quinta-feira, 17 de novembro de 2022

POLÍCIAS SEM LEI: O ÓDIO DE 591 AGENTES DE AUTORIDADE -- investigação 74


Recorrendo à newsletter da publicação online Setenta e Quatro apresentamos aqui o conteúdo acerca da investigação que os seus jornalistas realizaram. Salientamos o convite para os respetivos links mais abaixo destacados acerca da investigação elaborada pela equipa. Devido à extensão e importância do referido trabalho o Página Global opta por considerar de maior interesse encaminhar os leitores para a fonte laboriosa que o produziu e realizou. (PG)

POLÍCIAS SEM LEI: O ÓDIO DE 591 AGENTES DE AUTORIDADE

No baú dos grupos fechados das forças de segurança, os polícias pensam que ninguém está a ver e que o que dizem fica guardado no segredo dos deuses.

Mas não fica. E o que nós vimos deve preocupar-nos a todos: o Setenta e Quatro identificou 591 polícias que, no Facebook, fazem apelos ao assassinato de políticos, à violação de mulheres, tecem comentários racistas, xenófobos, misóginos e homofóbicos.

Estes 591 operacionais das forças de segurança querem fazer justiça pelas próprias mãos contra alegados criminosos, adoram André Ventura e detestam minorias étnicas. Encontrámos polícias a fazer saudações nazis, a divulgar propaganda fascista e a partilhar mentiras de sites e de páginas como o Notícias Viriato e o Invictus Portucale.

Este é o resultado de um ano e meio de trabalho, ainda antes de o Setenta e Quatro ter sido lançado, quando um grupo de investigadores digitais contactou os nossos jornalistas para nos entregar mais de 3000 prints sobre o comportamento destes operacionais das forças de segurança na rede social de Mark Zuckerberg.

Percebendo o tamanho da história e a necessidade de esta chegar ao maior número de pessoas possível, para que ela tenha o impacto que merece, partilhámo-la com o Consórcio de Jornalistas de Investigação, do qual dois jornalistas do Setenta e Quatro são fundadores.

Portugal | PSP e GNR 'disparam' ódio nas redes sociais? O que dizem os partidos

O alegado discurso de ódio partilhado por agentes de segurança é o tema desta quinta-feira. Ainda nem todos os partidos reagiram, mas o Ministério da Administração Interna já deu 'luz verde' para um inquérito.

A SIC emitiu, na quarta-feira, uma reportagem na qual dava conta de mensagens de ódio partilhadas pelasforças de segurança portuguesas nas redes sociais. De acordo com a investigação, levada a cabo por um Consórcio de Jornalista Portugueses - do qual fazem parte jornalistas da SIC, Expresso, Setenta e Quatro e Público -, há, pelo menos, 591 agentes de segurança que praticam crimes de ódio nas redes sociais, partilhando mensagens de caráter racista e xenófobo, sendo também muitos dos conteúdos associados à extrema-direita.

A reportagem, que terá continuação esta quinta-feira, dá conta de diversos casos de publicações de caráter “discriminatório, incitadoras de ódio e violência contra determinadas pessoas". "Procura-se sniper com experiência em ministros e presidentes, políticos corruptos e gestores danosos", lia-se numa destas mensagens, mostrada sobre a imagem do cano de uma espingarda que um militar da GNR de Vendas Novas publicou no Facebook. 

"Enquanto não limparem um ou dois políticos, não fazem nada...", sugeria um outro militar da GNR de Setúbal, no grupo fechado 'Colegas GNR'.

No rescaldo de 'Quando o ódio veste a farda'

Após a emissão da reportagem, o ministro da Administração Interna, responsável pelo setor, esclareceu, de acordo com uma nota a que o Notícias ao Minuto teve acesso, que iria ser aberto um inquérito. “Estas alegadas mensagens, que incluem juízos ofensivos da honra ou consideração de determinadas pessoas, são de extrema gravidade e justificam o caráter prioritário do inquérito agora determinado à IGAI [Inspeção Geral da Administração Interna]", lia-se no comunicado do ministério tutelado por José Luís Carneiro.

