segunda-feira, 20 de junho de 2022

Angola | A CONTINUIDADE DO BANDIDO À EUROPEIA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A agência noticiosa portuguesa (LUSA) é o órgão oficial da UNITA e, temos de reconhecer, cumpre o seu papel na perfeição. Hoje começou em Lisboa o “Congresso Internacional de Angolanística”, uma peça da campanha do Galo Negro com vista às eleições de 24 de Agosto. Por trás dos arbustos estão sinistros savimbistas como João Soares e Vítor Ramalho. Têm todos, uma característica em comum: Estão tesos e andam à caça de dinheiro como kiombo atrás das lavras de batata-doce. A operação está em marcha, desde o Congresso da Nação que juntou trânsfugas do MPLA e a sociedade à civil disfarçada de Frente Podre da UNITA (FPU). Nem patriótica e muito menos unida como já se viu pela demissão de Manuel Vitória Pereira. 

As próximas eleições em Angola vão decorrer num momento em que as grandes potências ocidentais estão a lançar manobras de destabilização nos países africanos e em todos os que, noutros continentes, têm matérias-primas preciosas para alimentar o sistema, como gás e petróleo. O que se passa no Leste da República Democrática do Congo diz-nos respeito e os danos podem sobrar para os angolanos. Muito cuidado! 

A directora da União Europeia para África, Rita Laranjinha, esteve entre nós com a missão de mobilizar Angola para o negócio da guerra da Ucrânia. Washington e Bruxelas estão completamente falidos e querem que sejam as vítimas do costume a pagar os milhares de milhões que estão a esbanjar naquela aventura criminosa e leviana. Os ucranianos pagam a parte do sangue e das vidas. 

Os mentores da guerra estão a fazer tudo para que sejam os países africanos dependentes e dominados a pagarem o ouro ao bandido. O ministro Tete António já disse que Angola não vai na canção dos bandidos. A partir de agora termos de esperar todas as manobras de destabilização possíveis e imaginárias, para rebentarem com a festa das eleições e transformá-la na tragédia de 1992, quando perceberam que o petróleo e outras matérias-primas preciosas não iam passar para as mãos dos seus agentes (UNITA).

O “Congresso Internacional de Angolanística” é uma peça importante para transformar a festa da democracia (Eleições de Agosto 24) num pesadelo. Os senhores da guerra na Ucrânia vão destabilizar Angola o mais que puderem. Hoje, Paula Roque um ser híbrido metade Galo Negro metade nazi do defunto regime de apartheid, afirmou: "Tudo indica que estas eleições serão as menos transparentes e credíveis de todas”. A agente savimbista e dos racistas de Pretória (ainda estão vivos e têm cada vez mais força!) deu esta dica: “Tenho receio do que possa acontecer no dia pós-eleições”. Isto é angolanística e da carne do lombo!

O Congresso Internacional de Angolanística é uma iniciativa da Rede de Investigação Científica de Angola (Angola Research Network). Sabem o que é? Eles também não. Mas pela conversa de Paula Roque têm um trunfo qualquer na manga. Não fosse ela filha da guerrilheira da UNITA Fátima Roque. 

Ai não sabiam? Pensavam que a Mana Fatita só se interessava por diamantes de sangue. Ou que só sabia roubar o vestido da madrinha dela para ir na farra do Salão dos Anjos. Nada disso. Também foi guerrilheira da UNITA, que conseguiu o estatuto de movimento de libertação angolano em Dezembro de 1974, quando já nada havia para libertar em Angola e a guerra colonial tinha acabado. O MPLA assinou o cessar-fogo com Portugal em Outubro. E desde essa data até Dezembro, Fátima Roque fez a guerrilha na cama de um quarto no Hotel Tivoli. Quem quer bons tachos, luta por eles.

Cuidado com a destabilização até 24 de Agosto e após a divulgação dos resultados eleitorais. Eles já estão com a moca afiada para partir tudo. Aquela carta aberta do empresário de grande sucesso Francisco Viana é um sinal de partida. Hoje, o Adolfo Maria, ainda mais apodrecido do que a Frente Podre da UNITA (FPU) publicou um texto no “site” da UNITA Club K, onde debita um chorrilho de mentiras sobre Gentil Viana. Até o apresenta como fundador do MPLA o que é redondamente falso. Mas o “Afrique” foi uma figura muito importante porque por ele podemos chegar a uma faceta importantíssima de Agostinho Neto. 

