terça-feira, 5 de julho de 2022

A AGONIA DO OCIDENTE

Thierry Meyssan*

Serguei Lavrov costumava comparar o Ocidente a um predador ferido. Segundo ele, não se deve espicaçá-lo porque seria acometido por acesso de loucura e poderia destruir tudo. Talvez mais apropriado seja acompanhá-lo até ao cemitério. O Ocidente não o entende desse modo. Washington e Londres dirigem uma cruzada contra Moscovo e Pequim. Rugem e estão dispostos a tudo. Mas que podem eles na realidade fazer?

As cimeiras do G7, na Baviera, e da OTAN, em Madrid, deviam anunciar a punição do Ocidente ao Kremlin pela sua « operação militar especial na Ucrânia ». Mas, se a imagem dada pôs em destaque a unidade dos Ocidentais, a realidade atesta a sua desconexão dos factos, a sua perda de audiência no mundo e, finalmente, o fim da sua supremacia.

Enquanto os Ocidentais se convencem que a aposta decisiva está na Ucrânia, o mundo vê-os ter que fazer face à « armadilha de Tucídides » [1]. Continuarão as relações internacionais a ser organizadas à sua volta ou irão tornar-se multipolares? Os povos até aqui subjugados irão tornar-se livres e alcançarão a soberania? Será possível pensar de forma diferente em termos de domínio global e consagrar-se ao desenvolvimento de todos?

Os Ocidentais imaginaram uma narrativa da « operação militar especial » russa na Ucrânia que esconde a sua própria acção desde a dissolução da União Soviética. Eles esqueceram a sua assinatura na Carta da Segurança Europeia (dita também Declaração de Istambul da OSCE) e a maneira como a violaram fazendo aderir, um a um, quase todos os antigos membros do Pacto de Varsóvia e uma parte dos novos Estados pós-soviéticos. Eles esqueceram a maneira como mudaram o governo ucraniano em 2004 e o Golpe de Estado com o qual colocaram no Poder, em Kiev, os nacionalistas banderistas, em 2014. Tendo feito do passado tábua rasa, acusam a Rússia de todos os males. Eles recusam por em questão as suas próprias acções e acham que à época se safaram em grande. Para eles, as suas vitórias fazem a Lei.

Para preservar esta narrativa imaginária, fizeram já silenciar os médias (mídia-br) russos em casa. Estão-se nas tintas a fingir-se « democratas » e antes de mentir tratam de censurar as vozes discordantes.

Abordam pois o conflito ucraniano, sem qualquer constrangimento, se convencendo que têm o dever de julgar sozinhos, de condenar e de sancionar a Rússia. Chantageando os pequenos Estados, conseguiram obter um texto da Assembleia Geral das Nações Unidas que parece dar-lhes razão. Pensam agora desmantelar a Rússia tal como fizeram na Jugoslávia e tentaram fazer no Iraque, na Líbia, na Síria e no Iémene ( estratégia Rumsfeld/Cebrowski ).

Para o conseguir, começaram a isolar a Rússia das Finanças e do Comércio Mundial. Cortaram o seu acesso ao sistema SWIFT e ao Lloyds, impedindo-a de comprar e vender, tanto como de fazer seguros às suas transferências de mercadorias. Pensavam assim provocar o seu colapso económico. De facto, em 27 de Junho de 2022, a Rússia mostrava-se incapaz de honrar uma dívida de 100 milhões de dólares e a agência de notação Mody’s declarou-a em falta de pagamento (“default”) [2].

Mas isso não teve o efeito desejado : todos sabem que as reservas do Banco Central russo transbordam de divisas e de ouro. O Kremlin pagou os 100 milhões, mas não pôde transferi-los para o Ocidente devido às próprias sanções ocidentais. Assim, ele colocou-os numa conta fechada, onde aguardam os seus credores.

Portugal | Inflação leva consumidores a pôr de parte a sustentabilidade

Com menos rendimento e os produtos a encarecer, famílias procuram estratégias para poupar nas compras, designadamente, optando por bens menos amigos do ambiente

lídia Pinto* | Diário de Notícias | opinião

O aumento do custo de vida está já a levar a mudanças nos hábitos de consumo, com as famílias a comerem mais vezes em casa, a procurarem produtos mais baratos ou em segunda mão e a preferirem artigos reutilizáveis em vez do "usa e deita fora". Estes são dados do mais recente inquérito da Kantar Worldpanel que mostram que, perante o impacto da inflação no bolso, as famílias estão preparadas para abandonar as marcas mais amigas do ambiente para assim pouparem dinheiro.

