sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Portugal | SORRIA, ESTÁ A SER DETIDO

Manuel Molinos* | Jornal de Notícias | opinião

Podia o Governo ter ido mais longe nas regras que definem em que situações os agentes da PSP e guardas da GNR usarão câmaras de vídeo nas fardas?

Tendo em conta o conservadorismo da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD), dificilmente. Depois de a CNPD ter arrasado, por duas vezes, a proposta de Governo sobre as bodycams, o regulamento aprovado em Conselho de Ministros reflete o receio de aproveitar todos os recursos de uma tecnologia que pode garantir, sem dúvida, maior segurança aos cidadãos e maior proteção aos agentes de autoridade.

As bodycams não podem ser vistas como um cheque em branco à invasão da vida privada, mas antes como uma ferramenta dissuasora capaz de diminuir a violência nas ruas.

Obrigar um agente a avisar duas vezes que irá proceder a uma gravação, antes e já com a ação a decorrer, é uma das normas demagógicas do regulamento que vai agora a votos no Parlamento. Fica bem no papel, mas é limitativa e de eficácia duvidosa.

É também discutível que um agente de autoridade só possa gravar "quando esteja em causa a ocorrência de ilícito criminal, situação de perigo, emergência ou alteração da ordem pública". Por outras palavras, um polícia não pode ligar a câmara durante um patrulhamento "normal", o que confere ao ato de filmar um fator refletivo incompatível com a imprevisibilidade.

O regulamento é cego quanto à multiplicidade de dispositivos vídeo que qualquer cidadão tem facilmente ao dispor. No limite, dezenas de pessoas podem estar a filmar uma situação violenta, menos o agente da autoridade, que estará preocupado em saber se aquele é o momento em que carrega no botão para gravar.

A inconsistência é outro risco a considerar, uma vez que as regras são demasiado genéricas para serem aplicadas em contextos críticos e complexos.

Há, portanto, muitos desafios pela frente para que a aplicação das bodycams resulte num objetivo comum: menos violência e menos queixas contra polícias.

*Diretor-adjunto

Portugal | Legalização da Eutanásia aprovada em votação final global na AR

Diploma segue para Belém

O texto sobre a despenalização da morte medicamente assistida foi aprovado, esta sexta-feira, em votação final global no Parlamento.

Votaram a favor a maioria da bancada do PS, a IL, o BE, o PAN e o Livre e os deputados do PSD Catarina Rocha Ferreira, Hugo Carvalho, Isabel Meireles, André Coelho Lima, Sofia Matos e Adão Silva.

Votaram contra os grupos parlamentares do Chega e do PCP e a maioria da bancada social-democrata.

Houve ainda uma abstenção do socialista José Carlos Alexandrino e de três sociais-democratas: Lina Lopes, Jorge Salgueiro Mendes e Ofélia Ramos.

O PSD já tinha anunciado que daria liberdade de voto aos seus deputados.

No total, estiveram presentes em plenário 210 deputados. Segundo os dados disponibilizados pelos serviços do parlamento no hemiciclo, votaram a favor 122 deputados, 84 contra e houve quatro abstenções.

O decreto segue agora para redação final e ainda tem que ser apreciado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que o pode promulgar, vetar ou pedir a fiscalização preventiva do texto ao Tribunal Constitucional. Esta quarta-feira, Marcelo garantiu apenas que decidirá rapidamente sobre a lei quando receber o documento em Belém, apontando a altura do Natal como data provável.

A iniciativa tem por base projetos de lei do PS, IL, BE e PAN, e foi aprovada na especialidade na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias na quarta-feira, depois de três adiamentos.

O texto estabelece que a "morte medicamente assistida não punível" ocorre "por decisão da própria pessoa, maior, cuja vontade seja atual e reiterada, séria, livre e esclarecida, em situação de sofrimento de grande intensidade, com lesão definitiva de gravidade extrema ou doença grave e incurável, quando praticada ou ajudada por profissionais de saúde".

Desta vez, em comparação ao último decreto, os deputados deixaram cair a exigência de "doença fatal".

No texto consta um artigo com a definição de vários conceitos, entre eles, o de "sofrimento de grande intensidade" que é definido como "sofrimento físico, psicológico e espiritual, decorrente de doença grave e incurável ou de lesão definitiva de gravidade extrema, com grande intensidade, persistente, continuado ou permanente e considerado intolerável pela própria pessoa".

