segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Angola | Meu Amigo Charli Bar e o Índio Chupista – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

No início da minha aventura no Jornalismo apaixonei-me pela crónica. Nessa altura os jornais cultivavam o parentesco com a Literatura e todos os números eram abrilhantados por um cronista. Também existiam os folhetins, alguns de elevado nível. O genial Augusto Bastos publicou na Imprensa da sua época folhetins sob o título “As Aventuras do Repórter Zimbro”, que foram a primeira (que eu saiba única) incursão de um angolano no género policial. O Repórter X (Reinaldo Ferreira) imitou o nosso escritor, músico, compositor (As Furnas do Lobito), historiador, linguista (O Kimbundu de Benguela), matemático e astrónomo.

Inspirados na obra de Augusto Bastos, um dia pusemos uma misteriosa senhora a aparecer nos canaviais entre Benguela e a Catumbela. Primeiro convencemos o Santos Cota a publicar a história no semanário Sul, de Benguela, como se fosse um milagre. O Óscar Saraiva fez uma foto muito bem trabalhada no laboratório, com a candidata a santa no meio das canas-de-açúcar. A modelo era uma amiga de noitadas que falava inglês, francês, alemão e ngoia, a língua de sua mamã da Gabela. Ela embrulhou-se num lençol imaculadamente branco, uma grande vela acesa na mão e meteu-se no meio das canas. Etra de noite. O fotógrafo registou o momento. Um instantâneo. 

O semanário Sul contou a aparição e nós amplificámos o acontecimento no diário O Lobito. Foi um êxito estrondoso. Já se falava à boca cheia de aparições da Nossa Senhora. Aquilo acabou porque os ricaços der Benguela deixaram de ir aos cabarés do Lobito. Centenas de pessoas esquadrinhavam a estrada e os canaviais na ânsia de verem a santa, que namorava ao mesmo tempo com o Ernesto Lara Filho e o Esperança, sem um saber do outro. Os consumidores de pecados noscturnos não podiam atravessar aquelas multidões sem serem vistos. E as meninas da Calema reclamando as ausências. O negócio estava a ressentir-se do milagre. 

Mais tarde escrevia as “Crónicas de Viagens”. Aquilo tinha uma personagem, o Índio Chupista. Era ele que viajava pelo mundo, à cata de ricaços que aliviava das suas fortunas com golpes baixos e contos do vigário. Quando as vítimas não se deixavam extorquir, ele tinha uma partenaire que fazia mauanga para cada situação. Os encontros entre o extorsionista e as suas vítimas eram nos bares de grandes hotéis ou mesmo em buates com pistas de dança. Com o barulho das luzes os feitiços pegavam melhor.

Um dia o Índio Chupista foi à cidade Kudilunga, muita luz, muita riqueza, muita paz. Vítima e extorsionista encontraram-se num bar de luxo. Ao balcão estava a produtora de feitiços, sempre atenta, fingindo beber. Como os avanos correram mal, ele fez-lhe um sinal discreto e ela apareceu linda, vaporosa, perfumada, impossível não apreciar. Sentou-se, muitos cumprimentos, muito prazer, como está senhor ricaço. 

Com as mãos impecavelmente tratadas, foi à orelha direita do milionário e tirou de lá duas notas de mil, que ofereceu ao endinheirado. E ele hipnotizado com tanta mulher à sua frente. Aproveitando o momento de catatonia, ela colocou uma pílula minúscula no seu copo de uísque e depois a magia fez o resto.

O senhor ricaço disse definitivament6e não ao Índio Chupista, a bela aparição foi para o quarto que uma senhora não deve recolher-se muito tarde, o extorsionista disse boa noite excelência e o negador sentiu una vontade indomável de urinar. Foi aos lavabos e expeliu águas. Reparou que mijava azul. Ficou outra vez hipnotizado. Que lindo fio de água! E quanto mais urinava, mais se sentia fascinado pelo líquido azul que expelia. 

A viagem acabou com o senhor ricaço a esvair-se em urina azul. Foi desaparecendo, desaparecendo até se transformar numa mínima gota azul que caiu ligeiramente fora do urinol. Um dia os censores repararam que os ricaços tinham sempre um mau fim e o Índio Chupista ganhava mesmo quando perdia, tipo Adalberto da Costa Júnior. E resolveram cortar impiedosamente as minhas pobres prosas. Acabaram as Crónicas de Viagens. Mudei para umas mais justas, intituladas “Estórias do Meu Amigo Charli Bar”. Grande sucesso.

