domingo, 4 de setembro de 2022

REUNIFICAÇÃO DA CHINA, O ÚNICO FUTURO PARA A ILHA DE TAIWAN

Zhan Yongxin* | Global Times | opinião

Não foi há muito tempo atrás, em desrespeito à forte oposição do governo chinês, Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, fez uma visita deliberada e provocativa a Taiwan, que despertou a forte indignação do povo chinês e levou a nossas fortes contramedidas. Por outro lado, deu-nos a oportunidade de definir as políticas relativas à ilha de Taiwan e mostrar a nossa determinação e capacidade para resolver a questão de Taiwan.

#Traduzido em português do Brasil

Taiwan fica na plataforma continental sudeste do continente chinês. As pessoas de ambos os lados do Estreito têm laços ancestrais e culturas comuns.  

Taiwan veio a ser habitada pelo povo chinês há mais de mil anos. Referências a este respeito podem ser encontradas no Seaboard Geographic Gazetteercompilado por Shen Ying do Estado de Wu durante o período dos Três Reinos. Na Dinastia Song e na Dinastia Yuan, o governo chinês despachou comissários e exerceu jurisdição sobre Taiwan. Em 1684, o governo Qing estabeleceu a Administração da Prefeitura de Taiwan sob a jurisdição da província de Fujian. Em 1885, o governo Qing formalmente fez de Taiwan uma província completa. Na história, Taiwan nunca foi um país. Embora tenha sido ocupada por invasores estrangeiros, foi finalmente recuperada pela China. Em 1945, na cerimónia de aceitação da rendição do Japão, o oficial-chefe proclamou em nome do governo chinês que Taiwan e o arquipélago de Penghu haviam sido novamente incorporados formalmente ao território da China e que o território, o povo e a administração haviam sido colocados sob a soberania da China.

Em 1 de outubro de 1949, o Governo Popular Central da República Popular da China foi fundado, substituindo o Governo da República da China como o único governo legal de toda a China. Essa substituição dentro da China não mudou a soberania e o território inerente da China. Embora o povo chinês de ambos os lados do Estreito ainda não tenha sido reunificado, o fato de Taiwan fazer parte do território da China não mudou, nem o fato de Taiwan estar sob a soberania da China. O governo da República Popular da China, como único governo legal de toda a China, definitivamente tem jurisdição sobre Taiwan. 

É uma aspiração compartilhada de todo o povo chinês e o objetivo do Partido Comunista da China realizar o rejuvenescimento nacional e a reunificação completa. A Constituição da República Popular da China estipula claramente: "Taiwan faz parte do território sagrado da República Popular da China. É dever inviolável de todo o povo chinês, incluindo nossos compatriotas em Taiwan, cumprir a grande tarefa de reunificar o pátria". 

São responsabilidades históricas e constitucionais do governo chinês resolver a questão de Taiwan e realizar a reunificação completa da China. Embora haja mais de uma maneira de alcançar esse objetivo, trabalharemos com a maior sinceridade e envidaremos nossos melhores esforços para alcançar a reunificação pacífica. Ao mesmo tempo, estaremos sempre prontos para tomar todas as medidas necessárias, se necessário.

Como os EUA converteram Taiwan numa plataforma para a guerra com a China

NizarK. Visram* | One World

Ao mirar a China como uma “ameaça”, o governo Biden está reagindo à crescente crise econômica e política interna.

#Traduzido em português do Brasil

Quando a presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, visitou Taiwan em 2 de agosto de 2022, previsivelmente enfureceu a China porque a ilha faz parte da China. A visita foi, portanto, um desafio condescendente para a China, especialmente quando foi apoiada por um grupo de batalha de porta-aviões dos EUA e jatos militares.

O Pentágono forneceu caças como escolta para a visita ao Congresso de Pelosi com uma presença naval dos EUA aumentada. Dois porta-aviões, dois navios de assalto anfíbio, 36 navios de guerra e três submarinos estavam nas proximidades de Taiwan. O presidente do Estado-Maior Conjunto dos EUA, general Mark Milley, declarou que as forças armadas americanas estavam prontas para “fazer o que for necessário para garantir uma condução segura da visita”.

