quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Portugal | Governo bem pode falar de crescimento económico, o povo não dá conta

O mais importante está assegurado. Face a uma das mais brutais perdas do poder de compra das últimas décadas, Fernando Medina, ministro das Finanças, destacou o fundamental para o PS: é que a economia cresceu.

AbrilAbril | editorial

Não há pão? Comam crescimento económico... Em declarações à Agência Lusa, Fernando Medina, ministro das Finanças e um dos nomes fortes do Governo de maioria absoluta do PS, destacou o alcançar do maior crescimento económico em 35 anos, que se verificou no ano de 2022.

A população residente em Portugal pode ter sentido na pele as consequências da pandemia, da inflação e do aumento do custo de vida mas o sector económico não podia estar mais satisfeito com os resultados: estamos 2,6% acima dos níveis anteriores à pandemia, 2019, «o que não acontece com outros países» da União Europeia.

«Um défice dentro do patamar 1,5%, abaixo de 1,5% do Produto [Interno Bruto] e uma dívida pública de 115% do Produto», são, considera o ministro, «um elemento de confiança no país». Em contrapartida, no mesmo ano, verificou-se uma descida substancial do salário real (-4,5%).

Mas Medina não é o único que, perante as dificuldade sentidas pelos trabalhadores e a grave situação que o PS prolonga na educação e no SNS, assume uma postura celebratória.

Portugal | UM PAÍS POBRE QUE SE DÁ AO LUXO DE PERDER DINHEIRO

Rosália Amorim* | Diário de Notícias | opinião

O atraso na escolha do novo aeroporto custa dinheiro, muito dinheiro ao país. Dizem as mais recentes contas, da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), que são 650 milhões de euros. É "uma vergonha" Portugal esperar 50 anos por uma nova solução, atira o presidente Francisco Calheiros. O valor que a nação desperdiça está agora visível num contador eletrónico mesmo junto à 2.ª Circular, na cidade de Lisboa. O cálculo é feito desde o dia 14 de julho e é atualizado, a cada segundo, no contador que fica perto do Aeroporto Humberto Delgado (ler mais na Última página desta edição).

A não-decisão de um novo aeroporto não é só um atraso para o país, é um custo de oportunidade gigantesco e que vai atravessar e penalizar várias gerações. Como diz Francisco Calheiros, "as pessoas, em geral, e o poder político, em particular, podem assim ter noção do custo da não-tomada de uma decisão sobre o aeroporto". Não vale a pena esconder. Numa altura em que se fala tanto em ética republicana, o melhor mesmo é seguir o caminho da verdade e da transparência.

650 milhões de euros é um valor apurado pela CTP e a EY, num estudo sério que contou com a participação de todos os stakeholders , desde as agências de viagens, à hotelaria, sem esquecer a restauração, aviação, aeroportos, entre outros. Segundo dados da CTP e EY, entre 2010 e 2019, o número de passageiros movimentados, anualmente, em Lisboa, mais do que duplicou (122%) para 31 milhões. Em 2020 e 2021, com a pandemia, a atividade no aeroporto de Lisboa sofreu uma forte contração, mas o turismo já está de volta e não há mãos a medir. O estrangulamento na capacidade da atual infraestrutura é visível nos constantes atrasos nas partidas e chegadas. Dados do Eurocontrol, reportados a 2019, indicam que, já nessa altura, Lisboa estava no grupo dos aeroportos europeus com maiores atrasos.

Os players que a CTP representa estão cansados de tanta espera. Os passageiros também. E ainda falta mais uma avaliação ambiental estratégica para a expansão aeroportuária na região de Lisboa. Mais uma espera longa, quando os diagnósticos estão todos feitos. A lista de possíveis localizações já acumula sete destinos (sete!), na margem norte e na margem sul do Tejo.

Enquanto se gasta tempo em estudos e estudinhos, a economia perde com isso e compromete-se o crescimento dos próximos anos. E os governantes assistem a tudo isto, como se um país pobre se pudesse dar ao luxo de desperdiçar oportunidades e dinheiro.

*Diretora do Diário de Notícias

O ELOGIO DO OTIMISMO

Carlos Matos Gomes [*]

Os telejornais e os grandes órgãos de comunicação portugueses e europeus em geral despejam sobre os seus clientes vagas sucessivas de manifestações de organizações de trabalhadores e patronais. São professores, enfermeiros, agricultores, ferroviários, aviadores, médicos, polícias, uns em greve, outros em manifestações. Os temas mais comuns são, além dos habituais aumentos salariais, as contagens de tempo para a reforma (Portugal) e outros a contestação do aumento da idade da reforma (França).