Gentil Viana fez terríveis confusões no MPLA. Debitava uns paleios e desaparecia. Agostinho Neto voltava a integrá-lo. Como fez com tantas e tantos outros. Para ele, todos eram recuperáveis, todos eram necessários, todos faziam falta na luta armada de libertação nacional. O próprio Adolfo Maria foi protegido. Os comandantes da guerrilha na II Região (Cabinda) exigiram a expulsão dele, por comportamentos contra revolucionários. Não eram guerrilheiros de base. Eram mesmo comandantes, como o comissário político da Frente Norte, Eurico Gonçalves. Agostinho Neto protegeu-o. Agora, a cair de podre, morde-lhe os calcanhares. Um porco rastejante!

Angola está a viver a belíssima festa das eleições. Mas a Frente Podre da UNITA (FPU) quer estragar tudo, como sempre. Já receberam ordens dos donos para destabilizarem Angola. Como estão a destabilizar a RDC, nosso vizinho. E o Mali. Mas também a África do Sul. Úrsula von der Leyen disse que os ucranianos “estão a morrer por nós”. Tremenda mentira, os EUA e a União Europeia estão a empurrar os ucranianos para a morte. Querem prolongar o estado de guerra a todo o custo. Quem vai pagar? As vítimas de sempre. África anda a pagar aos vendedores e matadores de africanos há mais de 600 anos. Sempre que o bandido precisa de ouro, pagam os africanos, pagam os asiáticos, pagam os sul-americanos. Basta!

Vamos levar a festa da democracia em frente, com alegria, como quem ama a liberdade. Foi isso que o MPLA nos ensinou: Amar Angola. Amar o Povo Angolano. Amar a Liberdade. Não vamos recuar agora, que tudo se conjuga para dar certo. O sistema unipolar está a dar as últimas. Uma nova ordem mundial está a ser desenhada e Angola tem de fazer parte do novo mapa. Se a União Europeia nos mandar outra Rita Laranjinha qualquer, temos que lhe indicar a porta da rua, antes mesmo de entrar.

*Jornalista

A LETALIDADE DA DOUTRINA GLOBAL MONROE

#Traduzido em português do Brasil

Desde seus ataques aos países do Sul Global até sua disposição de entrar em guerra com uma grande potência como a Rússia, os EUA estão empregando cada vez mais força militar para compensar seu declínio econômico, escreve Vijay Prashad.

Vijay Prashad* | Tricontinental: Institute for Social Research | em Consortium News

Este mês, como parte de sua política de domínio do hemisfério americano, o governo dos Estados Unidos organizou a 9ª Cúpula das Américas  em Los Angeles.

O presidente dos EUA, Joe Biden, deixou claro desde o início que três países do hemisfério – Cuba, Nicarágua e Venezuela – não seriam convidados para o evento, alegando que não são democracias.

Ao mesmo tempo, Biden estaria planejando uma visita à Arábia Saudita – uma teocracia autodescrita. O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, questionou a legitimidade da postura excludente de Biden e, assim, México, Bolívia e Honduras se recusaram a comparecer ao evento. Como se viu, a cúpula foi um fiasco.

No caminho, mais de uma centena de organizações sediaram uma  Cúpula dos Povos  pela Democracia, onde milhares de pessoas de todo o hemisfério se reuniram para celebrar o verdadeiro espírito democrático que emerge das lutas de camponeses e trabalhadores, estudantes e feministas, e todas as pessoas que estão excluídos do olhar dos poderosos.

Neste encontro, os presidentes de Cuba e Venezuela se uniram online para celebrar este festival da democracia e para condenar o armamento dos ideais democráticos pelos Estados Unidos e seus aliados.

No próximo ano, 2023, será o bicentenário da Doutrina Monroe, quando os EUA afirmaram sua hegemonia sobre o hemisfério americano. O espírito maligno da Doutrina Monroe não apenas continua, mas agora foi estendido pelo governo dos EUA em uma espécie de  Doutrina Monroe Global .

A fim de afirmar essa afirmação absurda em todo o planeta, os Estados Unidos seguiram uma  política  para “enfraquecer” o que vê como “próximos rivais”, ou seja, China e Rússia.