Partido Socialista

Já o grupo parlamentar do Partido Socialista (PS) disse, esta quarta-feira, que ia esperar pelos resultados da investigação. "Tudo aquilo que for de apurar, apurar-se-á em momento oportuno", garantiu a deputada socialista Joana Sá Pereira em declarações aos jornalistas, alertando ainda que o "pior contributo" que a sociedade pode dar é colocar "em causa as forças de segurança". 

Bloco de Esquerda

Os bloquistas apressaram-se a entregar um requerimento para que José Luís Carneiro seja ouvido pelo Parlamento acerca deste assunto, por forma a perceber se este é um "problema estrutural". "É importante garantir que o Governo tem tolerância zero relativamente a este tipo de crimes", afirmou Mariana Mortágua aos jornalistas esta tarde, sublinhando que é "extremamente preocupante quando as denúncias revelam uma infiltração da extrema-direita violenta dentro das forças de segurança, que devem defender todas e todos".

Partido Comunista Português

Também os comunistas abordaram esta questão, considerando "gravíssimo" que profissionais da PSP e GNR expressem "ódio racista" e façam ameaças nas redes sociais, ao arrepio da lei, e assinalou que a investigação jornalística fez aquilo que as instituições deviam ter feito. "O PCP não pode deixar de assinalar que uma investigação jornalística fez aquilo que as instituições respetivas não fizeram", notaram, em comunicado.

Iniciativa Liberal

A Iniciativa Liberal condenou também "tudo o que sejam manifestações de racismo", e sublinhou que vai acompanhar o requerimento pedido pelos bloquistas. "Teria sido melhor que aquilo que foi trazido a lume agora tivesse resultado de uma investigação do próprio IGAI 'a anteriori' e não 'a posteriori'", alertou o ainda líder do partido, João Cotrim Figueiredo.

Livre

Menos de 24 horas depois da reportagem ser emitida, também o Livre reagiu, apelando que o inquérito levado a cabo para averiguar os casos denunciados na reportagem seja "eficaz e célere". "O Livre vê este caso com muita preocupação e esperamos que todas as partes pertinentes e que a tutela tomem ações decisivas para abordá-lo e para tentar resolvê-lo", disse o dirigente do partido Tomás Cardoso Pereira.

Quase 600 agentes mancham imagem das forças de segurança?

Os partidos acima consideraram que não se deve tomar 'o todo pela parte', mas deixaram alertas. Durante a sua intervenção, e depois de ter dito que a imagem destes profissionais  não ficava manchada, Joana Sá Pereira afirmou que, a confirmar-se esta situação, as mensagens "podem pôr em causa a confiança dos cidadãos nas forças de segurança [...]".

Já Mortágua, também fez questão de salientar: "Acho que a maioria das forças de segurança não são racistas, não cometem crimes". Já o PCP, "não confunde todos os polícias" com os que "mancham a farda que envergam".

E mais à direita? O que diz o Chega?

O presidente do partido, André Ventura, acusou o Governo de ter uma "atitude persecutória" e de "humilhação" dos polícias e afirmou vai denunciar o caso à Comissão Europeia. Diz o líder partidário que dará este passo para  "denunciar o clima de intimidação e de humilhação à polícia que algumas entidades estão a levar a cabo, sobretudo o Ministério da Administração Interna e o ministro da Administração Interna".

Já sobre as declarações do responsável, o grupo parlamentar do PS foi peremptório: "São lamentáveis. Num quadro do Estado de Direito nenhum cidadão pode achar que está acima da lei. Há a investigação aberta, esperaremos pelos resultados. Achar que há cidadãos acima da lei, acho que não é correto. Todos nós estamos sujeitos à lei", acusou.