Esta agitação social é apresentada pelos «simplícios» da comunicação social como reveladora de mal-estar contra os governos. Na verdade, estas manifestações revelam um grande otimismo (um inconsciente otimismo) e um generoso apoio às políticas dos governos europeus. Estas manifestações querem dizer que os seus promotores e figurantes acreditam que vivemos tempos de normalidade (da normalidade do pós-segunda guerra), mas não, vivemos tempos de loucura e de suicídio! Esse mundo está a morrer às mãos dos que dirigem a UE e dos que em vez de se manifestarem contra a corrida para o abismo para saltar sem paraquedas andam a manifestarem-se pelo que não haverá.

Erasmo de Roterdão (1469–1536) um dos maiores intelectuais europeus do século dezasseis escreveu um livro a que deu o título Elogio da Loucura, onde abordou a realidade europeia de forma irónica, usando a loucura como instrumento constante na vida humana. Descreveu-a num monólogo de Moria, a deusa da loucura. Ela dirige as cidades, os governos, a religião e a vida. Sem a loucura nenhuma sociedade, nenhum relacionamento feliz poderia durar. O povo cansar-se-ia do príncipe; o servo, do amo; a serva, da patroa; o professor, do aluno; o amigo, do amigo; a mulher, do marido; o hóspede, do anfitrião; Sei que estas vos parecem enormidades, mas ainda ouvireis piores. Agora devo acrescentar que nada de grande se pode empreender sem o meu impulso, pois é a mim que se deve a invenção de todas as nobres artes.

Sabedoria, diz Erasmo, é não querer ser mais sábio do que lhe cabe pela sorte, concordar com os costumes da multidão e participar de bom grado das fraquezas humanas. Mas, dizem, é justamente isso a Loucura!

Eu, por meu lado, valendo-me ora da ignorância, ora da irreflexão, às vezes fazendo esquecer os males, às vezes suscitando esperanças de coisas favoráveis, excitando os prazeres, sou tão consoladora que ninguém quer deixar a vida. Pelo contrário, quanto menos motivos têm para permanecerem vivos, mais amam a vida. Que a sua conduta costume ser considerada vergonhosa é algo que pouco importa aos meus loucos. Levar uma pedrada na cabeça, isso sim faz mal. A vergonha, a infâmia, a desonra, as ofensas são nocivas na medida que fazem sofrer. Para quem não se importa, não são sequer um mal. Que te importa se todos te vaiem, se tu te aplaudes? Que isso te seja possível, é algo que deves só à Loucura.

ADEUS À EUROPA? -- Boaventura

Os cidadãos continuam a frequentar os parques e a cavaquear sobre a política e a vida dos outros, enquanto se prepara a III Guerra Mundial. A covardia dos governantes diante dos EUA é o caminho mais certo para a destruição

Boaventura de Sousa Santos* | Outras Palavras

Paira sobre a Europa um novo-velho fantasma – a guerra. O continente mais violento do mundo em termos de mortes em conflitos bélicos nos últimos cem anos (para não recuar mais no tempo e incluir as mortes sofridas pela Europa durante as guerras religiosas e as mortes infligidas por europeus aos povos submetidos ao colonialismo) caminha para um novo conflito bélico que pode ser ainda mais fatal, oitenta anos depois do conflito até agora mais violento, com cerca de oitenta milhões de mortos, a Segunda Guerra Mundial. Todos os conflitos anteriores começaram aparentemente sem uma razão forte, era opinião comum que durariam pouco tempo e, no começo, a maior parte da população remediada continuou a fazer a sua vida normal, a ir às compras e ao cinema, a ler jornais, a gozar férias e fruir nas esplanadas a cavaqueira amena sobre política e bisbilhotice. Sempre que surgiu um conflito violento localizado era convicção dominante que se resolveria localmente. Por exemplo, muito pouca gente (incluindo políticos) pensou que a guerra civil espanhola (1936-1939) e quinhentos mil mortos seriam o prenúncio de uma guerra mais ampla – a Segunda Guerra Mundial –, embora as condições estivessem presentes. Embora sabendo que a história se não repete, é legítimo perguntar se a atual guerra entre a Rússia e a Ucrânia não é o prenúncio de uma nova guerra muito mais ampla.

