domingo, 13 de novembro de 2022

Angola | OS DONOS DA JUSTIÇA PREMEDITADA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A Justiça em Angola tem um percurso notável, graças ao empenho militante de Diógenes Boavida, o nosso primeiro ministra da Justiça, e do Presidente Agostinho Neto. Ambos defendiam que o Estado Revolucionário devia ter na base Estado de Direito. Não ficaram pelas palavras. Só descansaram quando abriu a primeira Faculdade de Direito em Luanda. Este feito notável também se deve muito à actividade militante de Garcia Bires e Fernando Oliveira, pelo lado angolano. Professor Doutor Orlando de Carvalho e Doutor Teixeira Martins pelo lado da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.

No dia seguinte à Independência Nacional, os Tribunais estavam praticamente paralisados. Os agentes do Ministério Público despareceram. Os magistrados judiciais seguiram a mesma rota. Os que ficaram, não chegavam para abrir um Tribunal. Os funcionários judiciais também eram poucos. E os advogados contavam-se pelos dedos das duas mãos. Não era o nível zero, mas quase. Em 1976, o tribunal internacional que julgou os mercenários tinha dois juízes que eram comandantes das FAPLA, David Moisés (Ndozi) e Ernesto Eduardo Gomes da Silva (Bakalof). A Acusação esteve a cargo de Manuel Rui Monteiro. E eu era seu adjunto, no intervalo das notícias, reportagens e entrevistas. 

Durante alguns anos, os Tribunais Populares só funcionavam quando era necessário. E na maior parte das sessões, não existiam juízes de direito nem advogados. Aos poucos o quadro foi pintado com outras tintas. Alguns advogados e funcionários judiciais foram promovidos a juízes. Na medida da capacidade de cada um, a Constituição da República era respeitada e seguida. 

Juristas e magistrados não se formam por decreto. Nem nos mercados informais. Muito menos ao volante dos azulinhos ou das kaveseki. Roboteiro não dá para agente da Justiça. Zungueira ou kinguila também não. Ainda que algumas e alguns magistrados judiciais e agentes do Ministério Público pareçam ter andado nessas escolas informais. Outros vieram da “escola do partido” (Universidade do Catambor) onde a qualidade do ensino era precária apesar da boa vontade de quem ensinava e de quem aprendia. Para ser jurista é preciso estudar, estudar muito. 

A Faculdade de Direito formou os primeiros licenciados no início dos anos 80. Mas até 1992 era a única escola que formava juristas. A solução foi mandar muita gente para escolas no estrangeiro. Mesmo assim, na mudança de regime, em 1992, a falta de juristas era gritante. E quem vinha de 1975, homens e mulheres heroicas, já estava com quase 20 anos de sobrecarga! Nesse tempo cada ano de trabalho valia por dois ou três.

O professor catedrático Raul Vasques Araújo na data da Independência Nacional era um alto quadro político do MPLA. Trabalhava no Departamento de Orientação Política sob a direcção de Carlos Rocha (Dilolwa), um dos mais extraordinários dirigentes do movimento que conheci e com o qual convivi, noites a fio, em casa do comandante Ndozi, com outros Heróis Nacionais (além de Dilolwa e Ndozi, bem entendido): Rui de Matos (Maio), Salviano de Jesus Sequeira (Kianda), Eurico Gonçalves (China ou Kiko para os amigos), Armando Guinapo, um anarquista romântico, e a anfitriã, Rute Mendes (Netita) que ganhava todos os dias o prémio nobel da paciência.

Filme sobre Assange nos EUA: Um pai luta por seu filho e o que resta da democracia

O filme Ithaka, sobre a busca do pai de Julian Assange para salvar seu filho, estreia nos Estados Unidos neste domingo em Nova York. É revisto por Joe Lauria.

Joe Lauria* | Especial para o Consortium News

Na medida em que a mídia cobriu a tragédia de Julian Assange, o foco tem sido a política e o direito.

#Traduzido em português do Brasil

O Consortium News, que forneceu talvez a cobertura mais abrangente da acusação sob a Lei de Espionagem da editora WikiLeaks , também se concentrou mais no caso e menos no homem.