Taiwan fica a 161 km da China continental e, portanto, não é de surpreender que a China tenha respondido ao movimento dos EUA com contra-ataques. Com a visita, a guerra de palavras entre a China e os EUA aumentou, abrindo uma nova brecha nas relações EUA-China, levando a um confronto militar intensificado.

Alguma apreensão foi expressa no governo Biden sobre a visita à qual ele respondeu vacilante: “Acho que os militares acreditam que não é uma boa ideia agora, mas não sei qual é o status dela”. Ao mesmo tempo, a Casa Branca alegou que não tem jurisdição sobre a decisão de Pelosi de ir a Taiwan, embora ela estivesse indo em um avião militar. É difícil imaginar que Pelosi planeje uma viagem do Congresso a Taiwan sem a aprovação da Casa Branca e do Pentágono.

Sua visita significou uma maior erosão da antiga política de "uma China" dos EUA e uma mudança para uma política de "Uma China, Uma Taiwan", juntamente com um compromisso inequívoco de intervir militarmente em nome de Taiwan. Na verdade, o governo Biden é mais agressivo com a China do que seu antecessor, ajudando a alimentar essa mudança de política .  Em março de 2021, Biden declarou: “Vamos apoiar Taiwan …… de acordo com os compromissos americanos de longa data.” Desde então, ele prometeu várias vezes a intrusão militar dos EUA em Taiwan, aumentando assim as tensões ardentes entre Pequim e Washington.

Angola | A DERROTA VITORIOSA E O EMPATE TÉCNICO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A UNITA está habituada a sofrer tremendas derrotas mas feitas as contas ganha muito. O colonialismo foi derrotado e essa derrota significou o fim do império colonial português. A UNITA fez a guerra ao lado dos derrotados. Integrou os dois melhores comandantes, treinados na República Popular das China (majores Pedro e Sachilombo), nos Flechas da PIDE. Feitas as contas, ganhou o estatuto de movimento de libertação e um lugar na mesa das negociações com a potência colonial, que culminaram com a assinatura do Acordo de Alvor.

Os derrotados da UNITA só tiveram direito ao estatuto de movimento de libertação quando Angola estava libertada. Lisboa fez tudo por isso, com a prestimosa ajuda do MPLA, que empenhou a sua diplomacia para que a OUA (hoje União Africana) fizesse o reconhecimento. Sem esse passo, Jonas Savimbi não podia participar no processo de descolonização. Grande vitória dos derrotados pelo 25 de Abril de 1974.

Os independentistas brancos lançaram, logo em Maio de 1974, esquadrões da morte que matavam as populações dos musseques. Criavam a violência e o caos em Luanda, para arranjarem um pretexto que lhes permitisse declarar unilateralmente a independência, marginalizando as autoridades progressistas de Lisboa. Jonas Savimbi e a UNITA alinharam com os ricaços de Angola. No dia 28 de Setembro de 1974, o golpe foi posto em marcha em Portugal. Se triunfasse, Angola e Moçambique passavam a ser governados pela minoria branca e o regime seria igual ao da África do Sul e da Rodésia de Ian Smith (Zimbabwe). Os golpistas foram derrotados em Lisboa, Luanda e Maputo. Spínola foi afastado do poder. 

Todos perderam menos a UNITA, que ganhou muito com a derrota dos seus aliados. Para não criar obstáculos ao processo de descolonização, o próprio MFA fez tudo para que Savimbi e a sua organização fantoche adquirissem estatuto de movimento de libertação para as negociações com vista à Independência Nacional. Os derrotados tiveram uma grande vitória.

A UNITA participou nas negociações e como movimento de libertação fez parte do Governo de Transição com ministros e secretários de Estado em paridade com a FNLA e o MPLA. Tremenda vitória dos derrotados!

Mobutu, Spínola e Nixon decidiram que o MPLA ia ficar de fora do processo de descolonização e Angola seria partilhada pela FNLA e a UNITA. O plano principal era criar uma Angola presidida por Holden Roberto e outra, a Sul do Cuanza, presidida por Jonas Savimbi. Depois os patrões de Washington e das grandes capitais europeias ditavam as suas ordens. O plano foi estrondosamente derrotado.