Em julho, Tricontinental: Institute for Social Research – juntamente com  Monthly Review  e  No Cold War  – produzirá um livreto sobre a escalada militar imprudente do governo dos EUA contra aqueles que vê como seus adversários – principalmente China e Rússia. Incluirá ensaios de John Bellamy Foster, editor da  Monthly Review , Deborah Veneziale, jornalista radicada na Itália, e John Ross, membro do coletivo No Cold War. Na linha desse livreto, No Cold War também produziu  o Briefing No. 3 , “Os Estados Unidos estão se preparando para a guerra com a Rússia e a China?” na marcha assustadora e alarmante de Washington em direção à primazia nuclear.

EUA: A POLÍTICA COMO UM REALITY SHOW

#Publicado em português do Brasil

No comitê que investiga invasão do Capitólio, apenas diversão midiática. No lugar de uma séria investigação, espetáculo que pode inflamar a ultradireita – e nada resolve acerca do hiato entre os trabalhadores traídos e a classe bilionária

Chris Hedges, com tradução em A Terra é Redonda | Outras Palavras

O Comitê Selecionado para Investigar o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Congresso dos EUA, cujas primeiras seis audiências públicas televisadas começaram no dia 09 de junho, é um espetáculo que substitui a política. Nada há de substancialmente novo nas acusações. O comitê não tem poderes de promotoria. Nenhuma acusação foi apresentada pelo Procurador-Geral dos EUA, Merrick Garland, contra o ex-presidente Donald Trump e não se espera que haja alguma.

As audiências coreografadas – assim com o foram os julgamentos para o impeachment de Donald Trump – não terão efeito algum sobre os eleitores de Trump, a não ser fazê-los se sentirem perseguidos, especialmente considerando-se as mais de 860 pessoas que já foram acusadas (incluindo 306 autodeclarações de culpa) pelo seu papel na invasão do Capitólio.[i] O comitê ecoa para os opositores de Trump aquilo que eles já acreditavam. Este comitê foi planejado para apresentar a inação como sendo uma ação e substituir a política pelo desempenho farsesco de papéis. Como escreve Guy Debord ele perpetua o norte-americano “império da passividade moderna”.

O comitê – boicotado pela maioria dos Republicanos – contratou James Goldston,[ii] um produtor de documentários e antigo presidente da rede de TV ABC News, para transformar as audiências em envolventes espetáculos televisivos embalados de maneira esperta e com uma variedade de frases de efeito concisas. O resultado disso é – como tinha a intenção de ser – a política como “reality TV”, uma diversão mediática que nada mudará na sombria paisagem estadunidense. Aquilo que deveria ser uma séria investigação bipartidária sobre a variedade de violações constitucionais praticadas pelo governo Trump, foi transformado em um comercial de campanha em horário nobre para um Partido Democrata sem combustível. A epistemologia da televisão está completa. E também assim está o seu artifício.

As duas alas estabelecidas da oligarquia – o velho Partido Republicano representado por políticos como Liz Cheney, uma dos dois Republicanos que estão no comitê, e a família Bush – agora estão unidas com a elite do Partido Democrata, formando uma única entidade política dominante.[iii] Os partidos dominantes já marchavam juntos há décadas nos assuntos importantes – incluindo: guerra, acordos de comércio, austeridade, a militarização da polícia, prisões, vigilância governamental e o assalto às liberdades civis. Eles trabalharam em paralelo para perverter e destruir as instituições democráticas, para benefício dos ricos e das corporações. Eles trabalharam desesperadamente juntos para repelir a revolta de trabalhadores e trabalhadoras brancas enfurecidos e traídos que apoiam Donald Trump e a extrema direita.

GASTOS MILITARES ROUBAM TRABALHADORES E POBRES

#Traduzido em português do Brasil

Os gastos militares globais ultrapassaram pela 1ª vez a marca de US$ 2 trilhões (1,8 trilhão de euros) no ano de 2021, um recorde histórico, de acordo com informações publicadas nesta 2ª feira (25. abril. 2022) pelo Sipri (Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo, na sigla em inglês), na Suécia.25/04/2022

WJ Astore | Bracing Views

A menos que você esteja trabalhando para a Raytheon ou algum outro fornecedor de armas, você está sendo roubado sempre que nosso governo gasta excessivamente com os militares, o que é sempre. US$ 54 bilhões do seu dinheiro foram roubados de você e enviados para a Ucrânia, com grande parte dele indo para a Raytheon e comerciantes da morte semelhantes. Mais de US$ 813 bilhões serão gastos no próximo ano no Pentágono, com cerca de metade disso sendo desnecessário para a verdadeira defesa nacional. O gasto militar excessivo é uma forma de roubo em que os trabalhadores e os pobres são as maiores vítimas.