Um dia o meu amigo encontrou um senhor muito rico, muito rico. Acendia os charutos com notas de mil e usava um anel de ouro e diamantes em cada dedo gorducho (mas não era tão repugnante como o Chico Viana, da UNITA). 

A pança descomunal começava no queixo e esbarrondava-se até aos joelhos. Parecia uma bola de banha com duas perninhas cambaias. Os joelhos eram em xis. Aviso já que o Charli Bar era muito mau. Gastava todo o dinheiro que ganhava, nos botequins. A mulher e os filhos ficavam a revistar-lhe os bolsos vazios. Naquele dia veio-lhe à cabeça uma maldade: Furar o senhor gorducho só para ver o efeito. 

Um desastre. Do furo começaram a libertar-se gazes, nauseabundos. E o buraco foi alargando, alargando, alargando até dele serem expelidos pedacinhos de substâncias que depois de irem ao ar, caíam lentamente como chuva miudinha. Era merda, em flocos. O homem foi-se esvaindo até que ficou reduzido a um rolo retorcido, acastanhado. Veio um médico legista e deu a sentença. Este acabou em fezes. Mas é só um, diga no singular! 

O Meu Amigo Charli Bar percorreu a cidade e encontrou na Tamar um ricaço ainda com a pança maior. Atraiu-o ao local onde estava o resto mortal do primeiro pançudo. Furou-o e aconteceu o mesmo fenómeno. Toda a riqueza será castigada e acaba assim. 

O segundo balão terminou em forma de chouriço, mesmo ao lado do primeiro. Foi assim que nasceu a palavra fezes. Dois ricaços dão um produto completo, depois de furados. 

Confesso que as Crónicas do Meu Amigo Charli Bar nunca passaram na censura. Anos mais tarde, regressei ao local do crime. O meu amigo Jorge Castilho publicou no Jornal de Coimbra as minhas crónicas onde os ricos tinham sempre um fim péssimo. O senhor Cavaco da Silva tinha um ministro chamado Penedo mas ele assinava Peneda, que era a senhora sua mãe. Um analfabeto ministeriável, como os intelectuais da UNITA. Era personagem permanente.

Claro que tive sempre um conflito insanável com os patrões e sua criadagem da economia de mercado. Apesar de terem tanto poder, ainda não conseguiram calar-me e muito menos o meu extermínio. Por isso, sou um abusador.

*Jornalista

A ocupação europeia e o sistema colonial em África


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Angola | O POETA NA SUCATA* -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Álvaro Novais é um poeta de voo popular. A miudagem luandense dos anos 50, hoje meninas e meninos de quinta idade, lembra-se do programa infantil realizado pelo “Caixa de Fósforos”, na antena do Rádio Clube de Angola, aos domingos à hora do funje e muamba de galinha. O Caixinha era o próprio Álvaro Novais na pele de um negro gentio. Começou como guarda-livros numa pescaria de Porto Alexandre, passou pela Tipografia Minerva, em Luanda, perdeu o emprego por ser comunista, nunca mais lhes deu confiança e andou de vadio até ao fim da vida.

Conheci o Caixinha numa noite em que andávamos à deriva entre a escuridão e as horas translúcidas. Tudo vadios tresmalhados do redil colonial e ébrios de horas mortas pelo silêncio. Entrámos no Marialvas, onde todas as madrugadas, a Helena de Troia se despia com imprecisões ao nível do gesto, provocadas por dezenas de grãos nas suas asas de anjo com sexo.

O Caixinha era uma espécie de animador de grupos boémios que matavam o tempo em vez de destruírem a maquineta que o inventou. Quando o uísque fabricado no Lobito subia à cabeça, ele declamava os seus poemas, sempre na pele de um negro gentio. Falava como um monangambé, mas foi o homem mais livre que conheci. 

Álvaro Novais nunca escreveu um poema. Compunha os seus poemas de memória e nas noites de festa dizia-os, ao voo livre da palavra. Muitas vezes improvisava novos versos nas composições. Com ele, nada era definitivo. No fim da noite, Caixinha estava com os olhos inundados, a língua pesada e passos perigosamente cambaleantes. 