Notícias ao Minuto | Lusa

Polícias Racistas | Penas disciplinares a 11 membros das autoridades em quatro anos

PORTUGAL

Onze elementos da PSP, GNR e SEF foram alvo de processos disciplinares por racismo ou ódio nos últimos quatro anos, existindo ainda 18 casos pendentes na Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI), revelou hoje o Ministério da Administração Interna (MAI).

Entre 2018 e este ano foram abertos 36 procedimentos disciplinares a militares da GNR, agentes da PSP e inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) por comportamentos ou atitudes racistas, xenófobas e radicais no desempenho de funções ou resultantes de publicações nas redes sociais, segundo dados do MAI enviados à Lusa.

Destes 36 processos abertos, 11 já foram concluídos e resultaram em penas disciplinares, nomeadamente a expulsão de um agente da PSP.

Os dados do MAI foram divulgados após a divulgação de uma reportagem de um consórcio português de jornalismo de investigação, que inclui jornalistas, advogados e académicos, e que mostra que as redes sociais são usadas para fazer o que a lei e os regulamentos internos proíbem, com base em mais de três mil publicações de militares da GNR e agentes da PSP, nos últimos anos.

No caso da Guarda Nacional Republicana, entre 2018 a 2022, um militar foi alvo de uma pena disciplinar de repreensão escrita agravada e a um outro foi aplicada a pena de 45 dias de suspensão agravada, bem como a sua transferência compulsiva pelo período de quatro anos.

Foram ainda remetidos à IGAI três procedimentos disciplinares relativos a 17 arguidos militares da GNR, sendo que a um deles foi aplicada a pena disciplinar de "separação de serviço".

Em relação à Polícia de Segurança Pública, entre 2019 a 2022, dois agentes foram alvo de multas, três foram suspensos, um teve como pena disciplinar a repreensão e outro polícia foi demitido.

Neste momento estão pendentes nove procedimentos disciplinares em relação a agentes da PSP.

O MAI indica ainda que há um procedimento disciplinar aplicado a um inspetor do SEF, o qual se encontra com a tramitação suspensa a aguardar a decisão de um tribunal.

Atualmente, estão ainda pendentes nove procedimentos disciplinares em relação a inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

Na quarta-feira, após a divulgação do trabalho jornalístico, o Governo anunciou que a Inspeção-Geral da Administração Interna vai abrir um inquérito a este caso das publicações nas redes sociais, por agentes das forças de segurança, que alegadamente incitam ao ódio e à violência.

Notícias Ao Minuto | Lusa

Portugal | PAULO RAIMUNDO DESCOBRIU OS CULPADOS DA GUERRA?

Pedro Tadeu* | Diário de Notícias | opinião

Quando o novo secretário-geral do PCP disse na televisão, em duas entrevistas diferentes, que atribui a culpa da guerra na Ucrânia aos Estados Unidos, NATO, União Europeia e Rússia por, desde 2014, todos eles participarem na escalada de um conflito que ameaça a Humanidade, pareceu-me usar de uma clareza cristalina.

Quando Paulo Raimundo sublinhou, numa dessas entrevistas, que o povo ucraniano não teve responsabilidades numa situação em que é a principal vítima, mas que acabou por ser usado pelas potências como um instrumento de agudização de um conflito geopolítico, pareceu-me ter demonstrado cabalmente como a posição crítica do PCP sobre a guerra aponta para os poderosos deste mundo e não para os povos que eles governam.

Quando, ainda, Paulo Raimundo contou o número de dias (cerca de três mil, desde 2014) em que o PCP está a denunciar publicamente como as potências envolvidas deitam gasolina para a fogueira das tensões locais, pareceu-me estar a expor assertivamente a hipocrisia dos que acham que a guerra na Ucrânia teve o ponto de partida no dia 24 de fevereiro de 2022, quando as tropas russas invadiram o país.

