domingo, 8 de maio de 2022

TAMBORES DE EXCLUSIVIDADE E EXCLUSÃO, TAMBORES DE GUERRA

A RÚSSIA COMEÇOU A ASSUMIR A SUA IIª GRANDE GUERRA PÁTRIA

Martinho Júnior, Luanda 

A hegemonia unipolar acicatada pela Rand Corporation e tendo como núcleo duro a colecção de “straussianos” que assumiram o controlo do miolo do Partido Democrata desde a administração de Bill Clinton, continua a impulsionar os seus instrumentos de exclusividade, indiferente à Iniciativa de Segurança Global lançada pela República Popular da China.

Para esse grupo de elite da aristocracia financeira mundial, vale tudo menos a Carta da ONU, desde a russofobia, às regras de domínio e de exclusividade que tenta fazer todos cumprir, até à barbaridade do “apartheid global”!

Em consequência, a perspectiva de escalada de tensões na Europa manifesta-se no presente e no horizonte imediato, podendo alastrar o contencioso desde a Ucrânia, alvo da libertação levada a cabo pelos povos ucraniano e russo de há cerca de dois meses e meio a esta parte…

Ao invés de pôr fim à sua própria arrogância “exclusiva” a hegemonia unipolar não só não busca a paz por via do diálogo e busca de consensos, como pelo contrário lança mais armas nas mãos dos neonazis ucranianos e dos mercenários afins.

O zombi-híbrido UE/NATO, está instrumentalizado de tal forma, que funciona “automaticamente”, como um contundente ariete na tentativa de desequilibrar ainda mais a segurança comum em toda a região ocidental da EurÁsia, enquanto se elaboram planos para que a NATO se torne num alargado instrumento global veículo de barbárie, capaz de no extremo oriente, entrar em efervescência na tentativa de impedir a unidade da República Popular da China e, por tabela, a integração em curso da emergência multilateral.

Na Federação Russa, a mobilização popular numa perspectiva de IIª Grande Guerra Pátria já começou e os primeiros voluntários russos, provenientes de todo o seu imenso espaço nacional, já chegaram à frente de luta armada em Izyum …

OS INSULTOS DE BLIKEN E WENDY A ANGOLA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A pena de morte é praticada em países como a Arábia Saudita, EUA, Japão ou Iraque, todos aliados do estado terrorista mais perigoso do mundo. Quando a Guiné Equatorial pediu a adesão à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a intelectualidade lusa corrupta e ignorante (ligada à UNITA) levantou a voz contra, porque naquele país africano existe a pena de morte. 

A Ucrânia aboliu a pena capital no ano 2000, para aderir ao Conselho da Europa. Após o triunfo do golpe nazi de 2014, o regime ressuscitou-a e desde então, os adversários políticos passaram a ser executados. A União Europeia quer a adesão do país rapidamente, antes que sejam reveladas as centenas de execuções, só este ano, antes do início da operação russa. 

O problema é que o senhor Antony Blinken, secretário do Departamento de Estado, e a senhora Wendy Sherman, subsecretária, publicaram o relatório anual dos direitos humanos no mundo e lá está escrito isto: “Na Ucrânia há execuções extrajudiciais e tortura (...) tratamento cruel de detidos por agentes da ordem, condições prisionais duras e ameaçadoras, detenções arbitrárias e problemas graves com a independência do Poder Judicial (...) Existe violência com base no género ou orientação sexual, antissemitismo, e contra pessoas com deficiência ou de grupos étnicos minoritários, bem como as piores formas de trabalho infantil (...) O Governo não tomou medidas adequadas para perseguir ou punir a maioria dos funcionários que cometeram abusos, resultando num clima de impunidade”.

O relatório do estado terrorista mais perigoso do mundo, como sempre, também contempla Angola com os seus mimos. O documento foi apresentado por Blinken, em Abril. Leiam o que diz sobre Angola: “O país registou execuções arbitrárias, desaparecimentos, restrições graves à liberdade de expressão e à imprensa, corrupção e violência baseada no género, casos de tratamento ou punição cruel, desumana ou degradante por parte das forças de segurança governamentais, condições duras e ameaçadoras das prisões, detenção arbitrária, prisioneiros políticos, restrições graves à liberdade de expressão e de imprensa, incluindo violência, ameaças de violência ou detenções injustificadas contra jornalistas”.

Ucrânia: O TRIUNFO DA MANIPULAÇÃO

Novo santo beatificado já aparece em velas. A igreja ortodoxa ucraniana, o comediante, o regime ukronazi e a NATO estão alinhados. Grotesco.