Eu tinha acabado de comprar em quinta mão uma mota BSA, muito teimosa, que só pegava quando lhe apetecia. Dava ao pedal duas vezes, se não pegava com esses dois impulsos, podia estar horas ou dias sem pegar. No grupo havia um mulato bangão que se intitulava mecânico e me informou que a máquina tinha um problema de magnetos. Bom, naquele tempo, mulato era sempre mecânico tal como, segundo o mais velho Luandino, preso político no Tarrafal era sempre do Benfica, mesmo o velho Jonatão Tchingungi, que mais tarde o Savimbi assassinou. Ao ver o Caixinha naquela instabilidade, ofereci-lhe boleia.

Brasil | Temos ódio e nojo dos anos Bolsonaro - Os ventos da mudança se aproximam

Carla Jimenez | The Intercept -Brasil

O governo do presidente Jair Bolsonaro foi pródigo em publicar decretos, portarias e normas administrativas que driblaram o Congresso e fizeram valer seus projetos radicais sem grandes contestações. Foi assim com a portaria 62, de 2020, que revogou normas que garantiam maior controle de rastreamento de armas e munições, ou, ainda, os decretos de sigilos de 100 anos sobre informações pessoais do presidente. Foi dessa forma, também, que Bolsonaro facilitou passar “a boiada” — como nomeou Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente — na Amazônia, com a publicação de mais de mil atos que facilitaram o desmatamento. Muitas bolas quadradas foram rebatidas pelo Supremo Tribunal Federal. Mas foram centenas e centenas de atos, muitos que passaram por baixo do radar do tribunal.

Em todas as áreas, contam-se amarras jurídicas ou burocráticas que o governo multiplicou para facilitar seu projeto de poder. Do Itamaraty ao Ministério da Saúde e ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, não faltaram manobras para legislar em causa própria, tirando o Brasil do alinhamento internacional de compromissos com direitos humanos e femininos.

Faltando duas semanas para o primeiro turno das eleições e, diante da possível vitória de Lula, cresce a expectativa sobre como esse cipoal de normas deve ser debelado caso Bolsonaro seja derrotado. No Congresso, por exemplo, já há um debate sobre um potencial "revogaço" das portarias e atos de Bolsonaro, como explicou à coluna a deputada Sâmia Bomfim, do PSOL de São Paulo, caso haja uma bancada forte para limpar os escombros deste governo. “Debatemos muito internamente no PSOL, e é parte da discussão na coligação [de partidos de esquerda]”, disse a deputada, candidata à reeleição neste ano.

O ex-presidente Lula já garantiu também um revogaço dos sigilos de 100 anos de Bolsonaro. Espera-se, ainda, um revés nas instituições que foram intimidadas pelo bolsonarismo nas estruturas de poder. Isso vai da Funai e da Fundação Palmares até a Procuradoria-Geral da República, além de todas as instituições e ministérios que se pautaram pelo viés radical do bolsonarismo, fragilizando direitos constitucionais de grupos mais vulneráveis.

História: Hitler foi financiado pelo Federal Reserve (EUA) e pelo Banco da Inglaterra

Yuri Rubtsov | Fort Russ | Global Research, 18 de setembro de 2022

Da Primeira Guerra Mundial ao Presente: A dívida denominada em dólares tem sido a força motriz por trás de todas as guerras lideradas pelos EUA. Os credores de Wall Street são os principais atores. (M.Ch. 18 de setembro de 2022)

#Traduzido em português do Brasil

Segunda Guerra Mundial: Há mais de 80 anos foi o início do maior massacre da história.

Se quisermos abordar o problema da “responsabilidade pela guerra”, primeiro precisamos responder às seguintes perguntas-chave:

Quem ajudou os nazis a chegar ao poder?

Quem os enviou a caminho da catástrofe mundial?

Toda a história pré-guerra da Alemanha mostra que a provisão das políticas “necessárias” foi gerenciada pela turbulência financeira na qual o mundo mergulhou após a Primeira Guerra Mundial. 

As estruturas-chave que definiram a estratégia de desenvolvimento pós-guerra do Ocidente foram as instituições financeiras centrais da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos — o Banco da Inglaterra e o Federal Reserve System (FRS) — e as organizações financeiras e industriais associadas estabelecidas como um meio de estabelecer controle absoluto sobre o sistema financeiro da Alemanha e sua capacidade de controlar os processos políticos na Europa Central.