Uma "doença grave e incurável" é definida como "doença que ameaça a vida, em fase avançada e progressiva, incurável e irreversível, que origina sofrimento de grande intensidade".

Já "lesão definitiva de gravidade extrema" é considerada pelo texto como "lesão grave, definitiva e amplamente incapacitante que coloca a pessoa em situação de dependência de terceiro ou de apoio tecnológico para a realização das atividades elementares da vida diária, existindo certeza ou probabilidade muito elevada de que tais limitações venham a persistir no tempo sem possibilidade de cura ou de melhoria significativa".

O texto de substituição estabelece ainda um prazo mínimo de dois meses desde o início do procedimento para a sua concretização, sendo também obrigatória a disponibilização de acompanhamento psicológico.

BASTA DE VERMOS FENÓMENO RONALDO AZEDO E ARMADO EM CÃO COM PULGAS

Curto e fora de horas com produção do famigerado Expresso do tio Balsemão Bilderberg Impresa, com prosa de Martim Silva, é o que aqui vai ter a seguir. Não sem antes darmos umas estocadas com ferro em brasa, se não levarem a mal.

No referido Curto a abertura que vai ler, ou não, o “milagre” para Isabel… Mais não acrescentamos. Depois segue-se a dita “novela Ronaldo” – como é referido. É aqui, neste tema, que aguentamos os cavalos. Atentem.

Verdade-verdadinha que não nos recordamos que acontecesse no maior futebol clima  semelhante ao gerado por Ronaldo Cabeça Dura, principalmente na seleção nacional de Portugal. Sabemos que ele é madeirense e meio-bronco. Que é um monstruoso convencido, que possui um capital de vedetismo imensurável, que nessa coisa de capital-pilim está podre de rico, que apesar de estar a chegar aos 40 anos quer continuar a ser tratado como um menino de porcelana, e há mais ainda… Sabemos e agradecemos que ele tenha conseguido ser um jogador excepcional, espetacular em certos momentos… Ena, tanto que sabemos!

Não só sabemos o mencionado acima como até compreendemos que com o avançar da idade o Ronaldo-Melhor-do-Mundo já não é quem era. Acontece a todos os atletas. Nós sabemos isso, estamos carecas de saber exatamente essa pequena-grande particularidade. Pasme-se. Ronaldo, a caminhar para a decadência, que já não é o melhor do mundo, ignora essa mesma particularidade. Ignora por casmurrice ou por total ignorância? Era bom que ele soubesse explicar o que nele vai perante a constatação de que os anos não perdoam. Que no caso especifico da profissão dele a idade sobe e o excecional ou muito bom desempenho vai caindo a pique. Agora passa só pelo bom e depois nem isso. Fim. Aconteceu, por exemplo, com Eusébio e com muitos outros bons futebolistas. É frustrante, pois é. Mas toca a todos, seja em que profissão for, mais cedo ou mais tarde.

A saída de tal frustração é aceitar. E sugerir-lhe que dentro do desporto, do futebol – no caso dele – deve avançar para outras alternativas comuns ao futebol. Esperemos que assim ele encontre a paz que merece e que continue a ser muito bom, fenomenal, no caminho que escolher. Rapaz, o caminho faz-se andando. Adiante.

Resta agradecer com um gigantesco muito obrigado a Ronaldo. Portugal e os portugueses agradecem muito. Mas ele também deve estar muito agradecido a Portugal e aos portugueses. Só não gostamos de ver um Ronaldo azedo armado em cão com pulgas. 

Avante! Ronaldo, sai dessa!

A seguir, o Curto do Expresso, sem mais delongas. Porque sim. Um grande abraço a Ronaldo. Arriba, hombre!

MM | PG

Angola | COMO NASCERAM AS ESTRELAS DO JORNALISMO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Até 1974 os jornalistas eram chamados “rapazes dos jornais”. Mulheres contavam-se pelos dedos de uma só mão. Os mais velhos ensinavam os novatos e estes raramente passavam de “repórteres informadores”. Nem sequer tinham direito a uma secretária e máquina de escrever. Isso era para os redactores, cargo destinado a quem tinha muita oficina e longos anos de ofício. Em meados de 1975 os profissionais com experiência, todos juntos, não chegavam para completar os quadros de uma Redacção. Era assim na Imprensa mas também na Rádio. A Televisão nessa altura ainda estava a dar os primeiros passos.