UNITA interpõe providência cautelar contra CNE e pede invalidação dos resultados

ANGOLA - ELEIÇÕES

UNITA requereu ao Tribunal Constitucional (TC) que seja declarada ineficácia da ata dos resultados eleitorais definitivos aprovada no dia 28 de agosto e que CNE seja intimada a admitir reclamações.

Segundo a providência cautelar, a que a Lusa teve acesso, a UNITA - que segundo a CNE obteve 43,95% dos votos (90 mandatos) contra 51,17% do MPLA (124 mandatos) -, contesta os resultados e diz ter apurado um número de mandatos distinto do que foi divulgado pelo órgão responsável pelo processo eleitoral angolano.

A providência contra a CNE refere que o mandatário da UNITA, David Horácio Junjuvili, presente na reunião de 28 de agosto onde foi aprovada a ata do apuramento nacional definitivo das eleições, realizadas a 24 de agosto, "inconformado com os resultados", quis que a sua reclamação constasse em ata, o que não aconteceu.

"Inesperadamente, foi-lhe coartado o exercício do referido direito com o fundamento, alegadamente de que era intempestiva a sua pretensão", refere o documento, que deu entrada no TC na sexta-feira.

Providência cautelar

Na providência cautelar, a UNITA argumenta que "a CNE desatendeu" o respeito pelo exercício dos direitos e liberdades fundamentais e o cumprimento dos deveres constitucionais e legais, sendo "ilegítimos e criminalmente puníveis a tomada e o exercício de poder político, com base em meios violentos ou por outras formas não previstas nem conformes na Constituição".

Sublinham ainda que "o exercício do poder político carece de legitimidade e que "a reclamação da UNITA sobre os resultados eleitorais, sobre os quais a CNE atribuiu incorretamente mais mandatos à candidatura do MPLA, deve ser rigorosamente atendida".

Num outro recurso entregue ao TC na quinta-feira, a UNITA apresentou alegações sobre o que considera serem atos eleitorais ilegais, "que devem ser nulos" e poderão levar à anulação das eleições gerais de 24 de agosto.

"Apontamos, no requerimento, a ilegalidade de atos que devem ser considerados nulos e a nulidade leva automaticamente à anulação. Quem tem que fazer a anulação [das eleições] é o tribunal", disse hoje à Lusa uma fonte próxima à direção da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).

Presidente reeleito aguarda “serenamente” pela decisão do Tribunal Constitucional

ANGOLA- ELEIÇÕES

O Presidente da República reeleito e do MPLA, João Lourenço, disse hoje, nas redes sociais, que aguarda serenamente pela decisão do Tribunal Constitucional, soube o Jornal de Angola.

Na sua página oficial do Twitter, João Lourenço escreveu que "o MPLA saiu ontem à rua, para comemorar a vitória do penta”, com base nos resultados das Eleições Gerais de 24 de Agosto.

"Aguardemos serenamente pela decisão do Tribunal Constitucional. Depois vamos organizar a segunda festa, a cerimónia de investidura e os actos que se seguem. Angolanos, estamos juntos”, sublinhou na postagem deste domingo.

Noutra postagem feita este domingo, mas no Facebook, João Lourenço convida todos a aproveitarem o dia de "sol luminoso, alegre”, para "retemperar energias e boa disposição para a semana laboral que amanhã começa”.

De acordo com o Presidente da República reeleito no último pleito de 24 de Agosto, há muito a fazer pela pátria que todos amam e que está sempre em primeiro lugar. "Votos de boa saúde a todos. Muito exercício físico. Já fiz a minha sessão matinal para amanhã estar em forma e continuar a fazer o que mais me inspira e anima: trabalhar para o bem-estar e a felicidade dos angolanos, todos sem distinção!”, concluiu.

A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) declarou João Lourenço como Presidente da República e Esperança da Costa como Vice-Presidente da República, após divulgar os resultados definitivos das Eleições Gerais de 24 de Agosto, que confirmaram o MPLA como partido vencedor, com 3.209.429 votos, correspondendo a 51,17 por cento dos votos válidos.