As grandes questões envolvidas transcendem o indivíduo: guerra, diplomacia, fraude oficial, altos crimes, assalto à liberdade de imprensa e no cerne da pouca democracia que resta em um sistema militarizado e corrompido pelo dinheiro.

Os apoiadores de Assange às vezes também ignoram a pessoa e se concentram nas questões maiores em jogo. Ironicamente, foram os inimigos e detratores de Assange que há muito se concentram na pessoa na pior tradição de ataques ad hominem.

Ele foi atacado para desviar a atenção do público do que o WikiLeaks revelou, do que o Estado está fazendo com ele e para esconder o impacto sobre a liberdade na mídia e os padrões no tribunal.

Tem havido um fluxo constante e organizado de difamações contra Assange, desde histórias ridículas sobre ele espalhando fezes nas paredes da embaixada equatoriana até a falsidade amplamente divulgada de que ele foi acusado de estupro. Esse caso foi arquivado três vezes antes que qualquer acusação fosse apresentada, mas a mancha de “estupro” persiste.

Esses ataques pessoais foram planejados em 8 de março de 2008, quando um documento secreto de 32 páginas do ramo de Avaliação de Contrainteligência Cibernética do Pentágono descreveu em detalhes a importância de destruir o “sentimento de confiança que é o centro de gravidade do WikiLeaks. ”O documento vazado, publicado pelo próprio WikiLeaks , dizia: “Isso seria alcançado com ameaças de exposição e processo criminal e um ataque implacável à reputação”.

AFOGAMENTO NA HIPOCRISIA OCIDENTAL: A SAGA NORD STREAM

Kayla Carman* | Strategic Culture Foundation

Será que o Tio Sam apenas se sentaria e relaxaria se a Rússia apoiasse um golpe no Canadá para ajudar a implantar um presidente pró-Rússia que proibisse o idioma inglês e fosse incapaz de controlar as tropas do governo assassinando cidadãos pró-EUA e canadenses perto da fronteira?

#Traduzido em português do Brasil

Como Hannah Ardent observou certa vez: “O que torna tão plausível supor que a hipocrisia é o vício dos vícios é que a integridade pode de fato existir sob a cobertura de todos os outros vícios, exceto este. Só o crime e o criminoso, é verdade, nos confrontam com a perplexidade do mal radical; mas apenas o hipócrita é realmente podre até o âmago.” Atualmente, nada está mais podre no âmago do que as instituições do Ocidente.

A última alegação dos EUA, após os acontecimentos do final de setembro, faria todos nós acreditarmos que a Rússia explodiu seu próprio gasoduto para a Europa, apesar de ter o controle exclusivo sobre a válvula liga/desliga, o que faz tanto sentido lógico quanto lançar uma linha de chocolate bules. A mídia ocidental absorveu isso sem críticas, sem surpresa, deixando de questionar por que a Rússia se envolveria em tal ato de auto-sabotagem, concentrando-se em como, dado que ocorreu em águas dinamarquesas, essa provocação justifica o potencial de uma ação liderada pela OTAN. Terceira Guerra Mundial. Nenhuma consideração é dada ao fato de que os ataques do Golfo de Tonkin, armas de destruição em massa e armas químicas de Assad foram todos comprovados, sob escrutínio, como bandeiras falsas para angariar apoio público para uma política externa mais agressiva dos EUA.

Em O Destino dos ImpériosGlubb afirma que, “apesar da infinita variedade e das infinitas complicações da vida humana, um padrão geral parece surgir… a expectativa de vida de uma grande nação, ao que parece, começa com uma explosão violenta e geralmente imprevista de energia e termina em um rebaixamento dos padrões morais, cinismo, pessimismo e frivolidade”. A decadência e a decadência são palpáveis. Alegremente, a mídia ocidental faz propaganda do público para apoiar os imperialistas desesperados enquanto lutam até a morte para manter a hegemonia. Uma luta que, para quem entende a natureza determinista e cíclica da história e dos impérios, sabe, não pode vencer. Mas antes de considerarmos essas alegações absurdas de sabotagem russa no contexto da hipocrisia, voltemos nossa atenção para os eventos que ocorreram no início de setembro.

