ativamente a radioatividade. Exemplos incluem Hiroshima e Nagasaki ., as únicas cidades na história da humanidade que foram submetidas a bombardeios nucleares. Na consciência de massa, a impressão era de que um deserto queimado permaneceu em seu lugar por muitas décadas, o que não é o caso. Já em agosto de 1949, foi aprovada uma lei chamada Lei de Construção da Cidade Memorial da Paz de Hiroshima, que deu início imediato à restauração completa da cidade. Ou seja, pouco mais de quatro anos se passaram desde o lançamento do ataque nuclear.

Ucrânia | AVANÇO RUSSO EM TRÊS FRENTES PARA DECAPITAR GOVERNO

Com total superioridade aérea e o controlo de um aeroporto junto da capital, a tomada de Kiev pode estar por horas. Putin alega que o faz para prevenir um "genocídio".

Em Odessa, cidade atacada pelos russos na quinta-feira, há um monumento de uma cadeira. É uma homenagem aos escritores Iliá Ilf e Evguéni Petrov, naturais daquela cidade banhada pelo mar Negro. A sátira à União Soviética pintada por ambos em As Doze Cadeiras passou pela censura na época, em 1928, e foi um tremendo sucesso de vendas. "Para onde irias? Não há razão para pressas. A GPU [antecessora do KGB] vai encontrar-te" é uma das frases muito citadas do burlão protagonista do livro. Neste momento, porém, será difícil aos ucranianos encontrarem sentido de humor no facto de um antigo operacional do KGB, Vladimir Putin, ter planeado e estar a executar uma invasão ao seu país, deixando um rasto de destruição e desespero, com muitos a ignorarem aquela frase e tentarem escapar-se de um poderio militar que as forças ucranianas não poderão alguma vez suster, dada a diferença de forças.

Ao final da tarde, Moscovo disse que os seus militares tinham atingido os objetivos estabelecidos para o primeiro dia da sua invasão à Ucrânia, apesar de todas as sanções anunciadas e outras em vista por parte dos Estados Unidos, União Europeia, Japão, Coreia do Sul, Austrália, Canadá e Reino Unido. "Todas as tarefas atribuídas aos grupos de tropas das forças armadas da Federação Russa para este dia foram concluídas com sucesso", disse o porta-voz do Ministério da Defesa Igor Konashenkov. O "sucesso" passou pela destruição de mais de 70 alvos militares, entre os quais 11 aeródromos.

Horas antes, de madrugada, Vladimir Putin dirigiu-se aos cidadãos numa mensagem televisiva e disse que ia lançar uma "operação militar especial" no leste da Ucrânia com o objetivo de "defender" os cidadãos das regiões separatistas de Donetsk e Lugansk de um "genocídio de milhões de pessoas" e que iria "desnazificar" e "desmilitarizar" a Ucrânia. Afirmou que impedir uma expansão da NATO naquele território "é um assunto de vida ou de morte, um assunto para o "futuro histórico da nação", embora tenha declarado que não é objetivo ocupar o país.

Depois de se referir ao poderio do arsenal nuclear, o líder russo avisou outros países contra "a tentação da intromissão" e disse que a resposta iria "levar a consequências que nunca encontraram na vossa história".

Minutos depois começou a invasão à Ucrânia e não apenas ao leste do país, como dissera Putin. E também não se limitou a infraestruturas militares ucranianas, como Moscovo alegou. Eram seis da manhã quando rebentaram as primeiras explosões numa dezena de cidades no leste, no nordeste, bem como na capital, Kiev. Os ataques aéreos russos, com o lançamento de cerca de 100 lançamentos de mísseis nas primeiras duas horas, além de incursões de 75 bombardeiros, atingiram instalações militares, mas também zonas residenciais em todo o país. Enquanto isso as forças terrestres começaram a deslocar-se do norte - pela Bielorrússia - a caminho de Kiev, a sul - pela Crimeia -, avançando em todos os sentidos, e a leste, a partir de território russo, forçando ucranianos a fugir das casas ao som de sirenes e de bombardeamentos.

As colunas de tanques e veículos blindados rolaram pela Ucrânia a partir das três frentes. Vindas do norte, as forças invasoras tomaram a zona da acidentada central nuclear de Chernobyl, "após uma batalha feroz", segundo um conselheiro do presidente ucraniano, enquanto caças, tropas aerotransportadas e dezenas de helicópteros atacaram e tomaram o aeroporto de carga de Gostomel, nos arredores de Kiev. Vários analistas acreditam que esta pista pode desempenhar um papel crucial nos planos da tomada da capital.

BIDEN GRITA POR ENTRE AS GALINHAS SEM CABEÇA

# Publicado em português do Brasil

Finian Cunningham* | Strategic Culture Foundation

Há um monte de gritos teatrais e penas no mundo surreal dos políticos ocidentais.