Manuel Augusto Araújo | Praça do Bocage

Começa a ser grotesca a contrafacção que hora a hora, minuto a minuto nos é vendida sobre a guerra na Ucrânia com a entronização do seu oportunista presidente, mesmo com as mais bimbas imagens, e a sua corte de oligarcas que, por um milagre mais perfumado que o das rosas, foram beatificados no papel espessamente couché da Forbes como multimilionários. São as vantagens e o preço de servir de mula a uma guerra entre dois impérios capitalistas, os EUA e a Rússia.

Vários e múltiplos são os episódios detergentados pela comunicação social mercenária, um paradigma do servilismo ao império em que muitos dos seus escreventes são pagos, directa ou indirectamente pela CIA, como documentos desclassificados manifestam, que sem revelar nomes revelam a quantidade, nos anos setenta eram mais de oitocentos os que figuravam na folha de pagamentos, a que há que acrescentar todos os colaboradores dessa prestimosa agência que agora são comentadores residentes.

Hoje o Público, esse jornal dito de referência que só continua a existir porque os azevedos empenharam-se de pais para filhos, em investir a fundo perdido na propaganda comunicacional, noticia em duas páginas a pré-publicação do tosco panegírico Vlodymyr Zelensky: Biografia, um relato de uma rasca moralidade, parcialidade e manipulação da vida do presidente da Ucrânia que todos os dias, nas nossas televisões e outras mundo fora, faz conversas em família em que lê, com os seus dotes de comediante, os teletextos que as agências de informação ao serviço dos EUA/NATO impingem contribuindo para a desinformação em curso e para a sua farsa de estadista. O livro é uma das peças do triunfo da vigarice intelectual para dulcificar a imagem de Zelensky e de um país dominado pelos oligarcas seus comparsas que vão enchendo as suas e as dele contas offshore, as que foram conhecidas na investigação dos Pandora Papers e outras ainda com paradeiro desconhecido, em que a interferência e o comando de forças externas é a normal anormalidade de um estado que é dos mais corruptos do mundo, onde a corrupção continua a prosperar, que tem um sistema eleitoral de que são excluídos dezenas de milhares de cidadãos, onde o apartheid se tornou lei, onde as milícias armadas nazi-fascistas foram legalizadas, onde foi e é feita a reabilitação histórica de líderes nazis, que é desde 2014 o campo de treino dos fascistas europeus, norte-americanos e canadianos, onde prospera a perseguição, o medo, o assassinato político e a ilegalização dos partidos políticos que se opõem ao poder instituído submetido às potências do circulo imperialista, em que as forças de segurança e os militares se dão ao desplante de publicarem vídeos das torturas que infligem aos seus adversários sejam ucranianos ou soldados russos. Com um descaramento que não conhece alguma fronteira Sergiuu Rudenko escreve uma pseudo biografia de Zelensky atribuindo-lhe excelsas qualidades bem maiores do que aquele que conseguia transformar água em vinho, limpando a imagem de arrivista sem escrúpulos patente num filme que até de algum modo pretendia elogiá-lo e foi exibido por cá em dois canais televisivos. Para esse biógrafo assoldadado a Ucrânia é uma variante de paraíso terrestre atacado pelas forças do mal, a que seu presidente resiste com a heroicidade de um super homem dos Monty Python.

Nazis do Batalhão Azov diz-se testemunha de crimes de guerra. Cometidos por eles?

Soldados em Azovstal recusam render-se. "Somos testemunhas de crimes de guerra"

O complexo de Azovstal foi evacuado, mas os militares não podem garantir que já não há civis no local.

Os soldados ucranianos que estão há várias semanas nas galerias subterrâneas do complexo metalúrgico de Azovstal, em Mariupol, garantiram que não se vão render à Rússia.

"A rendição não é uma opção", afirmou o vice-comandante do batalhão de Azov, Ilya Samoïlenko, numa conferência de imprensa inédita, transmitida em direto. "Seria uma prenda para o inimigo."

Ilya Samoïlenko afirma que 25 mil pessoas morreram em Mariupol desde o início da guerra e que não é possível dizer se todos os civis já foram retirados da fábrica que durante meses serviu de abrigo a centenas de pessoas.

Pelo menos três militares Azov morreram durante as operações de retirada dos civis, um num dos veículos e dois atingidos por bombas. Outros seis ficaram feridos.