Meu ponto aqui não é original. O presidente Dwight D. Eisenhower disse isso há quase 70 anos, em 1953, em seu brilhante discurso “ Cruz de Ferro ”. Nas palavras de Ike:

Cada arma que se fabrica, cada navio de guerra lançado, cada foguete disparado significa, em última instância, um roubo a quem tem fome e não se alimenta, a quem tem frio e não está vestido.

Este mundo em armas não está gastando dinheiro sozinho. Está gastando o suor de seus trabalhadores, o gênio de seus cientistas, as esperanças de seus filhos. O custo de um bombardeiro pesado moderno é este: uma escola moderna de tijolos em mais de 30 cidades. São duas usinas de energia elétrica, cada uma atendendo uma cidade de 60.000 habitantes. São dois hospitais bem equipados. São cerca de oitenta quilômetros de pavimento de concreto. Pagamos por um único avião de combate com meio milhão de alqueires de trigo. Pagamos por um único destróier com novas casas que poderiam abrigar mais de 8.000 pessoas.

Este é, repito, o melhor modo de vida que pode ser encontrado no caminho que o mundo vem trilhando. Este não é um modo de vida, em nenhum sentido verdadeiro. Sob a nuvem da guerra ameaçadora, é a humanidade pendurada em uma cruz de ferro. Essas verdades claras e cruéis definem o perigo e apontam a esperança que vem com esta primavera de 1953.

Ike, um republicano, um general aposentado cinco estrelas, contou como era, é e permanece. Gastos militares excessivos não são uma questão de esquerda-direita. Não é uma questão democrata-republicana. É uma questão de classe. É uma questão moral. Ike sabia disso e não tinha medo de dizer.

Ike disse que estamos nos crucificando com esse modo de vida militarizado. Ele escolheu essa imagem deliberadamente por seu significado cristão e poder moral. Ele falou abertamente de “verdades claras e cruéis”. Ike, um verdadeiro funcionário público, queria fazer uma América melhor. Ele não tinha medo do complexo militar-industrial-do Congresso porque o conhecia tão bem e podia resistir ao seu velho canto de sereia de guerra perpétua como sendo de alguma forma do nosso interesse nacional. Eu o saúdo por sua honestidade e sua sabedoria.

O que precisamos fazer? Precisamos rejeitar o militarismo, precisamos reinvestir na América, precisamos reanimar nossa democracia e precisamos restaurar a paz. Precisamos de mais americanos para correr e trabalhar nesses 4 Rs. A América precisa de uma reforma completa agora ou, marque minhas palavras, como meu pai costumava dizer, em breve experimentaremos algo muito mais perturbador e desagradável.

MÍDIA OCIDENTAL OPTA POR OMISSÃO E CENSURA AOS CRIMES DE KIEV/UE/EUA

A mídia e os políticos ocidentais preferem ignorar a verdade sobre os civis mortos no bombardeio de Donetsk

#Traduzido em português do Brasil

Eva Bartlett* | Internationalist 360º

Quando a culpa de Kiev em ataques a uma maternidade não pode ser negada, é simplesmente varrida para debaixo do tapete

Após o intenso bombardeio ucraniano de Donetsk em 13 de junho, algumas fontes da mídia ocidental, em conjunto com veículos em Kiev, alegaram sem surpresa que o ataque – que  matou pelo menos cinco civis  e atingiu uma maternidade movimentada – foi perpetrado por forças russas.

Por que Moscou lançaria foguetes contra seus próprios aliados não foi explicado, nem faria muito sentido.

O Ministério das Relações Exteriores da República Popular de Donetsk  relatou :  “Tão sem precedentes. em termos de potência, densidade e duração do fogo, o ataque à capital da DPR não foi registrado durante todo o período do conflito armado [desde 2014]. Em duas horas, quase 300 foguetes MLRS e projéteis de artilharia foram disparados.”

O bombardeio ucraniano começou no final da manhã, recomeçou à tarde e  continuou por  mais duas horas à noite, uma série ensurdecedora de explosões por toda a cidade, aterrorizando moradores e  alvejando prédios de apartamentos , infraestrutura civil, o hospital mencionado e edifícios industriais.