Para implementar esta estratégia, foram previstas as seguintes etapas:

De 1919 a 1924 — para preparar o terreno para investimentos financeiros americanos maciços na economia alemã ;

De 1924 a 1929 — o estabelecimento do controle sobre o sistema financeiro da Alemanha e o apoio financeiro ao nazismo (“socialismo nacional”);

De 1929 a 1933 — provocando e desencadeando uma profunda crise financeira e econômica e garantindo que os nazistas chegassem ao poder;

De 1933 a 1939 — cooperação financeira com o governo nazista e apoio à sua política externa expansionista, visando preparar e desencadear uma nova Guerra Mundial.

“Reparações de Guerra” da Primeira Guerra Mundial

No primeiro estágio, as principais alavancas para garantir a penetração do capital americano na Europa começaram com as dívidas de guerra da Primeira Guerra Mundial e o problema intimamente relacionado das reparações alemãs. 

Após a entrada formal dos EUA na Primeira Guerra Mundial, eles concederam aos aliados (principalmente Inglaterra e França) empréstimos no valor de US$ 8,8 bilhões. A soma total das dívidas de guerra, incluindo empréstimos concedidos aos Estados Unidos em 1919-1921, foi superior a US$ 11 bilhões.

Para resolver esse problema, as nações credoras tentaram impor condições extremamente difíceis para o pagamento das reparações de guerra às custas da Alemanha.  Isso foi causado pela fuga de capital alemão para o exterior e pela recusa em pagar impostos que levaram a um déficit orçamentário do Estado que só poderia ser coberto pela produção em massa de marcos alemães não garantidos.

O resultado foi o colapso da moeda alemã – a “grande inflação” de 1923,   quando o dólar valia 4,2 trilhões de marcos. Os industriais alemães começaram a sabotar abertamente todas as atividades no pagamento das obrigações de reparação, o que acabou causando a famosa “crise do Ruhr” – ocupação franco-belga do Ruhr em janeiro de 1923.

Os círculos dirigentes anglo-americanos, para tomar a iniciativa com as próprias mãos, esperaram que a França se envolvesse em uma aventura arriscada e provasse sua incapacidade de resolver o problema. O secretário de Estado dos EUA, Hughes, apontou:

“É preciso esperar o amadurecimento da Europa para aceitar a proposta americana.”

O novo projeto foi desenvolvido nas profundezas do “JP Morgan & Co.” sob a instrução do chefe do Banco da Inglaterra, Montagu Norman. No centro de suas ideias estava o representante do “Dresdner Bank” Hjalmar Schacht , que o formulou em março de 1922 por sugestão de John Foster Dulles (futuro Secretário de Estado no Gabinete do Presidente Eisenhower ) e assessor jurídico do Presidente W. Wilson. na conferência de paz de Paris.

Dulles deu esta nota ao administrador principal “JP Morgan & Co.”, que então recomendou H. Schacht em consulta com Montagu Norman, Governador do Banco da Inglaterra.

Em dezembro de 1923,  H. Schacht tornou-se gerente do Reichsbank e foi fundamental para reunir os círculos financeiros anglo-americanos e alemães.

No verão de 1924, o projeto conhecido como “plano Dawes” (em homenagem ao presidente do Comitê de especialistas que o criou – banqueiro americano e diretor de um dos bancos do grupo Morgan), foi adotado na conferência de Londres . Ele pediu pela metade as reparações e resolveu a questão sobre as fontes de sua cobertura. No entanto, a principal tarefa era garantir condições favoráveis ​​ao investimento norte-americano , o que só foi possível com a estabilização do marco alemão.

Para esse fim, o plano concedeu à Alemanha um grande empréstimo de US$ 200 milhões, metade dos quais pagos pelo JP Morgan.

LER: Um banco para governar a todos: o Banco de Compensações Internacionais (em inglês)

Enquanto os bancos anglo-americanos ganharam controle não só sobre a transferência de pagamentos alemães, mas também para o orçamento, o sistema de circulação monetária e em grande medida o sistema de crédito do país.

GUERRA ECONÓMICA

«No plano militar os EUA/UE/NATO alimentam a guerra com armas e dinheiro e os ucranianos pagam com as suas vidas. Noutro plano, alimentam a guerra económica com sanções e bloqueios e os povos pagam com os seus empregos, rendimentos, nível de vida. São duas faces da mesma moeda. O capitalismo decadente dos nossos dias nada mais tem para oferecer do que guerra e miséria.»