Finalmente, quando Paulo Raimundo insistiu em definir como sendo a posição política mais correta sobre esta guerra a procura de um caminho em direção à paz, coisa que não se vê os líderes dos Estados Unidos, NATO, União Europeia e Rússia fazerem, pareceu-me que virou o bico ao prego dos que acusam o PCP de ter uma posição moralmente insustentável sobre esta matéria.

As declarações de Paulo Raimundo acabam por mostrar que o que é moralmente condenável é haver tanta gente responsável entre os mais poderosos do mundo (seguidos obedientemente por aparentes vassalos desse poder) continuar a desumana impostura, ao fim de centenas de milhares de mortos, de, em nome da paz, dos Direitos Humanos, da democracia e da soberania ucraniana, exigir intensificar e prolongar a guerra, preferir contar mais umas largas centenas de milhar de cadáveres, antes de trabalhar seriamente para a pacificação do conflito.

Raimundo, na verdade, apresentou de uma forma eficiente aquilo que, na essência, outros dirigentes comunistas que foram passando pelas TV nos últimos meses já tinham dito, a começar pelo anterior secretário-geral, Jerónimo de Sousa, e passando por João Ferreira, João Oliveira, Bernardino Soares ou António Filipe.

Paulo Raimundo não descobriu, portanto, os culpados da guerra, limitou-se a sintetizar aquilo que o partido que o elegeu para líder no passado fim de semana há muito tempo tinha descoberto e explicitado - e se o partido o elegeu sabendo o que ele ia dizer sobre a guerra na Ucrânia é de supor que ou o partido está de acordo com o novo secretário-geral, ou ele está de acordo com o que o partido pensa sobre guerra, o que vai dar ao mesmo resultado.

O que Paulo Raimundo disse sobre a guerra na Ucrânia vai ser ouvido por alguém?

Fora do PCP, no próprio dia em que pela primeira vez Paulo Raimundo prestou estas declarações, vi comentadores na televisão a acusá-lo de apoiar a Rússia - portanto, não o ouviram.

Dentro do PCP, espero que qualquer confusão que pudesse ainda existir tenha ficado desfeita e se conclua o seguinte: por muito que alguns procurem encobrir, a guerra na Ucrânia - uma guerra que urge parar e que nunca deveria ter começado - é expressão da escalada de confrontação dos EUA, da NATO, da União Europeia e da Rússia, em que a Ucrânia é usada como instrumento da estratégia do imperialismo.

PS - Como militante do Partido Comunista Português tive até agora três magníficos secretários-gerais: Álvaro Cunhal, Carlos Carvalhas e Jerónimo de Sousa. O que conheci, desde a década de 1990, sobre como foram feitas no PCP as várias passagens de testemunho, mesmo em situações complicadíssimas e conflituais, resultaram em repetidas lições de democracia em unidade, de dignidade política com eficácia, de independência sem autismo, de firmeza com racionalidade. Jerónimo voltou a proporcionar-me isso. Mas tenho muito mais a agradecer: 18 anos de liderança fantástica, que me encheram de esperança e me reforçaram convicções. Humildemente, deixo aqui o meu pequeno agradecimento ao meu camarada Jerónimo de Sousa, um grande, um enorme secretário-geral do PCP.

*Jornalista

Portugal e as greves: Enfermeiros iniciam esta quinta-feira uma greve de quatro dias

Enfermeiros iniciam, esta quinta-feira, uma greve de quatro dias convocada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) para exigir a contagem de pontos nas suas carreiras e a paridade com os licenciados da Administração Pública.

A paralisação vai decorrer entre as 8 horas e as 00:00 dos dias 17, 18, 22 e 23 de novembro, sendo que no dia 18 os enfermeiros se juntam à greve da Função Pública.

Dirigentes deste sindicato entregaram na terça-feira no Ministério da Saúde um pedido de continuação do processo negocial com o Governo, e anunciaram greves em protesto contra a "discriminação negativa" dos enfermeiros, disse Lusa o presidente do SEP, José Carlos Martins.