O militar relatou ainda que a noite foi de intensos bombardeamentos. Os russos não estão interessados nas vidas dos militares Azov porque "somos testemunhas dos crimes de guerra cometidos pela Rússia", vincou.

Ilya Samoïlenko diz que os militares do batalhão Azov não esperam serem tratados como heróis, mas acusa o governo ucraniano de ter falhado na defesa de Mariupol: não receberam armas, meios de transporte, nem quaisquer apoios, acusa.

Em contrapartida, assegura, os soldados do batalhão de Azovstal fizeram mais de 2500 baixas entre as tropas russas, feriram 500 soldados, destruíram 60 tanques e danificaram outros 30.

Só este batalhão é responsável por 15% das perdas russas em toda a Ucrânia, assegura o militar.

"Muitas pessoas deram a vida pela defesa da Ucrânia e do mundo livre. Não desperdicem este sacrifício", apela.

Na sexta-feira, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que a cidade de Mariupol está "completamente destruída" e que à Rússia apenas resta apoderar-se do seu complexo siderúrgico, Azovstal.

Cristina Lai Men com Carolina Rico | TSF

Imagem: O vice-comandante Sviatoslav Palama (â direita) e o tenente Iliya Samolienko © Reprodução Zoom

DIREITOS HUMANOS - As Distracções do Departamento de Estado -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Departamento de Estado norte-americano publica todos os anos um relatório sobre Direitos Humanos. Este ano, em Fevereiro, o documento foi tornado público. Quem sabe ler poder verificar críticas ao governo da Ucrânia e ao seu presidente, Zelensky. Leiam que se faz tarde. O documento sobre o ano de 2021 cobre os direitos humanos no mundo.

O Departamento de Estado garante que Na Ucrânia há “execuções extrajudiciais e tortura”.  O documento repete críticas anteriores às autoridades ucranianas, como “tratamento cruel de detidos por agentes da ordem, condições prisionais duras e ameaçadoras, detenções arbitrárias e problemas graves com a independência do Poder Judicial”. Querem saber mais sobre a Ucrânia, segundo a douta opinião do Departamento de Estado? Aí vai: “Existe violência com base no género ou orientação sexual, antissemitismo, e contra pessoas com deficiência ou de grupos étnicos minoritários, bem como as piores formas de trabalho infantil”.

Leiam mais este mimo sobre o país do presidente Zelensky: “O Governo não tomou medidas adequadas para perseguir ou punir a maioria dos funcionários que cometeram abusos, resultando num clima de impunidade”. 

O Departamento de Estado dos EUA, no seu Relatório Sobre Direitos Humanos no Mundo, recentemente divulgado em Washington, acusa também o Governo Angolano. Uma versão fantasiosa da situação em Angola, pintada pelos sicários da UNITA, pelo patarata Filomeno Vieira Lopes, do Bloco do Reumático, e o agente da BRINDE (polícia política do Galo Negro) Abel Chivukuvu.

Aqueles senhores do Departamento de Estado são muito distraídos. Mas eu só me distraio à frente de uma botelha de um bom tinto da minha idade. A organização norte-americana Mapping Police Violence denunciou que polícias dos EUA mataram 1.152 pessoas e destas, mais de 40 por cento eram negros. Uma longa história de violência policial. Vamos começar no ano de 2013. A polícia dos EUA matou 1.140 pessoas e em 2014, 1.172 também foram assassinadas pelos agentes policiais. Em 2015, o número chegou aos 3.000. Damos um salto para 2021 e o resultado são 1500 mortos, a maioria negros.  

Um alerta: A organização norte-americana Mapping Police Violence apenas contabilizou as mortes nos 60 maiores departamentos policiais dos EUA. Em 14 desses departamentos, apenas foram assassinados cidadãos negros.

GLÁDIO | NATO numa guerra secreta contra cidadãos europeus e os seus governos


Operação Gládio: como a NATO conduziu uma guerra secreta contra cidadãos europeus e os seus governos democraticamente eleitos

Cynthia Chung | em Pelo Socialismo

"As unidades das SS forçaram um pequeno grupo de vítimas do campo de concentração 'libertadas' de Buchenwald, disfarçadas com uniformes polacos, a encenar um ataque simulado de bandeira falsa à torre de rádio principal no estado livre de Dantzig, controlado pelos nazis. Citando a provocação dos polacos, seguiu-se a invasão alemã da Polónia."

Todos conhecem o discurso da Cortina de Ferro proferido por Winston Churchill. No entanto, não é Churchill o criador da frase.