Jornal de Angola

Portugal | É FEIO E É PERIGOSO

Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

O linchamento da ministra Marta Temido - não tenho aqui a pretensão de analisar o positivo e negativo da sua ação - foi trabalhado ardilosamente, num quadro em que o Governo devia estar a implementar a nova Lei de Bases da Saúde, a negociar com os sindicatos as carreiras dos seus profissionais, a reforçar o investimento no setor, a corrigir decisões erradas em que se deixou envolver na gestão das urgências ou da organização do subsetor da Obstetrícia.

O "Expresso" noticiava, no passado dia 27, que "Marcelo Rebelo de Sousa entende que a conceção orgânica em causa é "inexequível" e "não é solução", "não vai dar certo", confirmam do Palácio de Belém". Num outro plano, o setor privado e falsos amigos do SNS, como o PSD, a bastonária da Ordem dos Enfermeiros e o bastonário da Ordem dos Médicos (para quem o Governo não tem legitimidade porque lhe falta apoio de uma maioria silenciosa que pretensamente pensa como ele), todos os dias ampliam bloqueios e insuficiências para consolidar na sociedade a ideia de caos. E, durante os últimos meses, o primeiro-ministro tem assistido passivamente a tudo isto, não se tem batido pelo reforço do SNS e esqueceu-se de ser solidário com a ministra.

Grandes meios da Comunicação Social ressuscitam velhos inimigos do SNS e descobrem novos especialistas, desde que sejam defensores do "papel de relevo a atribuir ao setor privado" (que se instalou e cresceu parasitando o Orçamento do Estado e o da ADSE) e da "desideologização" do SNS. A este propósito relembro o presidente Jorge Sampaio, no palco de uma iniciativa em que estávamos os dois. Perante um "jornalista" que, para se credibilizar, lhe dizia "eu não tenho ideologia", Sampaio sussurrou-me, "este ou é burro ou para lá caminha" e, de imediato, passou a explicar-lhe que todos devemos ter e afirmar quadros de valores e que é isso a base da ideologia.

O SNS foi, talvez, a realização mais conseguida da nossa democracia. Isso aconteceu, não porque fosse consensual entre todas as forças políticas e sociais a sua realização, mas sim pela dinâmica gerada, pelo engajamento do poder local democrático, pela proximidade e envolvimento dos cidadãos. É verdade que algumas destacadas figuras do PSD apoiaram o SNS, mas esse partido e a Direita votaram contra a sua criação e, amiúde, lançaram iniciativas legislativas para o descaraterizar. Relembremos também que, entre 1977 e 1986, o então bastonário da Ordem dos Médicos tentou mobilizar a "classe" contra o SNS. Isto significa que os campos políticos e as figuras envolvidos no ataque de hoje não são novidade. Novo e mais complexo é o contexto. A saúde é cada vez mais uma enorme área de negócios. E estamos num cenário político muito particular.

A Direita, acantonada na sua condição de minoria, manobra para que o Partido Socialista (PS) execute o seu programa, tendo Marcelo e a Presidência da República como padrinhos e impulsionadores do objetivo. Trata-se de um perigo real, até porque no PS vai ganhando ânimo o setor rendido ao neoliberalismo.

António Costa cede as capacidades e responsabilidades de governar? A maioria PS credibiliza a intervenção abusiva do presidente em importantes funções executivas e legislativas do Estado, que não lhe pertencem? Vamos passar a ter um executivo bicéfalo Marcelo/Costa? Este acredita que não haverá problemas porque será capaz de superar o professor? São enredos perigosos.

*Investigador e professor universitário

Portugal | Serviço Nacional de Saúde subfinanciado, uma opção do Governo

Os mais recentes números revelados pela Direção-Geral do Orçamento demonstram que o dinheiro que estava previsto para o SNS no Orçamento do Estado para o 2022 está abaixo do que efectivamente está a ser atribuído.

De acordo com os dados fornecidos, o investimento público para o SNS está a cair 33% o que vai no sentido contrário ao que estava perspectivado uma vez que por via do Orçamento do Estado o Governo tinha alocado mais verbas para o sector, o que supostamente iria representar um aumento no investimento. O orçamentado no Orçamento do Estado 2022 foi de 590 milhões de euros, o que em comparação com 2021, que era 232 milhões, representava um aumento no investimento.

