quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Angola | A VITÓRIA APERTADA É ÚNICA E ABSOLUTA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Pedro Passos Coelho foi primeiro-ministro de Portugal porque venceu as eleições de 2011 com 38,7 por cento dos votos, ficando a oito deputados da maioria absoluta, que foi garantida com a compra dos deputados do CDS, então liderado por Paulo Portas. Este Governo ficou caracterizado pelo roubo das reformas e pensões. Um enorme aumento de impostos. O apelo a que os jovens abandonassem Portugal para irem trabalhar no estrangeiro. E por uma política laboral que se resume assim: Tu que tens um emprego, trabalha para ser pobre. E se te portas mal ficas no desemprego sem salário nenhum. 

O MPLA teve 51 por cento dos votos elegendo 124 deputados num país onde para a maioria absoluta bastam 111 mandatos. E o lóbi da UNITA em Portugal, que abrange toda a direita até à casa do primeiro-ministro António Costa e à senhora sua mãe, diz que a vitória do partido “foi apertada”, o partido vitorioso tem de negociar com os criminosos de guerra e os fogareiros da Jamba.  O PS ganhou as eleições com a maioria absoluta registando 41,37 por cento dos votos. Governa sozinho com mão de ferro. A oposição nem um pio dá em matéria governativa. Ninguém aconselha os vencedores das eleições a partilharem o poder.

O senhor Emanuel Macron perdeu a maioria no Parlamento francês mas está a governar. Em Portugal ninguém o aconselhou a negociar com a esquerda ou com a extrema-direita. E perdeu mesmo. O MPLA gamou com maioria absoluta folgada e a sua vitória foi “apertada” e precisa de “dialogar” com os criminosos de guerra da UNITA e os queimadores de mulheres vivas nas fogueiras da Jamba.

O senhor Olaf Scholz, líder do SPD, ganhou as eleições na Alemanha com 25,7 por cento dos votos. Hoje é o chanceler. A comissão, o conselho e o parlamento da União Europeia não se pronunciaram sobre a sua vitória apertadinha. Tão curta que teve de fazer uma coligação com outras forças minoritárias. Ninguém em Bruxelas, Lisboa ou qualquer outra capital europeia aconselhou o líder social-democrata a dialogar para fazer governo. Ele fez o que entendeu. Até deixou de comprar gás à Federação Russa e ninguém o incomoda por isso, apesar de ter obrigado os seus eleitores a comprarem o produto ao preço do ouro.

A representante das União Europeia em Luanda comporta-se como os seus patrícios que andavam na pirataria, matando e saqueando nas Caraíbas e América Latina, tipo UNITA em Angola. Falta de respeito e arrogância. Espírito colonialista quanto baste. Portugfueses e outros europeus estão a usar e abusar das ingerências em Angola. 

As eleições francesas não tiveram observadores africanos nem de qualquer outro continente. As eleições portuguesas não tiveram observadores da CPLP nem de qualquer outra instituição internacional. As eleições alemãs não tiveram observadores estrangeiros. As eleições presidenciais nos EUA não tiveram observadores internacionais. Trump diz que foi vítima de fraude! Ninguém aconselhou Biden a negociar com ele. 

Angola é um Estado Soberano. Para chegarmos a 24 de Agosto de 2022, centenas de milhares e de angolanas e angolanos morreram na guerra pela Independência e na guerra pela Soberania Nacional e Integridade Territorial. Nenhum país no mundo sofreu tantas agressões estrangeiras. Cehgou a hora de, em nome da dignidade do Povo Angolano, acabar com o convite a estrangeiros para observarem as nossas eleições. 

A Comissão Nacional Eleitoral é suficientemente idónea para dirigir o processo sem observadores. Nem mais um observador estrangeiro em Angola. Só nacionais. Mas todas e todos os que colaboraram com estrangeiros para denegrir e abandalhar o nosso processo, devem ser excluídos para sempre. Quem vende o seu país por uns bagos de jinguba não merece qualquer consideração.

Angola tem grandes quantidades de politólogos, analistas, comentadores, vigaristas e outros artistas equilibristas. Esperei até hoje para ver se alguma ou algum dizia o que se impõe: Esta foi a mais retumbante vitória do MPLA nos cinco actos eleitorais que levamos desde 1992. Primeiro porque comprovaram que o MPLA é imbatível, eleitoralmente. Explico porquê. 

