terça-feira, 15 de março de 2022

UCRÂNIA: O REGRESSO DA PROPAGANDA DE GUERRA

Thierry Meyssan*

Thierry Meyssan interrompeu a sua série de crónicas sobre o conflito titânico que opõe a Rússia aos Estados Unidos. Ele dirige-se a todos para desmontar as mentiras da propaganda de guerra

A opinião pública ocidental está revoltada pela guerra na Ucrânia e mobiliza-se para levar socorro aos Ucranianos em fuga. Para todos, é evidente: o «ditador» Putin não suporta a nova democracia ucraniana.

Como em todos os conflitos, explicam-nos que os outros são os maus, enquanto nós somos os bonzinhos.

A nossa reacção é a das pessoas violentadas pela propaganda de guerra porque essas não se lembram dos conflitos precedentes e ignoram tudo sobre a Ucrânia. Recomecemos a partir do zero.

QUEM COMEÇOU?

Como no pátio do recreio quando os nossos colegas de classe se batiam uns com os outros, queremos sempre saber quem começou. Quanto a este ponto, não há reportagens : há oito anos, os Estados Unidos montaram uma mudança de regime em Kiev com ajuda de grupúsculos armados. Esses tipos afirmam-se « nacionalistas », mas de forma nenhuma no sentido em que o entendemos. Proclamam ser os verdadeiros ucranianos, os de origem escandinava ou proto-germânica e não eslavos como os Russos. Eles reclamam-se também da herança de Stepan Bandera [1], o chefe dos colaboracionistas ucranianos dos nazis, o equivalente a Philippe Pétain de um ponto de vista simbólico para os Franceses, mas principalmente a Joseph Darnand e aos soldados da Divisão SS francesa Charlemagne. Os Ucranianos, que até agora se consideravam ao mesmo tempo de origem escandinava e proto-germânica por um lado, e eslavos por outro, chamam-nos «neo-nazis».

Aqui, em França, a palavra «nazi» é uma injúria que se usa a torto e a direito. Historicamente, é um movimento que pregava uma visão racialista da humanidade para justificar os impérios coloniais. Segundo ela, os homens pertencem a « raças » diferentes, diríamos hoje a «espécies» diferentes. Não deviam ter descendência em comum, tal como éguas e os burros. Na natureza, estas duas espécies procriam mulas, mas essas são em geral estéreis. Era por isso que os nazis proibiam as misturas inter-raciais. Se somos de raças diferentes, uns são superiores aos outros, daí a dominação ocidental sobre os povos colonizados. Nos anos Trinta, esta ideologia era considerada como uma « ciência » e era ensinada nas universidades, sobretudo nos Estados Unidos, na Escandinávia e na Alemanha. Reputadíssimos cientistas defenderam-na. Por exemplo, Konrad Lorenz (Prémio Nobel de Medicina em 1973) foi um ardente nazi. Ele escreveu que para manter a raça era preciso extirpar em massa os homossexuais e eliminá-los como um cirurgião remove um tumor porque misturavam o seu património genético com o de outras raças sem que nos déssemos conta.

Estes cientistas não eram mais sérios do que aqueles que nos anunciaram o apocalipse durante a epidemia de Covid-19. Tinham o título de « cientista », mas não a atitude razoável.

A Rússia moderna construiu-se sobre a memória daquilo que os Russos chamam a « Grande Guerra Patriótica » e nós a « Segunda Guerra Mundial ». Ela não tem o mesmo sentido para eles que para nós. Aqui, em França, a guerra durou apenas alguns meses, depois acreditou-se na vitória nazi e entrou-se na Colaboração. Viu-se os nazis e os Petainistas prender, a partir de 1940, 66. 000 pessoas, geralmente por « terrorismo » (resistência). Depois a partir de 1942, prender 76. 000 judeus por que eles eram de uma « raça inferior » e enviá-los para o Leste, na realidade para campos de extermínio. Pelo contrário, na União Soviética, os nazis não prenderam ninguém. Eles queriam exterminar, ou reduzir à escravatura, em trinta anos todos os eslavos para limpar um « espaço vital » onde poderiam edificar um império colonial (Generalplan Ost). Foi por isso que a URSS sofreu 27 milhões de mortos. Na memória russa os nazis são um perigo existencial, mas não para nós.