“Tinha de se atacar civis, pessoas, mulheres, crianças, cidadãos desconhecidos longe de qualquer jogo político. A razão era bastante simples – forçar as pessoas a recorrerem ao Estado para pedir maior segurança.”

- Vincenzo Vinciguerra, terrorista italiano condenado, ex-membro da Avanguardia Nazionale (“Vanguarda Nacional”) e Ordine Nuovo (“Nova Ordem”)

Esta é a parte 3 de uma série de cinco partes. [Consulte aqui a Parte 1 e a Parte 2, a última que aborda a forma como o Movimento Nacionalista Ucraniano pós-Segunda Guerra Mundial foi comprado e pago pela CIA. A Parte 4 discutirá o envolvimento britânico e americano, ao lado da  NATO, na Operação Gládio, e como o comércio mundial de tráfico de drogas e sexo está ligado a isso através dos Estados Unidos. Também discutirá como essa rede foi responsável pelo assassinato do presidente Kennedy.]

Alemanha nazi: o baluarte do Ocidente contra o comunismo

            “Ao destruir o comunismo no seu país [de Hitler], ele tinha travado o seu caminho para a  Europa Ocidental." (1)

- Conde de Halifax, também conhecido como Lord Halifax (Embaixador Britânico nos EUA, 1940-1946, Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros Britânicos 1938-1940, Vice-Rei e Governador-Geral da Índia 1926-1931)

Todos conhecem o discurso da Cortina de Ferro proferido por Winston Churchill, que já não era primeiro-ministro britânico naquela altura, em 5 de março de 1946.

No entanto, não é Churchill o criador da frase, mas sim o ministro das Relações Exteriores da Alemanha nazi, conde Lutz Schwerin von Krosigk, que fez um discurso em Berlim em 3 de maio de 1945, relatado no London Times e no New York Times em 8 de maio de 1945. No discurso, Krosigk usa a frase de propaganda cunhada pelos nazis “Cortina de Ferro”, utilizada precisamente no mesmo contexto por Churchill, menos de um ano depois.

Após esse discurso alemão, apenas três dias após a rendição alemã, Churchill escreveu uma carta a Truman, expressando a sua preocupação com o futuro da Europa e dizendo que uma “cortina de ferro” tinha caído. (2)

Essa partilha de política entre a Alemanha nazi e a Inglaterra não deveria ser uma surpresa completa.

O Pacto Molotov-Ribbentrop assinado em 23 de agosto de 1939 é o que ficou na história com visibilidade. No entanto, um facto importante é muitas vezes deixado de fora -  este pacto notório foi assinado 11 meses depois de o primeiro-ministro do Reino Unido Neville Chamberlain ter assinado o acordo de apaziguamento com Hitler em 30 de setembro de 1938, conhecido como Acordo de Munique (também conhecido como Traição de Munique).

O historiador Alex Krainer escreve:

“A história que aprendemos na escola afirmava que o governo britânico concordou em dividir a Checoslováquia apenas como uma medida desesperada para evitar uma guerra europeia maior. Essa visão é baseada na ideia de que a Alemanha já era uma potência militar esmagadora que poderia facilmente esmagar as fracas defesas da Checoslováquia. No entanto, essa ideia é patentemente falsa.” [sublinhado nosso]

Alex Krainer continua:

“ Criada em 1919, a Checoslováquia foi o mais próspero, mais democrático, mais poderoso e mais bem administrado dos Estados que emergiram do Império dos Habsburgo… campanha de propaganda que foi orquestrada pela média britânica e por representantes do governo para enganar o público britânico e europeu…

Em termos de qualidade, armamentos e fortificações, o exército checo era conhecido por ser o melhor da Europa e era superior ao exército alemão em todos os aspetos, exceto no apoio aéreo. Em 3 de setembro de 1938, o adido militar britânico em Praga escreveu um telegrama para Londres, afirmando: “Não há deficiências no exército checo, tanto quanto pude observar…”

Além disso, a segurança checa foi apoiada por alianças estratégicas com a França e a União Soviética que, naquela época, estavam muito interessadas em manter a Alemanha sob controle e ambas eram significativamente superiores à Alemanha em termos de força militar” [sublinhado nosso]

Ou seja, a Checoslováquia, de facto, capitulou sem resistência, mas não porque as suas defesas fossem fracas. Pelo contrário,  o seu governo recebeu falsas promessas e acabou  por ser lançado a favor da Alemanha pelo esquema traiçoeiro da diplomacia secreta da Grã-Bretanha.