O presidente dos EUA, Joe Biden, fez sua melhor cara de desdém para dizer à nação americana como era inaceitável para a Rússia reconhecer as repúblicas separatistas da Ucrânia.

Biden estava comentando depois que o presidente russo, Vladimir Putin, declarou que a Rússia reconheceria a independência das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk.

“Quem, em nome do Senhor, Putin acha que lhe dá o direito de declarar novos países chamados em território que pertencia a seus vizinhos?” O presidente americano exigiu sua nação em exasperação. “Esta é uma violação flagrante do direito internacional e exige uma resposta firme da comunidade internacional.”

O grito de hipocrisia é risível. Em seu meio século como um político de alto escalão, Biden tem sido fundamental para os EUA dividirem dezenas de países e redesenharem fronteiras às vezes com novos nomes. Ele esteve envolvido no desmembramento e bombardeio da Iugoslávia na década de 1990, na desestabilização dos Balcãs que continua até hoje, bem como na engenharia do golpe de estado de 2014 na Ucrânia que levou à crise de hoje.

Enquanto isso, os aliados europeus de Washington estão se assemelhando à agitação das galinhas sem cabeça enquanto lutam para unir uma resposta ao movimento da Rússia de reconhecer as repúblicas de Donbass.

Todas as missões das Forças Armadas russas para hoje foram realizadas - defesa

O Ministério da Defesa da Rússia declarou que realizou todas as tarefas que tinha para hoje.

"Desde o início da operação militar foram abatidos dois aviões ucranianos Su-27, dois Su-24, um helicóptero e quatro drones de combate Bayraktar TB2", disse o representante oficial da Defesa russa, Igor Konashenkov, na tarde dessa quinta-feira (24) .

Além disso, 83 instalações de infraestrutura militar terrestre foram deixadas fora de serviço.

Os grupos das Forças Armadas da RPD e RPL avançaram em 6-8 km, isso se tornou possível graças ao apoio de fogo de artilharia e aviação militar, segundo informou o ministério.

Nesta quinta-feira (24), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou que em resposta ao pedido dos líderes das repúblicas populares de Donetsk (RPD) e Lugansk (RPL) e no âmbito do cumprimento dos acordos sobre amizade e cooperação, tomou a decisão de realizar uma operação especial militar.

O líder russo destacou que a ocupação do território ucraniano não está nos planos de Moscou. Segundo informou o Ministério da Defesa da Rússia, as armas de alta precisão russas estão destruindo infraestruturas militares da Ucrânia, bases aéreas, aviação e meios de defesa aérea. Não estão sendo realizados ataques contra cidades ucranianas e não há ameaça para a população civil.

Sputnik | Imagem: © Sputnik / Konstantin Mikhalchevsky

UCRÂNIA PERDE CONTROLE SOBRE A ILHA ZMEINY, NO MAR NEGRO

A Ucrânia perdeu o domínio sobre a ilha Zmeiny, disse o Serviço de Fronteiras do Estado ucraniano.

A Ucrânia perdeu nesta quinta-feira (24) o controle sobre a pequena ilha localizada no mar Negro, perto da fronteira com a Romênia.

"A infraestrutura da ilha de Zmeiny foi destruída após bombardeios de artilharia naval". O anúncio foi feito pelo Serviço de Guarda de Fronteiras do Estado da Ucrânia.

Além disso, a comunicação com os guardas de fronteira e os militares da Ucrânia foi perdida.

A ilha tem apenas 0,17 quilômetro quadrado de área e cerca de 100 habitantes permanentes, sendo a maioria pertencente à guarda fronteiriça ucraniana.

O presidente russo, Vladimir Putin, enfatizou na manhã desta quinta-feira (24) que, em resposta ao apelo dos líderes das repúblicas de Donbass, decidiu realizar uma operação militar especial.

O líder russo ressaltou que os planos de Moscou não incluem a ocupação de territórios ucranianos.

Sputnik | Imagem: © Sputnik / Vasily Batanov

Putin conversa com Macron sobre operação especial militar na Ucrânia

Vladimir Putin teve uma conversa por telefone com o presidente da França sobre as recentes operações especiais na Ucrânia.

O presidente russo, Vladimir Putin, e seu homólogo francês, Emmanuel Macron, discutiram a situação na Ucrânia durante uma conversa telefônica nesta quinta-feira (24), disse o Kremlin.

"Durante uma conversa telefônica solicitada pelo lado francês, o presidente russo Vladimir Putin e o presidente francês Emmanuel Macron tiveram uma troca de opiniões séria e franca sobre a situação na Ucrânia", informou o governo da Rússia em comunicado.