"O Ministério da Saúde continua a não assumir claramente o pagamento de retroativos desde 2018 e a não corrigir as injustiças relativas. Não há qualquer justificação para que o Ministério não assuma claramente isto", disse José Carlos Martins.

Segundo José Carlos Martins "os funcionários públicos foram posicionados e receberam (retroativos) desde janeiro de 2018", mas no caso dos enfermeiros "o Ministério da Saúde atrasou quatro anos esta contagem de pontos e agora diz que é muito dinheiro e que não pode pagar desde 2018".

No dia 9 de novembro, o secretário de Estado da Saúde, Ricardo Mestre, explicou à Lusa que cerca de 20 mil enfermeiros serão abrangidos pelo descongelamento da progressão salarial negociada com os sindicatos, com o pagamento dos retroativos a janeiro deste ano e a "subida de uma ou de duas posições remuneratórias".

Ao mesmo tempo, o SEP pede equidade salarial com os licenciados da Função Pública.

O dirigente sindical argumenta que o Governo e o Ministério da Saúde "discriminam" os salários dos enfermeiros "ao terem uma remuneração inferior aos outros licenciados da função pública", algo que não acontecia desde 1991, e lembra que em janeiro de 2022 a posição remuneratória dos licenciados foi valorizada e a dos enfermeiros não.

O SEP assegura que vai cumprir os serviços mínimos e explicou que as restantes estruturas sindicais não se juntam às greves dos dias 17, 22 e 23 de novembro.

Jornal de Notícias, com agências

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Passou muito pouco tempo, (quase) todos os protagonistas ainda estão no ativo e a memória dos acontecimentos para uns não coincide exatamente com a de outros. Carlos Costa, ex-governador do Banco de Portugal (BdP), deu à estampa um livro sobre a sua passagem pela instituição e a sua versão das coisas está longe de ser consensual. Se a ideia era provocar um vendaval (que é um propósito legítimo quando se publica um livro) foi bem sucedida: Costa, Carlos abriu uma guerra que começou por ser “apenas” contra Costa, António (que mal se conheceu o conteúdo da publicação anunciou um processo por difamação ao autor) para já se ter transformado em algo mais vasto. Ontem, o primeiro-ministro acusou mesmo o ex-governador de “montar uma operação política” contra o seu bom nome. Horas mais tarde, Costa, António foi à gaveta buscar um comunicado do BdP de dezembro de 2015 para demonstrar que, ao contrário do que alega Costa, Carlos, banco central e Governo estavam concertados.

No entretanto, o Presidente da República veio em auxílio do chefe do Governo, no que muito irritou (já começa a ser uma constante) o PSD - que esteve em peso no lançamento do livro, na terça-feira, e acha o comportamento de Marcelo em relação a Costa, António, “de um nonsense total” -, mas mereceu (óbvio) os aplausos do PS. Mário Centeno, que sucedeu a Costa, Carlos, no BdP, lamenta “o velho hábito de reescrever a história com os dados censurados”. Vários banqueiros que ouviam o atual governador a dizer estas coisas concordaram com a análise: “Não li o livro nem pretendo ler”, disse João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI, condenando “as pessoas que se esqueceram de tomar o Memofante”. Pedro Santana Lopes, que já foi primeiro-ministro (e já foi do PSD), confessou não gostar “de coisas à traição”.

OUTRAS NOTÍCIAS, CÁ DENTRO

E três semanas depois de ter sido conhecido o caso do agora célebre pavilhão transfronteiriço de Caminha, a Câmara Municipal pôs fim ao contrato com o empresário Ricardo Moutinho porque, justifica o presidente da autarquia, Rui Lages, as garantias previstas no contrato (celebrado em 2020!) não chegaram. A denúncia do contrato vai obrigar o promotor a devolver os 300 mil euros que o executivo camarário, então presidido pelo agora também célebre Miguel Alves, lhe adiantou sobre o arrendamento futuro da construção que nem terreno tinha ainda. A decisão vai esta noite à Assembleia Municipal.