A sustentabilidade é um tema caro aos consumidores, mas só quando têm meios financeiros para tal. Os dados do inquérito mostram que 58% dos inquiridos compram, regularmente, produtos de mercearia de marcas amigas do ambiente, taxa que é de 53% na limpeza e higiene, de 52% nos artigos de papel, 27% nos cosméticos e de 11% nos artigos para bebés. No entanto, só 15 a 20% dos inquiridos garantem que manterão a aposta neste tipo de marcas, mesmo perante uma redução de rendimentos.

Aliás, mostra o estudo que 23% dos compradores de produtos de mercearia amigos do ambiente já os trocaram por artigos mais baratos, uma percentagem que sobe para 36% no que aos produtos para bebés diz respeito. 32% dizem que é provável que venham a fazer essa troca e 28% que poderão vir a fazê-lo. Em termos de mercados, diz o estudo, o compromisso para com as marcas eco-friendly é maior na Alemanha e em Espanha, com taxas de 27 e 26%, do que em França (15%) e na Índia (11%).

Portugal não foi incluído no estudo, no entanto, não é expectável que o comportamento das famílias portuguesas seja muito diferente. Sobretudo, atendendo a que o rendimento de partida já é mais baixo, o que leva a que o impacto na redução do consumo se note já transversalmente e não apenas nas marcas de produtos mais sustentáveis.

"As pessoas estão a perder, no mínimo, 6% no seu rendimento - tendo em conta a inflação nos 8% e os salários a crescer, em média, 2% no privado - e o consumo está já a descer e a embaratecer. Tudo nos mostra que as pessoas estão a fazer um esforço grande de poupança, com a transferência do consumo das marcas de fabricantes para as marcas brancas a acontecer de forma rapidíssima e muito forte. O facto de estes produtos, pela sua característica, serem normalmente produtos com preços premium, faz com que as pessoas, numa altura de dificuldades, se refugiem em produtos mais baratos. Em tempo de guerra não se limpam armas", frisa o diretor-geral da Centromarca.

Pedro Pimentel sublinha que tal não significa que os consumidores portugueses sejam menos amigos do ambiente, mas apenas que têm rendimentos mais baixos e estão a sofrer o efeito da subida da inflação. "Muitas vezes as pessoas gostariam de consumir estes produtos, como gostariam de consumir as suas marcas preferidas, mas só se tivessem rendimento suficiente que o permitisse. Por isso é que o próprio estudo mostra que 63% dos inquiridos esperam poder voltar a comprar marcas eco-friendly. Qualquer um de nós, depois de andar de BMW, depois não gosta muito de andar de Mini, a questão aqui é exatamente a mesma", refere.

Portugal | ISTO NÃO VAI LÁ COM CARIDADE

O novo líder do PSD tenta captar o País, voltando-se para temas fundamentais como o do combate à carestia de vida, mas depois vai-se a ver… e nada. 

AbrilAbril | editorial

No discurso de encerramento do congresso que o entronizou líder do PSD, este domingo, Luís Montenegro falou do tema que entrou na bolsa dos portugueses, mas sem medidas que lhe façam frente. Conhecendo-se a governação do PSD em matéria de trabalho e rendimentos, não ficamos surpreendidos. Mas já chega de tentarem impingir fórmulas que mais não são do que o perpetuar dos problemas que os portugueses vivem na pele. 

Num país onde, há várias décadas, os trabalhadores empobrecem a trabalhar, estando confrontados agora com uma inflação galopante, que lhes retira ainda mais salário, o novo presidente dos social-democratas passa ao lado das soluções e propõe assistencialismo. Oferecer vales alimentares às famílias de mais baixos rendimentos, como ontem fez Luís Montenegro, acusando o Governo de «insensibilidade social», não interrompe a espiral de empobrecimento e decadência a que vimos assistindo.