Quando esta gente chegou ao Poder em Kiev, não se declararam como «nazis», mas como « nacionalistas » no senso de Stepan Bandera, que também se dizia « nacionalista » e não « nazi », tendo-se superado em relação às suas intenções genocidas contra os eslavos e os judeus. Eles qualificaram o antigo regime de « pró-russo », o que é factualmente falso, e proibiram tudo o que cheirasse a cultura russa. E em primeiro lugar a língua russa. Os Ucranianos eram maioritariamente bilingues, falando tanto russo como ucraniano. De repente, disseram a metade deles que não poderiam mais falar a sua língua na escola e na administração. A região do Donbass, muito russófona, revoltou-se. Mas também a minoria húngara que recebia um ensino na sua própria língua e que foi apoiada na sua reivindicação pela Hungria. Os ucranianos do Donbass exigiram que os distritos de Donestsk e Luhansk pudessem dispor de um estatuto de autonomia e recuperar a sua língua. Estes municípios (oblast em russo) declararam-se repúblicas. Isso não significava que aspirassem à independência, mas unicamente à autonomia, como a República da Califórnia nos Estados Unidos ou as antigas repúblicas da URSS.

Em 2014, o Presidente François Hollande e a Chancelerina Angela Merkel sentaram as gentes de Kiev a uma mesma mesa com os do Donbass e negociaram os Acordos de Minsk. Foram a França, a Alemanha e a Rússia quem ficou como os garantes.

Kiev recusou sempre aplicá-los, apesar de os ter assinado. Em vez disso, armou milícias «nacionalistas» e enviou-as para estoirar os nervos nos limites do Donbass. Todos os extremistas ocidentais vieram então dar uns tiros na Ucrânia. Estes paramilitares eram no mês passado, segundo o Governo de Kiev, 102.000. Eles constituem um terço do Exército ucraniano e estão integrados nas Forças de Defesa Territoriais. Cerca de 66. 000 novos «nacionalistas» —ainda que estrangeiros— acabam de chegar como reforço, do mundo inteiro, por ocasião do ataque russo.

Durante os oito anos que nos separam dos Acordos de Minsk, estes paramilitares mataram 14. 000 pessoas no Donbass, segundo o Governo de Kiev. Este número inclui as suas próprias perdas, mas estas não são numerosas. A Rússia diligenciou a sua própria comissão de inquérito. Ela não só contou os mortos, mas também os feridos graves. Encontrou 22. 000 vítimas. O Presidente Putin fala a propósito de « genocídio », não no sentido etimológico de destruição de um povo, mas no sentido jurídico de crime cometido por ordem das autoridades contra um grupo étnico.

É aí que bate o ponto : o Governo de Kiev não é homogéneo e ninguém deu de forma clara a ordem para um tal massacre. No entanto, a Rússia responsabiliza os Presidentes Petro Poroshenko e o seu sucessor Volodymyr Zelensky. Nós também o somos, pois fomos fiadores dos Acordos de Minsk que nunca foram aplicados. Sim, somos co-responsáveis desta hecatombe .

Mas, o pior ainda estava para chegar. Em 1 de Julho de 2021, o Presidente Zelensky, que armava os paramilitares « nacionalistas » e recusava aplicar os Acordos de Minsk, promulgou a Lei nº 38 sobre os Povos Autóctones [2]. Ela garante aos Tártaros e Judeus caraítas (ou seja, aqueles que não reconhecem o Talmud) o exercício dos seus direitos, nomeadamente o de falar a sua língua, mas não aos eslavos. Estes não existem. Eles não são protegidos por nenhuma lei. Eles são Untermenschen, infra-humanos. Foi a primeira vez, depois de 77 anos que uma lei racial foi adoptada no continente europeu. Direis vós para vós próprios que existem organizações de Direitos do Homem e que elas protestaram. Mas nada. Só um grande silêncio. Pior: aplausos de Bernard-Henri Lévy.

Sim, existem laboratórios de bioterrorismo na Ucrânia financiados pelos EUA

# Publicado em português do Brasil

Steven Sahiounie  | Al Mayadeen

O governo dos EUA tem uma longa história de realização de atividades de "pesquisa biológica" não divulgadas nos territórios da Ucrânia, como isso se relaciona com o golpe apoiado pelo Ocidente que ocorreu em Kiev em 2014?

A grande mídia ocidental decidiu por nós que a acusação russa de laboratórios de pesquisa biológica financiados pelos EUA na Ucrânia era uma notícia falsa. No entanto, Victoria Nuland, subsecretária de Estado para Assuntos Políticos dos EUA, testemunhou na terça-feira ao Congresso que, " a Ucrânia tem instalações de pesquisa biológica , que, de fato, estamos bastante preocupados que as tropas russas, as forças russas possam estar tentando obter o controle de" .