O bombardeio ucraniano de Donetsk foi renovado pouco antes das 18h, atingindo áreas residenciais em toda a cidade pelas próximas duas horas. A jornalista  @EvaKBartlett  está reportando de Donetsk. pic.twitter.com/499QeCv9Cq

— Juan Sinmiedo (@Youblacksoul)  13 de junho de 2022

Os moradores dizem que este foi um dos bombardeios mais pesados ​​de Donetsk desde 2014, quando a região declarou sua independência da Kiev pós-Maidan.

No distrito de Budyonnovsky, no sul da cidade, o  bombardeio ucraniano de um mercado  matou cinco civis,  incluindo uma criança . Apenas dois meses atrás, as forças de Kiev  atingiram outro mercado de Donetsk , deixando quatro civis mortos.

No distrito fortemente atingido de Kievskiy, ao norte, o bombardeio causou incêndios em uma fábrica de engarrafamento de água e um armazém de artigos de papelaria, destruindo-o. O prédio  ainda estava em chamas  quando o jornalista  Roman Kosarev  e eu chegamos cerca de uma hora após o ataque. Prédios de apartamentos na área também foram atacados, deixando portas e janelas estouradas e carros destruídos.

O  posto de gasolina destruído  ficava em uma rua onde fiquei em abril, que é totalmente residencial.

O chefe da DPR, Denis Pushilin  , disse :  “O inimigo literalmente cruzou todas as linhas. Métodos proibidos de guerra estão sendo usados, distritos residenciais e centrais de Donetsk estão sendo bombardeados, outras cidades e assentamentos da RPD também estão sob fogo agora”.

Militares de Kiev falam obre a guerra por procuração da OTAN contra a Rússia

Oficiais militares de Kiev compartilharam alguns detalhes intrigantes sobre a guerra por procuração da OTAN contra a Rússia

# Traduzido em português do Brasil

Andrew Korybko* | One World

Kiev finalmente reconheceu que não pode sustentar sua taxa de atrito incrivelmente alta diante da operação militar especial da Rússia em andamento. Também está se preocupando com o fato de não poder mais contar com seus parceiros ocidentais como antes, alguns dos quais estão perdendo o interesse em fornecê-lo à luz dos recentes desenvolvimentos locais na Batalha por Donbass.

Denys Sharapov e Volodymyr Karpenko, vice-ministro da Defesa de Kiev encarregado de compras e comandante de logística de comando das forças terrestres, respectivamente, deram uma entrevista detalhada à revista National Defense nos bastidores da conferência Eurosatory da semana passada em Paris. Esse canal atinge 1.800 membros corporativos do complexo industrial militar dos EUA (MIC) por sua própria admissão, tornando-se uma das fontes de informação mais influentes nessa linha de trabalho. Vale a pena ler a entrevista com esses dois funcionários porque contém muitos fatos sobre a guerra por procuração da OTAN contra a Rússia através da Ucrânia e o papel do MIC dentro dela, que o presente artigo irá resumir.

Confira as informações mais importantes da entrevista:

* A linha de frente russo-ucraniana é de cair o queixo:

- “Você tem que entender que a linha de frente tem 2.500 quilômetros de extensão. A linha de frente onde há combate ativo em mais de 1.000 quilômetros de extensão. Isso é como de Kyiv a Berlim.”

* Apenas uma fração das necessidades militares de Kiev estão sendo atendidas pelo Ocidente:

- “Recebemos um grande número de sistemas de armas, mas infelizmente com um recurso tão massivamente dispensável, ele cobre apenas 10 a 15 por cento de nossas necessidades.”

* Kiev já perdeu uma proporção incrivelmente alta de seu equipamento militar total:

- “Hoje, temos aproximadamente 30 a 40, às vezes até 50 por cento de perdas de equipamentos como resultado de combate ativo. Então, perdemos cerca de 50 por cento. … Aproximadamente 1.300 veículos de combate de infantaria foram perdidos, 400 tanques, 700 sistemas de artilharia.”

* Drones e lançadores de foguetes são considerados revolucionários por Kievt:

- “Se pudermos usar itens de longo alcance como os drones – como o MLRS – que nos permitirão estender o alcance efetivo até 60 quilômetros, isso nos dará vantagem e nos dará um sucesso significativo.”

* As vendas de armas são inerentemente políticas:

- “Você deve entender que qualquer transferência de arma é sempre uma decisão política. E muitas vezes, não depende do governo de um país. Existem diferentes alianças.”