Há exatamente uma semana que, à conta deste surreal episódio, António Costa está sem secretário de Estado Adjunto. No PS já há quem esteja “nervoso” com os sucessivos tropeções em si próprio de um Governo (ou de um primeiro-ministro) que tecnicamente só tem seis meses mas já acusa, e bem, o desgaste dos sete anos que Costa já leva em São Bento.

Marcelo Rebelo
de Sousa recebeu em Belém uma carta com uma bala, um telemóvel e um pedido de um milhão de euros, conta a manchete desta quinta-feira do Correio da Manhã. O Presidente desvaloriza: “Continuo a fazer a minha vida normal” disse, já esta madrugada, à CMTV.

JOGO SUJO | Zelensky isolado pela primeira vez ao insistir na autoria russa do disparo

Hipótese de a NATO ser arrastada para o conflito esfumou-se com as indicações de que o projétil que matou duas pessoas na Polónia terá sido disparado pela defesa aérea ucraniana. O presidente do país alvo da ocupação russa mantém versão que responsabiliza Moscovo.

A Ucrânia tinha acabado de receber o maior ataque de mísseis de cruzeiro desde o início da guerra, no aprofundar de um padrão que visa sobretudo as infraestruturas de energia - milhões de ucranianos e moldavos ficaram às escuras -, quando se soube de uma explosão em Przewodów, no leste da Polónia, que causou a morte a duas pessoas. O governo chefiado por Mateusz Morawiecki reuniu-se de emergência, bem como o conselho de segurança nacional, e enquanto as autoridades polacas se articulavam com a NATO, a suspeita de que um míssil tinha disparado pela Rússia para território da Aliança Atlântica foi tratada inicialmente por alguns países, Ucrânia incluída, quase como um facto adquirido.

A realidade - pelo menos assim indicam os dados preliminares - aponta antes para que tenha sido um projétil disparado pelas forças ucranianas para derrubar um míssil russo. No entanto, apesar da precipitação na interpretação do incidente, Kiev insiste na tese de que foram os russos, deixando o presidente Volodymyr Zelensky isolado pela primeira vez, e ao mesmo tempo secundarizando as consequências do ataque que a Ucrânia sofreu.

O presidente ucraniano, que horas antes se dirigira aos líderes do G20, reunidos em Bali, na Indonésia, com a sua visão de dez pontos para um processo de paz, reagiu pouco depois da explosão na Polónia na sua mensagem vídeo diária, ao pedir "ação" em resposta ao alegado ataque à Polónia. "Aquilo de que há muito tempo avisámos aconteceu. O terror não se limita às nossas fronteiras nacionais. Já se espalhou para o território da Moldávia. E hoje [anteontem], os mísseis russos atingiram a Polónia, o território do nosso país amigo. Polónia, os estados bálticos... É apenas uma questão de tempo até que o terror russo vá mais longe. Temos de colocar o terrorista no seu lugar!"

Enquanto isso, mensagens de dirigentes da Estónia e da Lituânia emprestavam mais calor a uma temperatura febril - ao lembrarem à Polónia que iriam defender cada centímetro do território da NATO - alimentada por comentadores nas televisões e nas redes sociais e e declarações de outros membros do governo ucraniano.

Polícia italiana prende célula nazi ligada ao Azov planeando ataques terroristas

Alexander Rubinstein* | The Grayzone

A prisão de neonazistas italianos afiliados ao Batalhão Azov ucraniano destaca o terrível potencial de retaliação da guerra por procuração na Ucrânia

#Traduzido em português do Brasil

A polícia italiana anunciou uma série de batidas contra a organização neonazista Ordem de Hagal. Acusado de estocar armas e planejar ataques terroristas, o grupo estabeleceu laços operacionais com o Batalhão Azov ucraniano.