Há menos de um mês, as elites neoliberais finalmente conquistaram o ápice da ironia quando o ex-apresentador de talk show noturno e autoproclamado “judeu, mas não um judeu sério”, John Stewart, se associou à criação do mouse de desenho animado de todos tio anti-semita favorito para presentear um nazista literal com uma medalha de honra! O velho Walt deve ter estado muito em conflito em seu tanque criogênico tentando entender tal insanidade!

EUA-ÁSIA | Biden diz-se "mais forte" após democratas garantirem Senado

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse hoje estar numa posição "mais forte" para um encontro com o líder chinês, Xi Jinping, após os democratas terem mantido o controlo da câmara alta do parlamento norte-americano.

"Sinto-me bem e estou ansioso pelos próximos dois anos", disse Biden na capital do Camboja, Phnom Penh, onde termina hoje a cimeira da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

"Sei que estou a chegar mais forte", disse aos jornalistas Biden, que se vai encontrar com Xi na segunda-feira, na ilha indonésia de Bali, à margem da cimeira do grupo das 20 economias mais desenvolvidas (G20).

"Conheço Xi Jinping, ele conhece-me", acrescentou Biden, dizendo que sempre tiveram "discussões francas". O atual Presidente norte-americano era vice-presidente em 2012, quando Xi foi escolhido para liderar o Partido Comunista Chinês.

"Temos muito poucos desentendimentos. Só precisamos de determinar quais são as linhas vermelhas", disse Biden.

Os líderes das duas maiores economias mundiais têm falado por telefone em numerosas ocasiões desde que Biden se tornou Presidente, em janeiro de 2021.

Mas a pandemia de covid-19 e a aversão de Xi às viagens ao estrangeiro impediram os dois líderes de se encontrarem pessoalmente.

O Partido Democrata vai manter o controlo da Câmara dos Representantes, após Catherine Cortez Masto ter conquistado a última vaga no Senado em representação do estado de Nevada.

As eleições intercalares de terça-feira foram uma lição para os republicanos, que agora devem decidir "quem são", disse Joe Biden, referindo-se à influência do ex-presidente Donald Trump, que continua a alegar que houve fraude eleitoral em 2020, sem quaisquer provas.

Segundo projeções da agência Associated Press (AP), Cortez Masto conseguiu o número de votos suficiente para garantir a vitória sobre o candidato republicano Adam Laxalt, apoiado por Trump.

Com a vitória de Cortez Masto confirmada, os democratas conseguem 50 assentos no Senado, mais um que os republicanos, num total de 100 assentos em disputa.

Mesmo que os republicanos vençam o último lugar 'disponível', que está a ser disputado no estado de Geórgia, só conseguirão um empate a 50 lugares no Senado. Nessa situação, algo que acontece atualmente na câmara alta do Congresso, a vice-Presidente Kamala Harris (democrata) fica com o voto de desempate.

Com o controlo do Senado, os democratas garantem um processo mais suave para as nomeações do executivo e escolhas de juízes, incluindo aqueles para possíveis lugares no Supremo Tribunal, nos dois últimos anos do mandato do Presidente Joe Biden.

O Senado poderá ainda rejeitar qualquer legislação aprovada pela câmara baixa do Congresso, a Câmara dos Representantes, onde os republicanos ainda podem conquistar a maioria.

Jornal de Notícias com agências

Imagem: Biden em foto de Saul Loeb / AFP

LOUCURAS E DESNORTES

Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

A ganância, o egoísmo e a sobranceria cegam e enlouquecem. É isto que vemos desde a escala global à nacional. Na Cimeira do Clima das Nações Unidas (COP27), que está a decorrer no Egito, António Guterres alerta-nos que "estamos numa autoestrada para o inferno", enquanto dirigentes políticos de diversas latitudes juram, pela enésima vez, que agora é a sério o seu combate às alterações climáticas. Todavia, a realidade evidencia aumento das preocupações e reduz a esperança.