Trabalhar deve ser quanto basta para se ter uma vida digna e satisfazer as necessidades mais elementares. Num país que se quer desenvolvido, é inaceitável que assim não seja. Os trabalhadores e pensionistas não precisam que o Estado lhes dê um vale mensal para compensar as despesas do supermercado, necessitam somente que os «baixos rendimentos» (expressão com que tentam habituar-nos à realidade da pobreza) deixem de o ser.

Mas não foi isso que Montenegro propôs este domingo. Da boca do sucessor de Rui Rio, fiel seguidor de um Passos Coelho que enquanto primeiro-ministro se encarregou de rapar a conta a trabalhadores e pensionistas, não saiu uma palavra para falar de mais salário nem de mais direitos laborais. Tal como não se ouviu falar na necessidade de reforçar os serviços públicos. O novo líder do PSD falou da saúde e percebemos ao que vem. Falou de «sistema», e não de serviço, insistindo na retórica demagógica de que é por não haver mais intervenção privada (que vive de sugar dinheiro público) que o Serviço Nacional de Saúde não se tem desenvolvido. 

Em vez de um «programa social de emergência», que despudoradamente apresenta no rol das «ideias de futuro», Montenegro devia ter falado da necessidade de se valorizar o trabalho e quem produz a riqueza, de aumentar salários e assim conseguir pensões dignas, de pôr fim ao flagelo dos vínculos precários e alimentar de esperança quem carrega o futuro. Mas não o fez.

Portugal | COMUNIDADE CIGANA: 500 ANOS DE DISCRIMINAÇÃO

São cinco séculos em que uma comunidade foi continuamente marginalizada. Nesta cronologia, apresentamos os momentos fundamentais para compreender a história do povo cigano em território português.

Os primeiros ciganos terão chegado a Portugal por volta de 1462. A data é incerta, mas Leonor Gusmão, co-autora de um estudo ao ADN da comunidade cigana, não hesitou em afirmar ao Público que os ciganos “estão há mais tempo em Portugal do que os portugueses no Brasil”.

Para Catarina Marcelino, antropóloga e ex-Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, a história da comunidade cigana é uma “história de estigmatização”. Apesar de estarem há mais de cinco séculos em Portugal, “as comunidades ciganas viveram, e vivem, sempre à parte.” Esta cronologia conta a história de uma comunidade empurrada desde sempre para as margens da sociedade.

3 de março de 1526, o rei João III decreta “que não entrem ciganos no reino e saiam os que nele estiverem”.

1538, D. João III, "O Piedoso", decreta novas leis contra os ciganos: “(…) que nenhum cigano entre em meus reinos e senhorios (...) e entrando, sejam presos e publicamente açoutados com baraço e pregão”.

17 de agosto de 1557,  D. Catarina, esposa de D. João III, reforça "a ordem de expulsão e acrescenta a pena de condenação às galés - trabalhos forçados - para os que não obedecerem".

11 de abril de 1579, D. Henrique concede novas licenças aos que "vivem bem e que trabalham e não são prejudiciais". Já aos ciganos nómadas é exigido que "saiam do Reino dentro de trinta dias", sob pena de ser "logo preso e açoitado publicamente no lugar onde for achado e degredado para sempre para as galés”.

28 de agosto de 1592,  Filipe determina que "se andassem em ranchos ou quadrilhas", os ciganos deviam ser executados "com pena de morte, sem apelação nem agravo".

Angola | A BASE DAS GRANDES VITÓRIAS – Artur Queiroz

Agostinho Neto e Luandino Vieira

Artur Queiroz*, Luanda

O MPLA está ao serviço do Povo Angolano desde a sua fundação. Tudo o que hoje temos deve-se à acção esclarecida, corajosa e abnegada de milhares de militantes e dirigentes do partido. Ninguém deu mais do que elas e eles, ninguém foi capaz de fazer mais. Os angolanos, ao longo de décadas, tiveram no partido que ganhou as últimas eleições com maioria qualificada, uma fortaleza intransponível na defesa da soberania nacional. Ninguém deu tanto na luta armada de libertação nacional. Cinco anos depois, a vitória mesmo que difícil, vai ser nossa.    

Tudo o que somos tem na base o esforço sobre humano dos fundadores MPLA  que nasceu para servir a liberdade e a democracia. Pugnar sem vacilações pela Independência Nacional. 