Apesar das alterações na dotação orçamental, a realidade é que no que já foi atribuído a situação parece inverter-se. Em 2021 já tinham sido investidos 102 milhões de euros e em 2022 ainda só foram investidos 68,5 milhões de euros, correspondendo assim a apenas 12% do que estava previsto para este ano. Para corresponder ao que estava previsto era necessário aumentar dez vezes o nível actual de investimento.

Estes dados são revelados numa altura onde o SNS está debaixo de fogo dada as insuficiências crónicas criadas pela falta de financiamento que são acompanhadas de promessas do Governo com a utilização de fundos do PRR que corresponderiam a 15% do total que iria para administração central, mas tardam em chegar.

A realidade que é demonstrada também revela que a situação do SNS é opção política do PS, uma vez que na reação à demissão da ex-ministra da Saúde, António Costa disse que «A mudança de membros do Governo é uma mudança de personalidade, é uma mudança de energia, é uma mudança de estilo. São mudanças, mas não são mudanças de política. As políticas são do Governo», confirmando que não é uma questão de caras mas de política.

Face à noticia do subfinanciamente os partido já reagiram. Paula Santos do PCP diz que «O valor do investimento no Serviço Nacional de Saúde que é noticiado revela exatamente esta falta de política por parte do Governo e este caminho de não se investir. É inaceitável que na situação em que se encontra o SNS não exista a valorização dos seus profissionais e um reforço do investimento para aumentar a capacidade de resposta no Serviço Nacional de Saúde que é fundamental para garantir o direito à saúde para todos».

Já Pedro Filipe Soares do BE diz que «o Governo, em vez de agir para resolver os problemas de um setor tão fundamental como a saúde, continua a fazer promessas, propaganda, mas pouca ação.»

AbrilAbrilImagem: Apodrecetuga

Kiev saqueia ajudas do Ocidente, sacrifica soldados e coloca civis em perigo

Veteranos de guerra da Ucrânia sobre como Kiev saqueou a ajuda dos EUA, desperdiçou soldados, colocou civis em perigo e perdeu a guerra

Lindsey Snell* | Cory Popp* | The GrayZone

“As armas são roubadas, a ajuda humanitária é roubada e não temos ideia para onde foram os bilhões enviados para este país”, reclamou um ucraniano ao The Grayzone.

#Traduzido em português do Brasil

Em um vídeo enviado pelo Facebook Messenger em julho, Ivan* pode ser visto ao lado de seu carro, um modelo Mitsubishi SUV do início dos anos 2010. A fumaça está saindo pela janela traseira. Ivan ri e move a câmera de seu telefone por toda a extensão do veículo, apontando buracos de bala. "O turbocompressor morreu no meu carro", disse ele, apontando seu telefone para a frente do veículo. “ Meu comandante diz que eu deveria pagar para consertá-lo eu mesmo. Então, para usar meu próprio carro na guerra, preciso comprar um novo turbocompressor com meu próprio dinheiro.”

Ivan virou a câmera em direção ao rosto. “Bem, seus malditos membros do parlamento, espero que vocês se fodam. Demonios. Eu gostaria que você estivesse em nosso lugar”, disse ele.

No mês passado, os parlamentares da Ucrânia votaram a favor de um aumento salarial de 70%Os documentos indicam que o aumento foi permitido e incentivado pelos bilhões de dólares e euros de ajuda que chegaram dos EUA e da Europa.

“Nós, os soldados ucranianos, não temos nada”, disse Ivan. “As coisas que os soldados receberam para usar na guerra vieram diretamente de voluntários. A ajuda que vai para o nosso governo nunca chegará até nós.”

Ivan é soldado desde 2014. Atualmente, ele está estacionado na região de Donbas, onde tem a tarefa de usar pequenos drones de consumo para localizar posições russas para alvos de artilharia. “ Há tantos problemas na linha de frente agora”, disse ele. “ Não temos conexão com a internet, o que torna nosso trabalho basicamente impossível . Temos que dirigir para obter uma conexão em dispositivos móveis. Você pode imaginar?"