A afirmação da sr.a Von der Leyen, de que precisamos de "um bilhete limpo para o céu", foi feita ao mesmo tempo que o apelo do comissário Thierry Breton às construtoras automóveis para produzirem mais carros de combustão. Os dois fazem parte das elites das gerações atuais que, egoisticamente, estão a trair as gerações seguintes.

Reconheço empenho sincero em alguns responsáveis pela Cimeira e em parte dos participantes, mas as contradições são imensas e bloqueadoras. A iniciativa tem patrocínios e apoios de entidades privadas predadoras diretas do ambiente e referências de um estilo de vida demolidor. A forma como o crescimento económico ocorre à escala global está na base de tensões que geram guerras, poluição, degradação ambiental, desertificação, delicados processos migratórios de deserdados, pobreza e escravatura ignóbeis nesta sociedade de tanto conhecimento científico e tecnológico.

Só caminharemos para soluções quando se falar menos de crescimento para os que já são ricos e muito mais de distribuição da riqueza. Mas, quando chegaremos lá se a prioridade em curso é alimentar o belicismo e favorecer a acumulação desmedida da riqueza por parte dos que têm poderes fátuos? O pior do capitalismo mais selvagem brota em força por todo o lado.

Os conflitos alastram e ninguém parece ver como se descalça a bota da guerra na Ucrânia, que está no epicentro de lutas entre impérios e, consequentemente, das profundas mudanças geopolíticas. Não se pode permitir o esmagamento deste país, mas poderia ser trágico humilhar ou fragmentar a Rússia, como ato estratégico para afrontar um conjunto de potências emergentes e em particular a China. Os Estados Unidos da América, potência tida por muitos como a intérprete do Bem e da Democracia, é hoje uma sociedade dividida entre bons e maus. É assim que se catalogam entre eles, e isso pode ser um outro grande perigo.

A pandemia e os impactos da guerra evidenciaram a necessidade do que se designa por "desglobalização", com reorganização de cadeias de produção e de distribuição. Como vão os países europeus, com dirigentes que parecem baratas tontas, apostar na (re)industrialização e produção de bens e serviços indispensáveis, poluindo menos e melhorando condições de vida e de trabalho a muitos milhões de cidadãos?

No nosso país, é hoje bem claro que não eram as reivindicações dos partidos à Esquerda do Partido Socialista que impediam o anterior Governo de uma governação dinâmica, justa e transformadora nos planos económico e social. A gula contribuiu para enfraquecer essas forças que catapultaram aquele partido para o poder. Temos agora um Governo enredado em "casos" geradores de suspeições que alimentam o populismo, alguns governantes quase a gritar tirem-me daqui e outros entretidos na gestão da agenda mediática, deixando os grandes problemas sociais e económicos sem resposta. A Direita vai tratando do banho-maria e espera a implosão. São desnortes preocupantes.

*Investigador e professor universitário

Portugal | CONTAS DE SUBTRAIR

O governo PS defende o seu OE na base das “contas certas”. Destas, há muitas que estão erradas, e não é por acaso. Como as que apontam para inverosímeis taxas de inflação de 4 e 2 por cento nos próximos anos, quando a deste andará pelos oito e na verdade nada faz prever alterações significativas nesta situação, pelo menos a curto prazo. Desta previsão, importará que se diga, depende o valor de actualização de salários, reformas, pensões e outras prestações sociais…

Gustavo Carneiro* | O Diário | Opinião

Os mercados, e com eles o défice e a dívida, voltaram em força à agenda política e mediática. Passada a pandemia e com a guerra a deixar de ser novidade (e a perder fulgor como argumento), eis que os mercados voltaram a ficar «nervosos», «inquietos» e «preocupados» com eventuais exageros ou derrapagens nas contas públicas. No debate do Orçamento do Estado, que concluiu na semana passada a sua primeira fase, com a mais que esperada aprovação na generalidade, lá esteve uma vez mais a obsessão com as «contas certas».
Mas afinal que contas são estas?

