terça-feira, 31 de janeiro de 2023

PREVISÃO DO PENTÁGONO DE UM CONFLITO 'INEVITÁVEL' COM A CHINA EM 2025

A GUERRA É A PRINCIPAL 'MERCADORIA DE EXPORTAÇÃO' DOS EUA

Um general quatro estrelas da USAF enviou um memorando a seus oficiais que prevê que os Estados Unidos estarão em guerra com a China em 2025 e diz a eles para se prepararem disparando 'um pente' em um alvo e "apontando para a cabeça".

Drago Bosnic* | South Front | # Traduzido em português do Brasil

Para um país constantemente batendo no peito sobre o tamanho de sua economia, os Estados Unidos são extremamente dependentes de uma forma de “exportação” – a guerra. Durante décadas, o Ocidente político liderado pelos americanos usou guerras por procuração para prejudicar seus adversários geopolíticos. Embora a maioria deles não fosse uma ameaça existencial direta para os rivais dos EUA e fossem relativamente limitados em escopo, os anos recentes trouxeram uma grande mudança nessa abordagem estratégica.

Washington DC tornou-se mais belicista do que em qualquer outro momento de sua história, atacando agressivamente o coração de seus oponentes. No caso da Rússia e da China, a única razão pela qual os Estados Unidos não estão atacando diretamente nenhuma das superpotências é sua capacidade de “ retribuir o favor ” imediatamente. E, no entanto, os EUA continuam alimentando conflitos que estão empurrando o mundo cada vez mais perto de outro conflito global.

Ucrânia e Taiwan são os dois exemplos mais proeminentes da estratégia americana de “escalada acelerada”, obviamente projetada para causar “tomada de decisão irracional” tanto em Moscou quanto em Pequim, de acordo com a RAND Corporation, financiada pelo Pentágono.. Com a Ucrânia chegando ao ponto de ebulição e a Rússia forçada a intervir, Washington DC está determinado a fazer o mesmo com a China em Taiwan. Nos últimos anos, altos funcionários americanos, incluindo vários comandantes militares, alertaram sobre a “inevitabilidade da guerra com a China”. No entanto, a última declaração é bastante preocupante, emitida na forma de um memorando por um general de quatro estrelas ativo e distribuído com uma ordem oficial. Isso é particularmente perigoso, especialmente quando se leva em consideração o fato de que o general tomou a iniciativa de transmiti-lo através da cadeia de comando oficial. De acordo com a NBC News, o general Mike Minihan enviou a seus oficiais subordinados:

“Um general de quatro estrelas da Força Aérea enviou um memorando na sexta-feira aos oficiais que ele comanda que prevê que os EUA estarão em guerra com a China em dois anos e diz a eles para se prepararem disparando 'um pente' em um alvo, e 'apontar para a cabeça'. No memorando enviado na sexta-feira e obtido pela NBC News, o general Mike Minihan, chefe do Comando de Mobilidade Aérea, disse: 'Espero estar errado. Meu instinto me diz que vou lutar em 2025.'”

De acordo com várias fontes, o general da Força Aérea dos EUA comanda aproximadamente 50.000 militares americanos e quase 500 aviões, tornando seus comentários ainda mais preocupantes. Isso é particularmente verdadeiro quando se leva em conta que a USAF está no controle direto de dois braços da tríade termonuclear americana – seus ICBMs terrestres (mísseis balísticos intercontinentais) e bombardeiros estratégicos com armas nucleares. Talvez a parte mais alarmante da terrível previsão seja que ela instruiu os comandantes sob seu comando a “considerar seus assuntos pessoais e se uma visita deve ser agendada com o escritório jurídico da base de serviço para garantir que eles estejam legalmente prontos e preparados.

Ele ainda pediu “uma equipe de manobra de força conjunta fortificada, pronta, integrada e ágil, pronta para lutar e vencer dentro da primeira cadeia de ilhas”. Minihan também emitiu uma ordem para que todas as etapas de preparação para a guerra com a China fossem relatadas a ele diretamente até 28 de fevereiro.

