terça-feira, 31 de janeiro de 2023

EUTANÁSIA E AS MORTES POR "CORTES" NO SERVICO NACIONAL DE SAÚDE

PORTUGAL

Coisa importante do Expresso Curto. Um assunto muito sério que parece argumento de telenovela intitulada "Sim, Não, Pois... Nim!", vulgarmente conhecida por Eutanásia... Sábios, doutores e engenheiros das legalidades divergem, os prováveis entendidos das humanidades também. Complicado, parece. Mas os legalistas são todos muito lentinhos e empatas. Pior: é o próprio Estado, os Governos e as tralhas todas das políticas e legislações, os deputados e os políticos que são quem condenam a eito à morte imensos portugueses jovens e nem por isso. Que o digam pais que perdem filhos jovens e muito jovens. Filhos que perdem pais pujantes. E ainda crianças ou cidadãos relativamente idosos e nem por isso porque situados na meia-idade... Que o digam, por exemplo, em casos de doenças oncológicas, que não iniciam atempadamente os tratamentos adequados para "matar" o cancro por via de quimioterapia e que meses depois tudo se complica e morrem. Jovens mortos (há casos comprovados) e de outros de várias faixas etárias porque não existiam (nem existem) vagas para atempadamente fazerem o tratamento de quimioterapia adequado que lhes devolveria a vida normal de cidadãos futuros que não o vão ser. Que não o são. Porquê? Devido aos "cortes" orçamentais na saúde! De quem é a responsabilidade pela falta de tratamento adequado - neste exemplo a falta de vagas para a salvadora quimioterapia? Sem dúvida que são os políticos nos governos. Nos maus governos recheados de incompetentes, de corruptos, de despesistas que se borrifam para a saúde e as vidas dos portugueses. 

É curioso que disso não se fale ou quase nem se fale, nem sejam apuradas estatísticas. Muito menos que sejam apontados os responsáveis pelo caos de tantas mortes causadas por falta dos tratamentos adequados. É claro que essa postura, essas decisões dos "cortes", desembocam no flagrante desprezo pela vida dos que dizem que governam, mas estão é com o fito de se governarem e ascenderem a nomeações que os transportem ao fausto quando afinal não o merecem. Nem como políticos, nem como detentores da sensibilidade para servirem o coletivo, a coisa pública. O que querem é servir-se, assim como aos seus familiares, amigos ou conhecidos à babuja de sobras de migalhas ou de uma qualquer "engenharia" corrupta. Os conluios que vimos anos depois expostos e que são coisa farta.

Mas não. Nem agora nem nunca se debate a sério as mortes de portugueses  causadas por incúria e desprezo de detentores dos poderes, os chamados governantes, os políticos que fartamente são sustentados pelos contribuintes, pelos portugueses em geral. Muito mais pobres que ricos, porque a esses - ricos - no privado não falta o tratamento adequado do exemplo de doença supra citado. E as suas vidas continuam. Ainda bem. Ainda mal, as desigualdades evidentes.

Eutanásia é o que se discute. E bem. Decisões demoradas mas que talvez se justifiquem. Assunto melindroso que merece cuidados muito especiais. Porém, pergunte-se se a vida e saúde dos portugueses também não merece cuidados muitos especiais. A realidade mostra-nos que não. E pior não acontece pela abnegação de imensos profissionais de saúde na generalidade e em particular no IPO nos casos que lhe cabem devido à sua especialidade.

Pena que as mortes por "cortes" no SNS, suas respetivas e terríveis consequências, não sejam criminalizáveis.

Mas isto afinal devia ser só a abertura habitual para o Curto do Expresso, as dores dos que perdem jovens filhos e filhas provavelmente não são para aqui chamadas. Vá para o Curto, não dói nada mas é de morte que trata. É que a vida madrasta por vezes não merece nem apetece ser vivida.

Curta o Curto. Vale.

MM | PG

Eutanásia volta a bater na trave... e um Governo que se "pôs a jeito"

Martim Silva, diretor-adjunto | Expresso (curto)

Bom dia,

seja bem-vindo ao seu Expresso Curto desta terça-feira, último dia de janeiro. A sua newsletter matinal arranca com a ressaca da notícia de que o Tribunal Constitucional voltou a chumbar a lei da eutanásia, já aprovada por três vezes no Parlamento e por duas vezes rejeitada pelos juízes (e uma outra por Marcelo). À terceira não foi de vez, será que é à quarta?