A mídia dos EUA primeiro negou a existência dos laboratórios, depois tentou vendê-los como inofensivos e, após o testemunho de Nuland, somos informados de que são tão perigosos que, se os laboratórios caírem nas mãos dos russos, poderia haver um ataque de bioterrorismo.  

As instalações de pesquisa biológica na Ucrânia podem abrigar armas biológicas avançadas ou pesquisas de uso duplo com potencial para serem armadas.

A secretária de imprensa de Biden, Jen Psaki , disse que os EUA "estão em total conformidade com suas obrigações sob a Convenção de Armas Químicas e a Convenção de Armas Biológicas e não desenvolvem ou possuem tais armas em nenhum lugar".

Em 4 de março, Le Courrier des Stratèges revelou que existem 11 bio-laboratórios na Ucrânia ligados aos EUA que “trabalham com patógenos muito perigosos”. O jornal continuou: "Com o apoio dos Estados Unidos, o primeiro centro biológico na Ucrânia foi inaugurado em 15 de junho de 2010, como parte do Instituto de Pesquisa Anti-Peste Mechnikov em Odessa, na presença do embaixador americano John Tefft. O Odessa centro recebeu um nível para trabalhar com cepas usadas no desenvolvimento de armas biológicas. Somente na Ucrânia, em 2013, laboratórios biológicos foram abertos em Vinnytsia, Ternopil, Uzhhorod, Kiev, Dnepropetrovsk, Simferopol, Kherson, Lviv e Lugansk com os EUA Segundo o jornal, esses laboratórios foram construídos no âmbito do Programa Cooperativo de Redução de Ameaças dos Estados Unidos (DTRA), agência de apoio ao combate do Departamento de Defesa dos Estados Unidos.

A Embaixada dos EUA em Kiev publicou documentos em seu site detalhando o financiamento de laboratórios autorizados a lidar com patógenos. Eles foram excluídos assim que o ataque russo começou; no entanto, a internet tem memória e pode ser vista aqui.

Data: 12 de maio de 2021

As prioridades do Programa de Redução de Ameaças Biológicas (BTRP) na Ucrânia são consolidar e proteger patógenos e toxinas de interesse de segurança e continuar a garantir que a Ucrânia possa detectar e relatar surtos causados ​​por patógenos perigosos antes que eles representem ameaças à segurança ou à estabilidade.

Em 2019, o BTRP construiu dois laboratórios para este último, um em Kiev e outro em Odesa.

PARA RESOLVER A CRISE NA UCRÂNIA COMEÇEM PELO FIM -- Kissinger

– Este artigo de Kissinger foi publicado em Março de 2014

Henry A. Kissinger [*]

A discussão pública sobre a Ucrânia tem tudo a ver com confronto. Mas sabemos para onde vamos? Na minha vida, vi quatro guerras começarem com grande entusiasmo e apoio público, mas em todas elas não sabíamos como iam terminar e em três delas retirámo-nos unilateralmente. O teste da política é como elas terminam, não como começam.

Com demasiada frequência, a questão ucraniana é apresentada como um confronto: se a Ucrânia se junta ao Leste ou ao Ocidente. Mas para que a Ucrânia sobreviva e prospere, não deve ser o posto avançado de nenhum dos lados contra o outro – deve funcionar como uma ponte entre eles.

A Rússia deve aceitar que tentar forçar a Ucrânia a um estatuto de satélite e, assim, mover as fronteiras da Rússia novamente, condenaria Moscovo a repetir a sua história de ciclos auto-realizáveis ​​de pressões recíprocas com a Europa e os Estados Unidos.

O Ocidente deve entender que, para a Rússia, a Ucrânia nunca pode ser apenas um país estrangeiro. A história russa começou no que foi chamado de Kievan-Rus. A religião russa espalhou-se a partir daí. A Ucrânia faz parte da Rússia há séculos, e as suas histórias estavam entrelaçadas antes disso. Algumas das batalhas mais importantes pela liberdade russa, começando com a Batalha de Poltava em 1709, foram travadas em solo ucraniano. A Frota do Mar Negro – o meio da Rússia de projetar poder no Mediterrâneo – é baseada no arrendamento a longo prazo de Sebastopol, na Crimeia. Até mesmo dissidentes famosos como Aleksandr Solzhenitsyn e Joseph Brodsky insistiam que a Ucrânia era parte integrante da história russa e, de facto, da Rússia.