Lord Halifax, que foi citado anteriormente, estava entre os negociadores britânicos do Acordo de Munique. Para o resto da história, consulte o excelente artigo de Alex Krainer aqui.

O que de facto aconteceu como resultado do Acordo de Munique foi  a Alemanha de Hitler ter adquirido o exército superior da Checoslováquia e ter transformado a Alemanha numa ameaça colossal que seria muito mais difícil de derrotar.

Além disso, o Banco da Inglaterra e o Banco de Compensações Internacionais, através do governador do BoE [Bank of England, Banco de Inglaterra], Montague Norman, permitiram a transferência direta de 5,6 milhões de libras em ouro para Hitler, que eram propriedade do Banco da Checoslováquia.

Ações questionáveis da Inglaterra, de facto.

A Alemanha foi autorizada a tornar-se uma força ultrassuprema por meio da intervenção direta britânica. Foi apenas 11 meses depois que o Pacto Molotov-Ribbentrop foi assinado como um meio de evitar o que era claramente o inevitável; um ataque alemão em solo russo, com o apoio da Grã-Bretanha.[Para saber mais sobre isso, consulte aqui.]

A PROFECIA DE YASSER ARAFAT – Artur Queiroz

Ponham a Mão na Consciência sem Radicalismos

Artur Queiroz*, Luanda

Em Lisboa, Amadora, Setúbal e outras grandes cidades portuguesas há bairros onde seres humanos nem sequer têm direito a um documento de identificação. Ponham a mão na consciência e pensem. Quem é tratado pior do que um animal doméstico tem tudo para se comportar irracionalmente. A segregação, o racismo, a xenofobia, o analfabetismo, o desemprego, são óptimos ingredientes para radicalizar um santo.

Em Agosto de 1990, uma coligação internacional liderada pelos EUA bombardeou o Iraque com “mísseis cruzeiro”, a mais potente arma da época, excluindo as bombas atómicas. Milhões de iraquianos fugiram do seu país ou tiveram de abandonar as suas cidades, vilas e aldeias e procuraram refúgio em áreas mais seguras. Mas isso não existia. Morreram centenas de milhares

Os que se refugiaram noutros países e levaram filhos pequenos, nunca mais voltaram. Vivem em guetos na Europa e nos EUA. E lá cresceram as crianças. Outros nasceram longe da pátria dos Sumérios e hoje já têm mais de 25 anos. Ponham a mão na consciência. Quando esses escorraçados da vida viram os ocupantes tratar Saddam Hussein como um bicho, ficaram revoltados. Quando assistiram, em directo, ao seu enforcamento, ficaram irados. E juraram vingança. 

Eu estive no Iraque durante a guerra. E uma coisa é segura: Saddam era idolatrado por milhões de iraquianos. Não sei quantos nem se eram a maioria. Mas eram muitos os que viam nele o saladino. Clamam por vingança. Os seus filhos, hoje cidadãos europeus ou norte-americanos, sentem a dor dos pais. E como sãos segregados, tratados como animais, facilmente se radicalizam.

As elites europeias inventaram uma coisa idiota que se chama eurocentrismo. E pensam que a vida na Europa vale mais do que noutras paragens. Os mortos de Paris, Bruxelas, Londres, Madrid ou Nova Iorque nunca deviam ter sido alvos de assassinos tresloucados. Nunca. Mas essas vidas não valem mais do que as daqueles iraquianos destroçados pelos “mísseis cruzeiro” ou os bombardeamentos aéreos dos países da NATO. Não valem mais nem menos do que os milhares de palestinos arrasados na Cisjordânia e na Faixa de Gaza pela aviação israelita. São iguais aos milhares de líbios trucidados pelos aviões do Reino Unido, França ou Itália.

Os presidentes Saddam ou Kadafi, no mínimo, valiam tanto como Hollande ou Obama. Ponham a mão na consciência. Imaginem ver na televisão, em directo, os assassinatos dos presidentes de França e EUA. Com uma chusma de “comentadores” a justificarem esses crimes. Até um santo se radicalizava!

Eu ouvi o administrador de bancos e outras fontes de dinheiro, António Lobo Xavier, dizer no programa “Quadratura do Círculo” que no Ocidente “a vida tem outro valor”. Há milhões de europeus a pensarem como ele. Ponham a mão na consciência. Os convivas de um casamento no Afeganistão, reduzidos a pó pelas bombas dos aviões da NATO, valem tanto como os espectadores do Bataclan, os passageiros do aeroporto de Bruxelas, os que morreram nas Torres Gémeas, na estação ferroviária de Atocha ou no metro de Londres. Os 50 iraquianos que no sábado morreram no estádio de futebol de Bagdade, vítimas de um bombista suicida, são tão civilizados como os europeus ou norte americanos.