Por outro lado, merece ainda um olhar atento a entrevista que o primeiro-ministro, António Costa, deu na última noite à RTP1, a propósito do primeiro aniversário (parecem mais, eu sei) da maioria absoluta do PS, em que admitiu que nos últimos tempos o Governo que lidera “se pôs a jeito”.

Venha daí comigo

EUTANÁSIA
A discussão em torno da lei que permite a morte medicamente assistida continua sem ter um fim à vista, com o Tribunal Constitucional a decidir chumar novamente a lei aprovada no Parlamento, que assim foi devolvida ao Presidente da República (que pedira a fiscalização), que por sua vez já mandou o diploma de volta para a Assembleia da República.

Aqui, as opiniões dividem-se e os cenários divergem.

Apesar do revés, entre os deputados que reconstruíram a lei da morte assistida há otimismo: é possível suprir a inconstitucionalidade da lei em poucas semanas, porque a lei não volta à estaca zero, volta diretamente para a especialidade. Dos sete juízes que ditaram a inconstitucionalidade, dois têm mandato caducado - e um está a acabar mandato.

Mas, do outro lado, há quem tenha uma visão diferente e PSD e Chega voltam à carga com proposta de referendo.

Ainda em relação à decisão dos juízes do Tribunal Constitucional, de referir que estes se pronunciaram contra a despenalização da eutanásia, mas apenas por um voto. Foi um renhido 7-6.

Segundo explicou João Caupers, presidente do TC, um dos motivos para o chumbo foi a “intolerável indefinição” sobre o conceito de sofrimento no âmbito do procedimento da morte medicamente assistida. Ou seja, impõe-se a dúvida de perceber se a exigência de sofrimento físico, psicológico ou espiritual é “cumulativa” ou "alternativa", frisou o mesmo responsável.

No podcast Expresso da Manhã, o episódio desta terça-feira é dedicado ao tema, com uma conversa de Paulo Baldaia com o constitucionalista Jorge Bacelar Gouveia.

ANTÓNIO COSTA
O primeiro-ministro admitiu, em entrevista à RTP1 na última noite, que o Governo cometeu erros, que ao longo dos útlimos meses se “pôs a jeito”, tendo destacado dois casos “mais graves” mas recusando dizer se deixa cair Medina, o seu ministro das Finanças, caso este seja “acusado” de algum processo relacionado com a sua anterior gestão camarária em Lisboa. Em teoria, disse o primeiro-ministro, não deve haver um membro do Governo acusado, mas avaliação é feita caso a caso.

A Marcelo, Costa deixou recados: foi o próprio Presidente que o vinculou o quatro anos de governo. E nunca as eleições europeias foram motivo para crises políticas

Depois da entrevista, seguiram-se as habituais reacções dos partidos, com as também habituais críticas às palavras que tinham sido ditas pelo chefe do Governo. Do PSD ao PCP, entrevista de Costa não convence: partidos acusam primeiro-ministro de falta de “respostas para o futuro”.

Quem também fez horas extraordinárias depois de ouvir António Costa foi a equipa de política do Expresso, que além de escrever sobre a entrevista, já fala do tema no podcast Comissão Política, com o título “Entre erros e promessas, Costa tenta recomeçar”.

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Neste dia 31 de janeiro encerra a habitual janela de transferências do futebol europeu, e são esperadas novidades que a equipa de desporto do Expresso vai acompanhar minuto a minuto. Na véspera, os sportinguistas viram fugir a sua jóia da coroa e jogador mais decisivo, o espanhol Pedro Porro, que rumou a Londres para vestir as cores do Tottenham.

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O QUE ANDO A LER
Hanya Yanagihara é uma autora norte-americana de origem havaiana, que acaba de lançar o seu terceiro romance, To Paradise, ainda sem edição cá em Portugal. Muito falado, comentado, amado e criticada foi a sua segunda obra, de 2015, que acaba de ser lançada por cá, pela Editorial Presença. Chama-se Uma Pequena Vida, é um romance de fôlego centrado na vida de quatro amigos e carregado de dramas como abusos, violência e infâncias de pesadelo. Ainda vou a um terço da obra, que me foi fortemente recomendada, mas dá para perceber que é daqueles livros perante os quais é difícil ficarmos indiferentes.

Por hoje ficamos por aqui. O frio ainda não nos deixou, por isso agasalhe-se. Uma excelente terça-feira de lazer ou trabalho.

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