Jorge Cadima* | opinião 

A confrontação da NATO com a Rússia não é apenas militar. Em Março, o ministro da Economia e Finanças da França tornou claro o objectivo mais geral dos centros imperialistas, proclamando uma «guerra económica e financeira total» contra a Rússia para «colapsar a sua economia» (Reuters, 1.3.22). A revista Economist (27.8.22) confirma: «um outro combate está a ser travado – um conflito económico duma ferocidade e extensão não vistas desde os anos 1940, com os países ocidentais a tentarem pôr de joelhos a economia de 1,8 triliões de dólares da Rússia através dum novo arsenal de sanções.»

Mas a revista, que também tem os olhos postos na China, confessa: «Preocupantemente, a guerra de sanções não está até agora a correr como esperado.» O FMI prevê que o PIB russo encolha apenas 6% este ano, «muito aquém dos 15% que muitos esperavam em Março». A revista queixa-se do resto do planeta, afirmando que «a principal falha é que os embargos [..] não estão a ser implementados por mais de 100 países a que corresponde 40% do PIB mundial».

Ou seja, boa parte do planeta não se quer suicidar para defender a hegemonia planetária das potências imperialistas euro-americanas, que já não corresponde sequer à realidade económica. Mas a UE quer. O Economist escreve que o ricochete das «sanções do inferno» estão a atingir «a Europa, onde a crise energética pode provocar uma recessão». Ainda o Economist (3.9.22) escreve: «O sofrimento vai ser dramático e irá alastrar […]. Vai aumentar a pressão sobre a economia que já se sente com os aumentos das taxas de juro pelo Banco Central Europeu para combater a inflação. Muitos economistas prevêem uma recessão nos próximos meses».

A real dimensão da catástrofe em curso na Europa começa a tornar-se clara neste final de Verão. A revista Business Standard (3.9.22), noticiando um estudo ligado às empresas do Reino Unido, titula: «60% das fábricas britânicas em risco de falência com a explosão das facturas de energia» e acrescenta: «quase metade dos produtores tiveram um aumento de mais de 100% nas contas de electricidade no último ano». A extensa lista de empresas que já anunciaram o encerramento ou redimensionamento das suas operações cresce todos os dias. Está em curso um autêntico processo de desindustrialização da União Europeia com pesadas consequências sociais, além de económicas e políticas.

O economista Ricardo Cabral explica em dois artigos (Público, 29.8 e 5.9), que a explosão de preços da energia não resulta apenas das sanções que a UE impôs às importações de energia russa, mas é também o reflexo da «desregulamentação do mercado da electricidade» decretado pela UE desde Outubro de 2021, que alimenta a espiral especulativa. A Comissão Europeia parece acordar agora para a gravidade dos seus actos. Tal como o governo português, irão propagandear anúncios de ajudas. Mas não é difícil prever que serão tostões para os povos e milhares de milhões para os grandes grupos económicos.

No plano militar os EUA/UE/NATO alimentam a guerra com armas e dinheiro e os ucranianos pagam com as suas vidas. Noutro plano, alimentam a guerra económica com sanções e bloqueios e os povos pagam com os seus empregos, rendimentos, nível de vida. São duas faces da mesma moeda. O capitalismo decadente dos nossos dias nada mais tem para oferecer do que guerra e miséria.

O Diário.info

Fonte: https://www.avante.pt/pt/2545/opiniao/168877/Guerra-econ%C3%B3mica.htm?tpl=179

Biden diz que "pandemia acabou", apesar de centenas de mortes diárias

Os Estados Unidos da América registam cerca de 400 mortes diárias devido à Covid-19

O presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, disse no domingo que "a pandemia acabou", embora o país continue a lutar contra infeções de Covid-19 que resultam em centenas de mortes diárias.

"Ainda temos um problema com a Covid. Ainda estamos a trabalhar no assunto, mas a pandemia acabou. Se repararmos, ninguém está a usar máscaras. Toda a gente parece estar em muito boa forma. E por isso, penso que tudo está a mudar", salientou Biden durante uma entrevista no programa '60 Minutos' da CBS.

Apesar de Biden ter reiterado que os casos ligeiros foram "uma prova" das melhorias nos cuidados durante a sua presidência, os dados dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA apontam para cerca de 400 mortes diárias devido à Covid-19, informa a Reuters.

De destacar porém, que a taxa de casos de coronavírus diminuiu significativamente desde o início do mandato de Joe Biden, dado que os cuidados médicos, medicamentos e vacinas foram-se tornando cada vez mais acessíveis.