Um fiscal da Inspecção dos Espectáculos gostava muito de teatro e escrevia críticas na Imprensa luandense. Tinha uma base cultural sólida e frequentava todas as tertúlias da intelectualidade de esquerda. Era bom rapaz, bom marido e excelente copo. Quando se deu a debandada geral, ele passou a jornalista no jornal O Comércio, que poucos dias depois, fechou. O pessoal da Redacção passou para o Jornal de Angola, na direcção de Fernando Costa Andrade (Ndunduma). Foi como sopa no mel. Porque na casa, jornalista com ofício e oficina só existia um, Antero Gonçalves, anarco-libertário e a quem eu chamava o Poderoso.

O velho Antero continuou a fazer jornalismo que fazia há três décadas, com elevado profissionalismo e competência. Sem dar nas vistas. O fiscal dos espectáculos já tinha alguns dias de experiência no defunto O Comércio, sabia o que era uma notícia. Mal entrou no Jornal de Angola foi logo elevado a chefe de Redacção, cargo que em condições normais só atingíamos ao fim de muitos anos de ofício. O roteiro era este: Repórter informador, chefe de secção, coordenador e finalmente a chefia. Para chegar a chefe de Redacção eram necessários anos e anos, noitadas e noitadas, canseiras e canseiras.

Mais tarde o nosso fiscal dos espectáculos beneficiou do Princípio de Peter e deram-lhe a chefia a redacção da ANGOP. Diga-se em abono da verdade que o seu desempenho não tornou a agência noticiosa mais irrelevante do que era. Um dia, Manuel Pedro Pacavira foi pedir-lhe para acomodar a sua sobrinha Luzia, que queria muito ser jornalista. O chefe fez-lhe um teste. Toma lá esta folha em branco e escreve aí uma notícia. E ela escreveu: Gosto muito do Tio Paka. A senhora professora diçe que não devemos comer muito cal.

O chefe regressou e leu a redacção da candidata a jornalista. Ficou um nadinha perturbado porque não percebeu bem aquilo do “muito cal”. E perguntou à noviça o que queria dizer. Ela olhou fixamente para o papel e exclamou: Desculpa pá, enganei-me! Pus a cedilha no dice e esqueci-me dela no çal. Tinha acabado de iniciar uma carreira empolgante de jornalista. Assim nasceu uma estrela.

CORRUPÇÃO EM ANGOLA: COMO ANDA A RECUPERAÇÃO DE ATIVOS?

No Dia Internacional contra a Corrupção, analistas ouvidos pela DW pedem maior transparência no processo de recuperação de ativos e insistem na existência de uma justiça seletiva em Angola.

Dois anos depois do escândalo "Luanda Leaks", ainda não são conhecidos os resultados dos processos de investigação a Isabel dos Santos e aos seus parceiros portugueses, alegadamente por suspeita de corrupção e branqueamento de capitais, entre outras infrações. Este facto, sob a capa de reserva e do segredo de justiça, inquieta a diretora executiva da Transparência Internacional-Portugal.

Em entrevista à DW, em reação à recente entrevista concedida pela empresária angolana, Karina Carvalho lembra que "foi interposta, na Holanda, uma ação judicial contra esses facilitadores portugueses que, alegadamente, a terão apoiado no esquema de desvio de fundos da Sonangol". No entanto, "e após este tempo, ainda nada se sabe sobre o processo de recuperação de ativos", diz.

Para a diretora executiva da Transparência Internacional, "isto é particularmente grave", porque a recuperação de ativos tem como "objetivo claro e inequívoco" a compensação das vítimas de corrupção: ou seja, "todos os cidadãos e cidadãs de Angola que se veem privados do acesso à saúde e à educação por causa destes esquemas ruinosos para o país e lesivos do interesse e do bem comum".

Karina Carvalho faz alusão aos processos de recuperação de ativos em Angola, "que parecem estar a dar frutos", mas fala de discrepância entre as declarações de Isabel dos Santos e a ação do governo angolano.

"Por exemplo, Isabel dos Santos diz que não roubou dinheiro nenhum e diz que já se encontra a questionar as ações do Governo de Angola relativamente aos processos que lhe são movidos e inclusivamente ao tal mandado de captura internacional. Mas, simultaneamente, vemos o Presidente João Lourenço a nacionalizar a UNITEL, o que é, de alguma forma, incompreensível", nota.

Para Karina Carvalho, faz falta uma "maior transparência no processo de recuperação de ativos". E por isso, pede uma maior coordenação e troca de informação sistemática entre as autoridades judiciais em Angola, em Portugal e na Holanda, para se evitar discrepâncias entre os processos e as informações que vêm a público. 