Cinco membros de uma organização neonazista italiana conhecida como “Ordem de Hagal” foram presos em 15 de novembro, enquanto um outro membro continua procurado pelas autoridades. Ele estava na Ucrânia, lutando contra as forças russas ao lado do Batalhão Azov, que foi formalmente integrado às forças armadas ucranianas. 

Os membros do “Hagal” são acusados ​​de planejar ataques terroristas contra alvos civis e policiais. Um sexto membro do grupo Hagal, agora considerado foragido, está na Ucrânia e integrado ao Batalhão Azov, um grupo paramilitar neonazista que foi incorporado à Guarda Nacional Ucraniana. 

Membros da Ordem de Hagal mantiveram contatos “diretos e frequentes” pelo Telegram não apenas com o Batalhão Azov, mas também com as formações militares neonazistas ucranianas Right Sector e Centuria , “provavelmente em vista de um possível recrutamento nas fileiras desses grupos combatentes”, de acordo com a mídia italiana .

A investigação policial foi lançada em 2019 e incluiu extensas buscas em computadores e escutas telefônicas; táticas que revelaram a intenção de membros do grupo de realizar atos violentos na Itália. 

Um dos membros presos, Giampiero Testa, era supostamente “perigosamente próximo de grupos nacionalistas ucranianos de extrema-direita” e planejava um ataque a uma delegacia de polícia em Marigliano, em Nápoles, segundo escutas telefônicas. O combatente fugitivo de Azov , Anton Radomsky, é um cidadão ucraniano que viveu na Itália, mas atualmente luta em nome das forças armadas ucranianas. As autoridades dizem que Radomsky planejava atacar o shopping “Volcano Buono” em Nápoles.

Em uma escuta telefônica de janeiro de 2021, Testa disse que “faria um massacre como o da Nova Zelândia, mas não iria para os negros, iria para o quartel de Marigliano”. Ele estava se referindo ao atirador da mesquita da Nova Zelândia que alegou ter visitado a Ucrânia e usava um sonnenrad nazista, ou patch de “sol negro” em sua jaqueta enquanto matava 51 fiéis. O símbolo, como observou o New York Times em 2019, é “comumente usado pelo Batalhão Azov, uma organização paramilitar neonazista ucraniana”.

Guerra híbrida do Ocidente contra Rússia aumenta probabilidade de IIIª Guerra Mundial

Na terça-feira, um míssil caiu na vila de Przewodow, no leste da Polônia, na fronteira com a Ucrânia, matando duas pessoas.

MOSCOU, 16 de novembro. /TASS/. O vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, acha que o Ocidente está aproximando a Terceira Guerra Mundial ao travar uma guerra híbrida contra a Rússia.

#Traduzido em português do Brasil

"O incidente com o suposto 'ataque com mísseis' ucraniano em uma fazenda polonesa prova apenas uma coisa: travando uma guerra híbrida contra a Rússia, o Ocidente se aproxima da guerra mundial", escreveu ele no Twitter na quarta-feira.

Na terça-feira, um míssil caiu na vila de Przewodow, no leste da Polônia, na fronteira com a Ucrânia, matando duas pessoas. Segundo o presidente da república, Andrzej Duda, até o momento não há evidências que indiquem quem lançou esse míssil. O Ministério das Relações Exteriores polonês insistiu que era um míssil de fabricação russa. Por sua vez, o presidente dos EUA, Joe Biden, observou que informações preliminares refutam que esse míssil tenha sido lançado de território russo.

O Ministério da Defesa da Rússia classificou as alegações de meios de comunicação poloneses e autoridades de supostos mísseis russos caindo na Polônia como provocações, uma vez que não houve ataques russos perto da fronteira ucraniana-polonesa. A agência militar russa apontou que as fotos publicadas dos destroços do local do acidente não têm nada em comum com as armas russas.