A União Europeia deve reconhecer que a sua lentidão burocrática e a subordinação do elemento estratégico à política interna na negociação da relação da Ucrânia com a Europa contribuíram para transformar uma negociação em crise. A política externa é a arte de estabelecer prioridades.

TORQUEMADAS DO PENSAMENTO

José Goulão* | AbrilAbril | opinião

A confraria transeuropeia de polícias de opinião deu finalmente corpo à assustadora profecia de George Orwell e criou o Ministério da Verdade.

Passam por estes dias 19 anos sobre a segunda invasão do Iraque pelos Estados Unidos e outras potências da NATO, mantendo-se ainda a ocupação militar estrangeira do país. Uma guerra limpa, admirável sobretudo quando é apreciada de uma varanda de hotel de Bagdade, lançada por gente com plena sanidade mental, sustentada por razões de uma verdade inquestionável, sem crianças mortas, sem civis bombardeados, sem destruição da maior parte das infraestruturas do país, sem tortura nem chacinas, sem roubos de recursos naturais, sem jornalistas bombardeados de helicópteros como se fossem alvos de um jogo de computador, com espectaculares, cirúrgicos e inofensivos fogos-de-artifício lançados por máquinas de autêntica ficção científica. Um deleite para orgulhosos chefes políticos, inebriados jornalistas esgotando os arsenais de adjectivos e embasbacados telespectadores agarrados aos ecrãs, sorvendo a mais recente superprodução de Hollywood. Solidários com as vítimas? Uns esparsos milhares.

Que diferença dos tempos de hoje!

Testemunhamos na Ucrânia a antítese desse episódio do início do século. Uma guerra à moda antiga, cruel como eram os conflitos armados nesses tempos, com destruição e vítimas mortais, desencadeada por um louco, travada na Europa e não em qualquer país do Terceiro Mundo, provocando refugiados com um visual civilizado e não esses maltrapilhos com pele escura vindos sabe-se lá de onde para perturbar a vida das sociedades civilizadas. Além disso, horrorizando os telespectadores não só com as imagens mas também com as palavras que as acompanham, brutais, acusadoras, aterrorizadoras e assentes em certezas que ninguém poderá pôr em causa.

Assim sendo, acha o leitor que a guerra tem a ver com o cerco da Rússia pela NATO, o mais poderoso exército do mundo e que vê em Moscovo o seu principal inimigo? Ou com o facto de a entrada da Ucrânia na NATO apertar esse cerco, encurralando ainda mais o território russo? Ou com a ameaça do presidente ucraniano de que poderá voltar a dotar o país com armas nucleares? Ou com o massacre das populações russas do Leste pelas forças militares ucranianas e que já dura há oito anos? Ou com o facto, amplamente comprovado, de que o Estado ucraniano e as suas forças militares assentam em organizações nazis apoiadas pela NATO e que têm como objectivo «acabar com a russificação» da população do país, pobre eufemismo para limpeza étnica? Ou com a rejeição prática de acordos de paz (Acordos de Minsk) pelas autoridades de Kiev com a cumplicidade da Alemanha e da França? Ou ainda com a lei sobre «os povos autóctones» promulgada pelo presidente Zelensky há menos de um ano, instituindo um sistema de apartheid de direitos, liberdades e garantias entre as populações ucranianas de origem escandinava e as comunidades eslavas, consideradas em linguagem comum como «os pretos da neve»?

Pois o leitor está proibido de achar qualquer coisa deste género; nem dizê-lo; e o mais seguro é mesmo não pensar porque incorre no crime de violação da opinião única estabelecida pelos dirigentes dos Estados Unidos e dos seus satélites da União Europeia, fiscalizada através de uma comunicação social sem dúvidas e que nunca se engana. Como nos idos tempos de Salazar, que julgávamos ultrapassados de vez, quem não está connosco está contra nós, neste caso a favor do déspota Putin. E se está de acordo com as asserções atrás expostas em forma interrogatória, mesmo que seja apenas de uma, saiba que poderia ser um habitante da «bolha» de Putin, como define o presidente ucraniano Zelensky. Bem pode o estimado leitor defender a negociação da paz como única saída possível e humana da situação que isso de nada lhe vale: é um agente russo, um troll do Kremlin, um desprezível eco de Moscovo.