Pela primeira vez desde que Angola aderiu ao multipartidarismo, a Oposição apresentou-se a votos numa coligação alargadíssima. Frente Patriótica Unida e accionisas da Sociedade Civil. Penso que só o Observatório dos Amigos da Kapuka não entrou na sociedade eleitoral, cujo objecto social é o tacho e a acomodação para receber muito sem fazer nada. O OPSA aderiu ao consórcio e hoje Sérgio Calundungo, o coordenador a do instrumento que só serve para desnatar dinheiro do Estado, da União Europeia, da CIA e outras prestimosas instituições que adoram comprar africanos a preços de saldo, mostrou que está mais do que estragado por causa da derrota da UNITA. Eles nem disfarçam!

Esta foi a mais estrondosa vitória eleitoral do MPLA porque além de ter enfrentado a UNITA em consórcio com a Sociedade Civil, mais o terrorista encartado Abel Chivulkuvuku, o soldado motorista do RI20, Jacques dos Santos, e o Marcolino Moco, também enfrentou o MPLA unido às forças oposicionistas. Lembro que e 1992, éramos a grande família. O MPLA apresentou-se a votos como um bloco único de betão. João Lourenço teve um papel decisivo na vitória.

Em 2008, o MPLA apresentou-se como vencedor da guerra e a forma de homenagear os guerreiros vitoriosos foi votar maciçamente no partido. Um autêntico passeio eleitoral. Em 2012, o estado de graça ainda estava no máximo e a vitória foi facílima. Em 2017 houve menos facilidades porque o MPLA mudou de líder mas mesmo assim conquistou uma maioria qualificada facilmente. Em 24 de Agosto de 2024 foi muito difícil. Muitíssimo. O MPLA sozinho contra todos e com uma fracção do partido, desligada ou mesmo empenhada em minimizar a vitória. Arrancar uma maioria absoluta é um feito inigualável! 

Em vez de reconhecerem esta realidade, metem a cabeça debaixo da areia e põem-se a delirar. O director do Novo Jornal disse ontem na CNN Portugal que “O MPLA apenas ganhou em 15 círculos eleitorais”. Em 18 ganhou 15 mas o rapaz diz que foi “apenas”. Perdoai-lhes meu caro senhor que eles não sabem o que dizem nem o que fazem. Um partido que esmagou com uma folgada maioria absoluta (elegeu 124 deputados e bastavam 111) está apertado e precisa de negociar. Como dizia a minha amada Canducha, Miss Bairro Operário perpetuamente, com malucos nem cama nem para o céu. 

*Jornalista

Angola | PGR adverte partidos a honrar compromisso com os delegados de lista

A Procuradoria-Geral da República (PGR) advertiu, quarta-feira(30), as direcções dos partidos políticos concorrentes às Eleições Gerais de 24 de Agosto a assumirem com responsabilidade os compromissos decorrentes da campanha eleitoral, tendo em conta que, pelo incumprimento, podem ser responsabilizadas.

As forças políticas concorrentes, sublinha a PGR no comunicado, têm obrigações de prestar contas aos órgãos competentes do Estado, do regular uso dos recursos financeiros públicos que lhes foram concedidos para o apoio às campanhas eleitorais.

Para estas Eleições Gerais, o Tribunal Constitucional validou as candidaturas de sete partidos políticos e uma coligação de partidos políticos, nomeadamente MPLA, UNITA, PRS, FNLA, PHA, APN, P-NJANGO e a CASA-CE. Cada formação política concorrente às eleições recebeu, para a campanha eleitoral, o valor de quatrocentos e quarenta e quatro milhões e oitocentos e dois mil kwanzas (444.802.000 Kz).

Nesta conformidade, a PRG dá conta que, na sequência do pleito eleitoral de 24 de Agosto, regista-se, pelo país, sucessivas manifestações de descontentamento, acompanhadas de actos de vandalismo por parte de cidadãos que prestaram serviço como delegados de lista nas assembleias de voto, afectos a algumas forças políticas.

Em relação ao incumprimento do compromisso assumido por tais partidos políticos, alguns cidadãos, por se sentirem defraudados, apresentaram queixa junto do Serviço de Investigação Criminal- SIC e do Ministério Público.