Imagem: Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia © Yekaterina Shtukina/POOL/TASS

Polônia e Ucrânia tentaram desencadear conflito Rússia-OTAN por causa de míssil

Enviado da Rússia na ONU diz que Polônia e Ucrânia tentaram desencadear conflito Rússia-OTAN por causa de míssil da Ucrânia

As declarações absolutamente irresponsáveis ​​​​da liderança desses dois países não podem ser percebidas de outra forma, disse Vasily Nebenzya

#Traduzido em português do Brasil

NAÇÕES UNIDAS, 17 de novembro. /TASS/. O enviado da Rússia à ONU, Vasily Nebenzya, disse na quarta-feira que as declarações de Varsóvia e Kiev buscavam desencadear um conflito direto Rússia-OTAN sobre o incidente com mísseis na Polônia.

"Se esta reunião não tivesse sido agendada, teria que ser convocada para discutir as tentativas da Ucrânia e da Polônia de provocar um confronto direto entre a Rússia e a OTAN. As declarações absolutamente irresponsáveis ​​​​da liderança desses dois países não podem ser percebidas de qualquer outra forma", disse ele em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU.

Nebenzya disse que o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, imediatamente após a explosão na Polônia, acusou a Rússia do bombardeio.

"Resto para os colegas: estas declarações partiram de uma pessoa que não poderia deixar de ter a informação de que foram mísseis ucranianos disparados por um sistema de defesa aérea que sobrevoaram a Polónia", disse o diplomata. "Isso significa que não foi apenas desinformação deliberada, mas uma tentativa consciente de levar a OTAN, que está travando uma guerra por procuração com a Rússia na Ucrânia, a se envolver em um confronto direto com nosso país."

"O governo russofóbico da Polônia não foi muito diferente, pois eles disseram desde o início com total confiança que estavam sob ataque russo. O Ministério das Relações Exteriores daquele país convocou o embaixador russo na calada da noite e emitiu um protesto resoluto", disse Nebenzya. .

O enviado disse que as primeiras fotos do local da explosão, que apareceram nas redes sociais, deixaram claro que se tratava de um míssil de defesa aérea ucraniano que caiu na Polônia.

"Isso já foi expressamente confirmado pela OTAN e pelo Ocidente em geral", disse ele.

Imagem: O enviado da Rússia à ONU, Vasily Nebenzya © Ministério das Relações Exteriores da Rússia/TASS

RÚSSIA SANCIONA 52 IMPORTANTES POLÍTICOS IRLANDESES

A nota é publicada no site do ministério

MOSCOU, 16 de novembro. /TASS/. A Rússia impôs sanções contra 52 importantes autoridades e políticos irlandeses, informou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia em comunicado nesta quarta-feira.

#Traduzido em português do Brasil

"Em resposta ao curso anti-russo do governo irlandês, que apoia incondicionalmente as medidas restritivas unilaterais introduzidas pela União Europeia contra os cidadãos russos com o objetivo de tentar isolar nosso país internacionalmente, foi tomada a decisão de colocar 52 representantes importantes do governo irlandês líderes e figuras políticas na lista negra russa", diz o comunicado publicado no site do ministério.

A lista de cidadãos irlandeses que agora estão proibidos de entrar na Federação Russa inclui, entre outros, o primeiro-ministro Micheal Martin, seu vice Leo Varadkar, presidente do Dail Eireann (câmara baixa do parlamento) Sean O Fearghail, ministro das Relações Exteriores e ministro da Defesa Simon Coveney, a Ministra da Justiça Helen McEntee, o Ministro das Finanças Paschal Donohoe, bem como vários senadores e membros da câmara baixa do parlamento.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, "Atuando sob instruções de Bruxelas, a Irlanda tem conduzido uma agressiva campanha de propaganda anti-russa enquanto segue o caminho de restringir a cooperação bilateral em detrimento de seus próprios interesses". A agência de política externa russa referiu-se a um ataque de março à embaixada russa em Dublin como o exemplo mais recente da Irlanda alimentando a histeria russofóbica.

Imagem: Ministério das Relações Exteriores da Rússia © Sergei Bobylev/TASS

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