“Minihan disse no memorando que, como Taiwan e os EUA terão eleições presidenciais em 2024, os EUA ficarão 'distraídos' e o presidente chinês Xi Jinping terá a oportunidade de avançar para Taiwan.”

A redação é bastante preocupante, especialmente quando vem de um comandante militar de alto escalão. O General Minihan instruiu todo o pessoal do Comando de Mobilidade Aérea a “disparar um pente em um alvo de 7 metros com o pleno entendimento de que a letalidade impenitente é o mais importante. Mire na cabeça.” Usar tais frases ao falar sobre a “guerra vindoura” com uma China com armas nucleares é imprudente, para dizer o mínimo, para não mencionar o completo desrespeito pela etiqueta diplomática mais básica. Além disso, as capacidades convencionais da China são muito diferentes em comparação com apenas uma década atrás. Pequim investiu pesadamente em avanços tecnológicos que rivalizam ou até superam os americanos, particularmente em armas hipersônicas, nas quais Washington DC fica significativamente atrás .

Ainda assim, a China passou décadas tentando resolver a questão de Taiwan pacificamente , especialmente por meio de laços econômicos estreitos com a ilha, mas os EUA têm prejudicado esses esforços , principalmente nos últimos anos. As tentativas de Pequim de alcançar a reunificação política não violenta com Taiwan foram severamente comprometidas pelas entregas de armas americanas, com Taipei gastando dezenas de bilhões em armas, a maioria das quais nem mesmo foi entregue devido ao atual foco dos EUA na Ucrânia. A China tem alertado Washington DC contra fomentar as ambições de independência de sua província insular separatista. No entanto, os EUA não apenas ignoraram isso, mas parecem já estar planejando outra guerra com outra superpotência.

Foto: Imagem Ilustrativa

* Analista geopolítico e militar independente

MAIS SOBRE O TEMA em South Front:

Guerra entre EUA e China em 2025. A Profecia de Minihan  

Comandante do USMC no Japão diz que o Pentágono está se preparando para a guerra com a China

AS DUAS PERCEPÇÕES DA GUERRA NA UCRÂNIA

Thierry Meyssan*

A intervenção militar na Ucrânia não é de todo interpretada da mesma maneira no Ocidente e na Rússia. É um caso de estudo. Esta diferença de representação não provêm de interesses materiais antagonistas, mas de diferentes concepções daquilo que é o Homem e do que a Vida é. Para uns, o inimigo tentaria restaurar a grandeza do Império czarista ou da União Soviética, enquanto para os outros, tratar-se-ia de incarnar o Bem.

o conflito opondo os partidários de « um mundo baseado em regras » aos que preconizam um retorno a « um mundo baseado no Direito Internacional » prossegue. Ele começou com a intervenção militar russa na Ucrânia e vai durar anos.

A situação militar no terreno está bloqueada, como sempre durante o inverno nesta região do mundo. Os partidários de « um mundo baseado em regras » continuam a recusar implementar a Resolução 2202 do Conselho de Segurança da ONU, enquanto os de « um mundo baseado no Direito Internacional » realizam uma operação militar especial para a pôr em prática. No fim de tudo, eles afastam-se progessivamente e estabilizam a situação das populações da Novorussia.

A passagem de uma guerra de movimento para uma guerra de posições permitiu a cada protagonista reflectir sobre as razões que o levaram ao combate. Agora, já não são duas visões das relações internacionais que se enfrentam, mas duas concepções do Homem.