Face à gravidade  dos factos, indica a PGR, tem sido aberto expedientes investigativos para se averiguar a natureza e a responsabilidade dos actos praticados pelos diversos intervenientes. Considerando a dimensão e o impacto na ordem pública que estes comportamentos manifestam, a PGR adverte "os manifestantes, que devem utilizar os mecanismos legais para reclamar os direitos legítimos, sob pena de responsabilização pelos diversos crimes susceptíveis de serem praticados nessas acções violentas. 

A ESPIRAL INTELIGENTE QUE EMANA DE ZAPOROZHYE

Martinho Júnior, Luanda

TODOS OS PASSOS QUE A LIBERTAÇÃO DER NA UCRÂNIA SÃO MEDIDOS NO LARGO ESPECTRO DOS SEUS IMPACTOS EUROPA FORA E NOS ESTADOS UNIDOS - EUA

NA CENTRAL NUCLEAR DE ZAPOROZHYE TODA A PROPAGANDA DO ZOMBI-HÍBRIDO EU/NATO SE VAI ESBOROAR!

Os seis meses que já leva a libertação na Ucrânia, aprendendo com os sobejos dados que advêm da experiência no terreno desde o final do 1º mês de intervenção (o primeiro mês preenchido entre 24 de Fevereiro e 24 de Março, foi um termómetro que forneceu dados e pistas sobre o espectro de temperaturas em profundidade, na Ucrânia, Europa fora e em relação aos Estados Unidos), aconselharam até agora as forças de libertação a ganharem terreno passo a passo, por todas as razões já antes apontadas noutras intervenções, como em função das características do largo espectro do campo da hegemonia unipolar a libertar!

O multilateralismo que anima o Sul Global sabe duma forma geral que tem de se dar tempo aos povos europeus para começarem a acordar e tratarem do essencial de sua própria libertação, pois a situação em curso não é de guerra, é de libertação e sem eles assumirem descolonização mental e sua própria libertação, é toda a humanidade que continua em perda, ainda que mais localizada que nunca!

De facto, lançando a campanha russofóbica em termos dum “apartheid” de tendência global, a EU/NATO tem de ser encarada também num campo em que nunca as forças de libertação poderão a curto prazo disputar dentro da Europa e dos Estados Unidos: o poder da aristocracia financeira mundial e das oligarquias sobre os “media” em sua posse, que com o engenho e arte do seu enxofre apenas estão capazes de transmitir as “mensagens” do interesse e da conveniência da hegemonia unipolar!

Então, ao se fazer a libertação passo a passo, as mensagens do lado das forças empenhadas nela serão sempre no sentido de, através da acumulação, prova e verificação de factos, se ir desboroando a propaganda EU/NATO, quaisquer que sejam as iniciativas nesse sentido desde então tomadas pela hegemonia unipolar!

O castelo da propaganda EU/NATO, sistematicamente confrontado com os dados no terreno em função do passo a passo da libertação, vai-se desmoronando, lançando o descrédito em relação do que está a ser imposto pelos “media” a todos os povos europeus sujeitos a uma guerra psicológica desse tipo, ao mesmo tempo que esses mesmos povos despertam na avaliação do conhecimento quanto aos impactos das políticas reais de que são vítimas, determinadas pelas tão feudais quão avassaladas oligarquias ao serviço do espectro eminentemente anglo-saxónico, com todos os contraditórios que um processo dessa natureza geriu, gere e vai continuar a gerir numa porfiada defensiva!

Faltava a esses contraditórios o peso da responsabilidade radioactiva em caso da central nuclear ser atingida, responsabilidade que recai directamente sobre o regime EuroMaidan e sobre todos os que invariavelmente o apoiam, ou seja, todo o campo da hegemonia unipolar!...

Vai ser isso que os técnicos em missão irão constatar in loco!

QUE ORGANIZAÇÃO DO CRIME ASSASSINOU DARYA DUGINA?

Pepe Escobar* | Strategic Culture Foundation

O vil assassinato de Darya Dugina, o terror às portas de Moscovo, não está realmente resolvido, escreve Pepe Escobar.

O vil assassinato de Darya Dugina, ou terror nos portões de Moscovo, não está realmente resolvido – por mais que o FSB pareça ter desvendado o caso em pouco mais de 24 horas.

#Traduzido em português do Brasil

Agora está estabelecido que o principal criminoso, Natalia Vovk, do batalhão Azov, não agiu sozinho, mas teve um ajudante ucraniano, Bogdan Tsyganenko, que forneceu placas falsas para o Mini Cooper que ela estava dirigindo e ajudou a montar um carro-bomba bruto dentro de um garagem alugada no sudoeste de Moscou.