O que sabemos é que algumas estão erradas. Como as que apontam para inverosímeis taxas de inflação de 4 e 2 por cento nos próximos anos, quando a deste andará pelos oito e na verdade nada faz prever alterações significativas nesta situação, pelo menos a curto prazo. Desta previsão, importará que se diga, depende o valor de actualização de salários, reformas, pensões e outras prestações sociais…

Incluirão estas contas os 9,2 mil milhões de euros que, sobretudo sob a forma de dividendos e lucros, saíram do País para o estrangeiro nos primeiros sete meses do ano (mais 2,2 mil milhões do que em igual período de 2021)? Mudará o resultado saber-se que isto representa bem mais de metade do orçamento do Ministério da Saúde, precisamente aquele que pretende gastar qualquer coisa como oito mil milhões em «aquisição de serviços» aos grupos privados? E que apenas concretizou, até final de Agosto, 135,5 milhões dos já de si escassos 864 milhões previstos em investimento?

Serão parcelas destas contas certas os três mil milhões anunciados pelo Governo «para a energia» e que acabarão a financiar directamente os lucros da EDP, da GALP, da Endesa ou da Iberdrola? Ou os 1274 milhões em Parcerias Público Privadas, que terão igualmente como destino os cofres destes ou de outros grupos económicos? Contarão para as somas os benefícios fiscais e a nova redução de IRC que o Governo se prepara para oferecer às grandes empresas?

Umas há, entre elas, que são de multiplicar, desde logo que se fazem nos conselhos de administração dos principais grupos económicos: no primeiro semestre do ano, as empresas do PSI-20 viram os lucros crescer 73% relativamente a igual período do ano passado, para 2300 milhões de euros, e em destaque está a GALP.

Mas há ainda as outras contas, as que a maioria tem de fazer para decidir se abastece o carro ou se aquece a casa, para escolher o que põe no cesto ou deixa na prateleira do supermercado. E já que falamos de contas, houve quem as tenha feito e concluído que nos últimos oito meses a pescada aumentou quase 80%, os brócolos perto de 50%, o leite meio-gordo 34% e o frango 31%.

Estas são contas de subtrair. Com resto zero. Ou até menos.

*Fonte: https://www.avante.pt/pt/2553/opiniao/169427/Contas-de-subtrair.htm?tpl=179

O AGORA E O COMPETENTE ANTES: PAULO RAIMUNDO E JERÓNIMO DE SOUSA


Oficialmente o PCP já tem um novo secretário-geral, Paulo Raimundo. O anterior, Jerónimo de Sousa, competente e afectuoso - um bom homem, um bom companheiro, um bom camarada - terminou ontem no final da tarde o cumprimento das suas funções. Muito obrigado Jerónimo.

Paulo Raimundo, que não é nada novo no PCP, muito ativo mas ilustre desconhecido para os da mídia que andaram como baratas tontas para saberem quem é vai falar hoje aos camaradas, cumprindo o desempenho das suas novas funções no Partido Comunista Português. Bem-vindo, camarada. (PG)

#Saiba um pouco mais sobre quem é Paulo Raimundo, na Wikipédia

FIFA, uma organização antidemocrática recheada de fascistas nos poderes

Num artigo da Lusa, publicado no Diário de Notícias, ilustrado com a imagem afixada em cima podemos ler que as tendências da FIFA pela antidemocracia é evidente e ainda mais pelo desprezo dos Direitos Direitos que o Ocidente propala falsamente defender. Como é que um Ocidente daquela espécie pode consentir e pactuar com os poderes antidemocráticos e tendenciosamente fascistas, talvez até nazis - pelo desprezo e censuras a que vota a defesa dos Direitos Humanos?

Tanto assim é que recomendamos que leiam a censura imposta pela FIFA à Dinamarca. A propósito do Mundial de Futebol no Qatar, país inundado de violações dos Direitos Humanos, a FIFA exige a censura da realidade desumana e escabrosa, criminosa, que de imediato podemos facilmente apercebermo-nos no título que reproduzimos  e que podem ir ler no DN: FIFA proíbe Dinamarca de usar mensagens com direitos humanos no Qatar ...

Ocidente democrático, livre e defensor dos Direitos Humanos? Não, não é, porque se fosse a FIFA não exercia práticas censórias sobre a denuncia de crimes de violações dos Direitos Humanos que são tão comuns no Qatar, onde milhares de cidadãos daquele país e imigrantes são vítimas dessas violações.