Mesmo que, como cantava o poeta, seja verdade que «não há machado que corte a raiz ao pensamento», o mais seguro, nestes tempos, parece ser não pensar e não contrariar o que lhe ordenam porque pode haver tentações «desviantes», como alguém já escreveu, e então lá estarão, para o enxovalhar e o que mais adiante se verá, a senhora Von der Leyen com a autoridade que lhe dá a ascendência nazi de pai, mãe e sobretudo do avô – que, como oficial das hordas de Hitler mandou fuzilar dezenas de resistentes polacos, judeus e soviéticos, por sinal na Ucrânia; ou os senhores Borrell e tantos dos seus colegas, entre eles um dos mais zelosos, o senhor Santos Silva, para quem a democracia é uma propriedade privada para pôr e dispor. E que não está preocupado com as repercussões na Europa das sanções impostas à Rússia: pois não, quem as vai sofrer são os povos, em primeiro lugar os mais desfavorecidos, não ele.

O ÓDIO À JANELA: A ISLAMOFOBIA EM PORTUGAL

O crescimento da extrema-direita tem normalizado discursos racistas e xenófobos. As comunidades ciganas e negras são os alvos preferenciais, mas a islamofobia também é importante na retórica identitária, nativista e exclusivista. As representações dos muçulmanos como “inimigos” e do islão como “ameaça” têm ecos além da direita radical, e raízes mais profundas em Portugal.

Marta Vidal | Setenta e Quatro

 “Hoje acordámos com o ódio escrito nas nossas janelas.” Foi assim que os donos de uma mercearia árabe em Lisboa denunciaram terem sido alvos de um ataque xenófobo. Numa madrugada de outubro, a mercearia do Médio Oriente Zaytouna (azeitona em árabe) foi vandalizada com uma mensagem ofensiva contra o islão, e duas cruzes patriarcais na montra. 

“Apesar deste discurso de horror ser minoritário, deve ser combatido e denunciado”, escreveram os gerentes da loja luso-palestiniana numa publicação partilhada nas redes sociais. “Não passará, e não teremos medo”, acrescentaram.

Não foi a primeira vez que Lisboa acordou com o ódio à janela, ou espalhado pelos muros da cidade. No ano anterior, mensagens racistas e xenófobas mancharam as paredes de escolas secundárias, faculdades, e o centro de acolhimento de refugiados. “Portugal é branco!”, “Europa aos europeus”, “Deportação das minorias já!” lia-se nas paredes, junto a mensagens de ódio contra comunidades ciganas, negras, árabes e refugiadas.

As palavras de ordem da extrema-direita escritas nas paredes surgiram numa altura de intensificação de ataques racistas e xenófobos, e de maior visibilidade de movimentos de supremacia branca em Portugal.

Em janeiro de 2020, Cláudia Simões, uma mulher negra, foi espancada por um agente da PSP porque a filha se esqueceu do passe de transporte. Meses mais tarde, em julho, um ex-combatente da guerra colonial assassinou o ator Bruno Candé depois de lhe ter dirigido insultos racistas num crime motivado por ódio racial.

Em agosto, ameaças de morte foram enviadas a deputadas e a ativistas antirracistas e antifascistas, pouco depois de um grupo neonazi ter organizado uma marcha com tochas e a cara tapada, ao estilo dos movimentos de supremacia branca, em frente à sede da associação SOS Racismo, que também foi vandalizada com a frase “guerra aos inimigos da minha terra”.

“Desde 2019, quando o partido português de extrema-direita conquistou pela primeira vez lugares no Parlamento, os ativistas de extrema-direita têm sido encorajados a cometer crimes de motivação racial”, alertou a Rede Europeia Contra o Racismo num comunicado publicado em setembro de 2020, em solidariedade com ativistas antirracistas e em condenação do aumento “muito preocupante” de ataques racistas e a banalização do discurso de ódio em Portugal.

Com a fundação do partido Chega em abril de 2019, André Ventura veio normalizar discursos racistas que, embora há muito presentes de forma mais ou menos latente na sociedade portuguesa, passam a encontrar maior espaço de legitimação e empoderamento. Explorando medos e ansiedades, Ventura ataca minorias que são tornadas em bodes expiatórios, dividindo a sociedade entre “portugueses de bem” e os “outros”.

Em debates, Ventura destila o ódio contra os seus “outros” em direto sem qualquer pudor – desde generalizações sobre comunidades inteiras (especialmente através de ataques a comunidades ciganas), ao uso de uma fotografia particular de uma família negra, insultada ao vivo num debate televisivo assistido por mais de 1,8 milhões de pessoas, o mais visto das eleições presidenciais de 2021.

