Cynthia Chung | em Pelo Socialismo
"As unidades das SS forçaram um
pequeno grupo de vítimas do campo de concentração 'libertadas' de Buchenwald,
disfarçadas com uniformes polacos, a encenar um ataque simulado de bandeira
falsa à torre de rádio principal no estado livre de Dantzig, controlado pelos
nazis. Citando a provocação dos polacos, seguiu-se a invasão alemã da Polónia."
Todos conhecem o discurso da
Cortina de Ferro proferido por Winston Churchill. No entanto, não é Churchill o
criador da frase.
“Tinha de se atacar civis,
pessoas, mulheres, crianças, cidadãos desconhecidos longe de qualquer jogo
político. A razão era bastante simples – forçar as pessoas a recorrerem ao
Estado para pedir maior segurança.”
- Vincenzo Vinciguerra,
terrorista italiano condenado, ex-membro da Avanguardia Nazionale (“Vanguarda
Nacional”) e Ordine Nuovo (“Nova Ordem”)
Esta é a parte 3 de uma série de
cinco partes. [Consulte aqui a Parte 1 e a Parte 2, a última que aborda a forma
como o Movimento Nacionalista Ucraniano pós-Segunda Guerra Mundial foi comprado
e pago pela CIA. A Parte 4 discutirá o envolvimento britânico e americano, ao
lado da NATO, na Operação Gládio, e como o comércio mundial de tráfico de
drogas e sexo está ligado a isso através dos Estados Unidos. Também discutirá
como essa rede foi responsável pelo assassinato do presidente Kennedy.]
Alemanha nazi: o baluarte do
Ocidente contra o comunismo
“Ao destruir o comunismo no seu país [de Hitler], ele tinha travado o seu
caminho para a Europa Ocidental." (1)
- Conde de Halifax, também
conhecido como Lord Halifax (Embaixador Britânico nos EUA, 1940-1946,
Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros Britânicos 1938-1940, Vice-Rei e
Governador-Geral da Índia 1926-1931)
Todos conhecem o discurso da
Cortina de Ferro proferido por Winston Churchill, que já não era
primeiro-ministro britânico naquela altura, em 5 de março de 1946.
No entanto, não é Churchill o
criador da frase, mas sim o ministro das Relações Exteriores da Alemanha nazi,
conde Lutz Schwerin von Krosigk, que fez um discurso em Berlim em 3 de maio de
1945, relatado no London Times e no New York Times em 8 de maio de 1945. No
discurso, Krosigk usa a frase de propaganda cunhada pelos nazis “Cortina de
Ferro”, utilizada precisamente no mesmo contexto por Churchill, menos de um ano
depois.
Após esse discurso alemão, apenas
três dias após a rendição alemã, Churchill escreveu uma carta a Truman,
expressando a sua preocupação com o futuro da Europa e dizendo que uma “cortina
de ferro” tinha caído. (2)
Essa partilha de política entre a
Alemanha nazi e a Inglaterra não deveria ser uma surpresa completa.
O Pacto Molotov-Ribbentrop
assinado em 23 de agosto de 1939 é o que ficou na história com visibilidade. No
entanto, um facto importante é muitas vezes deixado de fora - este pacto
notório foi assinado 11 meses depois de o primeiro-ministro do Reino Unido
Neville Chamberlain ter assinado o acordo de apaziguamento com Hitler em 30 de
setembro de 1938, conhecido como Acordo de Munique (também conhecido como Traição
de Munique).
O historiador Alex Krainer
escreve:
“A história que aprendemos na
escola afirmava que o governo britânico concordou em dividir a Checoslováquia
apenas como uma medida desesperada para evitar uma guerra europeia maior. Essa
visão é baseada na ideia de que a Alemanha já era uma potência militar
esmagadora que poderia facilmente esmagar as fracas defesas da
Checoslováquia. No entanto, essa ideia é patentemente falsa.” [sublinhado
nosso]
Alex Krainer continua:
“ Criada em 1919, a Checoslováquia foi
o mais próspero, mais democrático, mais poderoso e mais bem administrado dos
Estados que emergiram do Império dos Habsburgo… campanha de
propaganda que foi orquestrada pela média britânica e por representantes do
governo para enganar o público britânico e europeu…
Em termos de qualidade,
armamentos e fortificações, o exército checo era conhecido por ser o melhor da
Europa e era superior ao exército alemão em todos os aspetos, exceto no apoio
aéreo. Em 3 de setembro de 1938, o adido militar britânico em Praga
escreveu um telegrama para Londres, afirmando: “Não há deficiências no exército
checo, tanto quanto pude observar…”
Além disso, a segurança
checa foi apoiada por alianças estratégicas com a França e a União Soviética
que, naquela época, estavam muito interessadas em manter a Alemanha sob
controle e ambas eram significativamente superiores à Alemanha em termos de
força militar” [sublinhado nosso]
Ou seja, a Checoslováquia, de
facto, capitulou sem resistência, mas não porque as suas defesas fossem fracas.
Pelo contrário, o seu governo recebeu falsas promessas e acabou por
ser lançado a favor da Alemanha pelo esquema traiçoeiro da diplomacia secreta
da Grã-Bretanha.
Lord Halifax, que foi citado
anteriormente, estava entre os negociadores britânicos do Acordo de Munique.
Para o resto da história, consulte o excelente artigo de Alex Krainer aqui.
O que de facto aconteceu como
resultado do Acordo de Munique foi a Alemanha de Hitler ter adquirido o
exército superior da Checoslováquia e ter transformado a Alemanha numa ameaça
colossal que seria muito mais difícil de derrotar.
Além disso, o Banco da Inglaterra
e o Banco de Compensações Internacionais, através do governador do BoE [Bank of
England, Banco de Inglaterra], Montague Norman, permitiram a transferência
direta de 5,6 milhões de libras em ouro para Hitler, que eram propriedade do
Banco da Checoslováquia.
Ações questionáveis da
Inglaterra, de facto.
A Alemanha foi autorizada a
tornar-se uma força ultrassuprema por meio da intervenção direta britânica. Foi
apenas 11 meses depois que o Pacto Molotov-Ribbentrop foi assinado como um meio
de evitar o que era claramente o inevitável; um ataque alemão em solo russo,
com o apoio da Grã-Bretanha.[Para saber mais sobre isso,
consulte aqui.]