A Cultura Angolana ganhou expressão universal com o génio e o talento de homens como Agostinho Neto, Mário Pinto de Andrade, Viriato da Cruz, António Jacinto, António Cardoso, Luandino Vieira, Wanhenga Xitu e tantos outros militantes do MPLA que, retirando o entulho do colonialismo que escondia as nossas raízes culturais, mostraram a arte literária angolana em todo o seu esplendor.

O que somos na música tem a marca distintiva do MPLA. Falo de Liceu Vieira Dias e seus c ompa heiros do Ngola Ritmos. As artes plásticas angolanas ganharam expressão universal quando o partido abriu o caminho à liberdade de expressão e de pensamento. Falo de Roberto Silva, Viteix, António Ole, ZAN e tantos outros. Só quem nunca viveu no corpo e no espírito as trevas do colonialismo ignora o papel vanguardista de um partido que nasceu no coração dos angolanos e com eles cresceu até se agigantar no concerto das nações.

O MPLA nasceu para libertar. No panorama político nacional não existe mais nenhuma organização com a sua robustez, o seu historial, a sua influência nacional e internacional. Quando Angola aderiu à economia de mercado e à democracia parlamentar, todos vaticinaram o fim do partido. Mas o “crivo das eleições” mostrou uma realidade muito diferente. A propaganda tem sempre um problema. Desmorona-se quando a realidade entra em acção. 

Nas primeiras eleições saídas do Acordo de Bicesse os propagandistas e jornalistas pagos à linha, garantiam a derrota do MPLA. Mas ganhou com maioria absoluta. O resultado não pode oferecer dúvidas a ninguém. Todos os partidos puderam fiscalizar o acto eleitoral, num órgão colegial. A ONU esquadrinhou todas as mesas de voto. A Troika de Observadores (Rússia, EUA e Portugal) contou voto a voto. Os observadores nacionais e internacionais fiscalizaram tudo o que quiseram. 

Algumas zonas do país estavam ocupadas militarmente pelas forças de Savimbi. Se há eleições cujos resultados estão acima de toda a suspeita, são essas. Todas as outras, inclusive as de 2017, primaram pela transparência e pela liberdade.

"Não se pode esperar nada da presidência da Guiné-Bissau na CEDEAO"

Bissau assumiu a presidência rotativa da CEDEAO porque era a "única opção", defende o jurista Fodé Mané, em entrevista à DW. Analista deixa o alerta aos guineenses esperançosos: esta indicação "nada pode trazer ao país".

A Guiné-Bissau assumiu, este domingo (03.07), a presidência rotativa da Comunidade Económica dos Países da África Ocidental (CEDEAO). Para o jurista guineense Fodé Mané, o país não está em condições de tirar o bloco da situação difícil em que se encontra, uma vez que a própria Guiné-Bissau está "numa situação de anormalidade".

"Um Estado deste tipo não pode servir de locomotiva para arrastar os outros Estados para um bom destino", diz Fodé Mané, que alerta ainda o esperançoso povo guineense de que esta indicação "nada pode trazer ao país".

DW África: Sendo a Guiné-Bissau um país conhecido pelas suas sucessivas crises, estará em condições de assumir este papel?

Fodé Mané (FM): Podemos dizer que esse horizonte de se construir 'uma CEDEAO dos povos', em vez de 'uma CEDEAO dos Estados' foi uma miragem. Esse sonho nunca se concretizou. E isso fragilizou a CEDEAO. Por isso, uma das propostas de quem assume a presidência da CEDEAO deveria ser retomar esse objetivo, esse horizonte de estado de direito democrático, de boa governação, etc. Mas, para isso, um país tem que ter legitimidade, tem que ter idoneidade moral, para poder falar desses mesmos ideais. A Guiné-Bissau, para poder impor esses valores, para poder falar de estado de direito e de respeito pela legalidade, tem que ter condições para isso. Mas o que verificamos é que a Guiné-Bissau não tem condições para levantar esses assuntos. A Guiné-Bissau está em condições mais difíceis ainda, porque está numa situação de anormalidade. Um Estado assim não está em condições de funcionar como locomotiva, capaz de arrastar os outros países para um bom destino.