Outro soldado da unidade de Ivan nos enviou um vídeo dele mesmo de uma trincheira perto da linha de frente em Donbas. “ De acordo com os documentos, o governo construiu um bunker para nós aqui”, diz ele. “ Mas, como você vê, há apenas alguns centímetros de madeira cobrindo nossas cabeças, e isso deveria nos proteger dos bombardeios de tanques e artilharia. Os russos nos bombardeiam por horas a fio. Nós mesmos cavamos essas trincheiras. Temos dois AK-47 entre 5 soldados aqui, e eles travam constantemente por causa de toda a poeira.

“Fui ao meu comandante e expliquei a situação. Eu disse a ele que é muito difícil manter essa posição. Eu disse a ele que entendo que este é um ponto estrategicamente importante, mas nosso elenco está quebrado e nenhum alívio está vindo para nós. Em 10 dias, 15 soldados morreram aqui, todos por bombardeios e estilhaços. Perguntei ao comandante se poderíamos trazer algum equipamento pesado para construir um bunker melhor e ele recusou, porque disse que o bombardeio russo poderia danificar o equipamento. Ele não se importa que 15 de nossos soldados morreram aqui?”

“Se você tentasse explicar a situação que os soldados ucranianos estão enfrentando para um soldado americano, eles pensariam que você é louco”, disse Ivan. “ Imagine dizer a um soldado americano que estamos usando nossos carros pessoais na guerra e também somos responsáveis ​​pelo pagamento de reparos e combustível. Estamos comprando nossos próprios coletes e capacetes. Não temos ferramentas de observação ou câmeras, então os soldados têm que colocar a cabeça para fora para ver o que está por vir, o que significa que a qualquer momento um foguete ou tanque pode arrancar suas cabeças”.

Illya*, um soldado de 23 anos de Kiev, diz que sua unidade está enfrentando as mesmas condições em outra parte da região de Donbas. Ele se juntou ao exército ucraniano logo após o início da guerra. Ele tem experiência em TI e sabia que essa experiência estava em alta demanda. “Se eu soubesse quanta decepção havia neste Exército e como tudo seria para nós, nunca teria entrado”, disse ele. “ Quero ir para casa, mas se fugir, enfrento a prisão.”

Illya e os outros soldados de sua unidade não têm armas nem equipamentos de proteção. “Na Ucrânia, as pessoas enganam-se umas às outras mesmo na guerra”, disse ele. “Vi os suprimentos médicos doados para nós sendo levados. Os carros que nos levaram até a nossa posição foram roubados. E não fomos substituídos por novos soldados em três meses, embora já devêssemos ter sido substituídos três vezes.”

ERRANDO NA UCRÂNIA – Scott Ritter

Scott Ritter* | Especial para o Consortium News

Seis meses após o início da “Operação Militar Especial” da Rússia, reportagens contestadas por fatos que constituem a abordagem da mídia ocidental para cobrir o conflito na Ucrânia tornaram-se evidentes para qualquer público exigente. Menos entendido é por que alguém sacrificaria sua integridade para participar de tal farsa. A história de William Arkin é um exemplo disso.

#Traduzido em português do Brasil

Em 30 de março (com pouco mais de um mês de guerra), Arkin escreveu um artigo que começava com a seguinte frase: “As forças armadas da Rússia estão chegando a um estado de exaustão, paralisadas no campo de batalha e incapazes de obter ganhos adicionais, está lentamente empurrando-os para trás, continuando a infligir destruição aos invasores.”

Arkin continuou citando um “oficial de alto nível da Agência de Inteligência de Defesa”, que falou sob condição de anonimato, que declarou que “a guerra na Ucrânia acabou”.

Pouco menos de três meses depois, em 14 de junho, Arkin escreveu um artigo para a Newsweek com a manchete: “A Rússia está perdendo a guerra da Ucrânia . Não se deixe enganar pelo que aconteceu em Severodonetsk.”

Aparentemente, nem Arkin nem seus chefes editoriais da Newsweek sentiram necessidade de explicar como a Rússia poderia estar perdendo a guerra duas vezes.