Biden passou mais de duas semanas isolado na Casa Branca após dois ter testado positivo duas vezes à Covid-19 em julho. Também a sua esposa Jill Biden contraiu o vírus em agosto.

Notícias ao Minuto | Imagem: Reuters

Portugal | COSTA E MARCELO, O SENHOR FELIZ E O SENHOR CONTENTE

Paulo Baldaia* | Diário de Notícias | opinião

A curta reunião do Presidente da República com o primeiro-ministro, no dia da posse dos secretários de Estado, substituindo a reunião de quinta-feira que não houve, deixou em sobressalto Marcelo Rebelo de Sousa. O chefe de Estado, que tanto partilha espaço numa selfie, como tem uma crença exagerada nas capacidades dos portugueses, também não gosta de viver sozinho a angústia em relação aos tempos que se aproximam.

É certo que o verão está a acabar e o outono, avisou-nos já o Banco Central Europeu, não vai trazer boas notícias. As projeções macroeconómicas estão sempre a ser alteradas e as que o governo vai apresentar como base para o Orçamento do Estado é muito provável que já estejam desatualizadas quando o OE entrar em vigor. Antecipar esse cenário não vai ajudar grande coisa, como bem pode confirmar o Presidente ouvindo-se a si próprio no início do verão, altura em que afirmava que as pensões podiam subir mais de 10%, sem que isso produzisse um efeito "para ficar para sempre".

Marcelo, nesse mesmo dia, lembrou que "é nestas situações imprevisíveis que é fundamental não nos afastarmos da certeza nos princípios, lucidez na análise e perspicácia na decisão", essenciais para "enfrentar esta situação crítica".

O abrandamento do crescimento económico, com o BCE a falar de uma estagnação ou mesmo recessão nos próximos trimestres, a recessão em 2023 na Europa, por causa da crise energética e dos efeitos da política monetária do banco central para travar a inflação, não surpreendem ninguém. Como não é novidade nenhuma que a inflação muito acima dos desejáveis 2% vai durar muito tempo, ficará nos 8% este ano na Europa e não virá para baixo de 5% em 2023, mesmo com o BCE obrigado a continuar a subir fortemente as suas taxas diretoras.

Se os mais altos dirigentes da Nação estivessem sempre a falar verdade com os contribuintes, sem mascarar as más notícias, os portugueses estariam mais capacitados para tomar as melhores decisões, quer a nível de consumo, quer a nível de poupança. A verdade que Marcelo pede não é sequer para ajudar os cidadãos a tomar as melhores decisões financeiras. Parece estar mais interessado em justificar decisões impopulares do governo e a preparar a resposta aos tempos de luta que se aproximam na Administração Pública.

Talvez não fosse preciso estar a antecipar cenários, se Costa e Marcelo não fossem demasiadas vezes o Senhor Feliz e o Senhor Contente, a anunciar subidas históricas das pensões, que Bruxelas nunca deixaria acontecer. É claro que a vida vai ficar mais difícil, com a crise energética, com a inflação a comer o poder de compra e a prestação da casa a atingir níveis insuportáveis para muitas famílias. É a Europa que não nos permite entrar novamente em aventuras, mas a culpa do Estado não poder ter uma resposta mais robusta para ajudar os que mais precisam não é da Europa. Manter as contas certas, aí Marcelo tem razão, tem de manter-se uma "realidade perfilhada pela sociedade portuguesa". Os próximos meses serão politicamente muito difíceis para o governo, seguro pela maioria absoluta que o sustenta na Assembleia da República, mas em vias de perder a rua.

*Jornalista

Portugal | Pais não podem entrar? "Escolas devem parar de agir na sombra da lei"

Tânia Correia, formada em Psicologia, com Mestrado em Psicoterapia Cognitiva-Comportamental na área da infância/adolescência e autora da página e do blogue 3m’s, é a convidada desta segunda-feira do Vozes ao Minuto.

O artigo em formato de entrevista está publicado em Notícias ao Minuto. Fazemos eco no PG e recomendamos que o interesse dos pais leve a ler o que diz a psicóloga Tânia Correia. Do constante na entrevista destacamos três simples parágrafos. Repetimos: Vão ler o que Tânia Correia diz sobre a “violência” protagonizada por regras de escolas que são “assustadoras” para as crianças que iniciam a idade escolar.

Para o PG, na verdade não se entende porque é que as escolas estão fechadas para os pais. Porquê? Que “segredos” esconde?