Vandalização de igreja católica na Guiné-Bissau gera inquietação

Continuam por apurar as circunstâncias do ataque a uma igreja católica no leste da Guiné-Bissau. É o primeiro ataque do género e está a inquietar a sociedade. O Presidente Sissoco não está a dar importância ao sucedido.

É um caso inédito na Guiné-Bissau e está a chocar a sociedade, desde que foi denunciado e desde que foram postas a circular, nas redes sociais, imagens da igreja vandalizada.

Tudo aconteceu na noite da passada sexta-feira (01.07), na cidade de Gabú, leste da Guiné-Bissau, a cerca de 200 quilómetros da capital guineense, quando um grupo de desconhecidos atacou e vandalizou a Paróquia Santa Isabel.

"Quase tudo destruído"

Os vândalos destruíram quase tudo no interior da igreja, desde o altar, a Cruz Peregrina e até a imagem de "Nossa Senhora", que para os cristãos é sagrada. Alguns objetos foram destruídos e deixados no exterior da paróquia.

O padre Paulo de Pina Araújo, da Diocese de Bafatá, que alberga a Paróquia Santa Isabel, não tem dúvidas sobre o sucedido: "Essa pessoa [que fez o ataque], acho que foi motivada por um tipo de ódio. Agora, não sabemos se um ódio religioso ou de caráter político, não sabemos a razão, mas é um ódio que levou a pessoa a fazer isso, porque não roubou e não tirou nada da igreja para si."

Costa em Maputo no início da próxima semana para Cimeira Luso-Moçambicana

António Costa vai visitar Maputo nos próximos dias 11 e 12 a Maputo por ocasião da V Cimeira Luso-Moçambicana. Deslocação inclui encontro com o Presidente da República de Moçambique.

O primeiro-ministro desloca-se nos próximos dias 11 e 12 a Maputo por ocasião da V Cimeira Luso-Moçambicana, tendo também na agenda encontros institucionais com as autoridades políticas de Moçambique, com empresários e com a comunidade portuguesa.

Esta deslocação de António Costa a Moçambique foi comunicada através de uma nota difundida esta segunda-feira pelo gabinete do primeiro-ministro português.

Em relação à V Cimeira Luso-Moçambicana, o Governo português refere que “tem como objetivo o aprofundamento das relações bilaterais e a assinatura de diversos instrumentos de cooperação”.

No programa da deslocação de António Costa, além da cimeira, estão previstos encontros políticos com o Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, e com a presidente da Assembleia da República, Esperança Bias.

VIVA O TRIBALISMO E O GOLPISMO ABAIXO O MPLA -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Desta vez é para esmagar a concorrência. Querem votar num partido tribalista? Votem no MPLA. Golpistas do Maio de 1977, ergam-se das ossadas! Familiares saboreiem a vingança, servida com a temperatura dos gelados. Votem no MPLA. Nós somos os golpistas triunfantes. Os 0,21 por cento que votaram no Partido Renovador Democrático e os 0,23 por cento que votaram na Frente para a Democracia, hoje Bloco Democrático, votem em nós. Recalcitrantes da FNLA! Não vale a pena repetirem os erros do costume. Votem no MPLA. 

Não há tribalistas como nós, do Zaire a Cabinda, de Cabinda ao Leste, do Planalto Central ao deserto do Namibe. Nós garantimos reduzir Angola ao vosso kimbo, pôr no poder todos os povos de Angola porque isso de um só povo, uma só nação era um truque dos que fizeram do MPLA um movimento revolucionário libertador. Isso da liberdade é mania de branco. Morte aos brancos, vivam os indígenas! Até o Tonet vai na enxurrada e a CASA-CE fecha as portas. Coitado do Miau que ficou sem o sobado!  

Querem beijar os mortos e fazer o komba? Votem no MPLA. Nós fomos os únicos que conseguimos pôr de pé o negócio das ossadas. Vendemos as do Savimbi, passámos para os golpistas e qualquer dia vendemos os ossos dos reis do Congo, da rainha Nzinga Mbandi, dos reis do Bailundo e do rei das miúdas do Bairro Operário, o meu amigo Kid Kimdumba que morreu num desastre de mota, quando fugia da polícia. Vamos criar a cesta básica dos komba, para todos enterrarem os seus mortos sem sepultura. Se for preciso, o médico especialista em rins, Matadi Daniel, transforma ossos de galinha em ossadas dos heróis que deram o golpe de estado em 1977.