Qualquer um que tenha acompanhado o que tenho escrito e dito desde o início da “Operação Militar Especial” da Rússia na Ucrânia sabe que tenho a opinião exatamente oposta. A Rússia, mantenho , está vencendo o conflito na Ucrânia, de maneira decisiva.

Mas não escrevo para a Newsweek .

William Arkin escreve.

Arkin proclama que a Rússia está perdendo, embora, na época em que o artigo foi publicado, tivesse acabado de tomar a cidade estratégica de Severdonetsk, matando e capturando milhares de forças ucranianas, e tornando milhares mais ineficazes em combate, já que eles tiveram que abandonar seus equipamentos para fugir para a vida deles. (A Rússia, desde então, capturou todo o território que abrange a República Popular de Lugansk , incluindo a cidade de Lysychansk, infligindo milhares de baixas adicionais aos militares ucranianos.)

“A suposta vitória do exército russo”, proclamou Arkin na época, “é a última parcela de sua humilhante exibição militar e vem com um custo humano esmagador”.

A demonstração humilhante, em vez disso, é a falta de perspicácia de Arkin em conduzir uma avaliação independente da situação militar no terreno na Ucrânia.

Isso foi novamente reforçado na semana passada, quando Arkin escreveu outro artigo no qual ele ajuda a divulgar as afirmações bizarras de suas fontes do Pentágono.

“[Do] final de fevereiro a agosto, com apenas uma infusão moderada de armas do Ocidente, algumas declarações de apoio de líderes ocidentais e um punhado de cartazes 'Estamos com a Ucrânia' nos gramados dos EUA”, escreve Arkin, a Ucrânia conseguiu para “manter à distância os poderosos militares russos”, algo que aparentemente ninguém pensou que pudesse fazer.

Ignore a afirmação de cair o queixo de Arkin de que as dezenas de bilhões de dólares em assistência militar fornecidas pelos EUA e seus aliados da OTAN e europeus constituem apenas “uma infusão moderada de armas”. Não, não ignore – concentre-se nele. Este é o estilo de assinatura de Arkin e seus manipuladores do Pentágono, uma espécie de discurso duplo orwelliano onde se pode ter certeza de que qualquer declaração ousada é feita, a verdade é exatamente o oposto.

Arkin cita “oficiais de inteligência dos EUA que estão assistindo a guerra”, escrevendo que “as tropas russas tiveram que lidar com líderes ruins no campo de batalha, armas inferiores e uma cadeia de suprimentos impraticável”.

Qualquer um que tenha acompanhado os eventos na Ucrânia pode ter pensado que essa era a situação que se aplica aos militares ucranianos. Não é assim, diz Arkin e sua fonte. Além disso, não é o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que tem interferido em seu Ministério da Defesa, mas o presidente russo, Vladimir Putin, no dele. Essas mesmas tropas russas, declara Arkin, “também foram prejudicadas pelo próprio Putin”, que “ignorou, anulou e demitiu seus próprios generais”.

Esta é uma ficção sem fundamento, escrita por um homem que parece determinado a cimentar-se nos anais do conflito russo-ucraniano como um partidário descarado da Ucrânia e veículo para os guerreiros da informação do Pentágono. A narrativa de Arkin da guerra até hoje está tão distante do registro factual que pertence em The Onion .

O que Arkin escreve não pode nem ser chamado de propaganda, porque para que a propaganda seja eficaz ela precisa ser crível no momento do consumo e capaz de sustentar uma narrativa ao longo do tempo. O trabalho de Arkin não atende a nenhum dos critérios.

SITUAÇÃO MILITAR NA UCRÂNIA EM 3 DE SETEMBRO DE 2022 - actualizado

-- A Rússia atacou a 95ª Brigada de Assalto Aéreo da AFU perto de Slavyansk com mísseis de alta precisão;

-- A Rússia atacou a 93ª Brigada Mecanizada da AFU perto de Konstantinovka com mísseis de alta precisão;

-- A Rússia atingiu ativos militares da AFU perto de Voznesenk com mísseis de alta precisão;

-- A Rússia atingiu ativos militares da AFU perto de Orekhov com mísseis de alta precisão;

-- A Rússia atingiu ativos militares da AFU perto de Kramatorsk com mísseis de alta precisão;