De acordo com o FSB, Vovk seguiu a família Dugin ao festival Tradition e detonou o carro-bomba por controle remoto. As únicas peças que faltam parecem ser quando a bomba foi colocada sob o SUV de Dugin e por quem; e se um assassinato tão sofisticado transfronteiriço visava pai e filha.

Como lembra o analista geopolítico Manlio Dinucci, até o Los Angeles Times tornou público que “desde 2015, a CIA treina agentes de inteligência ucranianos em uma instalação secreta nos Estados Unidos”.

A inteligência russa estava mais do que ciente disso. De fato, em uma entrevista à mídia italiana em dezembro de 2021, a própria Darya Dugina, com base em informações do FSB, revelou que “eles identificaram 106 agentes ucranianos que estavam preparando ataques e massacres em 37 regiões da Rússia”.

No entanto, agora um membro de alto escalão da inteligência russa – que por razões óbvias deve permanecer anônimo – divulgou algumas informações que, em suas palavras, “adicionarão toda a imagem a este incidente”.

Escusado será dizer que isso é o máximo que ele foi autorizado a revelar por seus superiores. Segundo sua análise, “a tragédia foi à noite. Nos dois dias seguintes, o FSB compartilhou todos os dados sobre as pessoas da SBU envolvidas no incidente. A maioria das pessoas pensa que foi um assassinato político. Há muitas mortes políticas na Ucrânia, mas essa tragédia não tem raízes políticas. Na verdade, está conectado ao fluxo de dinheiro do crime organizado.”

A fonte afirma: “Darya estava dentro do movimento patriótico e tinha conexões na área de Moscou e Donetsk. Como você sabe, há um grande fluxo de dinheiro para o Donbas para restaurar a economia. Esse enorme fluxo de dinheiro fornece um incentivo extremo para atividades criminosas. As organizações criminosas de Donetsk são mais perigosas do que outras porque operam em território de guerra. Assim, alguém temia que Darya comprometesse os esquemas de fluxo de dinheiro ao tornar isso público.”

A fonte ressalta que “Boris Nemtsov [um ator-chave nas reformas liberais impostas à Rússia pós-soviética] também foi morto por um grupo do crime organizado que temia que ele pudesse comprometer alguns esquemas de fluxo de dinheiro tornando-os públicos, apesar da fato de que ele era um político bastante poderoso. Também [jornalista] Anna Politkovkaya. Ela recebeu $ 900.000,00 em dinheiro no escritório eleitoral de Chubais durante os dias das eleições para fins políticos. Mas alguns outros elementos sabiam disso e pegaram a bolsa. Ela foi assassinada.”

A LISTA DA MORTE – Scott Ritter

Scott Ritter* |  Especial para o Consortium News

O legado odioso de Stepan Bandera impulsiona a supressão daqueles que ousam desafiar a narrativa do conflito russo-ucraniano promulgada pelo governo ucraniano, seus aliados ocidentais e uma mídia convencional complacente.  

#Traduzido em português do Brasil

Em maio de 1986, recebi ordens para participar de um curso de conscientização contra o terrorismo na John F. Kennedy Special Warfare School, em Fort Bragg, Carolina do Norte. Nas duas semanas seguintes, aprendi sobre as várias ameaças terroristas enfrentadas pelos militares dos Estados Unidos e aprendi várias habilidades para superá-las, como direção evasiva em alta velocidade, metodologia de contra-vigilância e técnicas de tiro reativo.

Ao retornar a Twenty-Nine Palms, onde estava lotado como oficial de inteligência do Corpo de Fuzileiros Navais, recebi a tarefa de colocar em prática minhas habilidades recém-adquiridas, realizando um exercício de contraterrorismo em toda a base. Peguei emprestado uma equipe de batedores-sniper do batalhão de infantaria na base e os instalei em um apartamento fora da base, onde os transformei em uma célula terrorista encarregada de coletar informações sobre os oficiais superiores que viviam e trabalhavam na base. A única regra era que os terroristas não podiam se envolver com civis – nenhuma família deveria ser impactada pela broca.

Ao longo dos próximos 30 dias, minha equipe terrorista foi capaz de “assassinar” cada comandante de batalhão, o comandante do regimento e o comandante da base, usando dispositivos explosivos improvisados ​​e tiros de atiradores – e tinha as fotografias para provar isso.