Sabem por que razão os golpistas perderam, tendo tudo nas mãos para ganhar? Porque queriam ser ossadas ao serviço do presidente do MPLA de turno. Os chefes do KGB em Luanda estavam do lado deles. Quando Nito Alves foi a Moscovo, quem lhe fez companhia dia e noite e depois escreveu o discurso que proferiu no Congresso do PCUS, foi o marechal Epichev, comissário político do Exército Vermelho. Os adidos militares soviéticos em Luanda, Pavel Stariakov e Yuri Fedin, eram os “conselheiros” dos golpistas. Os cubanos garantiram que ficavam em cima do muro. Honra e glória ao general Moracen! Foi o único que se mexeu na hora da verdade.

Então perderam mais como? Incompetência, incompetência, incompetência. Não acreditem quando os seus familiares e camaradas derrotados hoje dizem que eles eram a geração mais bem formada e politizada de Angola. Tudo fantasia. Matumbice em excesso levou-os à derrota. Tirando dois ou três equivocados, a formação dos golpistas era rastejante. E Monstro Imortal era um grande chefe militar num movimento onde eram todos políticos obrigados a pegar em armas em defesa do Povo Angolano.

CORRUPÇÃO: A PANDEMIA NÃO DECLARADA DE ÁFRICA

Tafi Mhaka* | Al Jazeera

A corrupção está devastando as economias em todo o continente. A União Africana precisa de agir rapidamente.

#Traduzido em português do Brasil

Em 21 de junho, o presidente do Malawi, Lazarus Chakwera, demitiu o chefe de polícia do país, suspendeu vários altos funcionários do governo e também tomou a medida extraordinária de destituir seu vice, Saulos Chilima, de todos os poderes depois que eles foram acusados ​​de receber propinas do empresário britânico Zuneth. Sattar em troca de contratos governamentais no valor de mais de US$ 150 milhões.

Embora Chilima seja o funcionário de mais alto escalão no Malawi a ser removido do poder por suposta corrupção até o momento, poucos ficaram chocados com as acusações. Afinal, foi apenas em janeiro que Chakwera teve que dissolver o gabinete do país depois que três ministros proeminentes – o ministro das Terras Kezzie Msukwa, o ministro do Trabalho Ken Kandodo e o ministro da Energia Newton Kambala – enfrentaram acusações de corrupção.

Infelizmente, uma pandemia de corrupção está ocorrendo no Malawi – e no resto do continente.

De fato, do Malawi à África do Sul e Zimbábue, de Angola a Moçambique e Namíbia, em países da África, funcionários públicos de alto escalão e seus parentes, em conluio com líderes industriais e empresariais, parecem estar roubando descaradamente dos sofredores massas.

A África do Sul, por exemplo, foi recentemente abalada por alegações de que o ex-presidente Jacob Zuma e uma infinidade de ex-ministros e CEOs de empresas estatais planejaram e executaram sistematicamente a captura do Estado para ajudar a rica família Gupta e encher seus bolsos. Em 22 de junho, o chefe de justiça da África do Sul, Raymond Zondo, divulgou a última parte da Comissão Judicial de Inquérito à Captura do Estado e descobriu que o partido no poder do Congresso Nacional Africano, sob Zuma, “permitiu, apoiou e permitiu a corrupção e a captura do Estado”. Ele também criticou o atual presidente Cyril Ramaphosa, que atuou como vice-presidente de Zuma, por hesitar em “agir com mais urgência” para resistir ao surgimento e estabelecimento da captura do Estado.

ESTADO TERRORISTA E ASSASSINO DE ISRAEL APOIADO PELOS EUA E UE

'Lutaremos por justiça': família de Abu Akleh critica investigação sobre assassinato

#Traduzido em português do Brasil

A sobrinha de Abu Akleh disse à Al Jazeera que sua tia foi morta 'intencionalmente' pelas forças israelenses, contestando o relatório anunciado pelos EUA.

