#Traduzido em português do Brasil
Vijay Prashad | Tricontinental: Instituto de Pesquisa Social| em
Washington e seus aliados buscam permanecer hegemônicos e enfraquecer a China e a Rússia ou erguer uma nova Cortina de Ferro em torno desses dois países, escreve Vijay Prashad. Ambas as abordagens podem levar a um conflito militar suicida.
Ao longo dos últimos 15 anos, os países europeus encontraram-se com grandes oportunidades a aproveitar e escolhas complexas a fazer.
A dependência insustentável dos Estados Unidos para comércio e investimento, bem como a curiosa distração do Brexit, levaram à integração constante dos países europeus com os mercados de energia russos e a uma maior aceitação das oportunidades de investimento chinês e suas proezas manufatureiras.
As ligações mais estreitas entre a Europa e esses dois grandes países asiáticos, China e Rússia, provocaram a agenda dos Estados Unidos para impedir essa integração ou adiá-la. Essa agenda, agora aprofundada durante a recente reunião do Grupo dos 7 (G7) na Alemanha e a cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Espanha, está criando uma situação perigosa para o mundo.
Isso remonta à crise financeira de 2007-2008, que foi estimulada pelo colapso do mercado imobiliário dos EUA e de várias instituições financeiras importantes dos EUA. A crise sinalizou para o resto do mundo que o sistema financeiro centrado nos EUA não era confiável. Os EUA não poderiam continuar sendo o mercado de último recurso para as commodities do mundo.
Os países do G7 – que se viam como os guardiões do sistema capitalista global – imploraram aos estados fora de sua órbita, como China e Índia, que colocassem seus excedentes no sistema financeiro ocidental para evitar seu colapso total.
Em troca desse serviço, os países fora do G7 foram informados de que, doravante, o G20 seria o órgão executivo do sistema mundial e o G7 se dissolveria gradualmente. No entanto, quase 20 anos depois, o G7 permanece no lugar e se arrogou o papel de líder mundial, com a OTAN – o cavalo de Tróia dos EUA – agora se posicionando como a polícia do mundo.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que a organização passará pela maior revisão de sua “dissuasão e defesa coletiva desde a Guerra Fria”.
Os estados membros da OTAN, agora com a adição da Finlândia e da Suécia, expandirão suas “forças de alta prontidão” de 40.000 soldados para 300.000 que, equipados com uma gama de armamento letal, estarão “prontos para desdobrar em territórios específicos no leste da aliança flanco”, ou seja, a fronteira russa. O novo chefe do Estado-Maior do Reino Unido, general Sir Patrick Sanders, disse que essas forças armadas devem se preparar para “lutar e vencer” em uma guerra contra a Rússia.