* Alguns países estão perdendo interesse em armar Kiev:

- “E o outro componente é que, infelizmente, nem todos os políticos entendem a gravidade do que está acontecendo na Ucrânia. Algumas pessoas acreditam que esta não é a sua guerra. Esta guerra está tão longe que não lhes diz respeito.

* A taxa de consumo de armas de Kiev é tão alta que apenas a coordenação global do MIC pode satisfazê-la:

- “Quero que você saiba que não há um único fabricante ou fornecedor que seja capaz de acompanhar – apenas todos juntos [eles podem acompanhar]. Tem que ser um esforço conjunto porque não há um único fornecedor capaz de fazer isso sozinho.”

* A Ucrânia é agora o maior mercado de armas do mundo:

- “Nos últimos três dias, pedimos a todos que se unissem a esse esforço para nos unirmos porque mais uma vez, infelizmente para nós, nos tornamos o maior consumidor de armas e munições do mundo.”

* A artilharia russa está eliminando com sucesso a artilharia ocidental da Ucrânia:

- “Os sistemas de artilharia M777 são realmente propensos a serem danificados pela artilharia inimiga. Para cada bateria do M777, existem seis peças. Após cada contato de artilharia, temos que pegar duas peças de artilharia e levá-las de volta para a retaguarda para mantê-las porque alguns dos subsistemas são danificados por estilhaços. Isso acontece todos os dias.”

* Kiev está preocupada com o fato de alguns governos ocidentais não aprovarem seus pedidos de armas:

- “Temos uma tarefa muito difícil para nós. Para essas empresas, pedimos que providenciem suprimentos de armas para nós o mais rápido e eficientemente possível. Realmente esperamos que os governos com os quais estamos cooperando apoiem totalmente suas fábricas de armas em apoio à Ucrânia”.

Algumas palavras serão ditas agora sobre os detalhes que acabamos de compartilhar acima.

Kiev finalmente reconheceu que não pode sustentar sua taxa de atrito incrivelmente alta diante da operação militar especial em andamento da Rússia . Também está se preocupando com o fato de não poder mais contar com seus parceiros ocidentais como antes, alguns dos quais estão perdendo o interesse em fornecê-lo à luz dos recentes desenvolvimentos locais na Batalha por Donbass. Nenhuma dessas observações é chamada de “propaganda russa”, mas é abertamente admitida pelos próprios oficiais militares de Kiev, o que confirma que a “narrativa oficial” em relação ao conflito mudou decisivamente nas últimas semanas. Vendo como é impossível a coordenação global do MIC que Kiev precisa para vencer, deve-se, portanto, tomar como certo que sua perda é inevitável.

*Andrew Korybko -- analista político americano

Desafios domésticos de Macron acumulam-se no início do segundo mandato

#Traduzido em português do Brasil

Análise: o novo parlamento da França provavelmente será menos flexível à medida que o presidente tenta enfrentar uma série de crises

Angelique Chrisafis em Paris | The Guardian | opinião

Dificuldades domésticas estão se acumulando para Emmanuel Macron, já que seu segundo mandato presidencial começa a valer nesta semana, depois que seus centristas perderam a maioria absoluta no parlamento .

O presidente recém-eleito agora enfrenta incertezas sobre como fazer alianças para aprovar uma legislação importante neste verão.

A primeira é a crise do custo de vida, à medida que a inflação desenfreada corrói os salários. Macron prometeu novas doações, aumentos de aposentadorias e isenções fiscais, que agora ele deve apresentar ao Parlamento.

Os ministros argumentam que a França já foi a mais generosa da Europa em ajudar as famílias a lidar com a situação, inclusive limitando os aumentos de preços de gás e energia, o que permitiu amortecer o aumento da inflação melhor do que seus vizinhos. Durante a campanha para as eleições parlamentares, no entanto, os eleitores repetidamente disseram aos candidatos que é preciso fazer mais para ajudá-los a sobreviver.

O governo está sob pressão para delinear seus planos de vale-alimentação e definir medidas que aumentariam os salários há muito estagnados no setor público. As pensões aumentarão excepcionalmente 4% em julho, e um desconto no preço do combustível no valor de 18 centavos por litro será estendido ao longo de agosto. Mas é improvável que o desconto dure, e o governo deve explicar se será substituído por uma medida direcionada às pessoas que dependem de seus carros para trabalhar.

