POLÍCIAS SEM LEI: O ÓDIO DE 591 AGENTES DE AUTORIDADE
No baú dos grupos fechados das forças de segurança, os polícias pensam que ninguém está a ver e que o que dizem fica guardado no segredo dos deuses.
Mas não fica. E o que nós vimos deve preocupar-nos a todos: o Setenta e Quatro identificou 591 polícias que, no Facebook, fazem apelos ao assassinato de políticos, à violação de mulheres, tecem comentários racistas, xenófobos, misóginos e homofóbicos.
Estes 591 operacionais das forças de segurança querem fazer justiça pelas próprias mãos contra alegados criminosos, adoram André Ventura e detestam minorias étnicas. Encontrámos polícias a fazer saudações nazis, a divulgar propaganda fascista e a partilhar mentiras de sites e de páginas como o Notícias Viriato e o Invictus Portucale.
Este é o resultado de um ano e meio de trabalho, ainda antes de o Setenta e Quatro ter sido lançado, quando um grupo de investigadores digitais contactou os nossos jornalistas para nos entregar mais de 3000 prints sobre o comportamento destes operacionais das forças de segurança na rede social de Mark Zuckerberg.
Percebendo o tamanho da história e a necessidade de esta chegar ao maior número de pessoas possível, para que ela tenha o impacto que merece, partilhámo-la com o Consórcio de Jornalistas de Investigação, do qual dois jornalistas do Setenta e Quatro são fundadores.
A partir daí houve muito que fazer. Fizemos quase 30 entrevistas, ouvindo especialistas e as vítimas do ódio dos polícias, analisámos, um a um, os mais de 3000 prints recolhidos pelos investigadores, categorizámos e subcategorizámos as suas interações no Facebook. Procurámos o contraditório, cruzámos dados, confirmámos onde vivem e trabalham estes polícias, analisámos os processos da PSP, montámos cronologias com centenas de células no Excel e criámos uma versão interativa da história.
Chama-se "Polícias Sem Lei: o ódio de 591 agentes de autoridade" e podes lê-la aqui.
Não nos ficámos, todavia, por aqui, pois o discurso de ódio tem um contexto. Fomos à procura dele indo às origens do Movimento Zero, um movimento inorgânico de polícias com ligações à extrema-direita.
O que é que fez crescer este movimento? Onde estão os polícias do caso da Esquadra de Alfragide, que espoletou a criação do Movimento Zero? O que é feito de Rui Moniz, vítima das agressões dos agentes da PSP da Esquadra de Alfragide? O que dizem os mais de 1000 posts que analisámos da página de Facebook do Movimento Zero? Que ligações existem entre o Movimento Zero e o Chega?
Respondemos a todas estas perguntas na peça "Polícias Sem Lei: Zero à Direita". Lê-a aqui.
**********************
SETENTA E QUATRO
Este trabalho envolveu toda a equipa do Setenta e Quatro e, além disso, o jornal dedicou um jornalista para trabalhar em exclusivo nesta história durante mais de cinco meses. Isto representa um investimento de milhares de euros, num jornal com parcos recursos e uma equipa de apenas cinco jornalistas.
Fazemos este investimento porque cremos nos benefícios que o jornalismo de investigação traz para a comunidade e porque acreditamos que a indiferença perante o ódio não é uma opção.
Esperamos que também penses o mesmo. E se achas que o nosso trabalho vale pena, podes contribuir para o Setenta e Quatro a partir de1,7€ por mês.
Obrigado
Filipe Teles
O Setenta e Quatro assegura a total confidencialidade e segurança dos teus dados, em estrito cumprimento do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD). Garantimos que os mesmos não serão transmitidos a terceiros e que só serão mantidos enquanto o desejares.
Podes solicitar a alteração dos teus dados ou a sua remoção integral a qualquer momento através do email geral@setentaequatro.pt
Sem comentários:
Enviar um comentário