Entre as tropas de Kiev, é preciso distinguir os « nacionalistas integralistas », sempre ardorosos no combate, dos soldados profissionais e dos cidadãos mobilizados para a ocasião. Os primeiros são homens formados ideologicamente que consideram que matar o Russo é um dever imemorial sagrado. Eles referem-se aos escritos de Dmytro Dontsov e ao exemplo de Stepan Bandera. O primeiro foi administrador do Instituto Reinhard Heydrich em Praga e, como tal, foi um dos ideólogos da « solução final das questões judaica e cigana », o segundo foi o chefe dos colaboracionistas ucranianos do nazismo contra os Soviéticos. O outro grupo de soldados de Kiev, que representava dois terços destes no início da intervenção russa, já não tem moral. Eles verificam que as armas ocidentais são entregues aos « nacionalistas integralistas », mas não a si. São considerados como carne para canhão e sofrem altíssimas perdas. As redes sociais estão cheias de mensagens vídeo de unidades protestando contra os seus oficiais. Houve uma primeira vaga de descontentamento no Outono. Agora a segunda. Se eles pensavam que estavam a defender a pátria face a um invasor, agora sabem que o seu país está nas mãos de uma clique que purgou as bibliotecas, tomou o controle de todos os média (mídia-br), proibiu 13 partidos políticos e a Igreja Ortodoxa, e, por fim, estabeleceu um regime autoritário. Na semana passada, o antigo Conselheiro de comunicação do Presidente Zelensky, o Coronel Oleksiy Arestovitch, disse-lhes que a Ucrânia travava o mau combate e que erradamente considerou seis milhões dos seus cidadãos como « agentes russos ». Eles sabem que a maior parte dos jornalistas foi presa e a maioria dos advogados fugiu para o estrangeiro. Portanto, sentem-se ameaçados tanto pelo Exército russo como pelo seu próprio Governo. Os múltiplos escândalos de corrupção, que eclodiram na semana passada, dão-lhes a confirmação que não são mais do que peões entre os Estados Unidos e a Rússia.

EUTANÁSIA E AS MORTES POR "CORTES" NO SERVICO NACIONAL DE SAÚDE

PORTUGAL

Coisa importante do Expresso Curto. Um assunto muito sério que parece argumento de telenovela intitulada "Sim, Não, Pois... Nim!", vulgarmente conhecida por Eutanásia... Sábios, doutores e engenheiros das legalidades divergem, os prováveis entendidos das humanidades também. Complicado, parece. Mas os legalistas são todos muito lentinhos e empatas. Pior: é o próprio Estado, os Governos e as tralhas todas das políticas e legislações, os deputados e os políticos que são quem condenam a eito à morte imensos portugueses jovens e nem por isso. Que o digam pais que perdem filhos jovens e muito jovens. Filhos que perdem pais pujantes. E ainda crianças ou cidadãos relativamente idosos e nem por isso porque situados na meia-idade... Que o digam, por exemplo, em casos de doenças oncológicas, que não iniciam atempadamente os tratamentos adequados para "matar" o cancro por via de quimioterapia e que meses depois tudo se complica e morrem. Jovens mortos (há casos comprovados) e de outros de várias faixas etárias porque não existiam (nem existem) vagas para atempadamente fazerem o tratamento de quimioterapia adequado que lhes devolveria a vida normal de cidadãos futuros que não o vão ser. Que não o são. Porquê? Devido aos "cortes" orçamentais na saúde! De quem é a responsabilidade pela falta de tratamento adequado - neste exemplo a falta de vagas para a salvadora quimioterapia? Sem dúvida que são os políticos nos governos. Nos maus governos recheados de incompetentes, de corruptos, de despesistas que se borrifam para a saúde e as vidas dos portugueses. 

É curioso que disso não se fale ou quase nem se fale, nem sejam apuradas estatísticas. Muito menos que sejam apontados os responsáveis pelo caos de tantas mortes causadas por falta dos tratamentos adequados. É claro que essa postura, essas decisões dos "cortes", desembocam no flagrante desprezo pela vida dos que dizem que governam, mas estão é com o fito de se governarem e ascenderem a nomeações que os transportem ao fausto quando afinal não o merecem. Nem como políticos, nem como detentores da sensibilidade para servirem o coletivo, a coisa pública. O que querem é servir-se, assim como aos seus familiares, amigos ou conhecidos à babuja de sobras de migalhas ou de uma qualquer "engenharia" corrupta. Os conluios que vimos anos depois expostos e que são coisa farta.

Mas não. Nem agora nem nunca se debate a sério as mortes de portugueses  causadas por incúria e desprezo de detentores dos poderes, os chamados governantes, os políticos que fartamente são sustentados pelos contribuintes, pelos portugueses em geral. Muito mais pobres que ricos, porque a esses - ricos - no privado não falta o tratamento adequado do exemplo de doença supra citado. E as suas vidas continuam. Ainda bem. Ainda mal, as desigualdades evidentes.