Acrescenta no inicio o DN: "A Dinamarca tem tido um papel ativo na defesa dos trabalhadores migrantes no Qatar e dos direitos LGBTQI+ e pretendia divulgar a mensagem de "direitos humanos para todos" como forma de protesto contra o país e o seu historial em matéria de direitos humanos."

Leia mais no Diário de Notícias e saiba como um bando de cúmplices de desumanidades se atrevem a proibir a divulgação de mensagens sobre os Direitos Humanos no Qatar. Siga o link acima.

Em imensas vertentes a democracia no Ocidente também é uma falácia, por isso escolhemos este caso como Imagem apropriada à divulgação global. (PG)

QATAR, O MUNDIAL DA VERGONHA

Um dos maiores espetáculos desportivos do mundo terá lugar num país onde os direitos humanos mais básicos são negados à esmagadora maioria da população. A bilionária monarquia absolutista do Qatar tenta lavar a sua imagem com o apoio da FIFA num evento marcado desde o início por suspeitas de corrupção. Dossier organizado por Luís Branco.

Dentro de poucas semanas, o mundo vai estar com os olhos postos no Qatar, onde se realiza o Campeonato do Mundo. Trata-se de um país com cerca de três milhões de habitantes e onde apenas um décimo da população tem acesso a alguns direitos básicos, como o da cidadania. Não há partidos nem eleições nem protestos e o emir controla os poderes executivo, legislativo e judicial. Os não-nacionais representam 95% da mão-de-obra e a maioria veio do sul da Ásia ou da África subsariana em busca de uma vida melhor. Acabam na mão de empregadores que detêm todo o poder sobre a sua vida, graças ao sistema da kafala ou patrocínio, e que impede os trabalhadores de mudar de trabalho ou até sair do país sem a autorização do patrão. Por sua vez, este usa a chantagem da denúncia do crime de fuga, em que o trabalhador pode ser condenado a pena de prisão, seguindo-se a deportação.

No caso das trabalhadoras domésticas, a esses abusos soma-se o abuso físico e sexual, presas numa casa com os documentos e o telemóvel confiscado e sem acesso a quaisquer mecanismos de auxílio ou denúncia. A discriminação das mulheres continua a ser das mais severas do mundo e a população LGBTI+ queixa-se de perseguição e espancamentos por parte da polícia num país onde o sexo fora do casamento é punido com pena até 10 anos de prisão.

A todas estas denúncias do quotidiano do país anfitrião do seu maior torneio a Fifa responde pedindo(link is external) às seleções que "não deixem que o futebol seja arrastado para todas as batalhas políticas e ideológicas que existem". E parece sugerir que mais do que exigir o respeito pelos direitos humanos, o que importa é "respeitar todas as opiniões e crenças, sem pretender dar lições de moral ao resto do mundo".  Na mensagem enviada por Gianni Infantino, o cadastro de violações de direitos humanos por parte do regime do Qatar faz parte da "diversidade" que é preciso respeitar, pois "nenhum povo, cultura ou nação é melhor do que outra".

Angola | UMA DATA HISTÓRICA E UM TRUQUE BAIXO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A delegação oficial do MPLA chegou a Luanda no dia 8 de Novembro de 1974, faz hoje 48 anos, uma vida! No que me diz respeito, com muitíssimos baixos e sem altos, mas vivida intensamente, ao serviço da notícia. Nessa altura a capital era palco de operações secretas dos independentistas brancos, sabotagens de toda a espécie, instabilidade política alimentada pela CIA, apesar dos esforços contrários do presidente da Junta Governativa, almirante Rosa Coutinho, e da sua equipa.

Como chefe de redacção da Emissora Oficial (RNA) preparei uma equipa para cobrir o acontecimento. Escolhi o Francisco Simons que já tinha ido comigo à assinatura de cessar-fogo na chana do Luinhameje, província do Moxico. Agostinho Neto chamou-lhe a “assinatura das tréguas”. A outra voz era Horácio da Fonseca, o melhor de todos os profissionais na área da programação. nesse tempo eu já tinha começado a introduzir na antena da rádio a Língua Portuguesa com sotaque angolano. 