A França também está enfrentando uma crise hospitalar. Dezenas de departamentos de emergência estão tendo que fechar parcialmente ou restringir seus horários devido a uma grande escassez de pessoal e recursos médicos. Houve greves em hospitais, protestos da equipe médica, petições e piquetes nas últimas semanas, quando os médicos alertaram que a situação era perigosa para a saúde pública. A primeira-ministra de Macron, Élisabeth Borne, disse que era uma “emergência” do governo implementar medidas especiais para o verão e realizar uma revisão mais ampla de longo prazo do sistema de saúde. A extrema-direita Marine Le Pen disse que o sistema hospitalar está entrando em colapso.

O governo também prometeu uma lei ambiental urgente para desenvolver energias renováveis, depois que a esquerda acusou Macron de não agir rápido o suficiente para lidar com a crise climática.

Os polêmicos planos do presidente de aumentar a idade de aposentadoria provavelmente serão adiados até depois do verão, enquanto ele tenta evitar a repetição dos protestos contra sua última tentativa de mudança na aposentadoria. Os ferroviários e outros trabalhadores do transporte se opuseram à reforma planejada de suas pensões em 2019 com a greve mais longa desde as paralisações de maio de 1968.

Haverá uma atmosfera parlamentar muito diferente e potencialmente mais aquecida para o primeiro mandato de Macron, após uma forte exibição da esquerda e um aumento da extrema direita.

Quando Macron foi eleito presidente pela primeira vez em 2017, o partido de extrema esquerda France Unbowed de Jean-Luc Mélenchon tinha apenas 17 membros do parlamento. Mas o pequeno grupo teve uma presença muito forte, apresentando emendas às leis e dominando a cobertura da mídia com gestos como trazer pacotes de macarrão, molho de tomate e pão à Assembleia Nacional para ilustrar o impacto dos cortes do governo nos benefícios habitacionais.

Desta vez, uma nova aliança de esquerda é a maior força de oposição no parlamento, com uma capacidade muito maior de se fazer ouvir.

Imagem: Emmanuel Macron enfrenta uma série de problemas, do custo de vida ao sistema de saúde e acusações de hesitação com a crise climática. Fotografia: Michel Euler/EPA

Eleições em França: coligação que apoia Macron perde maioria absoluta

O maior aumento corresponde à União Nacional - de extrema direita - de Marine Le Pen, que conquista 89 lugares (com 17,30% dos votos), dando salto gigante em relação aos oito deputados que tinha conseguido em 2017

A coligação que apoia o Presidente francês, Emmanuel Macron, obteve 245 deputados na Assembleia Nacional na segunda volta das eleições legislativas de domingo, com 100% dos votos apurados, ficando muito aquém dos 289 necessários para a maioria absoluta.

A Ensemble! (juntos, em português) recebeu 38,57% dos votos, o que significa perder uma dezena de pontos percentuais e 105 deputados em relação à segunda volta das eleições legislativas de 2017.

De acordo com os resultados divulgados hoje pelo Ministério do Interior, a coligação de esquerda Nova União Popular Ecológica e Social (NUPES) fica com 131 deputados, com 31,60% dos votos.

Estes dados significam uma duplicação dos lugares em relação aos 63 que os quatro partidos que compõem o NUPES tiveram em 2017, quando se apresentaram separadamente (La France Insumisa, o Partido Socialista, o Partido Comunista Francês e os Verdes).

Mas o maior aumento, que os institutos demográficos não previam com essa magnitude, corresponde à União Nacional - de extrema direita - de Marine Le Pen, que conquista 89 lugares (com 17,30% dos votos), dando salto gigante em relação aos oito deputados que tinha conseguido em 2017, quando na segunda volta obteve 8,75% dos votos.

O clássico Partido Republicano de direita sofreu um grave revés, já que os 61 deputados alcançados ficam bem abaixo dos 112 de há cinco anos atrás. Em percentagem de votos, caiu de 22,23% para 6,98%.

Com esta nova configuração, o governo Macron será obrigado a procurar aliados e, nas suas primeiras declarações, a primeira-ministra Elisabeth Borne alertou que esta nova Assembleia Nacional constitui “um risco” para o país.

Desde o início, quem poderia estar em risco era o seu próprio Executivo, já que a NUPES avançou com a disposição de apresentar uma moção de censura, embora por si só não tenha capacidade para derrubar o Governo.

As eleições legislativas definem a composição da Assembleia Nacional francesa - composta por 577 deputados - e funcionam com base num sistema maioritário uninominal a duas voltas.

Expresso | Lusa

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