Eutanásia é o que se discute. E bem. Decisões demoradas mas que talvez se justifiquem. Assunto melindroso que merece cuidados muito especiais. Porém, pergunte-se se a vida e saúde dos portugueses também não merece cuidados muitos especiais. A realidade mostra-nos que não. E pior não acontece pela abnegação de imensos profissionais de saúde na generalidade e em particular no IPO nos casos que lhe cabem devido à sua especialidade.

Pena que as mortes por "cortes" no SNS, suas respetivas e terríveis consequências, não sejam criminalizáveis.

Mas isto afinal devia ser só a abertura habitual para o Curto do Expresso, as dores dos que perdem jovens filhos e filhas provavelmente não são para aqui chamadas. Vá para o Curto, não dói nada mas é de morte que trata. É que a vida madrasta por vezes não merece nem apetece ser vivida.

Curta o Curto. Vale.

MM | PG

Em Portugal 132 anos antes - REVOLTA DE 31 DE JANEIRO NO PORTO REPUBLICANO

Revolta de 31 de janeiro de 1891

A Revolta de 31 de Janeiro de 1891 foi o primeiro movimento revolucionário que teve por objectivo a implantação do regime republicano em Portugal. A revolta teve lugar na cidade do Porto.

As Causas

No dia 31 de Janeiro de 1891, na cidade do Porto, registou-se um levantamento militar contra as cedências do Governo (e da Coroa) ao ultimato britânico de 1890 por causa do Mapa Cor-de-Rosa, que pretendia ligar, por terra, Angola a Moçambique.

A 1 de Janeiro de 1891 reuniu-se o Partido Republicano em congresso, de onde saiu um directório eleito constituído por: Teófilo BragaManuel de ArriagaHomem CristoJacinto NunesAzevedo e SilvaBernardino Pinheiro e Magalhães Lima.

Estes homens apresentaram um plano de acção política a longo prazo, que não incluía a revolta que veio a acontecer, no entanto, a sua supremacia não era reconhecida por todos os republicanos, principalmente por aqueles que defendiam uma acção imediata. Estes, além de revoltados pelo desfecho do episódio do Ultimato, entusiasmaram-se com a recente proclamação da República no Brasil, a 15 de Novembro de 1889.

As figuras cimeiras da "Revolta do Porto", que sendo um movimento de descontentes grassando sobretudo entre sargentos e praças careceu do apoio de qualquer oficial de alta patente, foram o capitão António Amaral Leitão, o alferes Rodolfo Malheiro, o tenente Coelho, além dos civis, o dr. Alves da Veiga, o actor Miguel Verdial e Santos Cardoso, além de vultos eminentes da cultura como João ChagasAurélio da Paz dos ReisSampaio BrunoBasílio Teles, entre outros.

Portugal | UNS FAZEM SACRIFICIOS, OUTROS RECEBEM PRÉMIOS

Rosália Amorim* | Diário de Notícias | opinião

A presidente da TAP pode vir a receber um prémio de dois milhões de euros se os objetivos forem cumpridos. Na prática, os trabalhadores - e os portugueses, que se sentem acionistas da companhia, enquanto contribuintes - ficam com a clara sensação de que, quanto maiores forem os cortes e mais sacrifícios a líder pedir aos trabalhadores, melhor e mais gordo será o cheque com o bónus da presidente.

Quem fez e anuiu a este contrato? Numa empresa como esta, intervencionada e que suga dinheiro público, um bónus desta dimensão não pode ficar sem ser escrutinado, sem explicação aos contribuintes. O mesmo pode ser ofensivo tanto para estes como, em particular, para os trabalhadores da companhia.

Além do bónus, vamos aos salários: a administração executiva da TAP recebeu perto de 1,5 milhões de euros em salários no ano de 202. Nesta lista, estava ainda Alexandra Reis - que se sentou e levantou da cadeira de secretária de Estado do Tesouro, envolta em polémica, por ter auferido meio milhão de euros de indemnização -, que acabou por sair da TAP. Enquanto administradora, ganhou 245 mil euros em 2021, segundo o Relatório de Governo Societário desse ano.