A sobrinha de Shireen Abu Akleh disse que sua família está "muito decepcionada" com a declaração do Departamento de Estado dos EUA de que investigadores independentes não conseguiram chegar a uma conclusão definitiva sobre a bala que matou o repórter da Al Jazeera em 11 de maio, mas disseram que permanecem implacáveis ​​em sua luta. por justiça e responsabilidade.

Na segunda-feira, o Departamento de Estado disse que os investigadores descobriram que o tiroteio militar israelense foi “provavelmente responsável” pela morte de Abu Akleh, mas que a análise forense não mostrou nenhuma razão para acreditar que o tiro foi intencional.

"Sim, Shireen foi morta intencionalmente", disse Lina Abu Akleh, sobrinha do jornalista assassinado da Al Jazeera.

“Toda a investigação é decepcionante, considerando o fato de não termos conhecimento de nenhum processo; não havia transparência. Não recebemos informações suficientes sobre a investigação e descobrimos no último minuto”, disse ela à Al Jazeera de Genebra.

Abu Akleh foi baleado na cabeça enquanto cobria um ataque do exército israelense ao campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada, apesar de usar um colete à prova de balas e um capacete claramente marcados como “Press”.

Autoridades palestinas, grupos internacionais de direitos humanos e meios de comunicação realizaram suas próprias investigações independentes que concluíram que Abu Akleh foi morto pelos militares israelenses.

O escritório de direitos humanos das Nações Unidas disse no mês passado que as informações coletadas mostraram que a bala que matou Abu Akleh foi disparada por forças israelenses. Várias testemunhas disseram que as forças israelenses mataram o jornalista palestino americano.

A família de Abu Akleh disse que, independentemente das descobertas da investigação, eles continuarão lutando por justiça e responsabilização por seu assassinato, disse sua sobrinha.

“É muito decepcionante, mas, ao mesmo tempo, não é desanimador. Continuaremos lutando por justiça. Continuaremos lutando pela prestação de contas e pelo fim dessa impunidade, porque esse resultado, que recebemos hoje, apenas aumenta a impunidade de que Israel desfruta”, disse ela.

“Mas não seremos desencorajados e continuaremos em nosso caminho por justiça e responsabilidade.”

O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, disse na segunda-feira que examinadores "independentes" realizaram uma "análise forense extremamente detalhada" da bala que matou Abu Akleh depois que foi entregue pela Autoridade Palestina.

Segundo o jornal Times of Israel, Israel examinou a bala na presença de um representante dos EUA.

O Departamento de Estado disse que a bala estava muito danificada para chegar a uma determinação conclusiva e, embora provavelmente tenha sido disparada pelas forças israelenses, não havia “nenhuma razão para acreditar” que Abu Akleh foi deliberadamente alvejado.

“Desde o primeiro dia, Israel vem tentando mudar a narrativa e usar a bala tem sido uma de suas muitas narrativas. Mas este não é o fim”, disse Lina Abu Akleh.

O fato de o relatório ter descoberto que a bala provavelmente foi disparada por forças israelenses “nos dá algum tipo de conforto frio, mas isso não é suficiente”, disse ela.

“Ainda continuamos a pedir uma investigação transparente e justa, e apelamos à ONU, especialmente ao TPI [Tribunal Penal Internacional] para lidar com o caso de Shireen com o mesmo entusiasmo que vem mostrando à Ucrânia – como é justamente, " ela adicionou.

“Ainda exigimos responsabilidade. Ainda clamamos por justiça. E que os EUA realmente realizem uma investigação independente, livre de qualquer pressão política, e forneçam a sua cidadã, Shireen Abu Akleh, a investigação certa que ela merece como cidadã [dos EUA].”

Lina Abu Akleh também disse que a mídia e a sociedade civil em geral têm um papel a desempenhar para garantir que a justiça seja encontrada e os responsáveis ​​pelo assassinato sejam responsabilizados.

“Todos os jornalistas também devem assumir suas plataformas e continuar defendendo porque Shireen, no final das contas, era uma jornalista e ela foi alvo, e ela não é a primeira jornalista e nem a última [que será] morta pelas forças israelenses. ," ela disse.