A conclusão desse exercício foi que, se alguém quisesse você morto, você provavelmente morreria.

A vigilância era sua única defesa real — estar alerta para qualquer coisa suspeita. Em suma, viver uma vida regida pela paranóia. Na era do terrorismo, se você sente que alguém está querendo te fazer mal, provavelmente é porque alguém está querendo te fazer mal.

Com os olhos em Zaporíjia (e a memória em Chernobyl) -- Curto... do Expresso

José Cardoso | Expresso - curto

Eram cinco horas da manhã do dia 26 de abril de 1986 quando o homem que acabou com a União Soviética recebeu um telefonema: tinha havido uma grave explosão numa central nuclear, de consequências ainda desconhecidas.

O resto foi-se sabendo a conta-gotas, nos dias ou semanas seguintes. Na então União Soviética, a televisão levou 18 dias até falar sobre o assunto. E o assunto era a explosão do reator número quatro da central nuclear de Chernobyl, perto da cidade soviética de Pripyat, no território da atual Ucrânia. O acidente libertou para a atmosfera radiações equivalentes a 500 bombas de Hiroshima, com nuvens radioativas a espalhar-se pelo hemisfério norte, desde o centro e norte da Europa até ao Japão.

Demorou um dia e meio até começar a retirada de 49.614 pessoas de um primeiro perímetro em torno da central. Na tiroide de algumas delas foram registadas radiações 37 mil vezes superiores às de um raio X ao tórax. Mais tarde seriam retiradas mais 41.986 pessoas, de uma zona de 30 km à volta da central. No total seriam deslocadas cerca de 200.000 pessoas. Pripyat tornou-se uma cidade fantasma, no centro de uma vasta zona sem vivalma e de acesso interdito.

O Centro Nacional de Investigação Médica de Radiação da Ucrânia calculou em 2018 que o desastre de Chernobyl afetou 5 milhões de cidadãos da antiga União Soviética, incluindo 3 milhões na Ucrânia, que na altura era uma das “repúblicas socialistas” da União Soviética. Na mesma altura, o mesmo organismo estabelecia em 1,8 milhões de ucranianos, incluindo 377.589 crianças, o total de pessoas com o estatuto de vítimas do desastre.

Todos os parágrafos anteriores podem parecer informação despropositada numa newsletter que se pretende de atualidade noticiosa. Mas não o é. Porque é o espectro de Chernobyl que volta a pairar por estes dias sobre a Europa por causa do que está a acontecer noutra central nuclear ucraniana, a de Zaporíjia, ocupada pelas tropas russas. E porque é para Zaporíjia que convergem hoje, quinta-feira, dia 1 de setembro, os olhares de meio mundo.

A central, que já sofreu bombardeamentos, está segura? Há o perigo de acidente nuclear? Depois de várias peripécias e jogos de forças, inspetores da Agência Internacional da Energia Atómica devem entrar finalmente esta quinta-feira nas instalações. E daqui a vários dias revelarão o seu diagnóstico.

O espectro de Chernobyl, esse, continua a pairar. O acidente foi há 36 anos, mas o perigo continua lá. Os restos do reator foram sepultados num gigantesco sarcófago de betão, para conter a dispersão de radiação dos destroços, mas as ruturas e as fugas obrigaram, há apenas cinco anos, a construir uma carapaça ainda maior e mais “blindada”.

A explosão foi há mais de três décadas e meia, mas as radiações nucleares duram muitos milhares de anos. Quanto ao homem que nesse dia atendeu o telefonema às cinco da manhã, chamava-se Mikhail Gorbatchov e morreu ontem.

Angola | DAS CANELAS AOS DENTES TUDO É FRAUDE – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O futebol é um desporto que tem em Angola excepcionais praticantes. Hoje o expoente máximo chama-se Pedro Mantorras. Mas no antigamente tivemos alguns executantes que eram os melhores do mundo. Vou excluir da lista os que constituem o estádio supremo, que são os futebolistas do meu tempo de miúdo: Faria, Barros, manos Rocha (Chico e Luís) ou o Santiago, um guarda-redes que desmoralizava os adversários defendendo os remates apenas com uma mão. Ele tinha uma manápula descomunal. Estes são os extraterrestres e não contam para a lista dos comuns mortais.