Christine Ourmières-Widener, a presidente executiva, leva a maior fatia do bolo salarial, um terço do total: 504 mil euros anuais.

Os restantes quatro administradores arrecadaram, cada um, 245 mil euros. Nesse ano, segundo o documento, devido à difícil situação financeira da empresa, nenhum recebeu componentes variáveis ou prémios. Em plena pandemia, realmente era só o que faltava para ter mais uma cereja no topo do bolo.

Nascida em França e a trabalhar em Portugal, a presidente da TAP pode ainda receber até 30 mil euros de subsídio de residência.

O valor determinado para os administradores executivos é o que mais pesa no total de remunerações da transportadora, refletindo um corte de 30% devido à situação da empresa. Mas, entre os administradores executivos e não-executivos, o Conselho Fiscal e a Assembleia-Geral, a TAP pagou em 2021 quase dois milhões em remunerações. São 1,8 milhões.

Desse total, praticamente 353 mil euros foram pagos aos cinco administradores não-executivos.

Numa empresa privada, nada disto levantaria ondas. No privado são os acionistas que decidem e têm a faca e o queijo na mão e, para máximo desempenho e máxima meritocracia, deve mesmo haver retribuição e prémios a condizer. Numa empresa que ainda é pública, pede-se um pouco mais de decoro.

*Diretora do Diário de Notícias

A ALIANÇA E O ABRAÇO AMIGO DO PSD DE MONTENEGRO A VENTURA E AO CHEGA

PORTUGAL

Nogueira Pinto, um papa da extrema-direita “democrática”, dá o chuto de saída em declarações ao Diário de Notícias sobre a campanha de mentalização do abraço amigo do PSD, falso social-democrata, ao partido de Ventura chefe do Chega. A aliança do PSD ao Chega está mais perto de se concretizar que antes de Montenegro assumir a chefia do partido fundado por Francisco Sá Carneiro. Aliás, o namoro já vem desde a chefia de Rui Rio, tendo progredido em laços secretos que só passam despercebidos aos portugueses eleitores mais distraídos ou… tendencialmente neofascistas. A política portuguesa é o que é, a extrema direita ganha terreno no país, na Europa e no mundo. Parece que quase todos se esqueceram dos anos tenebrosos do hitlerismo, do holocausto, das desumanidades do nazi-fascismo… e em Portugal do salazarismo opressor, criminoso, ditatorial. A desumanidade e antidemocracia avança a passos largos nas suas botas cardadas. É o que se pode tirar por ilação nas declarações que se segue, hoje publicadas no Diário de Notícias. Vão ler e reparem que há outros que declaram que não estão nada de acordo com o namoro e futura aliança PSD-Chega. Além disso também existem os desonestamente declarados "ainda titubeantes" mas secretamente na linha do Chega. Chega? Pudera!  (PG)

PSD recusa dizer não ao Chega

Jaime Nogueira Pinto diz que se vive, nos sociais-democratas, um "dilema agudo" que prolonga a "ambiguidade". O cenário de um acordo de governação entre PSD e Ventura não é "pacífico" no partido de Luís Montenegro.

Artur Cassiano | Diário de Notícias

Admite negociar um acordo parlamentar ou de governo tal como sugere André Ventura? A pergunta dirigida a Luís Montenegro ficou sem resposta.

Marques Mendes, atual conselheiro de Estado, é claro: "A ideia ambígua de que, se ganhar eleições, o PSD pode fazer um acordo com o Chega só beneficia o partido de André Ventura. À direita, dá um sinal de que votar num partido ou noutro é irrelevante, retirando assim voto útil ao PSD. Ao centro, impede o PSD de conquistar eleitores moderados. O PSD tem vantagem em fazer o que fez a IL: "cortar" com o Chega."

Jorge Moreira da Silva, candidato derrotado por Luís Montenegro nas últimas diretas do PSD, em maio de 2022, é mais direto ainda: com o Chega "nunca, jamais, em tempo algum". "Viola os nossos valores e princípios. E nisso não se transige." E vai mais longe: "Considero lamentável a presença do PSD na Convenção do Chega. É uma inaceitável normalização de um partido racista, xenófobo, extremista."