O Kremlin acrescentou que Putin deu "explicações abrangentes das razões e circunstâncias para a decisão de realizar uma operação militar especial" na Ucrânia. As partes concordaram em manter contato.

O presidente da Rússia afirmou mais cedo, em encontro com empresários russos, que a nação "foi deixada sem opções", referindo-se à ação empreendida no país vizinho.

"O que está acontecendo é uma medida forçada. Não nos deram chances de agir de outra forma. Criaram tais riscos na esfera de segurança que não era possível reagir com outros meios", disse Putin.

Segundo o chefe da União Russa de Industriais e Empresários (RUIE, na sigla em inglês), Aleksandr Shokhin, as empresas russas terão de trabalhar em condições difíceis.

Maria Zakharova, representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, disse nesta quinta-feira (24) que a situação em torno da Ucrânia não é o começo de uma guerra, mas que se trata, pelo contrário, de uma tentativa de evitar um conflito mundial.

Zakharova também apontou que foram os EUA quem decidiram não estabelecer diálogo com a Rússia sobre a Ucrânia e a segurança global.

O Ministério da Defesa russo disse que os ataques militares não são direcionados para cidades ucranianas ou colocam em risco a população civil, mas buscam desativar a infraestrutura de guerra. Horas após o início da operação, a entidade militar informou que a infraestrutura militar das bases aéreas das tropas ucranianas já está "sem uso".

Sputnik | Imagem: ©REUTERS / POOL New

CHINA CRITICA OS EUA E ACUSA-OS DE AUMENTAREM TENSÕES E PÂNICO

EUA desrespeitam soberania ao impor sanções à Rússia pelo reconhecimento de RPL e RPD, diz China

O Ministério das Relações Exteriores da China acusa os EUA de "aumentar as tensões, criando pânico" ao impor sanções à Rússia depois que Moscou reconheceu as repúblicas populares de Donetsk e Lugansk.

A China acusou os Estados Unidos de criar pânico com a crise na Ucrânia e desrespeitar a soberania de outras nações, depois que Washington impôs sanções a Moscou e prometeu fornecer armas à Ucrânia.

Segundo o South China Morning Post, o Ministério das Relações Exteriores chinês disse que se opõe a qualquer "sanção unilateral ilegal", depois que vários países as impuseram à Rússia em resposta ao alegado movimento de tropas para as repúblicas populares de Donetsk e Lugansk.

"[O governo chinês] acredita que as sanções nunca são uma maneira fundamental e eficaz de resolver o problema, e a China sempre se opõe a quaisquer sanções unilaterais ilegais", disse a porta-voz Hua Chunying.

Segundo a porta-voz, as ações americanas estão "aumentando as tensões, criando pânico e até aumentando o cronograma da guerra".

Na última segunda-feira (21), o presidente russo Vladimir Putin anunciou o reconhecimento formal de repúblicas populares de Donbass, no leste da Ucrânia, e pediu ao Conselho de Segurança do país a permissão para o envio de militares russos para o exterior. Vários países ocidentais condenaram a medida e impuseram várias sanções à Rússia.

"Este é o início de uma invasão russa da Ucrânia", disse o presidente dos EUA, Joe Biden, na terça-feira (22).

A série de medidas de Washington incluiu sanções de bloqueio total contra duas grandes entidades financeiras russas e sanções contra "elites conectadas ao Kremlin", segundo o Departamento do Tesouro dos EUA.

A União Europeia, o Reino Unido e o Japão logo seguiram o exemplo, anunciando duras sanções econômicas. Entre eles, a Alemanha suspendeu a aprovação de um importante gasoduto construído em parceria com a Rússia para abastecer o mercado europeu em plena crise energética, o Nord Stream 2.

As sanções dos EUA resolveram o problema?", indagou Hua. "O mundo mudou para melhor por causa das sanções dos EUA? A questão da Ucrânia será resolvida naturalmente devido às sanções dos EUA contra a Rússia? A segurança da Europa será reforçada?"

Para a porta-voz chinesa, "sanções unilaterais e ilegais impostas por alguns países, como os Estados Unidos, causaram sérias dificuldades às economias e meios de subsistência".

A China espera que todas as partes resolvam o problema por meio do diálogo, disse Hua, mas não deixou de acusar os EUA de instigar a "revolução colorida" e interferir em outros países.

"Quando a OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] liderada pelos EUA bombardeou Belgrado, eles respeitaram a soberania e a integridade territorial da Iugoslávia? Quando os EUA acusaram Bagdá com provas forjadas, eles respeitaram a soberania e a integridade territorial do Iraque?", indagou a porta-voz do MRE chinês.

Sputnik | Imagem: © AP Photo / Liu Zheng

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