Melhores que Pelé, Maradona ou Mantorras eram o Zedu (tantas saudades, camarada Presidente!), o Justino Fernandes (além de melhor futebolista do mundo é também um ser humano excepcional), Espírito Santo, Assunção, Adérito Raquel, Pedro Gomes e o deus do futebol, Nicola Berardineli. Era senhor de uma técnica excepcional. Foi contratado para jogar no Benfica de Lisboa (o de Luanda não admitia pretos) mas na hora da partida começou a chorar de saudades e já não foi. 

O Nicola era um negro de Porto Amboim e tinha nome de italiano. Descendia dos revolucionários napolitanos que tentaram derrubar a monarquia e implantar a república na Sicília. Condenados à morte, o rei transformou a pena em degredo perpétuo. Portugal aceitou acolher os condenados na “colónia penal de Angola”. São os antepassados de todos os angolanos que têm nomes de família italianos. Um deles, o capitão Bessa Victor, era o avô do poeta Geraldo Bessa Victor. Mas também temos o signore Paris, dono do Hotel Paris, no Bairro dos Coqueiros, o meu amigo Pugliese, o grande futebolista Cardona, o meu colega do liceu Castelli e o deus Nicola, da família Berardineli. 

O futebolista mais tecnicamente dotado do nosso tempo tinha uma característica que lhe causou muitos dissabores. Para ele a bola ia até às canelas, joelhos, abdómen, costelas e até ao rosto dos adversários. Um dia a bola também se estendeu até ao senhor árbitro e o Nicola foi acusado de agressão ao homem do apito. Acabou ali a sua fabulosa carreira desportiva. Imaginem o que acontecia ao Adalberto da Costa Júnior que não só agride o árbitro mas também lhe usurpa o lugar. Depois de cinco eleições em que a UNITA sempre invocou fraude e como jogador agride e usurpa o papel da Comissão Nacional Eleitoral. Chegou a hora de tomar medidas.

O secretário-geral da UNITA fala como se fosse o árbitro destas eleições. E recusa os resultados. Porque houve fraude! Tal como o meu saudoso amigo Nicola, para quem a bola ia até aos dentes dos adversários e ele pontapeava forte, a UNITA, se uma assembleia de voto abriu cinco minutos mais tarde, é fraude. Se um voto tem a cruz fora do três e é considerado nulo, é fraude. Se o delegado do partido está podre de bêbado e é posto fora da mesa de voto, é fraude. Se das províncias mandam actas síntese falsas e rasuradas para a sede do Galo Negro, essas falsificações ficam logo documentos autênticos e a CNE entra em fraude. Se os comissários indicados pela UNITA para a CNE batem com a porta, a acta dos resultados oficiais é falsa porque não tem a assinatura dos faltosos.

Angola | Finalmente a UNITA reconhece que perdeu as eleições gerais, mas... O quê?

A UNITA reconheceu, pela primeira vez, que perdeu as Eleições Gerais de 24 de Agosto do corrente, mas adianta que o MPLA não ganhou com maioria absoluta.

"Estes resultados definitivos não estão correctos e o MPLA não ganhou com maioria absoluta", disse a vice-presidente do grupo parlamentar da UNITA, Mihaela Webba. 

A deputada diz que o partido vai provar com as actas em posse junto do Tribunal Constitucional que o "MPLA não ganhou com maioria absoluta".

Jornal de Angola

António Costa chegou a Maputo poucos minutos depois da meia-noite local

O primeiro-ministro, António Costa, chegou hoje a Maputo cerca de 10 minutos depois da meia-noite (hora local, menos uma em Lisboa), para uma visita oficial de dois dias, na qual vai participar na V Cimeira Luso-Moçambicana.


Á chegada à Base Aérea de Mavalane, na capital moçambicana, António Costa foi recebido com guarda de honra à saída da aeronave da Força Aérea que o transportou.

O chefe de Governo português tinha à sua espera a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Verónica Macamo, e o embaixador de Portugal em Maputo, António Costa Moura.

Esteve presente também na receção ao chefe de Governo o ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos de Moçambique, Carlos Mesquita (que vai acompanhar o primeiro-ministro ao longo da visita), o embaixador de Moçambique em Portugal, o secretário de Estado na cidade de Maputo, o presidente do Conselho Municipal de Maputo e o diretor para a Europa e Américas do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, além de uma comitiva portuguesa.

Numa zona alta do edifício da base área foi colocada uma faixa na qual se lia: "Boas vindas à República de Moçambique, sua excelência António Costa, primeiro-ministro da República Portuguesa".