"Parece evidente para toda a gente que grande parte da fortuna de Isabel dos Santos decorreu do facto de ter uma relação extraordinária de proximidade com o regime angolano", nomeadamente com o seu pai já falecido, o ex-Presidente de Angola José Eduardo dos Santos.

Angola | Simpatizantes de Jornalismo e Jornalistas Não Praticantes – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O meu tio Jaime adorava ser o que não era e abusava da casmurrice. A primeira máquina que conduziu foi um tractor daqueles que até as rodas eram de ferro. Como o meu pai achava que ele não tinha “queda para a condução, andou anos a tractorar. 

Um dia o meu pai foi vender o café a Luanda e comprou um Jeep Willys daqueles que os norte-americanos usaram na II Guerra Mundial. Nunca soube como apareceram centenas de viaturas dessas em Angola, no final dos anos 40 e durante a década de 50. O tio Jaime aproveitou e começou a conduzi-lo. Engrenava a primeira e ia desde a Kapopa ao Negage sempre na mesma velocidade. Quando lhe pedia para acelerar um bocadinho ele dizia que já ia muito depressa e podíamos ter um desastre. Encostava o nariz ao para-brisas que também podia repousar em cima do capô. O meu irmão chamava-lhe o coca-bichinhos agarrado ao volante. E ele convencido de que era um grande condutor.

Um dia pôs de parte o tractor pesadão e lento, tipo Ronaldo a jogar na selecção de Portugal e decidiu tirar a carta para conduzir uma carrinha ou mesmo um turismo. Foi ao Uíje de carteira recheada e voltou com uma carta de condução daquelas que tinham um “P” e o habilitava a conduzir ligeiros e pesados. Nunca nos disse quanto lhe custou. 

Na colheita seguinte fui com o meu pai a Luanda e ele comprou uma carrinha Chevrolet novinha em folha. Como dez à hora era uma velocidade estonteante e propiciava grandes desastres, demorou um mês a chegar ao Negage.

Casmurro como era, meteu na cabeça que não precisava de prise (quarta velocidade) e da marcha à ré. Porque a nossa xitaca tinha dois portões, entrava por um e saía pelo outro sem precisar de manobras e muito menos da marcha atrás. Quando o tio Jaime bebia uns copinhos a mais ia à oficina do senhor Gorila e propunha vender-lhe a marcha à ré e a prise: Ó Gorila, estão novas, nunca as usei. E o mecânico: Ó Jaime, eu não posso tirar da caixa os carretos da quarta e da marcha atrás. A carrinha nunca mais anda. Mas ele insistia, insistia. Queria mesmo vender a prise e a marcha à ré!

Brasil | Governo Bolsonaro quebrou o país que virou pária internacional

Dívida com organismos internacionais, falta de recursos para o programa governo digital e reajuste de servidores são alguns dos problemas

# Publicado em português do Brasil

O diagnóstico do grupo de transição de Planejamento do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a situação do país chegou à seguinte conclusão: o Brasil não tem planejamento. O governo Bolsonaro destruiu o país ao “implementar uma política de inversão de valores que enfraqueceu a oferta de serviços à população e impediu a modernização da gestão pública.”

Integrantes do grupo concederam entrevista coletiva nesta terça-feira (6) em Brasília. Para se ter ideia, são 5 bilhões de dívidas com organismo internacionais e não tem recursos para continuar programas como o governo digital (gov.br) e conceder reajuste aos servidores públicos federais que estão há sete anos sem aumento. O pior: não tem previsão orçamentária para resolver esses problemas.

“O diagnóstico que vai ficando claro para o governo de transição é que governo Bolsonaro quebrou o Estado brasileiro. Serviços essenciais ou já estão paralisados ou correm grande risco de serem totalmente comprometidos”, criticou o coordenador dos Grupos Técnicos, o ex-ministro Aloizio Mercadante.

Bolsonarista que convocou atiradores para posse de Lula é preso em ato golpista

A ordem de detenção expedida por Alexandre de Moraes foi cumprida pela Polícia Federal nesta terça-feira

Getulio Xavier | Carta Capital # Publicado em português do Brasil

O empresário bolsonarista Milton Baldin, que convocou atiradores para impedirem a posse de Lula no dia 1º de janeiro, foi preso na noite de terça-feira 6 quando participava de um ato golpista em Brasília.