Excertos da entrevista:

"Crianças que entrem agora no primário, vão associar a escola a abandono e isso vai condicioná-las para o resto do processo, até no rendimento escolar. As crianças começam a escola com medo. 

Neste caso, o meu conselho é mesmo os pais munirem-se das leis e falarem com as escolas, unirem-se, saírem dos grupos de WhatsApp e lutarem pelos direitos dos filhos. Vão è televisão se for possível, esgotem todos os meios para denunciar para que estas escolas parem de agir na sombra da lei. 

Tenho recebido relatos de escolas que têm mesmo no regulamento que a despedida entre crianças e pais deve ser rápida. É impensável uma escola pedir isto, negligenciando por completo o que as nossas crianças precisam. É necessário acolher a criança e não a culpar. Não dizer coisas como 'se choras depois a mãe vai triste para o trabalho'. É necessário um trabalho de fundo nestes temas."

Ler em Notícias ao Minuto - direto 

PORTUGAL ESCLAVAGISTA... EM MEMÓRIA DE ISABEL II?

Bom dia e boa semana, o que sabemos que nem sempre é possível para a maioria dos que aqui vêm para tentar saber das “novas” dos nossos amigos e também sobre os inimigos. 

A hora do Expresso Curto vem hoje à fala sobre esclavagismo da autoria de um armador português. Na atualidade isso ainda ocorre e quase podemos apostar que a esse tal esclavagista armador o seu mal vão ser batatas. Nada de punição, tudo de impunidade. Nem a outros pelo Portugal Esclavagista de antes e depois, assim como na atualidade. Parece que agora em memória do cadáver ambulante de Isabel II que até já cheira muito mal - a provar que afinal ela é uma comum mortal apesar das pompas e sons de metais e bombos que a rodeiam junto às elites mundiais que alinham naqueles tristes espetaculos durante dias e dias.

Estamos em 2022. Pois, e lá por isso o esclavagismo continua. Não só o que é patrocinado por esse tal armador mas também em solo terreno, nas fábricas, agricultura, construção civil, em comércio e serviços, em bancos e onde os criminosos a que chamam empresários e/ou banqueiros abundam a passear as suas ganâncias, os seus luxos e as suas avarezas. Esclavagistas também esses são. Em variados casos protegidos por leis encomendadas pelos seus lobies aos legisladores ou – se a “coisa” correr mal – até a gozarem de impunidades exclusivas por via de untos de mãos em que até compram a Justiça. Disso só se vê mas não se consegue provar. Não convém à máfia dos colarinhos brancos.

E pronto: o senhor ladrão/criminoso pode viver e morrer descansado prosseguindo numa grande e faustosa vida com a garantia de que também terá um rico funeral quando se finar. Para isso basta uns quantos serem donos disto tudo e outros da mesma trupe serem donos de algumas partes e até de sujeitinhos dos poderes na política, na Justiça e similares.

A continuar nesta cegarrega teríamos pano para mangas sobre esses tais ‘manguelas dourados’ criminosos e impunes. Mas não continuaremos a fazer chover no molhado sobre o que o povoléu sabe muito bem as histórias dos eternos gamanços gizados em luxuosos gabinetes e salões – causa também de tanto esclavagismo, ganância e avareza. A esses, regra geral chamam “os muito ricos”, “os podres de ricos”… Acertado é considerá-los os poderosos-ladrões-da-alta. Assim sim. É correto. Eles andam por aí, impunes.

Voltando ao pomo da questão do Curto, sobre o tal armador do enorme bando dos esclavagistas e protagonistas de outros crimes lesa populaça escravizada – vulgo trabalhadores – deixamos para melhor oportunidade estender a adequada prosa chamando os bois pelos nomes. Por agora não estamos aqui para fazer serão. É que os ladrões e outro tipo de criminosos nacionais e de multinacionais são imensos, a lista é abundantemente longa…

Desculpem lá mas optamos por vos convidar a entrar no Curto do Expresso sem matarem a cabeça com estas ninharias de esclavagistas, padrões da alta, políticos corruptos, etc., etc.. Pois, esses todos. As máfias de colarinhos brancos!

Bom dia. Se não almoçar ao menos jante qualquer coisita. É só para o que dá devido à pobreza instalada, às desigualdades, às injustiças que afogam os portugueses plebeus num mar imenso de desumanidades.

O Curto já a seguir. Pois. 

MM|PG

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