Acumulam-se sinais de que um perigo maior pode estar no horizonte. Ao nível da opinião pública e do discurso político dominante, a presença desse perigo aflora em dois sintomas opostos. Por um lado, as forças políticas conservadoras detêm, não só a iniciativa ideológica, como o acolhimento privilegiado nas mídias. São polarizadoras, inimigas da complexidade e da argumentação serena, usam palavras de extrema agressividade e fazem apelos inflamados ao ódio. Não as perturba a dualidade de critérios com que comentam os conflitos e a morte (por exemplo, entre mortos na Ucrânia e na Palestina), nem a hipocrisia de apelar a valores que desmentem com a sua prática (expõem a corrupção dos adversários para esconder a sua). Nesta corrente de opinião conservadora misturam-se cada vez mais posições de direita e de extrema-direita, e o maior dinamismo (agressividade tolerada) vem destas últimas. Este dispositivo visa inculcar a ideia do inimigo a destruir. A destruição pelas palavras predispõe a opinião pública para a destruição por atos. Apesar de em democracia não haver inimigos internos e apenas adversários, a lógica da guerra é transposta insidiosamente para supostos inimigos internos, cuja voz há que calar antes de tudo. Nos parlamentos as forças conservadoras dominam a iniciativa política; enquanto as forças de esquerda, desorientadas ou perdidas em labirintos ideológicos ou cálculos eleitorais incompreensíveis, se remetem a um defensismo tão paralisante quanto incompreensível. Tal como na década de 1930, a apologia do fascismo é feita em nome da democracia; a apologia da guerra é feita em nome da paz.

DESPERTOU O IMPERIALISMO -- Chris Hedges

A diversidade é importante. Mas quando é desprovido de uma agenda política, recruta um pequeno segmento daqueles marginalizados pela sociedade em estruturas injustas para ajudar a perpetuá-los. 

Chris Hedges* | ScheerPost.com | em Consortium News | # Traduzido em português do Brasil

O brutal  assassinato  de Tire Nichols por cinco policiais de Black Memphis, Tennessee, deve ser suficiente para implodir a fantasia de que a política de identidade e a diversidade resolverão a decadência social, econômica e política que assola os Estados Unidos. Não são apenas os ex-oficiais negros, mas o departamento de polícia da cidade é chefiado por Cerelyn Davis,  uma mulher negra. Nada disso ajudou Nichols, outra vítima de um linchamento policial moderno.

Os militaristas, corporativistas, oligarcas, políticos, acadêmicos e conglomerados de mídia defendem a política de identidade e a diversidade porque nada faz para enfrentar as injustiças sistêmicas ou o flagelo da  guerra permanente  que assola os EUA. desigualdade social e loucura imperial. Ocupa os liberais e os educados com um ativismo de butique, que não é apenas ineficaz, mas exacerba a divisão entre os privilegiados e a classe trabalhadora em profunda dificuldade econômica. Os ricos repreendem os pobres por suas más maneiras, racismo, insensibilidade linguística e berros, enquanto ignoram as causas profundas de seu sofrimento econômico. Os oligarcas não poderiam estar mais felizes.

A vida dos nativos americanos melhorou como resultado da legislação que obrigava à assimilação e à revogação dos títulos de terras tribais  impostas  por Charles Curtis, o primeiro vice-presidente nativo americano? Estamos melhor com Clarence Thomas, que  se opõe  à ação afirmativa, na Suprema Corte, ou Victoria Nuland, um  falcão de guerra  no Departamento de Estado? É a nossa perpetuação da  guerra permanente mais palatável porque Lloyd Austin, um afro-americano, é o secretário de defesa? Os militares são mais humanos porque aceitam soldados transgêneros? A desigualdade social e o estado de vigilância que a controla melhoraram porque Sundar Pichai – que nasceu na Índia – é o CEO do Google e da Alphabet? A indústria de armas melhorou porque Kathy J. Warden, uma mulher, é a CEO da Northop Grumman, e outra mulher, Phebe Novakovic, é a CEO da General Dynamics? As famílias trabalhadoras estão em melhor situação com Janet Yellen, que  promove  o aumento do desemprego e a “insegurança no emprego” para reduzir a inflação, como secretária do Tesouro? A indústria cinematográfica é aprimorada quando uma diretora, Kathryn Bigelow, faz “Zero Dark Thirty”, que é um  agitprop  para a CIA ? Dê uma olhada neste anúncio de recrutamento  divulgado  pela  CIA . Isso resume o absurdo de onde acabamos.