Na direção de Luís Montenegro, pelo que apurou o DN, a questão de "clarificar a posição" do partido não é "pacífica" [há quem como Paulo Rangel já tenha dito que "acordos com o Chega são uma linha vermelha inultrapassável"] e nem a todos - e aqui o leque do desagrado estende-se a alguns deputados e dirigentes locais - agradou que Miguel Pinto Luz, um dos seis vice-presidentes, não tivesse afastado, depois de o PSD ter sido atacado "violentamente" durante três dias na Convenção Nacional do Chega, a ideia "criada" por André Ventura de que está "aberta a possibilidade de começarmos a criar a tal alternativa [um governo PSD/Chega] que o Presidente da República pediu, caso o governo socialista caia" - o cenário de eleições antecipadas depois das Europeias foi admitido por Luís Montenegro em entrevista ao jornal Eco.

Durante a disputa interna pela presidência do PSD, o antigo secretário de Estado de Durão Barroso, ex-consultor de Cavaco Silva e antigo ministro do Ambiente no governo de Passos Coelho, disse [frase agora sublinhada] não ter dúvidas de que "enquanto o PSD não for claro [recusando o Chega], estamos a encolher a nossas chances eleitorais".

Moçambique considera "complicada" situação após ataques armados na África do Sul

A ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique considerou hoje "complicada" a situação provocada por ataques a viaturas de moçambicanos na África do Sul, assegurando esforços entre os governos dos dois países para acabar com a insegurança.

"As medidas estão a ser tomadas para que aquilo não volte a acontecer, mas não é uma coisa simples, é complicado para nós", afirmou Verónica Macamo, em declarações aos jornalistas.

Macamo falava no final da acreditação em Maputo de novos embaixadores pelo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.

A chefe da diplomacia moçambicana avançou que decorre um trabalho com as autoridades sul-africanas para que os ataques a viaturas que atravessam a fronteira entre os dois países cessem.

"A nossa responsabilidade é tomar conta dos moçambicanos e evitar que os moçambicanos sejam assaltados e as suas viaturas ou os seus bens sejam danificados e furtados", acrescentou Verónica Macamo.

Alguns transportadores moçambicanos, a fazer a ligação entre Maputo e Durban, na África do Sul, suspenderam no domingo a atividade, na sequência de relatos de ataques e assaltos num troço sul-africano.

Jonas Fumo, membro da Comissão de Transportadores da Junta, um dos terminais de Maputo, disse que os motoristas "com chapas de matrícula nacionais receiam deslocar-se à África do Sul usando a fronteira da Ponta do Ouro", de acordo com a Agência de Informação de Moçambique (AIM). 

Juliana Mwuitu, administradora do distrito de Matutuíne, que faz fronteira com a África do Sul, referiu que houve viaturas incendiadas no sábado, a 90 quilómetros da fronteira, numa ação relacionada com conflitos locais com moçambicanos.

Não houve feridos, os passageiros foram assistidos pelas autoridades sul-africanas e escoltados de regresso a Moçambique.

O ataque do fim de semana segue-se a outros episódios que ocorreram no último ano, em que autocarros foram imobilizados por homens armados e os passageiros vítimas de roubo.

PMA (LFO) // VM - Lusa

Moçambique | MILHARES DE ALUNOS AO RELENTO NO NOVO ANO LETIVO

Bernardo Jequete (Manica) | Deutsche Welle

Arranca hoje (31.01) o ano letivo e continuam a faltar infraestruturas. Só na província de Manica, estima-se que mais de 24 mil alunos tenham de aprender ao ar livre. "É inconcebível", dizem encarregados de educação.

O novo ano escolar está a começar em Moçambique e ainda há problemas antigos por resolver. A Direção Provincial de Educação e Desenvolvimento Humano em Manica estima que 554 turmas deverão começar o ano com aulas ao livre, porque não há salas para todos os alunos.