Apesar dos alvos mais frequentes serem as comunidades ciganas e negras, a hostilidade ao islão e a comunidades muçulmanas também é um importante elemento na ideologia do partido, que se inspira na retórica xenófoba, exclusivista e nativista da extrema-direita europeia.

Eleições portuguesas do Embaralha e dá de Novo para a emigração na Europa

Círculo da Europa. Votaram mais eleitores do que em janeiro

Os emigrantes portugueses ainda podem votar via ​​​​​​​postal e o seu voto será contabilizado desde que chegue até dia 23.

O receio que a repetição das eleições no círculo da Europa, depois de anulados 80% dos votos em janeiro, desmobilizasse os emigrantes portugueses não se confirmou. Neste fim de semana, em que decorreu novo ato eleitoral presencial, houve mais votantes, segundo a secretária de Estado das Comunidades, Berta Nunes, disse ao DN.

Das 400 pessoas inscritas para o voto presencial - o mesmo número do que em janeiro, já que não foi possível aceitar novas inscrições - votaram 152, mais 32 do que na primeira votação, em 34 mesas de voto.

"Fazemos agora o apelo para que as pessoas votem por via postal", diz Berta Nunes. Garante que os mais de 900 mil boletins foram todos enviados para os eleitores do círculo da Europa, exceto para os que votaram se inscreveram para depositar o voto em urna presencialmente.

A secretária de Estado das Comunidades afirma que quem ainda não recebeu a boletim ou ainda não foi notificado pelos serviços de correio locais terá a possibilidade de saber onde está o seu voto através do portal do eleitor. "Pode acompanhar o trajeto do voto", frisa.

Berta Nunes esclarece também que a comunidade portuguesa no círculo da Europa pode enviar o voto por via postal esta semana ainda desde que chegue para ser contabilizado até dia 23. "É preciso que fique claro que as pessoas podem enviar o voto esta semana", afirma.

Não caia no Psy-Op do Carter Center que está tentando dividir a Rússia e a China

# Publicado em português do Brasil

Andrew Korybko* | One World

Aqueles influentes relatos ocidentais que compartilharam o artigo de Hu sem especificar que foi escrito para o Carter Center e o retrataram erroneamente como uma força proeminente na formação da política externa da República Popular devem ao seu público esclarecer tudo o mais rápido possível, caso contrário eles ser cúmplice na realização de uma operação psicológica literal destinada a enganar seu público.

Um artigo escrito por um estudioso chinês se tornou viral nas mídias sociais no fim de semana devido ao apelo do autor da República Popular para “cortar” a Rússia o mais rápido possível. Intitulado “ Possíveis resultados da guerra russo-ucraniana e a escolha da China ”, foi escrito por Hu Wei, que é descrito como “o vice-presidente do Centro de Pesquisa de Políticas Públicas do Gabinete do Conselheiro do Conselho de Estado, o presidente do Shanghai Public Policy Research Association, presidente do Comitê Acadêmico do Chahar Institute, professor e orientador de doutorado.” Talvez por causa de seus títulos, muitos relatos ocidentais influentes que criticam a operação militar especial da Rússia na Ucrânia compartilhou seu artigo, com uma parte significativa deles sugerindo ou alegando falsamente que ele representa o estado chinês.

Isso não é verdade, no entanto. Na verdade, Hu representa nada menos que o Carter Center , que administra o “US-China Perception Monitor” que publicou seu artigo de acordo com seu próprio “ Sobre nós" na página. No entanto, apresentá-lo falsamente como a voz da China, como fizeram aqueles influentes relatos ocidentais, equivale a uma operação psicológica (psy-op) destinada a manipular as percepções de seu público-alvo sobre as relações russo-chinesas. Essas pessoas gostariam de ver as fantasias políticas de Hu se tornarem realidade. Como não há nenhuma chance real de que isso aconteça, porém, a maioria deles se contenta em deturpar sua influência na República Popular da China para enganar o maior número possível de pessoas sobre o futuro das relações entre essas duas Grandes Potências multipolares.

A China é politicamente neutra no conflito em curso, mas também rejeitou as exigências americanas de entrar na onda de sanções anti-russas do hegemon unipolar em declínio. Esses dois também concordaram com um pacto de parceria estratégica reafirmado no início do mês passado, durante a viagem do presidente Putin à República Popular para participar da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim. Esse documento é oficialmente intitulado “ Declaração Conjunta da Federação Russa e da República Popular da China sobre Relações Internacionais Entrando em uma Nova Era e o Desenvolvimento Sustentável Global ”. Ao lê-lo, qualquer observador objetivo perceberá que a proposta de Hu nunca se concretizará, pois contradiz a própria essência do acordo detalhado que ambas as partes acabaram de concluir.