SENHORES DA GUERRA | Mais evidências de que o Ocidente sabotou a paz na Ucrânia

Dias após o início da guerra na Ucrânia, foi relatado pelo The New York Times que "o presidente Volodymyr Zelensky da Ucrânia pediu ao primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, para mediar as negociações em Jerusalém entre a Ucrânia e a Rússia". Em uma entrevista recente , Bennett fez alguns comentários muito interessantes sobre o que aconteceu durante aquelas negociações nos primeiros dias da guerra. 

Caitlin Johnstone* | Substack | # Traduzido em português do Brasil

Em um novo artigo intitulado " O ex-primeiro-ministro israelense Bennett diz que os EUA 'bloquearam' suas tentativas de um acordo de paz Rússia-Ucrânia ", Dave DeCamp, do Antiwar, escreve o seguinte:

O ex-primeiro-ministro israelense Naftali Bennett disse em uma entrevista postada em seu canal no YouTube no sábado que os EUA e seus aliados ocidentais “bloquearam” seus esforços de mediação entre a Rússia e a Ucrânia para pôr fim à guerra em seus primeiros dias.

Em 4 de março de 2022, Bennett viajou para a Rússia para se encontrar com o presidente Vladimir Putin. Na entrevista, ele detalhou sua mediação na época entre Putin e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que ele disse ter coordenado com os EUA, França, Alemanha e Reino Unido.

Bennett disse que ambos os lados concordaram com grandes concessões durante seu esforço de mediação.

Mas, no final das contas, os líderes ocidentais se opuseram aos esforços de Bennet. “Vou dizer isso em um sentido amplo. Acho que houve uma decisão legítima do Ocidente de continuar atacando Putin e não [negociar]”, disse Bennett.

Quando perguntado se as potências ocidentais “bloquearam” os esforços de mediação, Bennet disse: “Basicamente, sim. Eles bloquearam e eu pensei que eles estavam errados.

PUTIN MORTO, MÁRIO SOARES RESSUSCITADO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Os serviços secretos britânicos puseram a circular que o Presidente Putin tem um cancro terminal. Mais tarde mataram-no. Está morto. Quem aparece em público é um sósia que fala como o defunto e tem os mesmos gestos do extinto. Por estas e por outras a Federação Russa já perdeu a guerra e a Crimeia volta para o seio da pátria ucraniana como sempre esteve, durante meses e meses de independência. Nos séculos para trás o território era russo mas isso não interessa nada. Guerra é guerra e chovem mentiras como terra.

O sósia do Presidente Putin exigiu que o Kremlin lhe disponibilizasse o senhor Mário Soares por ser muito bom a lidar com os gringos. Os serviços secretos da Federação Russa ressuscitaram o antigo presidente português, socialista à moda do Carlucci, chefe supremo da CIA, que rebentou com a Revolução de Abril. 

Dito e feito. Arranjaram uns pozinhos milagrosos e o assessor requisitado ressuscitou. Apareceu em Moscovo numa manhã de nevoeiro, disfarçado de D. Sebastião. 

O primeiro trabalho daquele bom branco foi escrever um artigo de opinião que publicou na revista “Visão” intitulado “NATO: Da Defesa à Ameaça”. O antigo líder socialista (o actual está mais morto do que ele…) diz que “o mundo está inquietante. O Afeganistão, em que a Administração Bush envolveu a NATO – o que considerei um precedente perigoso – está porventura pior do que antes”. O bom branco português acertou. Os EUA e a NATO saíram a correr do país e os talibãs estão mais fortes do que nunca.

Mário Soares, bom branco e socialista, escreveu isto ao serviço do sósia do Presidente Putin:

 “A NATO, que se tornou um verdadeiro braço armado dos Estados Unidos da América, está também a fazer estragos noutras regiões do mundo. Refiro-me ao Cáucaso, às zonas do Cáspio e do Mar Negro e aos países limítrofes da Rússia Ocidental. Estes quiseram logo entrar para a NATO, com a ilusão de que teriam mais garantias de segurança sob o chapéu americano do que da União Europeia…”

Angola | DÍVIDA MILIONÁRIA DA CASA-CE NÃO AFASTA SONHOS

A Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE) vive um momento difícil. Nas últimas eleições, a formação não elegeu qualquer deputado e debate-se agora com uma dívida de 3 milhões de dólares.

A Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE) prepara-se para as eleições gerais de 2027, confirmou em exclusivo à DW África o seu presidente Manuel Fernandes. Sem especificar o que a CASA-CE está a fazer, Fernandes disse apenas que a coligação está num "processo profundo de análise", depois de não ter conseguido eleger um único deputado nas últimas eleições e ter admitido aproximar-se de outros partidos políticos para poder sobreviver.

"A campanha eleitoral começa no dia seguinte à publicação dos resultados. Mas é tudo isso que estamos a fazer. Quer dizer, passa por um processo de análise profunda. Com cuidado, temos de ver o que se poderá fazer. Agora, temos a certeza que em 2027 vamos participar nas eleições", frisou.

Angola | MANIFESTO IGNORADO DÁ PAI INCÓGNITO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Manifesto do MPLA ao Povo Angolano caracteriza a situação mundial de uma forma que se pode resumir assim: “Os países imperialistas pretendem perpetuar a opressão das colónias e dos países dependentes”. Para isso criaram uma Frente Imperialista Mundial. A resposta só podia ser esta: “As colónias e os países dependentes viram-se obrigados a criar a Frente Mundial Contra o Imperialismo”.

Como criar essa frente? A resposta clara, sem lugar a dúvidas, está no Manifesto do MPLA ao Povo Angolano: ”Só a luta solidária e unida de todas as colónias, de todos os países dependentes se pode derrubar o imperialismo em cada país oprimido e em todo o mundo”.

Esta posição deve ter cegado os “historiadores” pagos à página na missão de destruir Angola Livre e Independente. Porque ao lerem o Manifesto do MPLA ao Povo Angolano não conseguiram ler esta parte que indica o caminho para o triunfo: “Impõe-se, pois, a união firme e inabalável e a luta unida não só de todos os indivíduos africanos, mas também de todos os povos africanos. Nenhum africano pode ficar indiferente perante a luta contra o imperialismo que se trave em qualquer ponto do nosso continente por UMA ÁFRICA PARA OS AFRICANOS”.

O Manifesto do MPLA ao Povo Angolano também caracteriza a situação económica e social de uma forma muito assertiva, em 1956. Leiam esta parte:

”As minas de Angola estão nas mãos de portugueses, de belgas, de americanos, de ingleses. O território angolano pertence ao Estado português. As terras férteis nas regiões de melhor clima são distribuídas aos colonos portugueses. Milhões de indígenas não são considerados cidadãos pelo governo colonialista português, não têm direito à posse individual da terra angolana (…) O comércio interno é dificultado ao indígena e facilitado ao colono português ou de outra nacionalidade estrangeira. O comércio externo é controlado pelo estado colonialista português e exercido por colonos portugueses. Não há bancos de indígenas nem meios de transporte de indígenas”.

O que era o colonialismo em Angola? O Manifesto do MPLA ao Povo Angolano revela a sua face sinistra: “O colonialismo inculcou em todo o organismo de Angola o micróbio da ruína, do ódio, do atraso, da miséria, do obscurantismo, da reação. O caminho que nos obrigam a seguir é absolutamente contrário aos supremos interesses do povo angolano: aos da nossa sobrevivência, da nossa liberdade, do rápido e livre progresso económico, da nossa felicidade, de pão, terra, paz e cultura para todos”.

ANGOLA DIZ QUE ESPANHA É "PARCEIRO PRAGMÁTICO"

O Rei de Espanha elegeu Angola como país prioritário e, além da sua identidade europeia, ibero-americana e atlântica, revelou também ter vocação africana. O Presidente João Lourenço apelou ao investimento no país.

O Rei de Espanha Felipe VI e sua esposa, Letizia, estão de visita a Angola, a primeira que os Reis fazem a um país da África subsaariana.

Felipe VI destacou a hospitalidade e afeto com que tem sido recebido pelos angolanos e considerou uma "grande honra" ingressar na Ordem de Agostinho Neto, que lhe foi outorgada, algo que o aproxima também de maneira simbólica e permanente ao país.

O monarca assinalou ainda que esta visita acontece na sequência do caminho iniciado há um ano e meio, e que os países têm percorrido em conjunto, numa perspetiva de "colaboração, amizade e entendimento". 

Mais lidas da semana