Para o encarregado de educação Baptista José, é "inconcebível" que os alunos sejam obrigados a aprender debaixo de uma árvore e escrevendo sobre o joelho, sobretudo na época chuvosa.

"O Governo poderia preparar as salas e garantir que as crianças possam estudar em boas escolas. Agora, em baixo da árvore não vai aprender nada, porque, em tempos de chuva, a criança não vai à escola. Em tempo de frio, a criança não vai à escola. Isso não está correto", lamenta.

Pedro Primeiro, outro encarregado de educação em Manica, frisa que os alunos saem bastante prejudicados e levanta a questão: "É assim que Moçambique pretende educar os seus jovens?".

"Muitas das vezes somos obrigados, nós como pais, a comprar bancos para fazer com que os nossos alunos se sentem", conta. "Mas sentando debaixo de uma mangueira, por exemplo, e com essa chuva, como é que eles vão aprender? Quando chove será que vão à escola?", questiona.

“Relação Portugal-Angola entrou numa fase de maturidade” – embaixador luso

O embaixador português em Luanda considera que a relação Portugal-Angola é hoje pautada pela “maturidade”, depois de ultrapassados os “irritantes” e com a passagem do tempo a amenizar a “turbulência” recente entre os dois países.

Em entrevista à Lusa, divulgada ontem, Francisco Alegre Duarte, embaixador de Portugal em Angola, considera que as "relações hoje em dia são excelentes, sem os chamados irritantes, pautadas pela igualdade, fraternidade e acima de tudo maturidade”, reconhecendo que a passagem do tempo "ajudou”.

"Tivemos uma guerra colonial, houve uma revolução em Portugal, houve uma descolonização turbulenta, houve uma guerra civil e grandes mudanças em Angola, nomeadamente em termos demográficos, o que tem também repercussões políticas”, salientou, notando que a idade média da população angolana é de 17 anos, o que significa que a maior parte dos angolanos nasceu depois da guerra civil (que acabou em 2002) e da Independência, conquistada em 1975.

"Eu não sofro de complexos coloniais ou neocoloniais. Acho que é tempo de termos entre nós uma relação madura e exigente e esse tempo já chegou”, enfatizou o diplomata, sublinhando que as relações "são excelentes” e "cúmplices”, como comprova a relação entre os dois Presidentes, João Lourenço, e Marcelo Rebelo de Sousa, que esteve em Angola por duas vezes no ano passado.

Para Francisco Alegre Duarte, a "dita turbulência permitiu construir uma relação entre iguais” que tiveram, de certa forma, "uma libertação conjunta”.

"Gostaria muito que assinalássemos conjuntamente o 25 de Abril” que está prestes a celebrar o seu cinquentenário, em 2024, tal como acontece com Angola que comemora os seus 50 anos como país independente em 2025.

"Isto está tudo ligado”, comenta, assinalando que a aproximação de Portugal a Angola não se resume ao plano económico, estendendo-se às Artes e à Cultura, com destaque para artistas como o humorista Gilmário Vemba ou músicos como Matias Damásio, Paulo Flores, Yuri da Cunha que gozam de grande popularidade nos dois países.

"Há aqui um enorme manancial de oportunidades e não pode ser o Estado a fazer tudo”, prosseguiu, incentivando os grandes clubes portugueses a criar academias em Angola e as universidades a adoptarem um papel "mais agressivo” no que diz respeito, por exemplo, à captação de alunos.

Apesar do número de emigrantes ter vindo a diminuir desde 2015, Angola continua a atrair portugueses.

Segundo o último relatório do Observatório da Emigração, Angola encontrava-se no top 10 dos destinos favoritos - o único não europeu - existindo actualmente mais de 127.000 portugueses registados (dos quais 60% com dupla nacionalidade).

Uma atracção que se justifica, segundo Francisco Alegre Duarte, devido à "relação densa” e às ligações familiares com Portugal, bem como a História, a língua e as relações económicas.

"É uma comunidade diferente da que temos na África do Sul, Venezuela ou Brasil, é muito entrosada, muito ligada por laços familiares à sociedade angolana e que prefere pautar a sua presença pela discrição”, descreve o embaixador, apontando entre as suas prioridades o reconhecimento do "contributo que os portugueses dão para a economia e sociedade angolana”.