Moçambique | Cabo Delgado: Grupo armado saqueia e queima aldeia

Grupo armado não identificado saqueou e queimou casas de uma aldeia de Cabo Delgado, norte de Moçambique, na segunda-feira.

Um grupo armado não identificado saqueou e queimou casas de uma aldeia de Cabo Delgado, norte de Moçambique, na segunda-feira (29.08), relataram fontes locais.

"Entraram em Nacuale", distrito de Ancuabe, sul da província, durante a tarde, disse uma testemunha. 

"Estávamos a conversar no centro da aldeia, ouvimos barulho na extremidade da aldeia e eram homens armados, encapuzados, que abriram fogo", descreveu.

Houve tiroteio com as forças de defesa e segurança estacionadas no local, referiram outras fontes, sem registo de vítimas, mas indicando que várias habitações de construção tradicional foram queimadas e bens da população foram roubados.

A população e autoridades locais suspeitam que o grupo faça parte do movimento insurgente que desde outubro de 2017 aterroriza a região.

Deutsche Welle | Lusa

Moçambique | Cabo Delgado: Bombas de combustível financiam o terrorismo?

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse há dias que há bombas de combustível no país usadas para financiar o terrorismo em Cabo Delgado. Para a oposição, as palavras de Nyusi são um "insulto" aos empresários.

O Presidente moçambicano,  Filipe Nyusi, fez a denúncia há uma semana, durante uma sessão com os membros do governo provincial de Sofala, centro do país.

Na sua declaração, o estadista foi incisivo: "Em Sofala, bombas é o que há demais, com todo o tipo de nomes. Temos informações de pessoas que usam estes meios para subsidiar os terroristas", revelou.

Insulto aos empresários

Não é a primeira vez que Nyusi aponta o dedo para Sofala. Em 2019, também de visita à província, disse que havia empresários beirenses que apoiavam o terrorismo em Cabo Delgado por estarem descontentes com o controlo cerrado do Estado contra a exploração e comercialização ilegal da madeira.

"Quando a gente diz que a madeira agora tem de ser feita assim, ele fica zangado e vai ficar no mato", indicou Nyusi na altura.

Em agosto de 2020, o chefe de Estado voltou a lançar uma "bomba" contra o mesmo alvo. No lançamento da Agência do Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN) em Cabo Delgado, o estadista disse que, na província de Sofala, havia moçambicanos que apoiavam o terrorismo. Mas nunca apresentou nomes.

Para o líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a terceira força política no país, Lutero Simango, as declarações de Filipe Nyusi são um "insulto". Dizer que há bombas de gasolina que servem para financiar o terrorismo sem apresentar nomes, nem provas, é colocar "sob suspeita" todos os que trabalham nestes locais.

"Nós não vamos admitir que venha aqui em Sofala ou outras províncias para insultar os empresários moçambicanos", defendeu Simago, acrescentando que "o problema de Moçambique é a FRELIMO, que não sabe governar".

Portugal | Regresso de férias e outono podem aumentar incidência de Covid-19

A incidência de casos de covid-19 pode aumentar a partir do outono e o regresso à escola e ao trabalho, após as férias de verão, resulta num ambiente "mais favorável" aos contágios, alertou hoje o investigador Miguel Castanho.

"Atendendo a que se trata de um vírus respiratório e tendo também em conta o que aconteceu ao longo de mais de dois anos de pandemia, diria que é expectável um aumento da incidência a partir do outono", adiantou à agência Lusa o especialista do Instituto de Medicina Molecular (iMM) da Universidade de Lisboa.

De acordo com o professor da Faculdade de Medicina de Lisboa, após o verão, o regresso às aulas e aos locais de trabalho e a adoção de um estilo de vida mais concentrado em espaços fechados "determina um contexto mais favorável aos contágios".

"O próprio tempo frio e o seu impacto nas vias respiratórias talvez favoreça também que se instale a doença, embora este ponto não seja consensual", referiu Miguel Castanho, ao salientar que, independentemente das razões, a sazonalidade das doenças causadas por vírus respiratórios em Portugal, com aumentos de incidência no período de outono-inverno, "está bem estabelecida".

De acordo com o relatório de hoje do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), o índice de transmissibilidade (Rt) do SARS-CoV-2 subiu para 1,02 a nível nacional, depois de ter estado abaixo do limiar de 1 desde o final de maio.

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