Presidente francês garantiu hoje, em Libreville, que a reorganização do dispositivo militar francês em África "não é uma retirada nem um descomprometimento" e que a França tem uma nova forma de relação com o continente.
"Não se trata nem de uma retirada nem de um descomprometimento, mas de adaptar um dispositivo", redefinindo as "necessidades" dos países parceiros e oferecendo "mais cooperação e formação", disse Emmanuel Macron num encontro com a comunidade francesa na capital gabonesa, onde vai participar numa cimeira sobre a proteção das florestas tropicais.
O Presidente francês reafirmou também perante a comunidade francesa que era da 'Françafrique', termo habitualmente usado para definir a relação de França com as suas antigas colónias em África, "acabou" e que o país é agora um "interlocutor neutro" no continente.
O chefe de Estado francês havia anunciado na segunda-feira (27.02), num discurso em Paris, uma redução da presença militar francesa, que se concentra há dez anos na luta contra os combatentes extremistas na região do Sahel, e apelou a novas parcerias no continente, longe de ligações opacas e de apoio a líderes locais herdados do período colonial e inerentes à 'Françafrique'.
"A era de 'Françafrique' já passou e às vezes tenho a sensação de que as mentalidades não evoluem ao mesmo ritmo que nós - quando leio, ouço, vejo que são atribuídas à França intenções que ela não tem, que já não tem", declarou Macron.
"Parece que ainda se espera da França posições que ela se recusa a tomar e eu assumo isso totalmente. No Gabão, como noutros lugares, a França é um interlocutor neutro que fala com todos", sublinhou.
Críticas da oposição
Nos últimos dias, a chegada de Emmanuel Macron foi criticada por parte da oposição política gabonesa e da sociedade civil, que o acusam de vir "suavizar" as políticas de Ali Bongo, reeleito Presidente em condições controversas em 2016 e que provavelmente concorrerá à reeleição este ano.
"Não vim investir ninguém. Só vim para mostrar a minha amizade e a minha consideração a um país e a um povo fraterno", insistiu Macron.
Tomando o exemplo da cimeira para a preservação das florestas tropicais, coorganizada pela França e pelo Gabão, Macron reiterou o desejo de "construir uma parceria equilibrada" e "trabalhar causas comuns" com os países do continente, seja no clima, na biodiversidade ou nos desafios económicos e industriais do século XXI.
Emmanuel Macron participa na One Forest Summit, com vários chefes de Estado e ministros do Ambiente e Florestas de países centro-africanos, no início de uma visita de quatro dias à região, que começou na quarta-feira (01.03) à noite, quando foi recebido pelo seu homólogo gabonês.
Hoje pela manhã, Macron visitou uma área protegida da costa gabonesa a norte de Libreville, onde, em declarações aos jornalistas, alegou que é preciso "mobilizar financiamento internacional", porque se fala "nas cimeiras em de milhares de milhões, mas as pessoas veem muito pouco no terreno porque os mecanismos são imperfeitos".
Esta é a 18ª viagem de Emmanuel
Macron, desde o início de seu primeiro mandato de cinco anos, em
Desde 2022, o exército francês foi expulso pelas juntas militares no poder do Mali e do Burkina Faso, país que esta terça-feira também denunciou um acordo de assistência militar assinado com a França em 1961, um ano após a independência desta antiga colónia francesa.
Depois do Gabão, o Presidente francês viajará para Angola, onde assinará na sexta-feira (03.03) um acordo para desenvolver o setor agrícola.
Macron conclui este roteiro na República Democrática do Congo (RDC), antiga colónia belga e o maior país francófono do mundo, onde também o Presidente Felix Tshisekedi, no poder desde janeiro de 2019, se prepara para as eleições deste ano.
Deutsche Welle | Lusa
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