Angola | HONRA E GLÓRIA AO LIXO DESUMANO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A vida é bela e enquanto estamos vivos, adormecidos ou não, tudo o que vemos é um privilégio muito, muito especial. Eu vi coisas extraordinárias ao longo da minha ainda curta existência. Vi nascer cabritinhos no nosso curral da Kapopa. Vi actuar dona Carmélia Alves e seus Cangaceiros no Hotel Victória, do senhor Fernando Santos, rua principal e poeirenta do Negage. Vi morrer o Esticadinho. Vi aviões despejar bombas para cima das sanzalas em Março de 1961. Vi bombardear Bagdade. Vi nascer o Novo Jornal, há 15 anos. Vi possíveis e impossíveis. Vi alegrias e lágrimas. Vi.

O nascimento do Novo jornal. Vi sim. Mas não vou entrar em pormenores porque isso pode ser considerado infidelidade a quem confiou em mim e comigo compartilhou o projecto. Mas posso dizer que o jornal foi “oferta” a quem desejava muito a existência de uma Imprensa séria em Angola. 

A coisa nasceu logo sob o signo da vigarice. Os ofertantes apresentaram um plano de investimento que dava para fazer dois ou três New York Times. Avisei que um semanário com aquelas características custava dez mil vezes menos. E por aí fiquei. Quem recebeu a “oferta” ainda me disse: - Vamos ajudar a pôr de pé este peso que depois nos pode cair nos pés….  E caiu!

No número especial do 15º aniversário, o director do Novo Jornal, Armindo Laureano, gastou os adjectivos todos para se elogiar, elogiar o pasquim e seus fundadores, os que ofereceram um artefacto de latão dizendo que era de ouro maciço. Nos autoelogios está escrito que o aniversariante deu “contribuição notável para a democracia e o jornalismo sério”. Faz um “jornalismo livre e independente”. E tem como objectivo a “incessante busca da verdade”. Por fim rende homenagem a Hélder Bataglia, Álvaro Sobrinho e Eugénio Vale Neto, os que ofereceram latão como se fosse ouro fino.

Antes de mais conversa, começo a descascar o abacaxi. Tenho uma lista de leprosos morais que não cessa de crescer. Mas para entrarem lá têm de cumprir os mínimos olímpicos. Hélder Bataglia ainda não conseguiu. Portanto, estás abaixo de leproso moral.

MORTES POR TUBERCULOSE AUMENTARAM EM ANGOLA

Óscar Constantino (Sumbe) | Deutsche Welle

O número de mortes por tuberculose preocupa as autoridades angolanas. O país já encomendou medicamentos urgentes para tratar a doença. Os especialistas estão preocupados com as muitas pessoas que abandonam o tratamento.

Angola tem medicamentos e laboratórios para tratar a tuberculose, mas a doença é atualmente a terceira maior causa de mortalidade no país. O alerta é de Vita Vemba, consultor do Programa de Controlo, Prevenção e Combate à Tuberculose.

"Ela nunca ocupou esse lugar no passado. Já esteve em décimo lugar, mas rapidamente está a galgar essa supremacia na mortalidade dos angolanos", afirmou Vemba que defende ainda mais ações e intervenções em relação a tuberculose.

Angola deu recentemente "luz verde" à compra urgente de fármacos para tratar a doença. E, insiste Vita Vemba, há "laboratórios suficientes" para o diagnóstico e as condições necessárias para os pacientes.

"Hoje temos laboratórios de baciloscopia em vários centros de saúde. Com Unidades de Tratamento (UT) e Unidades de Diagnóstico e Tratamento (UDT) conseguimos tratar os pacientes junto à sua zona de residência, evitando que percorram longas distâncias para encontrar tratamento adequado", disse.

Mesmo assim, Angola é um dos 30 países do mundo com mais casos de tuberculose. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o país registou 325 casos por 100 mil habitantes, em 2021. Estima-se 51 mortes por 100 mil habitantes.

Mais lidas da semana