-- A Rússia atingiu ativos militares da AFU perto de Melovaya com mísseis de alta precisão;

-- Os sistemas de defesa aérea russos derrubaram 3 drones ucranianos perto de Volnovakha, Novopavlovka na RPD e Kakhovka na região de Kherson;

-- Os sistemas de defesa aérea russos derrubaram 3 mísseis Tochka-U e 60 foguetes perto de Chervony Mayak, Chernobayevka, Tyaginka, Antonovka, Berislav, Novaya Kakhovka, Sagi na região de Kherson, Kapitolovka, Kupyansk, Kamenka na região de Kharkov e Tokmak na região de Zaporozhye .

South Front

Ver/Ler em South Front:

Em vídeo 18+: posições ucranianas destruídas perto de Maryinka, DPR

“Esta não é a nossa guerra”: pelo menos 70 mil pessoas participaram de comícios em Praga – com vídeo

O CONFLITO NA UCRÂNIA PRECIPITA O FIM DA DOMINAÇÃO OCIDENTAL

Thierry Meyssan*

O conflito ucraniano, apresentado como uma agressão russa, não é mais do que a colocação em prática da Resolução 2202 do Conselho de Segurança, de 17 de Fevereiro de 2015. Enquanto a França e a Alemanha não cumpriam as suas obrigações durante o Acordo de Minsk II, a Rússia preparou-se para o confronto actual durante sete anos. Ela previra as sanções ocidentais com muito tempo de antecedência e precisou apenas de dois meses para as contornar. Estas desorganizam a globalização norte-americana, perturbam as economias ocidentais quebrando as cadeias de aprovisionamento, fazendo refluir assim os dólares para Washington e provocando uma inflação geral, por fim criando uma crise energética no Ocidente. Os Estados Unidos e os seus aliados estão na situação de quem vai buscar lã e sai tosquiado : cavam eles próprios a sua tumba. Durante este intervalo, as receitas da Tesouraria russa cresceram 32 % em seis meses.

No decorrer dos últimos sete anos, incumbia às potências garantes dos Acordos de Minsk II (Alemanha, França, Ucrânia e Rússia) fazê-los respeitar. Eles foram avalizados e legalizados pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, em 17 Fevereiro de 2015. Mas nenhum destes Estados o fez, apesar dos discursos sobre a necessidade de proteger os cidadãos ameaçados pelo seu próprio governo.

Enquanto se evocava uma possível intervenção militar russa, em 31 de Janeiro de 2022, o Secretário do Conselho de Segurança Nacional e da Defesa ucraniano, Oleksiy Danilov, desafiava a Alemanha, a França, a Rússia e o Conselho de Segurança das Nações Unidas declarando :

« O respeito dos Acordos de Minsk significa a destruição do país. No momento em que foram assinados sob a ameaça armada dos Russos — e sob o olhar de Alemães e de Franceses — já ficara claro para toda as pessoas racionais que era impossível por em prática estes documentos » [1].

Quando após sete anos, o número de Ucranianos mortos pelo governo de Kiev se elevou a mais de doze mil segundo este e a mais de vinte mil segundo a Comissão de inquérito russa, e só então, Moscovo (Moscou-br) lançou uma « operação militar especial » contra os « nacionalistas integralistas » ucranianos (é a denominação que eles reivindicam) qualificados de « neo-nazis ».

A Rússia declarou desde o início da sua operação que se dedicaria a socorrer as populações e a «desnazificar» a Ucrânia, não em ocupá-la. No entanto, os Ocidentais acusaram-na de tentar tomar Kiev, derrubar o Presidente Zelensky e de anexar a Ucrânia; o que manifestamente nunca fizeram. Só apenas após a execução de um dos negociadores ucranianos, Denis Kireev, pelos Serviços de Segurança de seu próprio país (SBU) e da suspensão das negociações pelo Presidente Volodymyr Zelensky é que o seu homólogo russo, Vladimir Putin, anunciou endurecer as suas exigências. Agora, a Federação reclama a Novorússia, quer dizer, todo o Sul da Ucrânia, historicamente russo desde a Czarina Catarina II, com excepção de trinta e três anos.

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