Aqueles influentes relatos ocidentais que compartilharam o artigo de Hu sem especificar que foi escrito para o Carter Center e o retrataram erroneamente como uma força proeminente na formação da política externa da República Popular devem ao seu público esclarecer tudo o mais rápido possível, caso contrário eles ser cúmplice na realização de uma operação psicológica literal destinada a enganar seu público. A proposta de Hu tem absolutamente zero chance de ser promulgada na prática, mas fingir que isso pode constituir um abuso da confiança que o público dessas pessoas depositou nelas ao acompanhar seu trabalho nas redes sociais. Eles merecem ser informados do pacto de parceria estratégica russo-chinesa reafirmado em fevereiro, bem como ser informados do fato de que ele publicou seu artigo em um think tank americano, não chinês.

*Andrew Korybko -- analista político americano

Por causa da Ucrânia | China recusa ser "afetada" pelas sanções impostas à Rússia

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês afirma que a China "não é parte da crise" e "tem o direito de salvaguardar os seus direitos e interesses legítimos".

China rejeita ser afetada pelas sanções ocidentais contra a Rússia, disse esta terça-feira o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, numa conversa por telefone com o homólogo espanholJosé Manuel Albares.

"A China não é parte da crise [ucraniana] e ainda menos quer ser afetada pelas sanções", afirmou Wang, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua.

O país asiático "sempre se opôs ao uso de sanções para resolver problemas, especialmente sanções unilaterais sem base no direito internacional", acrescentou, durante a conversa com Manuel Albares.

"A China tem o direito de salvaguardar os seus direitos e interesses legítimos", frisou.

Os comentários de Wang Yi surgem numa altura em que os Estados Unidos manifestaram a Pequim "profunda preocupação" com o alinhamento entre China e Rússia.

Pequim não condenou a invasão da Ucrânia e acusou a expansão da NATO de ser a raiz do problema.

Jake Sullivan, o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, que reuniu na segunda-feira com o mais alto quadro da diplomacia chinesaYang Jiechi, recusou comentar informações de que Moscovo terá pedido a Pequim assistência militar e económica para prosseguir a guerra.

A China descartou aquela informação como parte de uma campanha de "desinformação".

"Estamos a observar de perto até que ponto a China, ou qualquer outro país, presta assistência à Rússia, seja material, económica ou financeira", disse o porta-voz do Departamento de Estado Ned Price, na segunda-feira.

"Esclarecemos Pequim de que não ficaremos de braços cruzados. Não permitiremos que nenhum país compense as perdas que a Rússia sofreu" devido às sanções ocidentais, advertiu.

TSF | Lusa

Imagem: O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi © Chamila Karunarathne/EPA

Ucrânia | Neonazis continuam aniquilando a população de língua russa da Ucrânia

# Publicado em português do Brasil

A ucranização, conduzida em nível governamental, privou milhões de cidadãos da oportunidade de usar sua língua e cultura maternas, Mikhail Mizintsev também observou

MOSCOU, 14 de março. /TASS/. Os neonazistas da Ucrânia continuam sua política de genocídio da população de língua russa do país, disse o chefe do Centro de Comando de Defesa Nacional da Rússia, Mikhail Mizintsev, nesta segunda-feira.

"Os neonazistas estão avançando com a eliminação total ou parcial da população de língua russa, na verdade, uma política de genocídio", disse ele.

Com a ascensão dos nacionalistas ao poder em 2014, a Ucrânia viu uma "campanha abrangente e em larga escala projetada por especialistas ocidentais de ucranização total da população, principalmente direcionada contra os residentes de língua russa do país".

As políticas discriminatórias de Kiev forçaram os portadores da língua e cultura russas a esconder suas convicções por medo de perseguição criminal.

"A ucranização, conduzida a nível governamental, atingiu seus objetivos. Ela privou milhões de cidadãos da oportunidade de usar sua língua e cultura materna e criar crianças em um ambiente cultural russo", disse Mizintsev.