Al Jazeera

Imagem: Abu Akleh ao lado de uma câmera de TV acima da Cidade Velha de Jerusalém [Arquivo: Al Jazeera]

Leia mais sobre os crimes e terrorismo  em curso do Estado de Israel:

'Acabamento israelense apoiado pelos EUA': investigação de Abu Akleh gera raiva

O Departamento de Estado dos EUA diz que a investigação não pode determinar de forma conclusiva a origem da bala que matou o jornalista.

Presa palestina de 68 anos morre em prisão israelense

Saadia Farajallah, a mais velha prisioneira palestina, morreu seis meses depois que as forças israelenses a prenderam em Hebron.

Jovem palestino baleado por soldados israelenses em Jenin morre

As forças israelenses têm realizado ataques quase diários em Jenin e nos arredores nos últimos meses.

ELASTICUS

AnabelaFino *

A UE, verdadeira paladina da democracia embora não a pratique, resolveu substituir os fornecimento de gás natural da “antidemocrática” Rússia pelo dos “democráticos” Egipto e Israel. O gás que este último explora encontra-se em águas territoriais que o Líbano considera integrarem a sua zona económica exclusiva. Coisa à qual o estado sionista não liga, tal como não ligou, por exemplo, ao direito à vida dos milhares de homens, mulheres e crianças que ajudou a massacrar em Sabra e Chatila, nesse mesmo país, faz agora 40 anos.

A democracia é uma coisa muito elástica; ora estica, ora encolhe, de acordo com as conveniências dos poderes instituídos. A Rússia, potência capitalista desalinhada, não cabe naturalmente no conceito, e a guerra na Ucrânia só veio arredá-la mais um bocadinho. Paladina da democracia, a UE, seguindo as orientações dos EUA, flagela a economia russa impondo sanções, proíbe órgãos de informação «alinhados» com Moscovo – todos os desalinhados com Bruxelas e Washington – e, cereja em cima do bolo, tenta livrar-se da dependência energética em relação àquele país.

Iniciativas diplomáticas para um acordo de paz, se existem, estão no segredo dos deuses. O que não é segredo nenhum é o acordo firmado a semana passada pela senhora Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, para o «fornecimento estável de gás natural à UE». E com quem? Com dois expoentes da democracia, naturalmente: Israel e o Egipto.

Deixando de lado os aspectos técnicos, registe-se a elasticidade do conceito tendo em consideração que o gás explorado por Israel se encontra em águas que Telavive considera estarem na sua Zona Económica Exclusiva mas que… são disputadas pelo Líbano, que em 2011 apresentou na ONU (Decreto 6433) um mapa marítimo incluindo nas suas águas a área em causa. A questão está num impasse.

Por falar em Líbano, lembremos que se assinala agora o 40.º aniversário da operação Paz na Galileia, como Israel chamou à primeira guerra no Líbano, que se saldou por centenas de milhares de mortos, incluindo o massacre de civis palestinos e libaneses nos campos de refugiados de Sabra e Chatila – durante mais de 30 horas falangistas libaneses apoiados por Israel executaram mulheres, crianças e velhos, na sua maioria, para além de terem cometido estupros, torturas e mutilações –, a destruição de Beirute e a ocupação do Sul do Líbano por quase duas décadas, de que ainda subsistem resquícios. Em 2020, o Exército de Israel reconheceu oficialmente a ocupação, classificando-a de Zona de Segurança na Campanha do Líbano.

O massacre de Sabra e Chatila foi qualificado de Acto de Genocídio por parte da Assembleia Geral da ONU – resolução 37/123. Consequências? Não houve.

Quarenta anos depois continua por responder a pergunta de Jean Genet em Quatro Horas em Chatila: «O que podemos dizer às famílias [das vítimas] que partiram com Arafat, confiando nas promessas de Reagan, Mitterrand e Perini, que lhes garantiram que a população civil dos campos estaria segura?»

Israel, recorde-se, detém o recorde de condenações da ONU, 17, incluindo por explorar os recursos naturais dos sírios nos Montes Golã, que ocupa desde 1967 e desde então sujeitos à construção de colonatos ilegais e outras actividades. Consequências? Zero.

É a vantagem do elástico.

*O Diário.info

Fonte: https://www.avante.pt/pt/2534/opiniao/168120/Elasticus.htm?tpl=179

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