Na Suméria (actual Iraque) nasceu a civilização ocidental. Os sumérios inventaram a roda e a escrita. Contribuíram para a Cultura da Humanidade como mais nenhum povo. Por vezes, fico com a desagradável sensação de que das elites portuguesas, apenas o Professor Agostinho da Silva leu a “Eneida” de Virgílio. 

Líbia ardente, Cartago, a rainha Dido, Eneias. Todos são íntimos dos desgraçados que se fazem ao Mediterrâneo, fugindo da Síria. A Tripolitânia e a Cirenaica são as longínquas e amadas pátrias dos que hoje são tratados na Europa como cães vadios ou animais peçonhentos. O Império de Palmira estava em ruínas. Agora ficou em cacos. Perguntem a Obama, Hollande, Merckel, Cameron e outros líderes mundiais porque patrocinaram esses crimes hediondos. 

Um dia antes de rebentar a primeira guerra no Iraque, entrevistei, em Bagdade, Yasser Arafat, líder da Organização de Libertação da Palestina (OLP). E ele disse isto: “O Ocidente já ganhou a guerra, mais vai perder para sempre a paz”. Não precisam de ir ler a entrevista ao centro de documentação do “Jornal de Notícias”. Mas atentem nas palavras de António Costa, o único chefe de governo europeu que pôs o dedo na ferida. Disse ele que o problema do terrorismo só se resolve com diálogo intercultural e a integração de todos os que vivem em guetos, nas grandes cidades europeias. Já agora oiçam também o Papa Francisco. E ponham a mão na consciência.

*Jornalista

Ucrânia: CUSTO DA GUERRA EM ÁFRICA E NO SUL GLOBAL

#Traduzido em português do Brasil

Como o Ocidente está ocupado lidando com seus próprios problemas econômicos enquanto corta as exportações russas, pouca atenção está sendo dada aos que mais sofrem, escreve Ramzy Baroud.

Ramzy Baroud* | Common Dreams | em Consortium News

Embora as manchetes das notícias internacionais permaneçam amplamente focadas na guerra na Ucrânia, pouca atenção é dada às terríveis consequências da guerra que são sentidas em muitas regiões do mundo.

Mesmo quando essas repercussões são discutidas, a cobertura desproporcional é alocada a países europeus, como Alemanha e Áustria, devido à forte  dependência  de fontes de energia russas.

O cenário horrível, no entanto, aguarda os países do Sul Global que, ao contrário da Alemanha, não poderão substituir a matéria-prima russa de outros lugares. Países como Tunísia ,  Sri Lanka  e  Gana  e muitos outros, enfrentam sérias carências alimentares a curto, médio e longo prazo.

O Banco Mundial está alertando para uma “catástrofe humana” como resultado de uma crescente crise alimentar, ela própria resultante da guerra Rússia-Ucrânia. O presidente do Banco Mundial, David Malpass,  disse  à BBC que sua instituição estima um “enorme” salto nos preços dos alimentos, chegando a 37%, o que significaria que as pessoas mais pobres seriam forçadas a “comer menos e ter menos dinheiro”. para qualquer outra coisa, como a escolaridade.”

Esta crise de mau presságio está agora agravando uma crise alimentar global existente, resultante de grandes interrupções nas cadeias de suprimentos globais, como resultado direto da pandemia de Covid-19, bem como problemas pré-existentes, resultantes de guerras e distúrbios civis, corrupção, má gestão econômica, desigualdade social e muito mais.

Mesmo antes da guerra na Ucrânia, o mundo já estava ficando mais faminto. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO),  estima -se que  811 milhões de pessoas no mundo “enfrentem fome em 2020”, com um salto maciço de 118 milhões em relação ao ano anterior.

Considerando a contínua deterioração das economias globais, especialmente no mundo em desenvolvimento, e a inflação subsequente e sem precedentes em todo o mundo, o número deve ter dado vários grandes saltos desde a publicação do relatório da FAO em julho de 2021, informando sobre o ano anterior.

De fato, a inflação é agora um fenômeno global. O índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos aumentou 8,5 por cento em relação ao ano anterior,  segundo a  empresa de mídia financeira Bloomberg. Na Europa, “a inflação (atingiu) recorde de 7,5 por cento”, segundo os últimos dados  divulgados  pelo Eurostat. Por mais preocupantes que sejam esses números, as sociedades ocidentais com economias relativamente saudáveis ​​e espaço potencial para subsídios governamentais são mais propensas a enfrentar a tempestade da inflação, se comparadas a países da África, América do Sul, Oriente Médio e muitas partes da Ásia. 