VISTA DE KIEV: UCRÂNIA REALMENTE PRECISA DE DESNAZIFICAÇÃO

# Publicado em português do Brasil

Nikolai Shevchenko | RIA Novosti

Perto do final da terceira semana da operação militar especial lançada pela Rússia para desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia (de jure, isso ainda não é uma guerra, já que nenhum dos lados declarou um ao outro), Kiev tornou-se mais familiarizada com os ataques na cidade. Sim, antes disso houve ataques de mísseis de cruzeiro russos aos aeroportos de Kiev, à torre de TV e seu substituto. Sim, nos subúrbios do norte e noroeste (Gostomel, Bucha, Irpin e assim por diante) houve batalhas reais e muito sérias. Mas tudo isso estava longe de edifícios residenciais, empresas da própria Kiev. É verdade que havia dois prédios residenciais danificados, mas ambos pelas ações da defesa aérea local - em um caso, eles prenderam a casa com seu próprio míssil, no outro, derrubaram algo voando sobre a cidade acima da casa.

No início da manhã de 14 de março, três "Calibre" voaram para a fábrica de aeronaves Antonov. Mais tarde, o Ministério da Defesa russo anunciou a derrota do depósito de munições para o MLRS no território da fábrica, mas não foi observado o espalhamento dessas mesmas munições, portanto não é fato que elas atingiram. Assim como não o fato de estarem mirando para onde foi anunciado. Na mesma época, algo atingiu um prédio de apartamentos na rua Bogatyrskaya, 20, no norte da cidade. O Serviço de Emergência do Estado da Ucrânia anunciou que um projétil de artilharia atingiu a casa e a morte de duas pessoas. Possivelmente um projétil. Mas então ele estava solitário - nem um único outro estava ao lado dele. Um pouco mais tarde, a defesa aérea de Kiev derrubou algo sobre a área de Kurenevka. Muito provavelmente, algo pequeno, mas alguns apartamentos no prédio perto do qual aconteceu foram queimados.

E um pouco depois, um Tochka-U ucraniano com uma ogiva de fragmentação atingiu Donetsk, o que resultou em dezenas de baixas.

Em Kiev disseram quando um acordo de paz com a Rússia pode ser alcançado

# Publicado em português do Brasil

Arestovich disse que um acordo de paz com a Rússia pode ser alcançado dentro de uma semana

MOSCOU, 15 de março - RIA Novosti - Aleksey Arestovich, assessor do chefe do gabinete do presidente da Ucrânia , acredita que Moscou e Kiev podem chegar a um acordo de paz dentro de algumas semanas.

"Acho que até maio, início de maio, provavelmente deveríamos chegar a um acordo de paz, e talvez muito mais rápido. Vejamos, estou cumprindo o prazo. um acordo de paz com a retirada das tropas, com tudo mais <. ..> ou vamos concordar em um futuro próximo - uma semana, duas, ou então antes do final de maio depois de mais uma rodada, tentativas de fazer guerra ", disse o assessor no ar do canal do YouTube do jornalista Mark Feigin.

A quarta rodada de negociações entre representantes de Moscou e Kiev foi realizada ontem em formato de vídeo. Após seus resultados, Mikhail Podolyak, assessor do chefe do gabinete de Zelensky, disse que as partes fizeram uma pausa técnica, as negociações continuariam na terça-feira.

Em 24 de fevereiro, a Rússia lançou uma operação militar especial para desmilitarizar a Ucrânia . Vladimir Putin chamou seu objetivo de "proteger as pessoas que foram submetidas a bullying e genocídio pelo regime de Kiev por oito anos". Segundo o Ministério da Defesa, as forças armadas russas atacam apenas a infraestrutura militar e as tropas ucranianas.

Imagem: © REUTERS / Maksim Levin - Soldados das Forças Armadas da Ucrânia perto de Kiev

Empresa dos EUA publicou anúncio à procura de mercenários para a Ucrânia

EUA procuram mercenários para a Ucrânia, oferecendo até US$ 2.000 por dia

MOSCOU, 15 de março - RIA Novosti - Uma empresa americana postou um anúncio em busca de profissionais com experiência em combate para trabalhar na Ucrânia e pagar de um a dois mil dólares por dia.

A descrição do trabalho foi publicada em silentprofessionals.org. Especialistas são necessários "imediatamente", local de trabalho - Ucrânia .

Entre os requisitos para os candidatos: cinco anos de experiência no serviço militar ou trabalho em empresa militar privada, pelo menos um ano de experiência em combate em operações no exterior. Também boa preparação física, capacidade de navegar no terreno, conhecimento de armas soviéticas, experiência em inteligência e contra-inteligência.

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