A ordem de prisão foi expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e cumprida pela Polícia Federal. A suspeita é de que ele seja um dos financiadores dos atos antidemocráticos na capital federal. Ele estava em frente ao quartel do Exército quando foi detido e levado para prestar depoimento.

Baldin é do Mato Grosso, mas está em Brasília há várias semanas liderando protestos que tentam impedir que o presidente eleito Lula tome posse. Ele e seus aliados se acumulam em frente ao quartel e pedem que as Forças Armadas promovam um golpe no País.

PERU: COLAPSO DE UMA ESQUERDA SEM RUMO

Voz do país profundo, Pedro Castillo não tinha as chaves para transformá-lo. Sem projeto, alheou-se do real, viu seu apoio desabar e foi presa fácil das elites. Elas ignorarão os apelos da nova presidente à “trégua”. A crise não tem fim à vista

Marisa Glave em entrevista a Pablo Stefanoni | para Nueva Sociedad | em Outras Palavras | Tradução: Maurício Ayer | # Publicado em português do Brasil

A crise política peruana sofreu uma reviravolta. Depois de assumir o poder em 28 de julho de 2021 como expressão do “profundo”, desprezado pelas elites de Lima, Pedro Castillo nunca encontrou rumo. Ele trocou ministros um após o outro, perdeu aliados, foi politicamente errático e acabou dependente de círculos escuros de conselheiros, envolvido em crescentes denúncias de corrupção de seu entorno e sua família. Mas foi sua decisão de fechar o Congresso – que ele acusou de obstrucionista em um discurso em voz trêmula – o que selou seu fim. Duas horas depois, o Congresso, que até então não tinha maioria para “tirá-lo”, conseguiu, e em poucos minutos o presidente foi preso, ao que parece, tentando chegar à embaixada mexicana. 

Como se explica essa aceleração da crise e os erros do presidente peruano? Nesta entrevista, Marisa Glave dá algumas chaves de leitura. Entre 2007 e 2013, ela foi vereadora em Lima e entre 2016 e 2019, deputada da República. Atualmente é pesquisadora associada do Centro de Estudos e de Promoção do Desenvolvimento (DECO).

A hipocrisia e crueldade dos EUA é impiedosa com os migrantes venezuelanos


 Mais uma vez, a questão da imigração expõe a hipocrisia, o desdém pelos direitos humanos, a manipulação e a crueldade dos governantes estadunidenses. Revela o sadismo da superpotência, que empreende uma sabotagem brutal contra a economia venezuelana, fechando todas as vias para que aquele país forneça bens e serviços básicos à sua população e, ao mesmo tempo, fechando a porta a quem sai do seu país em busca de de oportunidades de emprego, profissional e educacional.

Marcos Salgado* | Estratégia.la | # Traduzido em português do Brasil

Basta chegar aos Estados Unidos para saber que o suposto apoio ilimitado de Washington ao povo venezuelano nada mais é do que uma frente de desestabilização destinada a derrubar o governo constitucional bolivariano e a apropriar-se dos recursos naturais do país com as maiores reservas mundiais. óleo.

O governo do "democrata" Joe Biden abandonou a política de conceder liberdade condicional humanitária aos venezuelanos que ingressassem nos Estados Unidos e iniciou a aplicação automática do Título 42, dispositivo estabelecido por Donald Trump que permite (em flagrante violação do direito internacional sobre o direito de asilo) expulsar os migrantes que entrem no seu território sem documentos, a pretexto do combate à propagação da (erradicada) covid-19.

Enquanto isso, a turva oposição venezuelana continua incitando o fenômeno da imigração como prova da suposta "crise humanitária complexa" que a Venezuela está vivendo). Embora a rigor, essa migração não tenha as mesmas características das massivas de cinco anos atrás, no pior momento da crise econômica na Venezuela. Entre os que vão (foram) para os Estados Unidos, manifesta-se uma busca pelo “sonho americano” e não uma fuga para a sobrevivência. Houve a oportunidade de entrar legalmente nos Estados Unidos e isso alimentou esse aumento. E é o que agora está fechado.

Centenas e centenas de venezuelanos foram expulsos para o México em poucas horas. Washington anunciou um novo plano de imigração que prevê receber um total de 24.000 venezuelanos que atendam a requisitos estritos: solicitar sua entrada pela Internet antes de viajar, chegar de avião, ter um contato que lhes garanta apoio financeiro, ter um esquema de vacinação completo e passar por uma avaliação sobre seus dados biométricos e de segurança.