A guerra na Ucrânia impactou imediatamente o fornecimento de alimentos para muitas partes do mundo. A Rússia e a Ucrânia juntas contribuem com  30% das exportações globais de trigo. Milhões de toneladas dessas exportações chegam aos países dependentes da importação de alimentos no Sul Global – principalmente as regiões do Sul da Ásia, Oriente Médio, Norte da África e África Subsaariana. Considerando que algumas dessas regiões, compostas por alguns dos países mais pobres do mundo, já enfrentam o peso de crises alimentares pré-existentes, é seguro dizer que dezenas de milhões de pessoas já , com fome nos próximos meses e anos.

Quantas cenas do “massacre de Bucha” foi inventado por Zelensky e seus cineastas?

#Traduzido em português do Brasil

Slavisha Batko Milacic* | One Word

Os organizadores do "Escândalo Bucha" dificilmente se incomodam com as perguntas que qualquer pessoa sã faria a si mesmo.

Logo depois que as tropas russas deixaram os arredores de Kiev, a mídia pró-ucraniana disparou uma série de histórias sobre supostos crimes de guerra russos contra civis pacíficos, vestígios dos quais foram encontrados nas cidades abandonadas. Em pouco tempo, o primeiro vídeo apareceu, com cadáveres espalhados pela rua, alguns dos quais, após uma inspeção mais detalhada, revelaram-se bastante vivos. No entanto, isso não impediu que várias publicações apresentassem histórias coloridas em primeira pessoa sobre as "atrocidades" cometidas pelos militares russos. A ideia principal era que os soldados russos não querem lutar e estão com medo, ao mesmo tempo muito felizes em cometer crimes de guerra atirando em civis e jogando granadas em um porão cheio de moradores escondidos lá. Logo,

Vamos tentar descobrir tudo isso. O exército ucraniano não libertou Bucha, mas voltou discretamente para lá após a retirada das tropas russas, que Moscou havia anunciado alguns dias antes. Ao mesmo tempo, por alguma estranha razão, as unidades russas que partiram não apenas deixaram para trás cadáveres caídos na rua, mas artisticamente os distribuíram e distribuíram uniformemente pelo território da cidade. Bem, os comandantes russos dificilmente são capazes de um desempenho tão pouco natural. Mesmo que houvesse tal maníaco no comando russo, ele seria rapidamente preso por seus próprios subordinados e levado a um tribunal militar.

De onde vieram todos esses cadáveres então? Obviamente, nem todos são reais, porque mesmo no vídeo claramente encenado transmitido às pressas pelos canais pró-governo ucranianos, alguns deles são vistos em movimento e até em pé. Outros poderiam ter sido baleados por unidades avançadas ucranianas por causa das fitas brancas que os civis locais usavam nas mangas ao sair para a rua. Além disso, dado o baixo nível de disciplina e a falta de um comando unificado nas tropas ucranianas e agências de aplicação da lei, alguns dos nacionalistas poderiam ter linchado suspeitos de "colaboração". De qualquer forma, havia órgãos suficientes disponíveis para fornecer uma “boa imagem” para as autoridades ucranianas.

E Kiev precisa de uma foto, e quanto mais cedo melhor. Não havia tempo para criar "sepulturas para as vítimas" da repressão russa, para procurar uma cidade longe de Kiev ou para construir um campo de concentração completo com fornalhas e quartéis. Vários políticos europeus, preocupados com as crescentes preocupações públicas sobre o rompimento dos laços energéticos com a Rússia, exigiram que a Ucrânia apresentasse uma nova razão para sanções anti-russas de última chance o mais rápido possível.

EUA | Washington espera restabelecer o seu hiper-poderio graças à guerra na Ucrânia


Na imagem o registo dos guerreiros da guerra fria. Em 23 de Janeiro de 2022, a delegação taïwanesa acolhe o Congresso anual da World League for Freedom and Democracy (WLFD), denominação actual da antiga World Anti-Communist League (WACL). Os guerreiros da guerra fria continuam presentes.

Thierry Meyssan*

A evolução da operação militar russa na Ucrânia para uma verdadeira guerra entre Moscovo e Washington abriu a caixa de Pandora. Os objectivos dos Ocidentais adaptam-se. Já não se trata de defender os banderistas (nazis) contra a Rússia, mas antes de enfraquecer uns e outros (União Europeia incluída) para restaurar o hiper-poderio norte-americano e o seu mundo unipolar.