Rui de Carvalho era produtor e realizador do programa desportivo Primeira Mão. Mas não integrava os quadros da rádio, nessa época era despachante oficial. Pedi-lhe para ser a voz da reportagem no aeroporto, que ainda se chamava Craveiro Lopes, antigo presidente da República Portuguesa. Ele aceitou, com grande entusiasmo. Ninguém mais tocou na bola. O relato da chegada dos integrantes da delegação oficial do MPLA, chefiada por Lúcio Lara, só tem a voz do Rui de Carvalho. Simons, Horácio e eu fizemos curtas intervenções.

Na sala “VIP” do aeroporto, arranjámos um espaço (pequeno escritório) para entrevistar os membros da delegação, sem muito ruído. Colhemos depoimentos de Imperial, Dilolwa, Rui de Matos, Batalha de Angola e Avelino Mingas (Saidy). Voltei a entrevistar Carlos Rocha (Dilolwa) logo a seguir à Independência Nacional, quando ele, na qualidade de ministro da Economia, e o Presidente Agostinho Neto negociaram em Cabinda o contrato de exploração petrolífera com a Chevron.

Dilolwa estava sob o fogo dos grupos mais radicais do MPLA e explicou, com a calma que o caracterizava, que explorar as jazidas de petróleo exigia tecnologias e instrumentos que Angola não tinha. Por isso foi prolongado o contrato com a Cabinda Gulf. Um desses contestatários era Filomeno Vieira Lopes, hoje criado dos sicários da UNITA. As voltas que o mundo dá! O ministro da Economia do Governo da República Popular de Angola rendeu-se à burguesia, diziam os revolucionários dos Comités Amílcar Cabral. Hoje estão todos rendidos à gravata, à sabujice e à traição. Mentores descarados do banditismo político!

INOCÊNCIO DE MATOS, UM "SÍMBOLO DA RESISTÊNCIA" EM ANGOLA

Passam dois anos desde que o estudante Inocêncio de Matos foi morto durante uma manifestação em Luanda. O caso continua por esclarecer. Jovens ativistas prometem continuar a protestar, em memória do jovem.

Há dois anos, o nome de Inocêncio de Matos passou a integrar a lista de cidadãos mortos por organizarem ou participarem em manifestações contra o Governo do  Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que está no poder desde a independência do país, há 47 anos.

Nessa lista constam também os nomes dos ativistas Isaías Cassule e Alves Camulingue, mortos em 2012.

Inocêncio de Matos era estudante de Ciências da Computação na Universidade Agostinho Neto. Foi morto durante uma manifestação por melhores condições de vida. Dois anos depois, é considerado um "símbolo da resistência" contra as "atrocidades" do poder político em Angola.

"A morte de Inocêncio foi um marco histórico e abriu [um novo capítulo] na revolução", afirma o rapper angolano UCM.

AINDA HÁ DEPENDÊNCIA ECONÓMICA NA ANGOLA INDEPENDENTE

A propósito do Dia da Independência de Angola, um grupo de académicos reuniu-se para falar sobre o estado da economia do país. Todos foram unânimes em pedir mais independência e diversificação da economia nacional.

Antes da independência, em 1975, Angola produzia anualmente cerca de 240 mil toneladas de café, sendo, na altura, também, o segundo maior produtor mundial de açúcar e o quarto maior produtor de algodão, lembra o economista Carlos Rosado de Carvalho.

Hoje, esses números baixaram significativamente: a produção de café, por exemplo, não vai além das seis mil toneladas por ano. O economista entende que, 47 anos depois da independência nacional, é altura dos angolanos exigirem o seu direito de desfrutar das suas riquezas.

"Não podemos continuar a culpar o colono pelos nossos problemas. Ao fim de [quase] 50 anos, tínhamos a obrigação de ter um país melhor para viver, um país em que todos nós pudéssemos desfrutar das riquezas que nós temos. Em Angola, gastamos mais com tropas e polícia do que com a educação e saúde", afirma Carlos Rosado de Carvalho.

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