União Europeia: O inusitado discurso colonialista de Borrell e os espelhinhos coloridos

Em seu discurso perante a Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana (Eurolat), Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia, lançou um discurso inusitado no qual reivindicou valores como a colonização, o genocídio de mais de cinco séculos atrás na América e episódios como a Conquista.

Aram Aharonian* | Rebelión | opinião | # Traduzido em português do Brasil

Não é a primeira vez que o dito político socialista usa o pódio para defender ideias eurocêntricas, racistas e discriminatórias. Em outubro, Borrell teve de qualificar a infeliz analogia que fez ao descrever a Europa como um "jardim" e o resto do mundo como "uma selva".

Ora, afirmou Borrell, não é que a América Latina precise da Europa ou vice-versa; é que precisamos um do outro e, como um bom casal, a relação de dependência mútua é benéfica para ambos. Depois de descrever o cenário criado pela pandemia e pela guerra na Ucrânia como uma tempestade perfeita, o catalão afirmou que para a navegar é necessário recalibrar a “bússola estratégica  com plena consciência histórica ”.

"A selva tem grande capacidade de crescimento e  o muro nunca terá altura para proteger o jardim " , fizeram parte das palavras de Borrell, que provocaram forte repúdio da comunidade internacional. Diante das reações de rejeição, Borrell publicou um esclarecimento em seu blog: « Alguns interpretaram mal a metáfora como 'eurocentrismo colonial' .  Sinto muito se alguns foram ofendidos", escreveu ele. 

Estiveram presentes 150 parlamentares. Metade veio da Europa e a outra metade da América Latina, ou seja, do Parlatino (Parlamento Latino-Americano), do Parlandino (Parlamento Andino), do Parlacen (Parlamento Centro-Americano), do Parlasul (Parlamento do Mercosul) e dos Congressos do Chile e México.

DE ONDE VEIO ESSE GOLPE DA "NOVA ORDEM MUNDIAL"?

O “Projeto de Engenharia Social” de Rockefeller

Jens Jerndal*  |  por Global Research | em South Front | # Traduzido em português do Brasil

A “Nova Ordem Mundial” (NWO) é um projeto de engenharia social que visa remodelar a civilização humana no Planeta Terra  em todos os seus aspectos, para atender aos interesses egoístas de um pequeno grupo de bilionários obcecados pela ganância por poder e lucro. Mas também – e não menos – obcecados por seu medo de que massas violentas, famintas e carentes saqueiem e destruam suas propriedades. E ansiosos para mostrar como eles são superiores a 99,99% de seus semelhantes - e sua capacidade de vencer a Natureza, o Universo e a Consciência Divina no jogo eterno da Criação.  

A ideia da NWO surgiu da ideia de negócio de John D. Rockefeller, já eclodida por volta de 1900, para cuidar da saúde e fazer um monopólio global da ciência médica. Assim como já havia criado um virtual monopólio global do negócio do petróleo.

A iniciativa egoísta brilhante, mas sorrateira, de Rockefeller assumiu o disfarce de uma instituição sem fins lucrativos para escapar dos impostos e, ao mesmo tempo, ganhar respeito, se não popularidade, em vez da raiva e ódio que seus métodos de negócios cruéis lhe renderam até então.

E que melhor maneira de assumir o controle da pesquisa, educação e prática médica? – Tudo sob o pretexto de generosamente doar fortunas em benefício das massas – e da Ciência. Enquanto adapta tudo ao seu próprio modelo de negócios estritamente lucrativo. O que resultou no mantra secreto da Big Pharma “Todo paciente curado é um cliente perdido” tornando-se um princípio fundamental da medicina escolar ocidental moderna. Não oferece nenhuma cura, apenas tratamentos ao longo da vida com drogas farmacêuticas sintéticas patenteadas e de alto preço e cirurgia com uma longa lista de efeitos colaterais potencialmente fatais que precisam de drogas adicionais.

Ao criar a Fundação Rockefeller “sem fins lucrativos” em 1913  “para aliviar o sofrimento humano em todo o mundo”, seus bilhões de petróleo ficaram isentos de impostos e poderiam ser usados ​​para controlar discretamente quase tudo o que ele quisesse assumir, por meio de compras diretas ou subornos, ou através de doações com condições específicas, ou influenciando Conselhos de Administração e outros tomadores de decisão. Cientistas, pesquisas e publicações foram compradas, e políticos foram financiados e obrigados a mudar as legislações para favorecer os interesses comerciais de Rockefeller. 

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