O comandante-geral da PRM pediu desculpas pelos óbitos provocados pelas autoridades, considerando que se tratou de episódios "imprevisíveis" e que a ambição da corporação era garantir a ordem.
"Há sempre situações imprevisíveis e nós tivemos incidentes aqui [Chiure] em que um jovem perdeu a vida. A Polícia lamenta esta ocorrência e, com muito respeito e amor à vida, nós não temos vergonha em dizer que pedimos desculpa por este incidente e vários outros registados", declarou Bernardino Rafael, durante um comício na quarta-feira em Chiure, na província de Cabo Delgado.
Em causa estão episódios em operações dos agentes da polícia moçambicana que provocaram a morte ou ferimentos de civis, queixas que foram comuns, neste ano, sobretudo ligadas a manifestações promovidas por alguns grupos da sociedade civil ou partidos políticos durante o período posterior às eleições autárquicas de 11 de outubro.
"Não é normal no mundo o comandante-geral da polícia aparecer a pedir desculpas, mas, porque nós queremos trazer esta humanização da vossa polícia, é uma obrigação moral, social e espiritual do comandante-geral pedir perdão pelos erros cometidos pelos agentes da polícia. Pedimos perdão a todas as famílias para quais não prestamos o serviço como devia ser", declarou Bernardino Rafael.
Queixas sobre alegado uso desproporcional da força por agentes da polícia moçambicana nos últimos meses têm sido frequentes, com registo de casos em marchas pacíficas, principalmente de partidos políticos, que acabaram por ser reprimidas com violência, e alguns casos de civis mortos durante operações policiais.
Em 18 março, um grupo de ativistas tentou organizar marchas em homenagem ao rapper de intervenção social Azagaia, que morreu uma semana antes, mas as autoridades reprimiram com violência a iniciativa, mesmo havendo um documento do Conselho Municipal que autorizava a iniciativa.
Os episódios, que deixaram diversos feridos, mereceram a condenação de várias entidades, que alertaram para a violência policial injustificada face a grupos pacíficos e desarmados, classificando-os como um dos sinais mais visíveis das limitações à liberdade de expressão e de manifestação em Moçambique.
Deutsche Welle | Lusa
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