A RESSURREIÇÃO DOS GUERREIROS DA GUERRA FRIA

Em dois meses, a operação militar russa especial contra os banderistas (nazis) transformou-se numa verdadeira guerra opondo os Russos e as Repúblicas populares do Donbass, por um lado, aos Ucranianos apoiados pela OTAN, por outro.

Uma vitória ucraniana será um golpe duro contra a Rússia e uma vitória russa marcará a morte da OTAN. Nenhum dos dois protagonistas pode recuar. Assim todos os golpes são permitidos.

Os banderistas (nazis) viram primeiro afluir à Ucrânia os seus antigos aliados do Bloco anti-bolchevique das nações (ABN) e da Liga anti-comunista mundial (WACL) [1], tais como os 3 000 milicianos dos Lobos cinzentos turcos.

Enquanto o ABN e a WACL, sem terem desaparecido completamente, foram substituídas pela Ordem secreta Centuria, os laços ideológicos anti-Russos e a fraternidade desenvolvida durante as operações secretas da Guerra Fria permanecem. Já se tinha constatado de forma idêntica durante a guerra contra a Síria, os laços estabelecidos entre os jiadistas de várias nacionalidades no decurso dos seus combates sucessivos sob o comando da CIA no Afeganistão, na Bósnia-Herzegovina, na Chechénia e no Kosovo.

Parece hoje que esta guerra está destinada a durar e a propagar-se. Estas redes prosseguem, pois, a sua mobilização. Por exemplo, de momento, não foi assinalado nenhum combatente asiático, embora Chiang Kai-chek tenha oferecido uma assistência muito significativa à WACL, indo mesmo ao ponto de instalar em Taiwan a Political Warfare Cadres Academy do banderista (nazi) ucraniano Iaroslav Stetsko. Essa escola era o equivalente do Psychological Warfare Center de Fort Bragg (EUA) e da School of Americas no Panamá, cursos de tortura incluídos. O governador de Mykolaiv, de origem Koryo-saram, Vitaly Kim, poderá fazer a conexão com os sucessores do ditador sul-coreano Park Chung-hee.

A Liga foi profundamente transformada em 1983 a conselho do Straussiano Edward Luttwak [2]. Mudou de nome durante a dissolução da URSS para tornar-se a Liga Mundial para a liberdade e a democracia (WLFD). Ela realizou o seu último Congresso, nos dias 23 e 24 de Janeiro de 2022 em Taiwan, sob a presidência de Yao Eng-chi, um alto quadro do Kuomintang. Ela dispõe de um estatuto de consultoria na ONU e de um gabinete na sede da Organização. Ela recebe em permanência cerca de um milhão de dólares de subvenção anual de Taipé. As suas actividades são cobertas pelo segredo de defesa do governo taiwanês.

NA IMINÊNCIA DE UMA GUERRA NUCLEAR E NINGUÉM SE IMPORTA

Djamel Labidi*

Os EUA convocaram para a sua base militar de Ramstein na Alemanha, 40 Estados, 40 países ocidentais. Foi todo o ocidente que lá compareceu para fornecer cada vez mais armas à Ucrânia. A História pode vir a lembrar esta data, 26 de abril, como o início da Terceira Guerra Mundial, se tal acontecer e se a humanidade lhe sobreviver.

Podemos de facto falar de não-beligerância, mostrando hipocrisia, quando vemos o esforço de guerra dos EUA – 30 mil milhões de dólares previstos – e que envolvem cada vez mais os Estados ocidentais, assim como o tipo de armas fornecidas, cada vez mais pesadas, cada vez mais sofisticadas.

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, usando uma frase do presidente Roosevelt em vésperas da entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial, chamou a aquele enorme esforço militar: "ajudar a fortalecer o arsenal da democracia ucraniana". Mas ele revela, ao mesmo tempo, sem qualquer outra precaução, que o objetivo deste encontro, assim como o da guerra, é “enfraquecer” a Rússia de forma duradoura. Na mesma linha, e desde o início da guerra, aliás, em 24 de fevereiro, o presidente Joe Biden anunciou "sanções devastadoras" contra a Rússia e em 7 de abril prometeu que "essas sanções apagariam quinze anos de progresso económico da Rússia". Em suma, constata-se com efeito que desde o início, os EUA encaram a guerra na Ucrânia como uma guerra contra a Rússia.

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